Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 75
Capítulo 75: O Retorno (4)
— Castelo dos Leões Negros? — Eugene perguntou.
Os olhos de Eugene brilharam quando ele levantou a cabeça. À sua frente, Cyan estava mastigando um pouco de comida—não–o ar. Com a boca entreaberta e a mão levantando colheradas vazias de ar até os lábios, Cyan parecia ter perdido metade de seu juízo.
Isso tudo por causa do livro que ele havia recebido de Eugene. Três dias depois de seu retorno à propriedade principal, Eugene terminou de escrever o livro para Cyan à mão — não — por magia e o presenteou.
— Isso mesmo. — Ancilla foi quem respondeu à pergunta de Eugene.
Enquanto olhava para seu filho, que se perdeu em seu livro durante a refeição, Ancilla estava segurando seu desejo de repreendê-lo. Como sua mãe, ela estava pensando se deveria apoiar o crescimento de seu filho ou criticá-lo severamente por tentar engolir ar enquanto lia um livro na mesa de jantar.
Ancilla decidiu simplesmente ignorá-lo por enquanto.
— Eu pensei que o Conselho dos Anciãos se reuniria no Castelo dos Leões Negros para se preparar para sua cerimônia de maioridade, mas parece que eles estavam te esperando, já que convidaram você e Cyan para visitar o Castelo.
— Ho… Ohhh… Hmmm… — Cyan respondeu distraidamente enquanto franzia os lábios.
Sua resposta não pretendia mostrar espanto com as palavras de Ancilla. Em vez disso, era um reflexo de como Cyan estava absorto no livro, mesmo que isso o fizesse sentir como se sua cabeça estivesse girando.
Cyan se perguntou: “Isso não é só um absurdo? Algo assim é realmente possível?”
No livro que Eugene escrevera para ele, ao contrário do que Cyan esperava, não havia explicações sobre aparar ou outras técnicas de combate.
Em vez disso, as únicas coisas listadas eram maneiras de enfatizar o ‘Núcleo’ de alguém ao ponto de tortura infernal. Mais especificamente, espalhando a mana extraída do Núcleo por todo o corpo e depois circulando-a, com o Núcleo atuando como coração e a mana como sangue. Então, quando você se tornasse tão familiarizado com isso que poderia manter o processo inconscientemente, precisaria mover seu corpo apenas com sua mana, não com a força de seus músculos.
Isso era semelhante ao estilo físico desatualizado das escrituras de treinamento de mana, que foram jogadas para a obscuridade pelas escrituras de treinamento do Núcleo e da respiração de mana. Ambas eram maneiras de treinar sua mana através de movimentos físicos. No entanto, ao contrário das escrituras originais de treinamento físico, que acumulava mana movendo o corpo, o método de Eugene havia sido adaptado para Cyan, que já havia formado um Núcleo com a Fórmula da Chama Branca.
Como tal, Cyan precisava se acostumar a mover ativamente suas reservas acumuladas de mana. Para fazer isso, a melhor maneira era evitar que tudo, exceto sua mana, se movesse ativamente. Então, uma vez que ele se familiarizasse em mover seu corpo apenas com sua mana, Cyan interromperia as operações de seu Núcleo. Não usar seu Núcleo forçaria o corpo de Cyan a se reconectar, fazendo com que sua mana seguisse naturalmente os movimentos de seu corpo.
“Esse maldito, ele não está apenas escrevendo o que vem à mente?” Cyan resmungou para si mesmo.
Do ponto de vista de Cyan, esse treinamento não fazia absolutamente nenhum sentido. Sem operar seu núcleo, como diabos você deveria usar sua mana? Não, não foi aí que os problemas começaram. Ele realmente deveria circular a mana de seu núcleo como se fosse seu sangue e então usar apenas sua mana para mover seu corpo? Até os músculos se cansavam e se rasgavam quando eram usados demais, então isso não era apenas uma maneira semelhante de abusar de sua mana?
Em primeiro lugar, a mana gerada pelo Núcleo não era infinita. Este livro lhe dizia para espremer toda a mana de seu Núcleo sem deixar uma única gota para trás. Se Cyan seguisse essa instrução à risca, ele certamente entraria em colapso por esgotar sua mana.
Repetir isso várias vezes apenas danificaria seu Núcleo e dispersaria toda a sua mana, e depois disso? Cyan com certeza se tornaria um aleijado que não conseguiria lidar com nenhuma mana pelo resto de sua vida.
— Você… Está falando sério sobre eu fazer isso? — Cyan perguntou com ceticismo.
Eugene confirmou:
— Foi o que eu fiz.
— Pare de me enganar! — Cyan exigiu.
— Ei, se acalma. O que há com essas palavras duras na mesa de jantar? — Eugene o repreendeu. — Você não percebeu a madrasta olhando para você?
— Ugh. — Cyan engoliu em seco e fechou o livro.
De fato, Ancilla, que estava sentada bem ao lado dele, estava olhando para Cyan com os olhos arregalados de raiva.
Se fosse apenas lendo um livro na mesa de jantar e mastigando ar, ela sentiu que poderia mostrar alguma compreensão e permitir isso a ele. No entanto, Ancilla não podia tolerar a atitude mesquinha de Cyan que não mostrava nenhuma gratidão pelos ensinamentos de Eugene e, em vez disso, se voltava para seu benfeitor com olhos cheios de suspeita.
— Cyan, — Chamou Ancilla.
— Sim… — Cyan respondeu humildemente.
— Peça desculpas ao seu irmão, Eugene. — Ordenou ela. — Ele escreveu este livro pessoalmente, tudo para o seu bem, não é mesmo?
Cyan gaguejou.
— Me… Des…
“Seu maluco! Você não está tirando sarro de mim me dizendo para fazer algo tão absurdo?!”
Embora essas palavras furiosas ameaçassem explodir do peito de Cyan, enquanto os olhos estreitos de Ancilla estavam fixos nele, ele definitivamente não podia deixá-las sair.
Eventualmente, Cyan inclinou a cabeça e murmurou: — Me desculpa…
— Desde que você reconheça seus erros. É verdade que me tornei mais forte usando esse método, então pare de suspeitar que não será útil para você e apenas pratique-o diligentemente. Boa sorte. — Disse Eugene, torcendo por ele.
Eugene não estava mentindo. Em sua vida anterior, Hamel havia treinado sua mana usando uma escritura de treinamento físico até que Vermouth e Sienna a consertassem para ele. Sem se importar com seu núcleo ou com o que acontecia com ele, ele apenas dilacerou seus músculos até que estava prestes a morrer, fez seus ossos rangerem com a tensão e sobrecarregou seu corpo com a crença de que isso permitiria que mais mana residisse em sua carne.
Foi assim mesmo. Tudo o que Hamel tinha era aquela escritura barata de treinamento de mana usada principalmente por mercenários. Era uma época em que você podia encontrar os cadáveres de monstros, bestas demoníacas, humanos e às vezes até mesmo demônios espalhados por onde quer que fosse. Era uma época em que guerras e conflitos nunca cessavam. Para um mercenário que vivia de sua espada para ganhar a vida, ele precisava lutar melhor que os outros e por mais tempo que os outros.
Era uma profissão que naturalmente exigia que você trabalhasse demais seu corpo.
“Embora eu tenha tentado remodelá-la eu mesmo”, lembrou Eugene.
Enquanto praticava aquela escritura barata de treinamento de mana, ele fez ajustes para que fosse mais fácil de usar. Agora, além disso, ele também a modificou para trabalhar ao lado da Fórmula da Chama Branca.
Eugene murmurou para si mesmo:
— E esse maldito nem tem a decência de dizer ‘obrigado’ com lágrimas nos olhos…
— Eugene. — Ancilla se dirigiu a ele com um tom de desculpas.
Eugene descartou suas preocupações.
— Bem, já que ele disse que se desculpa, tudo bem. Tenho certeza que ele vai derramar muitas lágrimas no futuro.
Eugene não tinha intenção de brigar com Ancilla.
Ele se virou para Cyan.
— Mesmo que não queira, uma vez que comece seu treinamento, tenho certeza que vai derramar muitas lágrimas e ranho. Mas ainda deve manter isso em mente. Não basta derramar algumas lágrimas e ficar com o nariz escorrendo. Se as coisas ainda estão fluindo para fora do seu corpo, isso significa apenas que você ainda tem espaço para empurrar mais coisas. Você precisa continuar treinando até que as lágrimas e o ranho parem de fluir. Até você se cagar e vomitar sangue.
Cyan, que estava brincando com a capa do livro, agora deu de ombros ao ouvir essas palavras.
— É só isso que preciso fazer para poder pisar na sua sombra. Se eu quiser me tornar o Patriarca do clã Lionheart, estou pronto para pelo menos fazer isso. — Disse Cyan aceitando.
— Idiota irritante. — Murmurou Eugene.
— Oh, que fofo. — Cyan sorriu. — Embora eu não tenha certeza por que soa tão bom ouvir você me chamar de irritante.
Eugene arreganhou os dentes em um largo sorriso, então se virou para Ancilla.
— Então, madrasta, quando precisamos ir ao Castelo dos Leões Negros? — Ele perguntou.
— Disseram para irem assim que estivessem prontos — Respondeu Ancilla.
— Então vamos agora. — Disse Eugene confiante. — Eles devem ter tudo o que precisamos lá, então não precisamos apenas levar o que está em nossos corpos? Ei Cyan, você está bem com isso também, certo?
Castelo dos Leões Negros? Por que eles estavam falando sobre o isso? Cyan não tinha ouvido o que eles estavam falando, provavelmente porque estava perdido no livro, então seus olhos dispararam aqui e ali enquanto tentava descobrir o que estava acontecendo.
Porém, ele não podia ficar de boca fechada, então respondeu hesitante:
— Uh… Sim?
“Que reviravolta de sorte”, Eugene pensou alegremente para si mesmo.
Não, ele realmente deveria estar satisfeito com isso?
Ao sair da sala de jantar, começou a considerar seriamente o assunto.
O Castelo dos Leões Negros ficava nas profundezas das Montanhas Uklas. Era um lugar onde até os membros do clã Lionheart eram proibidos de entrar sem permissão. Para entrar no Castelo, você precisava ser reconhecido por suas habilidades e receber uma convocação dos Cavaleiros Leão Negro.
Quanto a esse ‘reconhecimento’, por mais que alguém quisesse se juntar aos Cavaleiros Leão Negro, não era fácil para eles receberem aprovação. Isso porque o Conselho era o único a julgar se alguém estava qualificado para se tornar um Leão Negro.
As únicas exceções a isso eram os filhos da família principal que haviam desistido de seu direito de sucessão para concorrer ao cargo de Patriarca. Ciel conseguiu se juntar aos Cavaleiros Leão Negro ainda jovem e se tornar escudeira de Carmen, porque havia desistido desse direito.
— No Castelo dos Leões Negros… Esta será a primeira vez que a Cerimônia de Maioridade da linhagem direta será realizada em outro lugar além da propriedade principal. — Murmurou Cyan, que não conseguiu esconder sua empolgação depois de ser informado sobre a situação.
O livro foi cuidadosamente embalado em seus braços.
— Bem, eu entendo porque eles estão fazendo isso. Graças a esse maldito, Eward, nós, como filhos de nosso pai, estamos recebendo a atenção do Conselho. — Afirmou Cyan.
— É esse o caso? — Eugene questionou duvidosamente.
— Claro que esse é o caso. — Insistiu Cyan. — Papai está em uma posição difícil já faz um tempo. Você sabe o porquê, certo?
— Por causa de Eward. E provavelmente eu também. — Respondeu Eugene em tom apático.
Eugene não era tão indelicado a ponto de permanecer ignorante sobre isso. Mesmo apenas mudando o formato da Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea foi o suficiente para que muitas pessoas o observassem. Mas Gilead imediatamente adotou um membro de um ramo colateral como seu filho adotivo, e pegou Winith do cofre do tesouro da propriedade principal e a colocou nas mãos de Eugene.
Mesmo como o Patriarca, Gilead deve ter sofrido um enorme peso de críticas naquele dia. Embora Gilead nunca tivesse falado com ele sobre isso, Eugene podia facilmente adivinhar que a resolução de Gilead de reformar as tradições antiquadas de sua família não estava indo tão bem.
— Eles podem até estar tentando nos disciplinar. — Avisou Cyan com uma expressão séria. — Ao convocar um encrenqueiro como você, eles podem estar querendo te alertar.
— E você? — Eugene perguntou.
— Eu serei o próximo Patriarca, então talvez eles estejam me parabenizando antecipadamente? Ou talvez… Talvez… — A respiração de Cyan acelerou quando ele parou. Enquanto seus olhos brilhavam de empolgação, ele cerrou os punhos trêmulos e disse: — Eles podem até planejar me permitir entrar na tumba de nosso ancestral.
Eugene não estava tão animado com esse pensamento quanto Cyan. Em vez disso, seu peito ficou frio como se gelo tivesse sido derramado sobre ele.
Como o lugar onde Vermouth permaneceu por mais tempo, a Montanha Uklas também continha o túmulo que diziam pertencer a ele. A localização exata do túmulo de Vermouth na montanha foi estritamente mantida em segredo. Mesmo o Patriarca do clã Lionheart não tinha permissão para saber muito sobre a tumba de seu ancestral.
“Mesmo que eu tenha que abrir o caixão dele”, Eugene pensou com preocupação.
Eugene precisava checar a tumba de Vermouth a todo custo. Ao contrário do que ficou registrado na história, Vermouth não tinha morrido pacificamente.
Ou, pelo menos, provavelmente não tinha.
Eugene precisava confirmar o cadáver de Vermouth para transformar essas suspeitas em certeza.
— Ou talvez eles possam até me designar como o mestre da Lança Demoníaca? — Cyan disse, ainda preso em sua empolgação. — Não, em vez da Lança Demoníaca, eles podem realmente me designar como o mestre do Martelo da Aniquilação. De qualquer forma, seria tão incrível…! Afinal, nem o pai poderia se tornar um mestre da Lança Demoníaca ou do Martelo da Aniquilação.
A Lança Demoníaca, Luentos e o Martelo da Aniquilação, Jigollath eram as armas empunhadas pelo Rei Demônio da Crueldade e pelo Rei Demônio da Carnificina, respectivamente. Essas armas não foram armazenadas no cofre do tesouro da propriedade principal e foram mantidas no Castelo dos Leões Negros.
O atual mestre da Lança Demoníaca, Luentos era o Chefe do Conselho e o mais velho dos Lionhearts, o Leão Branco Imortal, Doynes Lionheart.
O pai de Gilead, o ex-patriarca que morreu há muito tempo, tinha sido o mestre do Martelo de Aniquilação, Jigollath. Após a morte do ex-patriarca, sob o raciocínio de que o Martelo da Aniquilação era ‘muito perigoso’ e que exporia a propriedade principal a muitas ameaças, ele foi transferido para o Castelo dos Leões Negros.
O atual mestre do Martelo de Aniquilação era o neto de Doynes, Dominic Lionheart, o Capitão da Primeira Divisão dos Cavaleiros Leão Negro.
— O chefe do Conselho já é tão velho. Em outras palavras, ele já passou da idade de se aposentar. Talvez esteja nos convocando para declarar sua aposentadoria enquanto também entrega a Lança Demoníaca para mim? — Cyan especulou.
Eugene perguntou com desdém:
— Como vou saber?
— Embora eu só saiba o básico da arte da lança. Não, isso não importa. Posso começar a aprender de novo. Se eu acabar recebendo a Lança Demoníaca, talvez Sir Doynes até me ensine pessoalmente. — Cyan suspirou esperançoso.
A Lança Demoníaca e o Martelo da Aniquilação; enquanto Eugene lembrava daquelas armas sanguinárias e aterrorizantes, ele colocou a mão dentro do manto. Contida dentro dele estava a Espada do Luar, ainda descansando em sua bainha.
Embora Eugene tivesse se perguntado se poderia mostrar uma reação ao retornar à propriedade principal, ao contrário do que ele esperava, a Espada do Luar não mostrou nenhum tipo de resposta.
— Hmm… — Eugene cantarolou pensativo.
Deixando para trás Cyan, que continuava fazendo suposições ainda mais loucas, Eugene voltou para seu quarto no anexo e sacou a Espada do Luar. Esta maldita espada demoníaca ainda sugava toda a sua mana cada vez que a sacava.
Eugene estreitou os olhos e olhou para a lâmina da Espada, que estava emitindo uma luz fraca. Um pequeno fragmento flutuava na parte inferior da lâmina. Era o fragmento da Espada do Luar que ele ganhara na casa de leilões.
“Se eu coletar todos os fragmentos… Parece que devo poder restaurá-la completamente.”
O fragmento foi encontrado nas Colinas Kazard de Helmuth. Como ele precisava ser cauteloso com o Rei Demônio do Encarceramento, não poderia ir lá imediatamente.
Eugene lembrou a si mesmo: “Não há necessidade de apressar as coisas inutilmente. Eu posso ir devagar, mas vamos começar do início. Preciso encontrar o túmulo de Vermouth.”
Em primeiro lugar, fazer isso não seria uma tarefa tão fácil. Mesmo o Patriarca do clã Lionheart não tinha permissão para entrar na tumba, e Eugene nem sabia onde estava o túmulo de Vermouth. Gilead poderia até atender ao pedido de Eugene, mas os membros do Conselho dos Anciãos provavelmente não.
Ele seria capaz de encontrar o túmulo de Vermouth evitando seus olhos?
— E pensar que, depois de encontrar meu próprio túmulo, preciso encontrar o de Vermouth também. — Murmurou Eugene enquanto recolocava a Espada do Luar dentro de seu manto.
Do ponto de vista de outra pessoa, Eugene provavelmente parecia um ladrão de túmulos.
“Eu não esperava deixar a propriedade principal mais uma vez apenas alguns dias depois de voltar.”
Eugene olhou para a estátua de Hamel e a pedra memorial que haviam sido colocadas dentro de seu manto.
“E o que devo fazer sobre isso?” Eugene perguntou a si mesmo.
Ele naturalmente não queria que fossem enterradas para sempre, então as trouxe com ele. Mas agora não tinha nenhum lugar para colocá-las.
Se Gilead estivesse ali, Eugene poderia de alguma forma ter conversado com ele sobre isso, e planejava erguê-los em algum lugar da propriedade principal. Mas como Gilead não estava, isso era impossível.
“Não, espere…”, Eugene sorriu quando de repente pensou em algo.
* * *
Ao contrário de Eugene, Cyan passou meio dia se preparando para ir ao Castelo dos Leões Negros. Ele havia escovado bem o cabelo, indo tão longe a ponto de passar pomada nele, enquanto também usava um elegante traje formal que tinha até uma capa nos ombros.
— Você vai lá para se exibir? — Eugene perguntou sarcasticamente.
— Você acha que vai brincar em algum lugar? — Cyan perguntou de volta.
Ele estalou a língua quando viu que Eugene não estava vestido de forma diferente de suas roupas cotidianas. Na verdade, eram as mesmas roupas que Eugene estava usando mais cedo naquele dia. A única diferença era o manto que usava em cima da roupa; todo o resto era como antes. Eugene nem estava carregando uma espada com ele.
Cyan notou algo, “Aquele manto…”
Era o Manto das Trevas. Até Cyan tinha ouvido falar sobre isso. Agora, sentia uma inveja profunda do manto de Eugene. Já que parecia tão legal, não seria incrível tê-la em volta dos ombros? Além disso, também havia vários feitiços convenientes imbuídos nele, e até tinha um subespaço…
— Mesmo que você me olhe assim, não vou dar isso a você. — Avisou Eugene.
— E-Eu não ia nem pedir isso. — Respondeu Cyan, afobado, enquanto passava por Eugene.
A Montanha Uklas ficava muito longe da capital. Como levaria cerca de um mês, mesmo indo de carruagem, eles precisariam pegar um portão de teletransporte.
Este portão também não era algo que pudessem usar à vontade. Para chegarem lá diretamente, o portão tinha que ser aberto do lado do Castelo também.
— O portão foi aberto. — Disse o mago que administrava o portão de teletransporte ao sair do caminho.
A mana concentrada dentro do portão abriu um buraco no espaço, e a estrada que levava à distante Montanha Uklas foi aberta.
— Cyan. Certifique-se de não exibir um comportamento vergonhoso e volte em segurança. — Ordenou Ancilla.
— Filho… Eu acredito em você. — Disse Gerhard enquanto segurava as lágrimas.
Confuso com essas palavras, Eugene teve que olhar para Gerhard:
— Você realmente precisa chorar sempre que eu vou a algum lugar, pai?
Gerhard deu uma desculpa:
— É porque você vai embora apenas três dias depois que voltou…
— Mas não é como se eu fosse para outro lugar. Eu só vou me encontrar com os mais velhos da nossa família, certo? Eu vou lá, brincar um pouco e arranjar algum dinheiro, então não se preocupe comigo, pai, e apenas certifique-se de não perder nenhuma refeição.
Ao dizer isso, Eugene virou a cabeça.
— Você estava ouvindo, certo? Certifique-se de manter meu pai entretido para que ele não fique entediado, e se ele não tiver apetite, apenas alimente-o à força.
— Sim, jovem lorde. — Respondeu Laman. Ele parecia totalmente diferente, tendo raspado a barba desgrenhada e vestido um uniforme de mordomo.
Por que ele, um valente guerreiro do deserto, precisava vestir tal traje? O próprio Laman não conseguia entender a razão disso…
— Você não vai me levar com você? — Laman perguntou hesitante.
Eugene apenas perguntou:
— Por que eu levaria você comigo?
— Isso é… É porque eu sou seu braço direito…
— Desde quando você é meu braço direito? Se eu tivesse que escolher alguém, meu braço direito seria Nina, não você.
— Se é esse o caso, devo lhe acompanhar? — Nina perguntou, inclinando a cabeça.
Sorrindo com essas palavras, Eugene acenou com a mão.
— Eles disseram que só queriam Cyan e eu, então por que todos vocês continuam tentando me seguir? — Eugene perguntou. — Pare com essa bobagem e cuide bem do meu pai junto com o Laman. Se alguém tentar incomodá-lo enquanto eu estiver fora, não guarde desnecessariamente para você e apenas informe Laman.
— Hum…! — Laman grunhiu sua concordância, e seus olhos brilharam com determinação quando olhou para os Cavaleiros do clã Lionheart.
Mas ele seria capaz de vencer se eles se enfrentassem? Não, em primeiro lugar, por que os cavaleiros do clã Lionheart intimidariam um mero servo? Laman não parecia estar ciente desse fato.
— Vamos. — Disse Eugene, dando um tapinha nas costas de Cyan enquanto se dirigia para o portão de teletransporte.
Já um pouco nervoso, Cyan olhou para as costas de Eugene enquanto caminhava calmamente antes de alcançá-lo.
Então suas duas figuras foram engolidas pela luz do portão de dobra, e o salto de longa distância começou.
Já tendo experimentado essa sensação várias vezes, Eugene não entrou em pânico e, em vez disso, aproveitou a sensação de flutuar pelo espaço.
No entanto, ele logo não teve escolha a não ser entrar em pânico.
— Isso… — Eugene murmurou quando o teletransporte chegou ao fim. Eugene explodiu em confusão. — O que eles estão tentando fazer aqui?
— Aaaah! — O grito de Cyan foi ouvido à distância.
Eugene se virou para procurar Cyan. Ao longe, ele podia ver o garoto caindo pelo ar.
Eugene também estava na mesma situação. Tendo passado pelo portão de teletransporte, era natural que eles chegassem a outro portão. Mas nesse momento, Eugene e Cyan chegaram no meio do céu e estavam caindo no chão.
Mantendo a calma, Eugene observou: “Este lugar é…”
Eugene olhou para frente, olhos abertos.
Abaixo deles havia uma enorme cadeia de montanhas.
— Parece que as coisas começaram emocionantes. — Eugene grunhiu e desenrolou seu manto.