Reencarnado no Reino das Sombras (Novel Nacional) - Capítulo 10
Capítulo 10: “Ecos da Discórdia”
Lucas já começava a se familiarizar com o controle das sombras, mas sentia que ainda faltava muito para dominar plenamente suas habilidades. O treinamento com o Guardião avançava a cada dia, exigindo foco e determinação que ele nunca havia experimentado. Mas hoje, algo estava diferente.
O Guardião chamou Lucas antes do amanhecer e o guiou por um caminho que ele nunca havia visto antes, uma trilha que levava ao centro de uma antiga ruína coberta por símbolos enigmáticos. As paredes estavam cobertas de runas que brilhavam levemente à medida que o sol nascia, iluminando a cena com uma luz estranha e mística.
— Onde estamos? — Lucas perguntou, admirando os símbolos e sentindo a energia poderosa que emanava do lugar.
O Guardião não respondeu imediatamente, deixando o silêncio pairar no ar por alguns instantes. Finalmente, ele se virou para Lucas, seu olhar mais intenso do que nunca.
— Este é o Salão dos Ecos — começou o Guardião.
— Um lugar onde as sombras e memórias de antigos guerreiros são preservadas. Aqui, você poderá ver o que outros que caminharam por este caminho enfrentaram. Mas tome cuidado… nem todas as memórias são amigas.
Ao ouvir essas palavras, Lucas sentiu um arrepio correr por sua espinha. Ele já havia enfrentado diversos desafios, mas nada como aquilo. Com um aceno de cabeça, ele seguiu o Guardião até o centro do salão, onde uma grande pedra negra brilhava, emitindo uma energia quase palpável.
— Aproxime-se e toque a pedra — ordenou o Guardião, mantendo uma distância respeitosa da relíquia.
Lucas hesitou, mas então, reunindo coragem, estendeu a mão e tocou a superfície fria da pedra. No mesmo instante, uma onda de sombras o envolveu, puxando-o para dentro de uma realidade diferente. Ele não estava mais no Salão dos Ecos; estava em um campo de batalha, cercado por guerreiros que brandiam armas sombrias e lutavam contra criaturas bestiais que pareciam feitas de pura escuridão.
A cena se desenrolava diante de seus olhos como um pesadelo vívido. Ele viu guerreiros gritando, sendo engolidos pelas sombras e depois renascendo como criaturas monstruosas, amaldiçoadas pela mesma escuridão que tentavam controlar. Lucas sentiu o peso da responsabilidade cair sobre ele com força. Esse era o destino que ele também poderia enfrentar?
Então, uma figura emergiu das sombras, caminhando até ele com uma aura de pura autoridade e poder. Era um guerreiro com armadura negra, suas feições sérias e os olhos brilhando com uma intensidade assustadora. Lucas sentiu que conhecia aquele homem, mas não sabia de onde.
— Lucas… — a voz profunda ressoou, preenchendo o vazio ao redor.
— Você está preparado para carregar o fardo das sombras? Ou será mais um a cair?
Lucas tentou responder, mas as palavras não saíam. Ele queria gritar, afirmar que era forte o suficiente, mas a dúvida crescia em seu peito. O guerreiro deu um passo à frente, sua mão estendida para Lucas, como se estivesse oferecendo algo.
— Sombras são uma arma e uma maldição — continuou o guerreiro.
— Domine-as, ou elas o dominarão.
A visão começou a se desvanecer, e Lucas sentiu seu corpo sendo puxado de volta ao Salão dos Ecos. Quando abriu os olhos, estava novamente diante do Guardião, que o observava com uma expressão severa.
— Agora entende, Lucas? — o Guardião perguntou, com uma seriedade fria.
— Não é apenas uma questão de poder. É uma questão de sobreviver ao custo desse poder.
Lucas balançou a cabeça, ainda tentando processar o que acabou de presenciar. As sombras eram uma força poderosa, sim, mas também um teste constante de força e caráter. Ele sabia que teria que enfrentar mais desafios, e que o caminho para dominar as sombras seria longo e perigoso.
Mas pela primeira vez, ele se sentia verdadeiramente pronto para enfrentar o que viesse a seguir.