Reencarnado no Reino das Sombras (Novel Nacional) - Capítulo 11

Capítulo 11: “Ecos do Passado”

Lucas sentia o peso das sombras dentro de si, pulsando com uma energia que ainda mal compreendia. O Guardião o observava com a calma de quem conhece o caminho, mas o deixava descobrir cada passo sozinho. Eles estavam em uma câmara iluminada apenas pela fraca luz das chamas azuis nas paredes, que lançavam sombras alongadas, quase vivas.

— Hoje, Lucas, iremos além das técnicas. Você verá de onde vem o poder que agora carrega — o Guardião disse, estendendo uma mão.
— Mas esteja preparado, pois ver o passado é confrontar seus próprios demônios.

Antes que pudesse responder, Lucas foi envolvido pelas sombras conjuradas pelo Guardião. Sentiu-se sugado para dentro de uma corrente fria e obscura, e em um instante estava de pé em um lugar completamente diferente: uma vasta planície devastada, com o céu tingido de cinza e um silêncio sepulcral.

À frente, Lucas viu figuras guerreando, suas espadas e poderes sombrios se chocando em explosões de energia escura. Era uma cena do passado, um campo de batalha onde os primeiros dominadores das sombras lutaram pelo controle do poder que agora residia dentro dele.

— Estas são as almas que carregaram o fardo das sombras antes de você — a voz do Guardião ecoou ao seu lado, apesar de sua figura não estar visível.
— Cada um deles buscou entender, controlar e muitas vezes moldar o poder para seu próprio desejo.

Lucas se sentiu atraído por uma figura em particular, um jovem guerreiro com olhos ferozes e uma cicatriz no rosto, segurando uma lança de pura sombra. Seus movimentos eram rápidos e precisos, mas seu olhar carregava uma dor profunda, como se cada golpe representasse uma perda pessoal.

— Quem é ele? — perguntou Lucas, sentindo uma conexão inexplicável com o guerreiro.

— Esse é Arcturus, um dos primeiros dominadores das sombras — respondeu o Guardião. — Ele acreditava que poderia usar esse poder para salvar sua família e seu reino, mas descobriu que as sombras cobram um preço.

Lucas observava Arcturus em sua luta desesperada, percebendo que o guerreiro não estava apenas enfrentando inimigos no campo de batalha; ele lutava contra as próprias sombras que invadiam sua mente, manipulando suas emoções, testando seus limites.

— E qual foi o preço que ele pagou? — Lucas perguntou, sentindo o medo e a curiosidade crescerem em seu peito.

— Sua alma foi consumida pelas sombras. No final, ele se tornou parte delas, um prisioneiro eterno de sua própria escuridão — o Guardião disse, sua voz carregada de gravidade.

Lucas desviou o olhar, engolindo em seco ao ver o destino do guerreiro. Seria esse o caminho que ele também estava destinado a seguir? As sombras eram realmente um poder que podia ser controlado, ou ele também acabaria consumido por elas?

— As sombras não são apenas um poder, Lucas — o Guardião continuou.
— Elas refletem o que há de mais profundo dentro de nós. Conquistar as sombras significa encarar aquilo que você teme em si mesmo.

Lucas respirou fundo, sentindo o peso do aviso. Ele sabia que, para avançar, precisaria confrontar seus próprios medos e fraquezas. Mas, diferente de Arcturus, ele tinha o Guardião ao seu lado, alguém para guiá-lo nessa jornada perigosa.

— Eu estou pronto — disse Lucas, com a voz firme, olhando para o Guardião, mesmo sem saber onde ele estava.

De volta à câmara, as sombras ao redor se dissiparam, e Lucas se viu de volta ao presente. Mas algo dentro dele havia mudado. Ele sentia as sombras como uma extensão de si mesmo, e com isso, a certeza de que sua luta apenas começava.

O Guardião sorriu ligeiramente, reconhecendo o progresso.

— Muito bem, Lucas. Se você deseja realmente conquistar as sombras, deve entender que, no final, a batalha é contra você mesmo.