Vilão da Minha Própria Novel - Capítulo 10
Capítulo 10 – A Prova na Spectra(4)
A espada de Arthur brilhou em um dourado intenso, cortando o ar com precisão.
O golpe acertou Morbus em cheio.
Diferente de antes, o monstro já estava exausto.
Suas garras cravaram-se no chão, como se buscassem apoio para não cair.
Mesmo assim, o olhar dele ainda estava carregado de fúria.
Ao lado, Evan estava pálido e tonto, claramente sentindo os efeitos dos ataques que sofreu.
Jenna, ajoelhada ao lado dele, aplicava um feitiço de cura, suas mãos estavam brilhando com uma luz suave enquanto canalizava energia para aliviar a dor em seu peito.
― Você vai ficar bem, Evan.
Jenna fez uma expressão de alívio ao notar que a respiração dele começava a estabilizar.
― Só não exagere agora, tá?
― Eu pareço alguém que iria conseguir exagerar em algo agora?
Jenna soltou uma risada curta, balançando a cabeça enquanto continuava aplicando o feitiço de cura.
― Arthur. Você ainda tem essa mania de aparecer quando o trabalho já está quase feito.
― Só estamos de passagem, Seraphina. Além disso, parece que você deixou um pouco de trabalho para a gente.
Seraphina bufou, mas havia um brilho divertido em seus olhos.
― Deixei trabalho para vocês? Eu estava prestes a terminar isso.
Derek se aproximou logo em seguida, seus olhos estavam buscando Seraphina de forma quase instintiva.
― Seraphina, você está bem? Parece que a luta foi intensa.
Ela lançou um breve olhar para ele, erguendo uma sobrancelha em confusão, como se não entendesse a preocupação.
― Estou bem, Derek. Por que não estaria?
Sua voz era direta, quase impessoal, mas sem intenção de ser rude.
― Ah… não, só achei que… enfim.
Derek balançou a cabeça, parecendo desarmado.
Sem perceber a hesitação dele, Seraphina simplesmente deu de ombros e voltou sua atenção para Morbus.
Arthur, que não perdeu nenhum detalhe, lançou um olhar rápido para Derek, um pequeno sorriso de canto brotando em seu rosto.
Derek notou o olhar e retribuiu com uma carranca, como se dissesse “não diga nada”.
Arthur apenas deu uma risada leve, mas segurou o comentário que certamente estava pronto para fazer, desviando o olhar para evitar instigar ainda mais o amigo.
Ao lado deles, Rachel observava a interação entre Seraphina e os outros, curiosa.
Ainda com os punhos envolvidos em aura mágica, ela deu um passo à frente, tentando entender a dinâmica do grupo.
― Então… vocês todos se conhecem? ― Rachel perguntou, lançando um olhar curioso para Seraphina.
Seraphina a analisou por um instante, os olhos passando dos punhos envoltos em uma aura roxa para o rosto determinado da garota.
Rachel era ligeiramente mais alta que ela, e a postura confiante destacava-se.
Depois de alguns segundos de avaliação, Seraphina deu um sorriso amigável, mas com um toque de curiosidade.
― Parece que foi você quem acabou no mesmo grupo que esses cabeças-duras. Mas sim, conheço eles há bastante tempo.
― Sou Seraphina.
Rachel assentiu, retribuindo com um breve sorriso.
― Sou Rachel. Prazer… ―
“Raaaagh!”
O momento foi interrompido por um rugido feroz que fez todos se virarem instantaneamente.
Morbus, com as últimas forças que lhe restavam, levantou-se novamente. Seus braços pesados balançaram ao redor, espalhando uma onda de energia sombria que parecia preencher a sala com uma presença opressora.
Kai, que já estava próximo, reposicionou-se rapidamente, ajustando as manoplas.
― Certo, chega de conversa fiada, vocês! ― ele gritou.
― Vamos acabar com ele de uma vez.
Evan, agora mais firme após o feitiço de cura de Jenna, deu um passo à frente, as sombras ao seu redor estavam começando a se mover novamente.
Seraphina notou seu movimento e aproximou-se, posicionando-se ao lado dele com a espada em mãos.
― Ei, tem certeza que está pronto para mais uma? ― Ela perguntou.
― Estou bem.
As sombras tremeluziram em antecipação, se estendendo ao redor de suas mãos.
Arthur fez um sinal rápido para o grupo, organizando os movimentos para o golpe final.
Kai foi o primeiro a avançar.
Ele desviou da investida desesperada de Morbus com agilidade, esquivando-se dos braços pesados do monstro.
Com um movimento poderoso, ele girou as manoplas e acertou um soco direto nas costas do monstro.
“Thud!”
Morbus cambaleou com o impacto, mas seu olhar raivoso indicava que ainda não estava derrotado.
Evan, ao fundo, sentiu as sombras pulsarem ao seu redor, reagindo à sua vontade.
Elas rapidamente se transformaram em tentáculos afiados e letais, mas a quantidade era menor do que antes, reflexo de sua energia limitada após o esforço anterior.
Seraphina percebeu, seu olhar analisando Evan enquanto apertava o cabo de sua espada com força.
‘Ainda são tentáculos afiados, mas… a quantidade é menor do que antes. Será que ele está se segurando?’
A ideia de que Evan poderia estar escondendo parte de sua força fez com que uma curiosidade incômoda surgisse dentro dela.
Mas não era o momento para questionar.
Ela balançou a cabeça, afastando os pensamentos, e voltou seu foco para a batalha.
― Jenna! ― Seraphina chamou.
Jenna, com rapidez, ergueu as mãos e conjurou um feitiço de fortalecimento que envolveu o grupo.
Sentindo a energia, Seraphina avançou um passo, a lâmina de sua espada estava começando a brilhar novamente.
Maya, que já havia recuperado o fôlego, começou a estender os braços, concentrando-se profundamente.
Pequenas faíscas de fogo dançavam ao redor de suas mãos, crescendo em intensidade enquanto ela invocava uma tempestade de chamas.
Alex, atento ao redor, posicionou-se à frente dela, seu arco já preparado para qualquer investida que tentasse interromper o ataque de Maya.
“…”
Derek, posicionado estrategicamente, puxou o arco, sua flecha estava carregada de energia mágica. Ele disparou, e a flecha atravessou o ombro do monstro com um som seco.
― Agora! ― gritou Arthur, sinalizando o ataque coordenado.
Kai foi o primeiro a se mover, carregando seu golpe direto. Ele atacou com força, acertando a lateral do monstro, forçando-o a focar sua atenção nele.
Arthur e Seraphina avançaram logo atrás de Kai.
Arthur ergueu sua espada, carregada de uma aura dourada, e desferiu um golpe poderoso.
O monstro levantou um dos braços, bloqueando o ataque com suas garras de forma instintiva, ainda mostrando sinais de resistência.
O ataque de Arthur foi apenas uma distração.
Aproveitando a abertura criada, Seraphina avançou, sua lâmina brilhava com uma aura vermelha intensa.
― Isso é por todo o trabalho que você nos deu!
Ela cortou na mesma ferida aberta anteriormente, ampliando ainda mais o dano.
Mesmo assim, o monstro não cedia, suas garras cavaram-se no chão para manter o equilíbrio.
Era óbvio para o grupo por que Morbus não cairia facilmente.
Seu corpo, meio humanoide, estava repleto de raízes retorcidas que absorviam parte dos ataques físicos, tornando-os menos eficazes.
Para derrotá-lo, era necessário usar magia poderosa, e o fogo seria a escolha ideal.
Todos sabiam disso, e Maya estava se preparando para cumprir esse papel.
Atrás do grupo, Maya finalmente concluiu sua preparação.
― Estou pronta! ― ela gritou, suas mãos brilhando intensamente enquanto uma tempestade de chamas começava a se formar ao seu redor, as faíscas dançando no ar.
Alex, que havia se reposicionado mais para o lado, não perdeu tempo.
Levantou o arco e disparou uma flecha diretamente no monstro, buscando eliminar qualquer chance de ele se voltar para Maya.
― Se preparem! ― ordenou Arthur, ciente de que esse seria o golpe final.
Rachel e Seraphina, percebendo a estratégia, se reposicionaram imediatamente, ambas desferiram golpes precisos e coordenados, o impacto forçou Morbus a recuar enquanto soltava um rugido de dor.
“Raaaagh!”
De repente, sem que o monstro percebesse, sombras negras cobriram seu corpo, imobilizando-o com força.
Eram os tentáculos negros que Evan havia criado.
Morbus se debatia, tentando escapar, mas seus movimentos estavam limitados, e a frustração era evidente em seus rugidos baixos.
“Grrrrrhhh…”
Sem qualquer chamado ou aviso, Maya, que já havia concluído a preparação de seu feitiço, lançou um poderoso ataque de fogo diretamente no monstro.
“Thud!”
― Pegue isso! ― Maya gritou, lançando as chamas com um movimento firme.
As labaredas atingiram Morbus em cheio, envolvendo-o em uma tempestade de calor intenso e luz ofuscante.
“Fwoosh!”
O monstro soltou um rugido final, cheio de dor e fúria, enquanto as chamas consumiam suas formas sombrias e as raízes retorcidas que compunham seu corpo.
“Raaaagh!”
Finalmente, Morbus caiu de joelhos, incapaz de continuar, enquanto seu corpo começava a se desintegrar em uma nuvem de escuridão.
Arthur abaixou a espada, soltando um suspiro de alívio enquanto olhava para Maya com um sorriso satisfeito.
― Bom trabalho.
Ela sorriu, exausta, mas aliviada.
― Obrigada. Não teria conseguido sem vocês.
“….”
“…”
Enquanto o monstro se desintegrava em uma nuvem de escuridão e cinzas, Evan, que ainda mantinha suas sombras presas ao corpo do inimigo, fez um movimento sutil com a mão.
Os tentáculos negros que prendiam Morbus começaram a se desfazer, lentamente retornando ao estado de sombras e voltando para Evan.
O momento parecia natural, mas não passou despercebido pelos outros.
Seraphina estreitou os olhos, observando o movimento das sombras com atenção.
Era esperado que o ataque devastador de Maya tivesse destruído as sombras de Evan junto com Morbus. No entanto, elas não só permaneceram intactas como também obedeceram ao comando dele de retornar.
Arthur lançou um olhar intrigado para Evan, mas decidiu não dizer nada.
Evan, alheio à atenção que recebia, limpou o suor da testa, aparentemente concentrado em recuperar o fôlego.
Seraphina desviou o olhar e respondeu com firmeza:
― Certo, e agora? ― perguntou Luna, com um tom casual, como se buscasse dissipar a tensão no ar e mudar o foco do momento.
― Vamos ver o que ele deixou como recompensa.
Quando a poeira da batalha finalmente baixou, o brilho suave da pedra roxa capturou a atenção de todos.
Era evidente que o item tinha um grande valor.
Jenna deu um passo à frente, olhando para a pedra no chão.
― Bem, parece que agora temos uma questão a resolver. Quem fica com isso?
Arthur cruzou os braços, observando a cena por um momento antes de responder.
― Nós só nos envolvemos porque vocês estavam em perigo. Não foi nossa batalha para começar. A pedra é de vocês.
Kai, que estava recostado contra uma árvore próxima, limpando suas manoplas, deu um sorriso descontraído enquanto pegava uma das pedras menores.
― É, além disso, já conseguimos alguns pontos no caminho. Não estamos exatamente desesperados.
Seraphina, ao ouvir a palavra “desesperados”, lançou um olhar afiado em sua direção, os olhos estreitando-se como se o comentário tivesse a intenção de provocá-la.
― Desesperados? Você fala como se nós estivéssemos implorando por ajuda.
Kai ergueu as mãos em rendição, rindo.
― Calma aí, Seraphina. Eu só quis dizer que estamos tranquilos, nada mais.
Seraphina bufou, limpando a lâmina da espada antes de lançá-la contra o ombro.
Ela lançou um olhar para Jenna, seu rosto transmitindo desinteresse.
“Hmpf.” ― Faça como quiser.
Jenna parecia aliviada, mas ainda hesitou, olhando para Evan em busca de uma opinião.
Ele deu de ombros, parecendo indiferente à discussão, mas logo falou.
― Já que é assim, acho que seria justo darmos algo a eles. No caminho, derrotamos alguns monstros menores. Temos algumas pedras de valor menor.
Jenna imediatamente começou a vasculhar sua bolsa, tirando algumas pedras de brilho mais fraco.
― Não é muito, mas é algo, ― disse Jenna, estendendo as pedras para Kai e Luna.
Luna pegou as pedras, assentindo educadamente, mas foi interrompida por Kai, que rapidamente comentou:
― Não vou reclamar. Ganhar pontos sem suar tanto é um bom negócio.
Antes que ele pudesse dizer mais, Luna deu uma cotovelada certeira nas costelas de Kai, fazendo-o engasgar levemente.
“Agh!” ― O que foi isso?
Kai reclamou olhando para Luna com um misto de surpresa e indignação.
Luna cruzou os braços, lançando um olhar severo.
Em seguida, ela voltou-se para Jenna, esboçando um sorriso genuíno.
― Obrigada pela generosidade. Vocês fizeram a maior parte do trabalho aqui, então isso é justo.
Jenna sorriu de volta, parecendo satisfeita.
Kai resmungou algo inaudível, ainda esfregando as costelas, mas não ousou falar mais nada, recebendo um olhar de aviso de Luna.
“….”
Enquanto o restante do grupo conversava animadamente, Evan afastou-se alguns passos.
Ainda sentindo o peso da batalha, ele aproveitou o momento para revisar a mensagem do sistema em sua mente.
O aviso permanecia o mesmo.
“Uma entidade o observa. Confrontá-la será inevitável.”
Ele franziu o cenho, intrigado com a persistência daquela mensagem.
‘O que exatamente esse sistema espera de mim?’― pensou, o cansaço mental pesando tanto quanto o físico.
― Pensativo?
Evan ergueu os olhos, encontrando Rachel parada a poucos metros dele, com uma expressão que tentava parecer casual.
― Nem tanto, só… processando.
Ele respondeu, tentando soar igualmente despreocupado.
Rachel cruzou os braços, os olhos avaliando-o com cuidado antes de continuar.
― Você fez um bom trabalho controlando suas sombras naquela luta. Não é fácil usar habilidades assim de forma tão precisa, especialmente sob pressão. Foi impressionante.
Evan arqueou uma sobrancelha, surpreso pelo elogio direto. Ele coçou a nuca, desviando o olhar.
― Não sei se foi resistência ou teimosia.
Rachel soltou um leve riso.
― Seja o que for, funcionou. Mas me pergunto… suas sombras, elas não deveriam ter sido destruídas com o ataque de Maya?
Evan hesitou por um instante, ponderando a pergunta.
― Talvez. Mas acho que meus poderes são um pouco diferentes de magia comum.
Rachel inclinou a cabeça levemente, como se já esperasse essa resposta.
― Diferentes? Como?
― Não sei explicar direito, mas… parece que elas têm um tipo de conexão comigo. Como se fossem parte de mim, não apenas algo que eu conjuro.
Rachel manteve o olhar fixo nele por um segundo a mais antes de responder.
― Faz sentido. Pessoas com poderes mágicos de elementos únicos geralmente têm uma afinidade maior com eles. Isso significa que seus poderes não são só algo que você cria, mas algo que você sente como parte de você.
― Nunca pensei nisso desse jeito… mas talvez seja isso.
Rachel abriu um pequeno sorriso, quase como se estivesse satisfeita com algo.
― Quem sabe. Seja como for, parece que você entende mais do que aparenta.
Evan permaneceu em silêncio, processando suas palavras.
Seraphina, que estava um pouco afastada, mas atenta à conversa, ergueu o olhar de sua espada, observando Rachel com curiosidade.
‘Elementos únicos, afinidade…? Ela sabe mais sobre as habilidades dele do que eu…’
Esse pensamento relampejou na mente de Seraphina, e ela franziu o cenho.
Não era apenas curiosidade que a prendia às habilidades de Evan; era a lembrança sombria do passado.
Desde o dia da morte de seu pai, qualquer menção, ideia, teoria ou demonstração de habilidades similares às do assassino que o matou, despertava nela um turbilhão de emoções conflitantes — desconfiança, raiva e uma determinação quase obsessiva de encontrar e matar o responsável.
“…”
Evan deu de ombros, tentando afastar o peso da conversa.
― Contanto que funcionem, estou bem com isso.
Rachel apenas acenou levemente com a cabeça e seguiu em direção ao restante do grupo.
Seraphina continuou observando, seus olhos seguindo Rachel.
‘Quem é essa garota? Será que ela entende os poderes de Evan?’
O desconforto não desapareceu, mas Seraphina guardou os pensamentos para si, decidindo ficar ainda mais atenta a Rachel.
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