Vilão da Minha Própria Novel - Capítulo 9 - A Prova na Spectra(3)
“Tsk.” — Um clique de língua escapou, reflexo do nervosismo que crescia dentro de mim.
― Tudo bem contigo, Evan?
Jenna me perguntou.
― Ah, sim, estou bem. Acho que estamos quase chegando, — respondi, esforçando-me para ocultar minha inquietação.
A mensagem que eu havia recebido do sistema estava me incomodando.
Na parte de condições a palavra sobrevivência me assustava.
Correr risco de vida logo no início de meus dias na Spectra não estava em meus planos.
Eu não me importava se algumas coisas fossem alteradas na história com a minha presença, mas algo que colocasse minha vida em risco que não fazia parte da história original, isso era um grande problema.
Decidi Ignorar a missão sobre a entidade que recebi do sistema, não dizia nada sobre ser obrigado a lutar. Mas me mantive em alerta.
====
Continuamos nosso caminho em direção ao centro da floresta, mantendo-nos vigilantes para mais surpresas.
A vegetação se tornava mais densa à medida que avançávamos, mas meu objetivo estava claro.
Eu queria encontrar alguns itens para ganhar alguns pontos com a equipe.
Sinceramente, não estava com vontade de lutar pelo artefato, mas não podia admitir isso tão abertamente.
― Lembrem-se, não estamos aqui apenas pelo artefato principal. Existem outros itens valiosos nesta floresta que podem nos conceder pontos adicionais. E de acordo com o que o professor disse na sala, alguns estão localizados perto do artefato principal.
Tentei dizer algo que pudesse diminuir um pouco a atenção deles do artefato principal.
― Parece uma caça ao tesouro. Vamos manter nossos olhos bem abertos. ― Jenna sorriu.
Ela parecia claramente animada com a perspectiva de descobrir tesouros pela floresta.
Ao contrário de Jenna.
Seraphina franziu a testa; claramente, ela não estava contente em desviar o foco do objetivo principal.
― Isso pode ser verdade, mas devemos priorizar o artefato principal. Os itens adicionais são secundários. O primeiro lugar deve ser nosso objetivo.
Alex ajustou seu arco, parecendo concordar com Seraphina.
― A pontuação máxima vem do artefato. Não devemos perder isso de vista.
Após a insistência deles, eu senti a necessidade de expressar minha preocupação.
― Se formos pegar o artefato logo de cara, podemos nos esbarrar com outras equipes. E, se lutarmos com elas e perdermos, vamos sair sem nada. Precisamos de pelo menos alguns itens para garantir que terminaremos a prova com alguns pontos.
Seraphina me olhou com um pouco frustração, ela claramente não queria ficar atras das outras equipes.
― Entendo seu ponto, Evan. Mas não podemos perder muito tempo.
― Evan tem razão. É melhor garantir alguns pontos do que arriscar tudo e acabar sem nada. ― Jenna assentiu, apoiando minha sugestão.
‘Pelo menos não estou sozinho nessa.’
Maya nos observava pronta para seguir qualquer uma de nossas escolhas.
Depois de pensarmos um pouco, finalmente chegamos a um acordo.
A decisão estava tomada.
Embora Seraphina preferisse um caminho mais direto e arriscado, a lógica por trás da abordagem mais cautelosa convenceu o grupo.
Com um plano reajustado, prosseguimos, mantendo nossos olhos e mentes abertos para todas as possibilidades que a floresta poderia oferecer.
Eu não estava tentando convencê-los porque, como criador daquele mundo, queria encontrar um caminho mais fácil e vantajoso.
Na verdade, se seguíssemos a minha rota, provavelmente nem ficaríamos entre os cinco primeiros na prova.
O que eu realmente queria era evitar ao máximo os confrontos e economizar energia; afinal, ainda não sabia o que significava a mensagem que havia recebido do sistema.
Condições:
➤ Sobrevivência: Você deve sair vivo desse encontro, independentemente do resultado.
‘Não posso me dar ao luxo de confiar neles de olhos fechados. Preciso estar preparado para entender melhor o que essa entidade quer.’ ― pensei enquanto olhava mais uma vez a mensagem.
===
Quando finalmente chegamos ao centro da floresta, a visão que nos aguardava era de tirar o fôlego.
Uma estrutura antiga, escondida pela vegetação densa, erguia-se imponente diante de nós.
Aquele era o local onde o artefato principal e os itens valiosos estavam escondidos.
― Então, é aqui.
Seraphina murmurou, olhando para a construção antiga.
A estrutura parecia ter uma aura de mistério e promessa, como se estivesse esperando por nós durante séculos.
Nós olhamos. Havia um entendimento mútuo compartilhado entre nós.
Era hora de explorar.
“….”
“…”
Avançamos em direção à estrutura, prontos para enfrentar o que quer que estivesse esperando por nós.
À medida que nos aproximávamos da estrutura, o silêncio da floresta parecia intensificar-se, como se a natureza ao redor reconhecesse a importância do momento.
A construção antiga, coberta por musgo e entrelaçada com raízes, parecia contar histórias de uma era esquecida, agora apenas sussurradas pelo vento entre as folhas.
Jenna se aproximou de mim, os olhos atentos, mas havia um leve tremor em sua voz.
― Uau… Este lugar é incrível e… assustador — sussurrou ela, como se o próprio ar ao redor exigisse silêncio e respeito.
Cada detalhe transmitia uma sensação de mistério e intemporalidade, como se o lugar tivesse parado no tempo.
Vendo aquilo, não pude deixar de me surpreender mais uma vez.
A Spectra realmente era incrível.
Era difícil acreditar que tudo aquilo era simulado, que a Spectra conseguia não só replicar ambientes, mas criar cenários que pareciam autênticos, como esse templo, cuja antiguidade parecia real.
Cada pedra, cada camada de musgo, até mesmo a brisa que atravessava o templo… tudo contribuía para o clima perfeito de mistério.
― Parece que não veio ninguém aqui ainda. Sorte a nossa, hein?
Alex que observando o perímetro, não pôde deixar de comentar.
Maya olhava para a estrutura com admiração, e então voltou o olhar para mim, como se estivesse igualmente impressionada.
― Evan, você realmente sabia o que estava fazendo nos guiando até aqui. Talvez tenhamos uma chance real de conseguir algo valioso.
Seu tom era de gratidão, reconhecendo a liderança que eu havia assumido, mesmo que minhas razões fossem conhecidas apenas por mim.
Eu apenas acenei com a cabeça, tentando parecer modesto.
No entanto, os elogios não conseguiam penetrar a camada de preocupação que havia se formado dentro de mim desde a recepção da missão do sistema.
A entidade sombria e o desafio que ela representava continuavam ecoar em minha mente.
“…”
Seraphina, com a postura séria de sempre, olhou diretamente para mim, aguardando orientação.
― Para onde agora, Evan?
A pergunta dela me pegou completamente de surpresa.
‘Ela realmente está me pedindo instruções?’
Era quase inacreditável.
Eu a observei por um segundo, me perguntando se tinha ouvido direito.
‘Não faz nem uma semana que ela queria arrancar minha cabeça em um duelo, e agora… agora ela está realmente esperando que eu diga o que fazer.’
Minha cabeça estava vagando por vários pensamentos, mas o olhar de Seraphina era sério, como se me dissesse “Estou esperando.”
E eu me perguntava.
Para onde devemos ir?
Qual caminho devemos escolher?
Era natural que protagonistas encarnados nos corpos de personagens soubessem as respostas.
Mas mesmo eu sendo o criador daquele mundo, era impossível saber o caminho correto.
Respirei fundo, assumindo uma postura mais séria para manter o disfarce de “líder que sabe o que faz.”
“Hm…” — fingi ponderar, analisando os corredores por um segundo a mais do que o necessário.
― Vamos por aqui.
Apontei para o corredor à esquerda, tentando parecer confiante.
Todos assentiram sem excitar, e eu quase dei risada olhando Seraphina.
Ela me lançou um olhar inquisitivo, claramente surpresa com a escolha aparentemente aleatória.
― Tem certeza? ― Ela questionou, sua voz tingida de ceticismo.
― Sim, ― afirmei com uma confiança que eu mesmo não sentia completamente.
― Certo, então vamos.
Ela pareceu considerar minhas palavras por um momento antes de acenar, decidida.
A mesma pessoa que queria me matar há poucos dias agora está me seguindo como se fosse a coisa mais natural do mundo.
‘Será que a vontade de ficar em primeiro ta fazendo ela esquecer das coisas?’
Mesmo que a cena fosse engraçada, eu estava rezando que minha escolha tivesse sido boa,
Eu queria evitar conflitos prematuros e, quem sabe, descobrir itens adicionais que reforçariam nossa pontuação.
Seraphina tomou a frente com sua espada pronta para qualquer ameaça.
Jenna que estava próxima de mim mantinha-se alerta, os olhos varrendo o ambiente em busca de sinais de magia.
Alex e Maya seguiam, prontos para usar suas habilidades à menor provocação.
===
Na penumbra do interior da estrutura, nossos passos ressoavam contra as paredes de pedra, criando um ritmo cadenciado que marcava nossa progressão através do labirinto de corredores.
A atmosfera era densa, carregada de um silêncio que amplificava o menor dos ruídos, tornando nossa jornada ainda mais tensa.
Foi então que a quietude foi rompida por um som desconcertante, uma mistura de arrastar e estalar que parecia vir de todas as direções e de nenhuma ao mesmo tempo.
Os olhares de Seraphina, Jenna, Alex e Maya convergiram, uma pergunta não verbalizada pendurada entre nós:
O que seria isso?
De repente, uma sombra se desprendeu das trevas, revelando uma figura humanoide distorcida, com um corpo composto de trevas e raízes entrelaçadas, como se tivesse sido arrancada dos confins de um pesadelo.
― Preparem-se! ― exclamei, enquanto me posicionava de forma a proteger os membros mais vulneráveis do grupo.
“Ahh!”
Jenna que parecia visivelmente tensa, deu um passo para trás.
― O que… o que é essa coisa horrível? ― murmurou ela, o medo claro em seu olhar enquanto tentava manter a calma.
― É um Morbus.
Apesar de sua aparência intimidadora, Morbus não era um monstro tão inteligente e seu poder magico era fraco.
Era um teste de agilidade e força física.
O monstro fixou seus olhos vazios sobre nós, um brilho malévolo emanando de sua presença.
Seraphina não hesitou.
Ela avançou com sua lâmina cortando o ar com precisão letal.
O monstro moveu-se com uma agilidade surpreendente; com mãos que mais pareciam videiras retorcidas, ele bloqueou o ataque de Seraphina a centímetros de seu corpo.
Jenna, recuando, começou a entoar palavras de poder, suas mãos tecendo símbolos no ar, conjurando feitiços de proteção e fortalecimento sobre a equipe.
Sua magia envolveu-nos em um manto de luz.
Alex, posicionado atrás de Seraphina, preparou uma flecha, encantando-a rapidamente com magia de fogo. Com um movimento fluido, disparou-a em direção ao monstro; a flecha cortou o espaço entre nós em frações de segundo.
Mas a criatura desviou-se com uma facilidade desconcertante.
― Ele é rápido demais! ― exclamou Alex, disparando flechas que Morbus facilmente desviava.
“….”
A batalha contra o monstro se intensificava.
A criatura, com sua velocidade e força sobre-humanas, provava ser um adversário difícil.
Nossos ataques pareciam apenas arranhar a superfície de sua resistência, e a frustração começava a se instalar entre nós.
Seraphina, com a determinação ardendo em seus olhos, enfrentava o monstro de frente, mas até sua habilidade com a espada parecia insuficiente diante da agilidade de Morbus.
“Tsk!” ― Seu merda, pare de desviar
Ela parecia frustrada.
Percebendo a dificuldade do grupo, fechei os olhos por um segundo, concentrando-me nas sombras ao meu redor.
‘Talvez… se eu pudesse moldá-las de uma forma diferente, mais precisa…’
Uma ideia surgiu em minha mente, e sem hesitar, deixei que a energia fluísse de forma mais intensa.
Com um comando silencioso, invoquei as sombras de maneira diferente, buscando um controle que exigia mais concentração.
Para minha surpresa, elas responderam prontamente, como se aguardassem apenas a minha permissão.
As sombras se alongaram e se agitaram como serpentes espreitando uma presa, movendo-se com uma precisão mortal e cercando as pernas do Morbus.
Pela primeira vez, senti que havia estabelecido um controle mais fino sobre elas.
As sombras se entrelaçaram nas pernas da criatura, formando uma prisão sombria que apertava com força.
O monstro, pego de surpresa, tentou se mover, mas estava preso. Seu corpo se contorceu, e ele soltou um grito agudo de fúria, mas não conseguia romper o aperto das minhas sombras.
― Agora, Seraphina! ― gritei, assim que vi Morbus preso em minhas sombras.
Seraphina não perdeu a oportunidade. Sua espada brilhou com uma aura vermelha intensa.
“Haah!”
Com um grito ela avançou, desferindo um golpe poderoso que acertou o tronco da criatura.
A lâmina de aura havia feito um corte profundo.
“Arrghh!”
Morbus rugiu em agonia.
O monstro, pego de surpresa pela primeira vez, cambaleou com a ferida aberta por Seraphina.
Porém, a vitória momentânea acabo tendo um preço.
Morbus, com os olhos ardendo em fúria, fixou o olhar em mim que estava o pretendo.
Em um instante, Morbus se livrou dos tentáculos que o prendiam e avançou em minha direção com um ataque feroz, cada movimento transbordando ódio.
Tentei erguer uma barreira de sombras para me defender, mas as sombras ainda estavam retornando do último ataque que eu havia lançado.
Meu coração acelerou ao perceber que não conseguiria reagir a tempo.
― Cuidado, Evan!
Ouvi Seraphina gritar, mas já era tarde.
O impacto foi avassalador.
O punho da criatura atravessou minha pequena barreira e atingiu meu abdômen com força brutal, me lançando contra a parede de pedra.
O choque ressoou pelo ambiente.
Naquele momento, senti o ar escapar dos meus pulmões enquanto a dor queimava em meu corpo.
Minha visão escureceu por um segundo, e um gosto metálico invadiu minha boca.
“Ugh!” ― O som escapou dos meus lábios.
“Gah… huff…!”
Ainda no chão tentei puxar o ar, mas a respiração vinha entrecortada, como se o golpe tivesse esmagado cada centímetro do meu peito.
― Evan!
Ouvi a voz abafada de Jenna ao longe, ecoando como se viesse de outro mundo.
Ela estava correndo em minha direção.
E sem tempo para esperar, Morbus avançava logo atras de Jenna, como se o próximo ataque fosse sua chance de eliminar dois alvos de uma vez.
A urgência explodiu em meu peito, e lutei contra a dor para me erguer.
Se as coisas ficassem ruins demais, a Spectra perceberia pelo marcador que cada aluno recebeu e os eliminaria imediatamente da prova para evitar qualquer risco à vida.
Para mim, não seria um problema, já que a equipe era bastante competente mesmo sem minha presença.
Mas, se Jenna fosse eliminada junto comigo, isso seria terrível.
Cada músculo gritava, mas, com um esforço brutal, consegui me levantar no instante em que Jenna me alcançou.
Agarrando-a pelo braço, puxei-a rapidamente para trás de mim, tentando mantê-la fora do alcance de Morbus.
Minha mente trabalhava rápido, mas a situação era complicada.
Seraphina estava logo atrás de Morbus, avançando para interceptá-lo, mas não chegaria a tempo, e Maya e Alex não podiam atacar por medo de acertar nós dois.
Morbus estava quase em cima de nós.
Com o pouco de força que me restava, comecei a reunir as sombras ao meu redor, moldando-as em tentáculos afiados que se expandiam no ar, formando lâminas negras prontas para atacar.
Fechei os olhos por um segundo, concentrando toda a energia que ainda tinha, consciente de que o preço seria alto.
‘Provavelmente vou desmaiar depois disso, mas é tudo ou nada.’
“…”
Mas antes que eu pudesse liberar o ataque, uma luz ofuscante atravessou o ar, cortando o espaço entre mim e Morbus.
A lâmina desceu com uma aura dourada intensa, acertando o monstro com precisão.
O impacto foi brutal, forçando Morbus a cambalear para trás, soltando um rugido de raiva.
Minha surpresa se intensificou ao ver Arthur, Kai, Luna e Derek se posicionando, prontos para atacar.
Antes que eu entendesse o que estava acontecendo, uma figura inesperada se colocou entre mim e o monstro.
‘Essa garota’, ― pensei.
A garota tinha uma expressão firme e seus punhos estavam envolvidos em uma aura mágica poderosa.
Era a mesma garota que eu tinha visto no refeitório, a desconhecida que havia me encarado com um olhar penetrante, um olhar que havia me incomodado mais do que eu gostaria de admitir.
E agora, ali estava ela, em uma posição defensiva, a poucos centímetros de mim, encarando Morbus de frente sem hesitar.
Nota Autor: