Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 61
Capítulo 61: O Deserto (3)
Embora os subordinados de Laman receassem a ideia de voltar sem ele, não tiveram escolha a não ser fazê-lo. Antes de partirem, esclareceram suas histórias sobre o que havia acontecido ali.
Durante sua perseguição secreta, Eugene Lionheart tentou entrar no deserto de Kazani, forçando-os a tentar detê-lo. No entanto, foi impossível para eles permanecerem firmes diante da teimosia deste jovem mestre do clã Lionheart, e também falharam em persuadi-lo.
Como tal, seu capitão, Laman, decidiu acompanhar Eugene sozinho. Por enquanto, eles permitiram que Eugene entrasse no deserto de Kazani, desde que prometesse voltar ao primeiro sinal de perigo ou problema.
Nenhum deles podia ter certeza de que Tairi Al-Mandani, o emir de Kajitan, aceitaria tal história. As feridas que eles receberam de Eugene foram tratadas de alguma forma com poções e magia de cura, mas… No final, as ordens de seu mestre foram impedir que Eugene entrasse em Kazani, não agir como escolta e ir com ele se não conseguissem detê-lo.
Graças a isso, Laman ficou tão inquieto que não pôde deixar de ficar acordado a noite toda. Depois de admitir para si mesmo que, mesmo que seus subordinados não tivessem falado por ele, ele não seria capaz de suportar o medo e a dor que Eugene lhe trouxe por muito mais tempo, Laman sentiu muita vergonha de si mesmo.
Dever sua lealdade ao seu mestre e ter lábios trancados eram virtudes importantes para um guerreiro. Mas Laman havia traído seu mestre. Seus lábios, que deveriam estar tão trancados quanto um cadeado, se abriram livremente. Ele também estava preocupado com a forma como seus subordinados, que não tinham escolha a não ser retornar, seriam tratados…
No entanto, isso era o melhor. Embora morrer nas mãos de Eugene fosse certamente um pensamento assustador, Laman estava com mais medo de que sua honra e a de seu mestre fossem manchadas por causa desse seu fracasso.
Ele tentou se confortar com o pensamento de que estava protegendo sua honra seguindo Eugene, mas o coração de Laman ainda não conseguia descansar. Além disso, ele não conseguia dormir por causa de todos os cortes e hematomas que Eugene havia infligido em seu corpo, especialmente seu rosto, que havia sido repetidamente esmagado na areia.
Por outro lado, Eugene estava tendo uma boa noite de sono. Enquanto Laman foi torturado durante toda a noite com dor no corpo e no coração, Eugene dormia como um bebê, envolto em seu Manto das Trevas.
Laman olhou para Eugene e estalou a língua em choque.
Embora tivesse sido espancado, os membros de Laman ainda estavam intactos. Suas mãos e pés não foram amarrados, e nem teve suas armas retiradas. Se pudesse ter reunido confiança, Laman poderia ter atacado Eugene quando quisesse.
“Ele é tão arrogante assim…? Não, não pode ser”, Laman rejeitou tal ideia.
Eugene não estava se revirando, nem roncando. Ele parecia estar dormindo profundamente, respirando lentamente com um olhar calmo no rosto. Mesmo assim, Laman ainda não se atreveu a se aproximar dele. Nesse curto espaço de tempo, a violência que seu corpo foi submetido quebrou a vontade de resistir de Laman.
Além disso, ele ainda não conseguia ver nenhuma abertura em Eugene.
Eugene estava definitivamente dormindo. Fosse sua respiração ou seu pulso, todos os sinais indicavam que ele estava dormindo. Estaria ele fingindo dormir? Mas que razões Eugene teria para fazer isso?
A derrota de Laman não foi acidental. Ele tinha sido completamente derrotado por aquele garoto de dezenove anos do clã Lionheart. Não foi apenas um golpe de sorte. A derrota de Laman foi o resultado natural da enorme lacuna de habilidade entre ele e Eugene.
“Poderia ser apenas um hábito?” Laman especulou.
Laman adivinhou que Eugene estava tão acostumado ao perigo que podia adormecer profundamente mesmo quando não sabia de onde vinha o perigo ou que forma poderia assumir. Embora sua mente pudesse estar profundamente adormecida, seu corpo estava pronto para responder a qualquer ameaça. Laman se perguntou se deveria tentar testar seu palpite, mas então se lembrou de que não tinha habilidade para fazê-lo.
Com um bufo de escárnio, Laman continuou cobrindo seu corpo com bandagens. Em primeiro lugar, chamar isso de mero teste seria ridículo quando ele estava arriscando ter sua garganta cortada.
Era inútil chegar perto de Eugene.
***
— Vamos lá? — Eugene sugeriu.
As manhãs chegavam cedo no deserto. Eugene se levantou imediatamente assim que os raios do amanhecer começaram a se espalhar pelo céu. Mesmo que tivesse acabado de acordar, seus olhos estavam incrivelmente claros e brilhantes.
— Tudo bem. — Laman concordou com relutância.
No final, Laman não conseguiu dormir nem uma piscadela. Mesmo assim, não demonstrou cansaço. Laman também estava acostumado a condições adversas. Como um guerreiro que poderia controlar habilmente sua mana, ele poderia se recuperar de sua fadiga com um punhado dela, mesmo que ficasse sem dormir.
— Está de mau humor porque eu te tratei com tanta grosseria? — Eugene o questionou.
— De jeito nenhum. — Negou Laman.
Eugene continuou cutucando:
— Então está chateado porque pisei em sua honra?
— De jeito nenhum… — Veio a resposta tardia de Laman.
— Sua primeira resposta foi rápida, mas a de agora foi um pouco mais lenta. Ah, tudo bem se você está chateado. Eu disse e fiz porque queria chatear você, e é por isso que te bati também. — Eugene admitiu enquanto começava a andar na frente, batendo na areia de seu manto: — Mas isso era assunto de ontem. Já que a noite passou e o sol nasceu em uma nova manhã, vamos começar o novo dia com um novo estado de espírito.
Laman não tinha certeza do que esse maldito pretendia ao dizer essas coisas.
Eugene mudou de assunto.
— Existem xamãs de areia no deserto de Kazani?
Em meio à confusão de Laman, outra pergunta havia chegado. O homem não conseguiu pensar em uma resposta imediatamente e apenas olhou silenciosamente para as costas de Eugene.
— Não aja como se não soubesse. — Avisou Eugene.
— E-Eu realmente não sei. — Gaguejou Laman.
Eugene o ameaçou:
— Você realmente quer passar mais algum tempo no inferno das minhas mãos?
— De jeito nenhum-! Eu realmente não sei. Juro por tudo o que tenho. — Insistiu Laman.
Laman estava sendo sincero. E por que Eugene estava perguntando se havia xamãs de areia no deserto de Kazani? Por que os Xamãs de Areia, que juraram lealdade exclusiva à família real de Nahama, estariam no deserto de Kazani, tão distante da capital?
— Qual é o seu posto? — Eugene perguntou de repente.
— Hã? — Laman parecia confuso.
— Você disse que seu mestre é o Emir de Kajitan. Já que você tem subordinados, deve ter algum tipo de patente militar. — Esclareceu Eugene.
— Sou… O comandante da Segunda Divisão dos Guerreiros da Areia Vermelha, uma unidade sob o comando direto do meu mestre. — Revelou Laman.
Uma unidade sob o comando direto do Emir. Isso não era diferente de uma ordem de cavalaria servindo sob um nobre. Significava que ser o capitão da Segunda Divisão tinha que ser uma posição bastante prestigiosa. Com as habilidades que Laman mostrou no dia anterior, a posição de capitão não foi desperdiçada.
Eugene virou a cabeça para examinar o rosto de Laman. O que ele viu lá foi apenas vergonha e medo. Não parecia que estava mentindo. Eugene agora sabia por que alguém como Laman, que já havia alcançado o posto de capitão, havia sido enviado em uma missão como aquela.
Laman era honesto e leal. No entanto, a lealdade nunca poderia ser uma garantia absoluta. Enquanto isso, a ignorância sempre pode ser invocada. Não importa o quanto você aterrorizou, intimidou e torturou alguém, eles não podiam tagarelar sobre o que não sabiam. A esse respeito, Laman era o bode expiatório perfeito.
Eugene suspirou.
— Você é um idiota, meu velho?
— Hã…? — Laman ficou perplexo com o insulto repentino.
— Deserto de Kazani. Costumava ser o território do Reino de Turas, certo? — Eugene perguntou.
— Por que diabos você iria falar de algo tão antigo… É verdade que era o território de Turas cerca de cem anos atrás. — Laman continuou a conversa de Eugene.
— Isso mesmo. Mas uma tempestade de areia apareceu do nada e transformou todas as belas terras e florestas em um deserto. Como o resto de sua fronteira com Nahama também se transformou em deserto, Turas não teve escolha a não ser ceder esse território a Nahama.
Embora Eugene tenha chamado isso de cessão, era basicamente extorsão. Enquanto afirmava que a expansão do deserto havia sido ordenada pelo céu, o sultão de Nahama estacionou seus guerreiros no deserto e começou a realizar exercícios militares. Como um país pequeno, Turas definitivamente não poderia arriscar uma disputa com Nahama; e nenhum país justo neste continente derramaria o sangue de seus soldados só porque sentiu pena de um país tão pequeno.
— A desertificação ainda está progredindo gradualmente até agora, não é mesmo? Já que seus caras não podem fazer tanta besteira contra o império Kiehl, você continua repreendendo os ingênuos de Turas. — Havia um tom claro de acusação na voz de Eugene.
— Não se atreva a espalhar esse absurdo. — Laman advertiu Eugene.
— Ao contrário de sua aparência, parece que você é bastante ingênuo, velho. Ou poderia estar apenas fingindo ser ingênuo? — Eugene perguntou.
Em tom incerto, Laman argumentou:
— Mesmo que o que diz seja verdade… Não há como nosso mestre estar envolvido em ações tão desprezíveis…
— Suas ordens para esconder suas identidades e me seguir não foram bastante desprezíveis?
— M-Mas isso… Ele estava apenas preocupado que você pudesse correr perigo em um deserto tão traiçoeiro…
— Parece que você realmente não sabe de nada. Bem, isso é bom. Como não é importante saber ou não a verdade. — Eugene balançou a cabeça enquanto dizia isso e se virou para a frente: — Mas devo esclarecer uma coisa. Não tenho intenção de vir até aqui para um país estrangeiro só para me envolver em um conflito que não consigo lidar, entendeu? Posso adivinhar por que seu mestre não quer que eu vá para o deserto. Se um estrangeiro vagar na base dos Xamãs de Areia, e se esse estrangeiro for o jovem mestre do clã Lionheart, isso não seria apenas um pé no saco para todos os envolvidos?
Se Eugene fosse apenas um cara, então eles poderiam se livrar dele sem nenhuma preocupação. Não era incomum que viajantes desaparecessem neste vasto deserto. No entanto, o desaparecimento do jovem mestre do clã Lionheart teria um peso muito diferente. Se Eugene desaparecesse no deserto, Gilead, o Patriarca do clã, nunca deixaria essa questão de lado.
— Acredito que entendo o que está tentando dizer. — Respondeu Laman enquanto baixava o olhar: — Se realmente houver… Xamãs de Areia como você especulou… Então, antes que eles possam prejudicá-lo, intervirei para protegê-lo, milorde. Mesmo que os Xamãs de Areia estejam diretamente sob o comando do sultão, eles deveriam pelo menos mostrar algum respeito por meu mestre, o Emir de Kajitan.
— Seria bom se fosse assim. — Disse Eugene sem nenhuma confiança.
— Mas meu senhor… Por que você quer ir para o deserto de Kazani? — Laman perguntou hesitante: — Realmente não há nada para ser encontrado lá…
— Isso é algo que preciso confirmar com meus próprios olhos. — Afirmou Eugene com firmeza.
Eugene não tinha certeza se poderia realmente encontrar o túmulo de Hamel no deserto. Até certo ponto, tudo isso era apenas suposição. Podia ser que não houvesse nada para ser encontrado lá, afinal. Mas dito isso, ele ainda sentia a necessidade de verificar.
Sem dizer mais nada, Eugene começou a correr pelo deserto.
“Ele é tão rápido”, Laman exclamou para si mesmo quando começou imediatamente a seguir Eugene.
Embora Laman tivesse sido espancado na noite anterior, felizmente, nenhum de seus ossos havia sido quebrado. Graças a circulação de sua mana, Laman não teria problemas para acompanhar, mesmo que estivesse correndo.
Embora esse devesse ser o caso, ainda foi difícil para ele. Mesmo não parecendo que Eugene estava correndo de forma particularmente vigorosa, a cada passo que dava, seu corpo era enviado voando pela areia.
Laman ainda teve tempo de se perguntar. “As tempestades de areia realmente… Podem ser obra dos Xamãs de Areia?”
Como guerreiro, Laman não considerava invadir outros países um ato maligno. Afinal, não havia nada de errado com o forte tirando do fraco. Esta não era apenas uma lei do deserto; tudo neste mundo funcionava na sobrevivência do mais apto.
Mas usar uma tempestade de areia como meio de invasão… Algo assim não era realmente desprezível?
Laman sentiu que se haveria guerra, então era justo que fosse uma guerra ‘real’, onde os guerreiros derramassem seu próprio sangue pela vitória. Mas e se o grande sultão estivesse apenas mostrando que valorizava e prezava o sangue de seus guerreiros? Se ele estava de fato salvando seu sangue de ser derramado até o dia de sua grande guerra pela conquista fazendo isso, então seus soldados deveriam apenas se preparar para a guerra com sentimentos de alegria e gratidão.
Isso era tudo o que um guerreiro poderia desejar.
Mas parecia que Laman Schulhov não era realmente um guerreiro, pois podia sentir uma emoção traiçoeira começando a se contorcer nas profundezas de seu coração.
Laman tentou ignorar esse sentimento.
* * *
— Um oásis…? — Laman engasgou.
Um dia se passou desde que Laman começou a acompanhar Eugene e entraram no deserto de Kazani. Assim como Laman e seu tenente haviam dito, o deserto era árido e completamente vazio. Era um deserto onde nada poderia sobreviver. Mas isso parecia ser tudo o que havia, já que não encontraram nenhum perigo particular durante a metade do dia que passaram neste deserto. Então avistaram abruptamente um oásis.
Laman olhou para o oásis distante com um olhar de descrença.
O deserto de Kazani não tinha oásis. Era por isso que nada poderia sobreviver lá, e Laman não poderia estar mais familiarizado com esses fatos. Mas para eles terem descoberto um oásis… Poderia uma terrível tempestade de areia ter agitado o solo, liberando a água abaixo? Ou a chuva caiu ali despercebida e se acumulou no chão? De qualquer forma, Laman sentiu que o oásis que tinham visto à distância devia ser um milagre do deserto.
— É falso. — Enquanto Laman olhava para o oásis com olhos extasiados, Eugene cuspiu essas palavras em tom frio.
Laman ficou confuso.
— Hein?
— Eu disse que é falso. — Repetiu Eugene.
— Você está dizendo que é uma miragem? — Perguntou Laman.
— Se você vê a miragem de um oásis, significa que deve haver um oásis real em algum lugar distante. Mas não neste caso. Isso é uma ilusão mágica.
Eugene tinha certeza disso. Ele tinha a sensação de que daquele ponto em diante, a densidade de mana era diferente da área ao redor. Mas Laman não foi capaz de identificar isso como magia de ilusão como Eugene. Isso porque sua sensibilidade em relação à mana era muito menor do que a de Eugene, e ele não tinha a mesma compreensão profunda de magia que Eugene tinha.
— Então é assim que eles fazem. — Eugene assentiu com uma risada: — Ao nos mostrar uma miragem, eles estão tentando nos fazer pensar que estamos indo na direção errada, desencorajando-nos a nos aproximar. Mas isso só torna tudo ainda mais suspeito.
Laman demorou a reagir:
— Você está dizendo que é um feitiço… Isso é impossível.
— Ei, Laman. Tente manter suas tentativas de escapar da realidade dentro de sua própria cabeça. Não me irrite falando inutilmente suas fracas tentativas de negação. — Eugene o advertiu.
Laman mordeu o lábio em silêncio.
— …
— É admirável que você esteja mostrando lealdade ao seu mestre, mas não é como se seu mestre fosse meu mestre também, certo?
— Por favor, não insulte meu mestre.
— Quando acusei seu mestre de ser um filho da puta? O que você quer dizer ao falar que o insultei? Por que as pessoas são tão sensíveis a essas coisas hoje em dia? Eles continuam inventando insultos do nada.
O que estava acontecendo com Eugene dizendo ‘coisas hoje em dia?’ Deixando esse pensamento de lado, Laman relaxou os ombros com força e baixou o olhar.
— Se isso é realmente magia de ilusão, o que devemos fazer agora? Seria perigoso tentarmos contornar isso, então… Já que foram tão longe ao ponto de lançar um feitiço para nos deter, por que não voltamos por onde viemos…? — Laman sugeriu fracamente.
— Preciso dar uma olhada mais de perto antes de decidir o que fazer. — Dizendo isso com um sorriso, Eugene começou a caminhar em direção ao oásis distante.
Laman protestou:
— Você não acabou de dizer que é uma ilusão? Então por que temos que ir lá?
— Para ver se eles realmente estão tentando mandar as pessoas para um lugar seguro, fazendo-as voltar por onde vieram.
— Hã?
— Para viajantes no deserto, um oásis é um local extremamente precioso. Já que sentiriam a necessidade de fazer uma parada lá depois de vê-lo.
— Não pode ser. Você acha que eles podem ter uma emboscada à espreita?
— Não deveria ser assim? Se fosse eu, era o que faria. Em vez de impedir um intruso que ainda pode vir de quem sabe onde, é extremamente mais conveniente e eficiente cortar suas gargantas depois de enganá-los.
Laman olhou para Eugene com os olhos trêmulos. Embora logicamente falando, as palavras de Eugene estivessem corretas, era difícil acreditar que tal julgamento tivesse vindo de um garoto de dezenove anos.
Laman hesitou.
— Se esse é realmente o caso… Então por que arriscar o perigo…?
— Não é melhor confirmar suas suspeitas? — Ao responder, Eugene tirou o mapa de dentro do manto.
Se Eugene queria ir diretamente para onde sua cidade natal costumava ser trezentos anos atrás, ele precisava passar direto por aquele oásis.
No entanto, era possível que alguém tivesse deixado uma armadilha ali sabendo que era o caso?
Trezentos anos antes, Hamel era o tipo de pessoa que simplesmente iria em frente e verificaria se suspeitasse que uma armadilha estava à sua frente. Hamel não considerava tais ações imprudentes. Já que tinha certeza de que poderia lidar com o que quer que jogassem nele, por que não arriscar acionar a armadilha? E daí se realmente houvesse uma armadilha? Ele poderia simplesmente esmagar tudo e passar por ela. E se não houvesse uma armadilha? Então ele poderia simplesmente seguir em frente com uma mentalidade mais relaxada do que antes.
Eugene realmente preferiria que o oásis fosse uma armadilha. Ele esperava que alguém realmente estivesse lá esperando para emboscá-los. Se fosse esse o caso, isso tornaria um pouco mais fácil planejar situações futuras.
Também poderia confirmar que seu túmulo estava em algum lugar neste deserto.
Atualmente, a presença dos Xamãs de Areia de Nahama era apenas uma suspeita de sua parte. Mas o fato do oásis à sua frente ser uma ilusão lançada pela magia derrubou as suspeitas de Eugene para a certeza.
Se isso realmente fosse uma armadilha para enterrar qualquer viajante neste deserto e não o guiar de volta para um local mais seguro…
“Então isso só confirma.”
E se não fosse, então teria que tomar outra decisão naquele momento. Se deveria continuar explorando sozinho para encontrar a localização desconhecida de seu túmulo ou se deveria buscar permissão para uma expedição completa.
“O Emir de Kajitan e Laman Schulhov, comandante da Segunda Divisão da guarda pessoal do Emir. Com esses dois atrás de mim, isso é pelo menos um pouco de seguro… E se isso não funcionar, também posso usar o nome Lionheart como seguro adicional.” Planejou Eugene.
Se seus atacantes simplesmente optarem por ignorar tudo isso, significava que havia algo ali importante o suficiente para arriscar transformar o clã Lionheart em inimigo.
“Então, o que poderia ser?”
Seus pensamentos se voltaram para os rumores de que em breve haveria uma guerra.
“Mas isso é realmente algo que Nahama decidiu?”
Amelia Merwin tinha sua base em Nahama. Uma maga negra que assinou um contrato pessoal com o Rei Demônio do Encarceramento. Era um fato bem conhecido que ela representava uma grande proporção da força militar de Nahama. Se Nahama realmente estava se preparando para uma guerra… Era porque a guerra era o que Helmuth havia decidido? Ou Nahama estava apenas escondendo uma ambição crescente sob o olhar de Helmuth?
Essa era uma pergunta que ele não sabia responder. No entanto, Eugene não podia simplesmente ignorar sua suspeita de que os Reis Demônios e Helmuth pudessem estar envolvidos em tudo isso.
Ele não podia arriscar ignorar a possibilidade.
Eugene xingou:
— Porra, por que é tão difícil encontrar um túmulo.
— Um tumulo? Você está aqui porque queria visitar o túmulo de um membro da família? — Perguntou Laman.
— Uhum. — Eugene grunhiu em reconhecimento.
— Como poderia—por que não me contou isso antes? — Laman perguntou exasperado.
Eugene retribuiu a pergunta:
— E o que você faria se eu tivesse dito?
— Há uma área alocada separadamente como cemitério em Kazani. — Explicou Laman. — Eu poderia ter o levado até lá.
— Não é em um cemitério. A sepultura que estou procurando deve estar sozinha.
— Então não tenho certeza de que tipo de sepultura está procurando, mas deve haver centenas de milhares de cadáveres enterrados neste vasto deserto.
— Provavelmente é verdade. Você é um nativo de Kazani? — Eugene de repente cuspiu essa pergunta sem se virar para olhar para Laman.
Por um momento, Laman não soube o que dizer e apenas apertou os lábios.
Eugene listou suas observações:
— Teve o jeito que olhos se iluminaram quando você olhou para aquele oásis mais cedo. Também teve o fato de continuar se encolhendo durante as tempestades de areia regulares. Além disso, seu humor mudou quando lhe contei sobre os Xamãs de Areia.
— Isso… — Laman parecia relutante em falar.
Mas Eugene não precisava que ele dissesse nada: — Você fazia parte do grupo que tentou se estabelecer no deserto? Então teve a sorte de sobreviver à desastrosa tempestade de areia e de alguma forma conseguiu chegar a Kajitan… Foi seu mestre que permitiu que você entrasse? Então é por isso que não quer acreditar que seu mestre está ligado às tempestades de areia, mas tenho certeza que está começando a ter algumas dúvidas sobre isso…
— …
O silêncio de Laman confirmou a conclusão de Eugene.
— Ei, Laman. Deixe-me dar-lhe um conselho. — Ofereceu Eugene: — Com a forma como o mundo funciona, a maioria das coisas que não queremos acreditar que são verdadeiras acabam sendo corretas.
E entre essas, são especialmente as suspeitas de alguém secretamente ser um idiota absoluto que acaba sendo a verdade.
Laman rangeu os dentes.
Eugene continuou:
— Embora você possa realmente ter uma grande dívida de gratidão com seu mestre, também deve ser verdade que seu mestre sabe sobre a origem das tempestades de areia. O que Tairi Al-Madani nunca esperava era o fato de que eu era forte o suficiente para derrotar você e seus subordinados com facilidade. Ele também não sabia que eu seria teimoso o suficiente para entrar em Kazani de qualquer maneira, ignorando todas as ameaças e avisos.
— De jeito nenhum é assim. — Laman não conseguiu mais ficar calado.
— Não lhe disse para guardar na cabeça suas tentativas de escapismo? Bem, faça o que quiser. Cabe a você decidir no que quer acreditar. — Dizendo isso com uma risadinha, Eugene continuou a andar para frente.
Naquele momento, a expressão de Laman mudou de repente. Ele chutou o chão e avançou para as costas de Eugene.
— É perigoso!
Laman não estava atacando Eugene. Com um grito de medo, Laman empurrou Eugene para trás quando uma lâmina escura irrompeu da areia sob os pés de Eugene. Mas as mãos de Laman não foram capazes de fazer as costas firmes de Eugene se moverem.
Então Eugene pulou para cima e girou no ar.
— Realmente acha que eu não perceberia algo que você havia notado? — Enquanto resmungava, Eugene invocou alguns espíritos do vento.
Boom!
A areia que cobria o chão foi levada pela forte força do vento.