Vilão da Minha Própria Novel - Capítulo 4 - Desafios(1)
Já dentro da Spectra, olhando ao redor, eu podia ver muitos alunos reunidos, conversando e fazendo novas amizades.
Sem dar importância a isso, segui meu caminho até o campo de treinamento.
Um objetivo estava claro na minha mente: conseguir os 100 pontos que o sistema ofereceu com a missão.
Era tentador demais para recusar.
Não importava se eu perderia de lavada ou se causaria uma primeira má impressão em Seraphina.
Era natural, nas histórias, o personagem que foi para outro mundo querer não se envolver com os personagens principais, muito menos irritá-los.
Eu também planejava fazer isso, mas se havia benefícios, a história seria diferente.
Precisava dos pontos para obter mais habilidades.
Sobreviver era prioridade.
===
Chegando no campo de treinamento da Spectra, eu não fiquei muito surpreso. Era exatamente como eu havia descrito em minha novel.
A vibração da atividade imediatamente capturou minha atenção.
O local era um turbilhão de energia. Como ainda era início das aulas, vários cadetes de todos os níveis estavam dedicando-se a aperfeiçoar suas habilidades.
De repente, meu olhar foi atraído para um duelo em particular que se destacava entre os demais.
Arthur, com sua postura impecável, enfrentava Kai, um oponente que impunha respeito pela altura e musculatura.
Suas manoplas, um par com um brilho metálico sob o sol da manhã, chocavam-se contra a espada de Arthur em um embate que mesclava força bruta e técnica refinada.
― Até quando você pretende continuar na defensiva? ― provocou Kai, sua voz carregada de desafio.
Por outro lado, Arthur bloqueava os ataques de Kai com facilidade.
― Não fique se achando, ― disse Arthur, com um movimento suave de espada, empurrando Kai para trás.
‘Parece que eles vão começar a levar isso a sério.’
Distante dessa cena, numa parte mais tranquila do campo, estava Seraphina.
Seu treino solitário de esgrima capturava uma essência de concentração pura. O cabelo ruivo acompanhava cada movimento seu, contrastando com os olhos verdes que brilhavam com foco e determinação.
Suas habilidades com a espada não deixavam nada a desejar.
‘Agora que estou aqui vendo ela treinar, sinto que perdi um pouco da determinação que tinha.’
Eu observava de longe, hesitante.
De repente.
Movido por um impulso que nem mesmo eu compreendia totalmente.
Caminhei em sua direção, sentindo a urgência de terminar aquilo o mais rápido possível.
Ela estava sozinha; nenhum dos outros protagonistas estava perto dela. Essa era minha chance de tentar iniciar um desafio.
― Lute comigo.
Minha voz saiu carregada de uma arrogância não intencional, fruto do meu nervosismo. Será que as pessoas sempre mascaram insegurança com arrogância? Ou era só eu tentando esconder meu próprio nervosismo?
A resposta de Seraphina foi um olhar aguçado, que me avaliou de cima a baixo.
― Por que eu lutaria com você?
Sua pergunta estava carregada de desdém, exatamente o que eu já esperava.
― Eu apenas quero duelar com você.
Tentei corrigir o tom da minha abordagem, mas já era tarde.
― …Não.
Com uma única palavra, ela tentou me evitar.
― Por que não? ― insisti, incapaz de deixar para lá.
― Por que eu deveria me incomodar com alguém como você?
Eu sabia que estava invadindo sua privacidade, mas o “Alguém como você” dela me deixou meio irritado.
Engoli em seco, vendo que essa conversa não nos levaria a lugar algum. Então decidi apelar para a provocação.
― Pfft! O que foi? Está com medo de perder?
A irritação dela era palpável. Mas eu já não estava nem aí; a má impressão já havia sido feita.
Mesmo que eu estivesse em um novo mundo e corpo, eu ainda tinha meu orgulho.
Ela retesou a postura, os olhos faiscando não apenas de foco, mas de fúria. A multidão ao redor começava a notar a tensão, e o duelo tornou-se inevitável.
― Tsk! ― Ela estalou a língua, claramente irritada.
Antes que eu pudesse reagir, Seraphina já havia assumido uma posição de combate, com os pés firmes no chão e o olhar focado, deixando claro que estava pronta para lutar ali mesmo, sem hesitação.
Enquanto assumíamos nossas posições, percebi que essa não era apenas uma chance de ganhar os 100 pontos prometidos pelo sistema.
Era uma oportunidade de descobrir o quão boas as habilidades de Evan realmente eram.
― Onde está sua espada? ― ela perguntou, levantando sua espada em minha direção.
― Eu não preciso dela, ― respondi, confiante.
A manipulação das sombras de Evan era muito mais fácil de usar do que eu imaginava.
Era muito mais fácil usar algo que se tornava uma extensão do meu corpo naturalmente do que uma espada.
― Não minta. Eu vi você pegando uma espada na seleção de armas. Como irá lutar sem ela?
Dei de ombros, tentando parecer despreocupado. Afinal de contas, eu já tinha fodido tudo.
― Vou tirar essa arrogância de você, ― disse ela, com um tom desafiador.
Antes que o combate começasse, Arthur apareceu, atraído pela multidão crescente. Seu habitual ânimo radiante parecia iluminar o ambiente.
‘O quê? O duelo dele com o Kai já acabou?’
― Ei, pessoal o que está acontecendo aqui? ― Perguntou ele, olhando entre nós dois com curiosidade.
Seraphina respondeu sem tirar os olhos de mim.
― Esse cara aqui quer um duelo. Parece que ele acha que pode me vencer sem sequer usar uma espada.
Ela tinha exagerado um pouco, na verdade até demais.
Vencer e ainda sem usar espada, parecia muito arrogante.
Eu só queria um duelo.
Arthur olhou para mim, surpreso, e depois sorriu.
― Isso eu preciso ver. Você tem certeza disso?
― Bom, eu só quero lutar, ― respondi, tentando desmentir um pouco Seraphina.
O que parecia ter a deixado ainda mais irritada.
Arthur riu e se afastou, dando espaço para o duelo.
― Muito bem, então.
Seraphina levantou a espada, os olhos fixos nos meus, enquanto eu me preparava para usar minhas sombras.
O silêncio caiu sobre a multidão enquanto a tensão aumentava.
― Pronta? ― perguntei, tentando soar confiante.
― Sempre. ― Ela respondeu, com um brilho determinado nos olhos.
“…”
O combate começou com ela avançando, sua espada descrevendo arcos precisos no ar.
Eu contra-ataquei com minhas habilidades das sombras, manifestando tentáculos negros que se entrelaçavam ao meu redor.
“Clang!”
Os tentáculos de sombra se chocaram contra a espada de Seraphina.
Foi então que notei uma mudança abrupta na expressão dela.
O que antes era uma postura confiante e desafiadora agora se transformou em surpresa e, por um breve momento, vi um lampejo de algo mais profundo em seus olhos.
“Kling!”
O som metálico ressoou novamente enquanto meus tentáculos de sombra colidiam com a lâmina de Seraphina, forçando-a a recuar.
‘Eu esperava que minha ofensiva a pegasse de surpresa, mas não estava preparado para esse tipo de reação.’
Seraphina parecia momentaneamente paralisada, não pelo ataque em si, mas pela natureza das sombras que eu manipulava.
‘Será que meus poderes são tão estranhos assim?’ pensei.
Seus olhos arregalados estavam fixos nas minhas sombras, e ela hesitou, como se estivesse tentando processar algo.
A confusão em seu rosto era evidente.
Mas eu não dei muita importância para isso.
Na verdade, tentei aproveitar o momento.
Eu tinha que ir com tudo logo de início.
‘Como ela não conhece minhas habilidades, ela provavelmente ficou surpresa, e essa é minha pequena vantagem.’
Avancei com tudo para cima dela, que estava na defensiva.
====
O campo tornou-se um palco, e rapidamente estávamos cercados por espectadores.
Arthur, Kai, Luna, Derek e vários outros cadetes, todos com os olhos fixos em nosso combate.
― Não importa o que seja… eu não vou perder para alguém como você! ― Seraphina exclamou, reafirmando sua postura com renovada confiança.
De repente.
Em um piscar de olhos, ela estava em minha frente.
― Vamos ver até onde suas habilidades podem te levar neste duelo!
Ela era ágil. Todos os seus anos treinando esgrima eram evidentes em cada movimento.
Eu, que até pouco tempo estava na ofensiva, comecei a usar minhas sombras apenas para tentar pará-la.
Aquele era meu limite.
‘Droga, o que será que aconteceu com ela tão de repente?’
Até um minuto atrás ela não estava nem contra-atacando.
Eu não sabia o que tinha causado essa mudança repentina.
De repente, Seraphina se afastou de mim e se concentrou em algo.
Sua espada começou a brilhar com uma aura vermelha ao seu redor.
Era uma espada de aura.
Senti um suor frio percorrer meu corpo.
Eu não esperava menos de um dos personagens principais da minha novel.
Mas ela estava levando isso a sério, até demais para um simples duelo.
Tentei manter distância, mas em um piscar de olhos, Seraphina se moveu até mim novamente. Empunhando sua espada firmemente, ela desferiu vários ataques em minha direção.
― Eles não estão levando isso a sério demais? ― Kai perguntou a Arthur, que estava ao seu lado.
― Acho que deveríamos pará-los, ― disse Arthur.
….
Eu, por outro lado, mal conseguia bloquear os ataques de Seraphina com sua espada de aura.
Estava tentando encontrar uma abertura, embora soubesse que a vitória era uma esperança distante.
A energia da espada de aura dela cortava o ar com cada ataque.
A luz vermelha que envolvia sua lâmina não era apenas um espetáculo visual; era uma manifestação palpável de sua determinação e habilidade refinada ao longo dos anos.
Minhas sombras, embora formidáveis, lutavam para competir com a velocidade e precisão dos golpes de Seraphina.
Essa era uma parede que um escritor como eu não conseguia simplesmente pular.
Eu continuava manipulando as sombras para se solidificarem em forma de tentáculos, tentando interceptar e desviar os ataques, mas a aura ao redor da espada de Seraphina cortava através deles como se fossem meras brumas.
― Não acha que está exagerando um pouco? ― Disse, tentando soar confiante enquanto desviava de mais um golpe.
Seraphina não respondeu de imediato, focada em seu próximo ataque. Quando finalmente falou, sua voz estava carregada de determinação.
― Exagerando? Isso aqui é só o começo. Não espere que eu pegue leve só porque você está sem espada.
‘Ela é louca?’
Um golpe particularmente rápido quase me pegou desprevenido enquanto pensava, mas consegui desviar no último momento, sentindo o calor da aura passar perigosamente perto da minha pele.
‘Não tem jeito, ela ficou completamente maluca.’
Meu coração batia acelerado, eu sentia a adrenalina pulsando em minhas veias enquanto buscava, desesperadamente, uma forma de contra-atacar.
― Você realmente não está brincando… ― murmurei para mim mesmo.
‘Preciso de uma nova estratégia.’
Enquanto eu pensava em algo, manipulei minhas sombras, tentando criar barreiras e tentáculos para desviar seus ataques, enquanto Seraphina avançava sem hesitar.
― Vamos, o que aconteceu com sua confiança? ― disse ela, me provocando.
Seu olhar era feroz e determinado.
Eu sabia que precisava responder à altura.
Concentrei minha energia nas sombras ao meu redor, fazendo-as se aglomerarem e formarem um escudo denso em minha frente.
A próxima estocada de Seraphina colidiu com ele e, para minha surpresa e dela, o golpe foi amortecido, permitindo-me um breve momento de respiro.
― Ainda consigo continuar mais um pouco, ― respondi, lançando uma contraofensiva com as sombras, tentando enlaçar sua espada e desarmá-la.
Ela recuou ágil, a surpresa em seus olhos se transformando rapidamente em resolução.
― Finalmente está começando a lutar de verdade.
Ela disse com um leve sorriso.
‘De verdade? Eu já estou no meu limite.’
Nossos olhares se encontraram, e por um breve momento, o campo de treinamento desapareceu, deixando apenas nós dois e o som dos nossos corações batendo forte.
O som da minha respiração era alto.
Não havia se passado muito tempo desde o início do combate, mas eu já estava no meu limite.
― O que foi, já está cansado? ― Ela me provocou novamente com um sorriso presunçoso em seus lábios.
Foi então que o inesperado aconteceu.
Uma vibração sutil, imperceptível para os outros, precedeu a aparição de uma janela translúcida à minha frente, trazendo uma mensagem do sistema que apenas eu podia ver.
[Missão completada: Duelo com Seraphina. +100 pontos adquiridos.]
[Pontos: 155]
▷ Mais 10 pontos serão adicionados pela maestria adquirida com Manipulação de Sombras
[Pontos Atuais: 165]
‘Então quer dizer que eu não precisava nem finalizar o duelo?’
Um sorriso involuntário escapou de mim, não de escárnio, mas de alívio pela missão cumprida.
Seraphina, que viu o sorriso no meu rosto, resmungou.
― Vamos ver por quanto tempo você pretende continuar com esse sorriso no rosto.
Parecia que ela havia entendido errado o porquê do meu sorriso.
Enquanto ela se preparava para um segundo round, eu suspirei e disse.
― Eu desisto! ― declarei, colocando um fim ao confronto antes que Seraphina pudesse processar a súbita mudança.
― …O quê? Como assim você desiste?
A confusão e a irritação em sua voz eram palpáveis, mas eu já havia conseguido o que queria.
Ela ficou visivelmente furiosa, sua irritação com minha aparente arrogância só estava crescendo.
Arthur veio até nós para tentar aliviar a tensão. Afinal, ele era esse tipo de pessoa.
― Foi um bom duelo, pessoal, mas acho que vocês não precisavam ter ido tão longe assim para um simples duelo…
Arthur aproximou-se com palavras de apreciação pelas nossas habilidades, mas Seraphina o interrompeu.
― Cale-se, Arthur. Eu tenho que mostrar para esse idiota arrogante o seu lugar.
Ela parecia muito irritada comigo.
Eu não perdi tempo e tentei fugir daquele lugar o mais rápido possível.
Seraphina parecia que iria estourar novamente a qualquer momento.
― Foi bom duelar com você, ― disse a ela, já me afastando.
Mas seus olhos fixos em mim quase me fizeram tropeçar. Ela estava realmente furiosa, e eu podia sentir sua frustração como uma onda crescente.
― Esse… esse idiota só queria me irritar? Será que ele não tem nenhum respeito? Quem ele pensa que é?
Ela questionou para ninguém em particular, mas eu conseguia ouvi-la.
“Tsk!” ― Esse bastardo.
Enquanto eu me afastava rumo ao vestiário masculino, ouvi Seraphina bufar e murmurar entre os dentes, com uma fúria contida.
Eu precisava de um momento para refletir sobre o que tinha acabado de fazer e descansar meu corpo.
Mesmo que tivesse sido um curto duelo, eu sentia como se tivesse usado quase toda minha energia.
Enquanto me afastava, podia ouvir o murmúrio confuso da multidão e o resmungo frustrado de Seraphina.
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▷ Frango Grelhado com Ervas Especiais – 80 Ƶ
▷ Sopa de Legumes Fortificante – 70 Ƶ
▷ Bife ao Molho de Vinho com Acompanhamentos – 100 Ƶ
▷ Salada Energética com Frutas Exóticas – 90 Ƶ
‘Por que será que não estou surpreso?’
Evan estava tomando um banho, deixando a água quente relaxar seus músculos tensos e limpar o suor do corpo.
― Eu realmente fiz isso.
Ele murmurou para si mesmo, como se ainda processasse o que havia acontecido.
Ele havia acabado de duelar com Seraphina, uma das alunas do primeiro ano com grande potencial na Spectra.
Sua fama não vinha apenas de suas habilidades; Seraphina fazia parte de uma família aristocrática antiga e respeitada, com uma longa história de destaque no mundo.
‘E o que foi aquilo agora há pouco?’
Evan questionava-se, ainda tentando entender a reação dela.
Ele esperava que Seraphina ficasse surpresa com suas habilidades, mas a expressão dela parecia mais de choque, como se tivesse visto um fantasma.
Secando-se e terminando o banho, Evan vestiu o uniforme que havia separado previamente e seguiu direto para o refeitório.
Estava quase na hora do almoço, e ele precisava de uma refeição rápida antes de ir para seu emprego de meio período.
O relógio marcava 11:50.
O refeitório da Spectra era amplo e bem organizado, ainda que não estivesse tão cheio quanto Evan imaginava que estaria.
Boa parte dos alunos de famílias ricas evitava o refeitório padrão, optando por refeições privadas em áreas de prestígio ou até recebendo refeições personalizadas, o que diminuía a movimentação no local.
Ao se aproximar da fila, Evan observou o sistema de refeições da Spectra.
Ele notou que o refeitório oferecia duas opções principais: as refeições básicas, que eram gratuitas para todos, e as refeições especiais, pagas com a moeda local, o Zén (Ƶ).
O Zén era o dinheiro oficial daquele mundo, tendo se valorizado significativamente, até mais que o dólar, após o aumento da influência dos heróis. Seu valor era considerável no cotidiano da Spectra, especialmente para alunos privilegiados que o usavam para ter mais conforto na academia.
Ele olhou o painel digital acima do buffet, onde os preços de algumas refeições sofisticadas quase o fizeram recuar:
Essas refeições eram enriquecidas com ingredientes selecionados para melhorar a recuperação, a resistência e até a capacidade de concentração – qualidades fundamentais para um estudante da Spectra que treinava intensamente.
Mas, com esses preços, Evan logo percebeu que teria que economizar ao máximo.
Ele começaria a receber uma bolsa de Ƶ 2.600,00 Zéns todos os meses, o que cobriria suas necessidades básicas e algumas despesas, mas sem espaço para extravagâncias.
Só o custo de uma refeição dessas o fazia questionar se conseguiria fechar o mês no azul.
‘Esses preços são absurdos… Quem em sã consciência pagaria isso?’ — pensou, um tanto desconfortável com o contraste entre o sistema de refeições pagas e as opções gratuitas.
Ele olhou para o lado, já decidido a optar pela refeição básica e economizar cada Zén, e viu… praticamente todos ao redor comendo pratos caros e requintados.
Os alunos carregavam bandejas com pratos que pareciam brilhar mais do que os próprios talheres.
Alguns exibiam satisfeitos bifes suculentos e peixes bem decorados.
Um grupo de alunos próximos discutia se a “Salada Energética com Frutas Exóticas” realmente ajudava na recuperação de energia.
Outro analisava o sabor único do “Frango Grelhado com Ervas Especiais”.
‘Será que sou o único aqui que pensa que esses preços são um roubo?’
Enquanto pensava, Evan se lembrou da ligação que havia recebido da Spectra na noite anterior.
Informaram que o primeiro depósito da bolsa já estava disponível, o que lhe trouxe um enorme alívio.
Até então, não havia encontrado um centavo no quarto de ‘Evan’ desde sua chegada.
Parecia que a Spectra não poupava esforços para garantir que seus alunos estivessem bem preparados financeiramente.
O primeiro depósito da bolsa de estudos já estava disponível, possivelmente para que os alunos pudessem custear refeições de melhor qualidade e outros itens necessários para a rotina exigente da academia.
Evan soltou um suspiro.
Saber que já tinha uma quantia inicial para emergências o tranquilizava, mas não mudava o fato de que o seu dinheiro precisava ser bem administrado.
Na Spectra, além do sistema de refeições, as opções de gastos eram limitadas a poucas necessidades, e ele sabia que o valor da bolsa precisava cobrir mais do que apenas suas despesas — seus irmãos também dependiam dele.
Para quem tinha compromissos como os de Evan, era fácil perceber como esse dinheiro poderia evaporar rapidamente.
Decidido, optou então pela refeição básica.
Com o prato em mãos, Evan dirigiu-se a uma mesa mais afastada, em busca de um momento de tranquilidade antes de encarar a tarde cheia de compromissos.
‘Eu esperava algum tipo de comida de refeitório comum, mas isso está bom… bom até demais.’
Ele olhou para o próprio prato simples — frango grelhado, salada fresca e um pouco de arroz integral — e o comparou aos pratos extravagantes que outros alunos carregavam.
Eles pareciam feitos para impressionar, tanto em sabor quanto em benefícios.
Evan observou de soslaio a carne suculenta em algumas bandejas; sabia que muitas delas vinham de animais criados em regiões ricas em energia mágica, o que não só melhorava o sabor, mas também potencializava a recuperação física e o desempenho mental.
Não eram raridades, mas claramente tinham um toque especial da Spectra, uma exclusividade que os fazia valer o preço salgado.
Ele deu de ombros, satisfeito com sua refeição gratuita.
“…”
Mal havia começado a comer quando notou uma figura familiar se aproximando, movendo-se com uma segurança natural e postura impecável.
Os passos firmes indicavam alguém com um ar de determinação, e havia algo em sua presença que fazia Evan erguer o olhar, curioso.
A figura parou à sua frente e, com um movimento fluido, puxou uma cadeira, sentando-se com naturalidade.
Seraphina, sem precisar de convite, cruzou os braços sobre a mesa e o encarou fixamente.
O garfo de Evan congelou a meio caminho da boca diante daquele olhar penetrante que não permitia desviar a atenção.
― Quero saber sobre os poderes que usou contra mim.
A voz dela era firme e direta, e a intensidade do tom cortou o burburinho habitual do refeitório, prendendo toda a atenção de Evan.
A sombra de sua recente disputa ainda pairava entre eles, e, embora o olhar de Seraphina transmitisse uma curiosidade mista com um resquício de desafio, estava claro que não se tratava de uma conversa amigável.
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