Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 47
Capítulo 47: Salão de Sienna (4)
Quando Eugene abriu os olhos, a primeira coisa que fez foi verificar sua cueca. Ele estava preocupado que pudesse ter se molhado, assim como Melkith havia avisado.
Felizmente, sua cueca estava limpa e seca. No entanto, Eugene não podia se sentir tranquilo apenas com esse fato. O olhar de Mer, que estava por perto e olhando em sua direção, parecia um tanto incomum.
— Fiz algo vergonhoso enquanto estava fora? — Eugene perguntou enquanto tentava desesperadamente manter a calma.
— Bem, foi um pouco vergonhoso você desmaiar assim. — Provocou Mer.
Eugene falou:
— Além disso.
— Você estava preocupado que pudesse ter feito xixi nas calças? — Mer perguntou com um sorriso malicioso.
Quando Eugene sentiu seu coração afundar, ele balançou a cabeça desesperadamente e disse:
— Não há como eu ter feito algo assim.
— Você nunca ouviu que a verdade quase sempre dói? — Mer suspirou.
— Por favor, para de falar tanta besteira. Porque, como eu disse, de jeito nenhum poderia ter feito algo assim! — O tom de Eugene ficou ainda mais desesperado.
Mer finalmente desistiu do pobre Eugene.
— Pare de se preocupar com isso. No mínimo, você não fez xixi nas calças, Sir Eugene. Embora tenha espumado um pouco pela boca.
— Então apenas espuma?
— Você também teve um pouco de sangramento nasal. Mas enfim, já não te disse que não se molhou? Sir Eugene, se tivesse feito xixi nas calças, de jeito nenhum eu estaria tão perto de você…
— Pelo jeito que você diz isso, parece que teve gente que fez xixi nas calças.
— Claro, teve bastante. A atual Mestra da Torre Branca, Melkith El-Hayah, também fez xixi… E o Mestre da Torre Azul Hiridus Euzeland também.
Eugene se lembrou do Mestre da Torre Azul com seu rosto tenso. Então aquele velho mago com uma personalidade facilmente ofendida realmente fez xixi nas calças ao entrar na Bruxaria? Ele realmente não queria imaginar tal visão…
— Entendo, então isso significa que eu realmente não me molhei. Se é esse o caso, então tudo bem. — Disse Eugene em um tom aliviado enquanto se levantava.
Quanto tempo se passou? Enquanto procurava um relógio com essa pergunta em mente, Mer de repente falou.
— Sir Eugene desmaiou por cerca de duas horas. — Disse Mer, respondendo à sua pergunta silenciosa.
— Isso significa que fiquei um bom tempo fora. — Murmurou Eugene, surpreso.
— Então, como foi? — Mer perguntou, seus olhos se iluminando enquanto esperava por suas impressões.
No entanto, Eugene achou quase impossível descrever sua reação a tudo o que acaba de ver e sentir.
— Difícil. — Eugene acabou optando por começar com esta palavra: — E árduo. Nem sei o que estava procurando… Não, acho que consigo entender vagamente o que vi. No entanto, estou achando difícil aceitar como a verdade, ou mesmo como apenas uma teoria.
— Claro, esse é o caso. — Mer declarou em aprovação.
Mer realmente apreciou a impressão sincera de Eugene. Os arquimagos, que tinham um orgulho transbordante de suas habilidades e conhecimentos, raramente davam sua impressão honesta depois de experimentar o conteúdo da Bruxaria.
— É exatamente por isso que a Bruxaria e quem a fez, a Senhorita Sienna, são tão incríveis. — Mer orgulhosamente afirmou.
— Isso mesmo. — Admitiu Eugene, sem negar tal fato.
Ou melhor, não podia negar.
Mesmo acreditando sinceramente que Sienna era a maior maga, ele ainda estava curioso sobre o que a fez tão incrível que até mesmo os outros magos foram forçados a classificá-la tão bem. Tais pensamentos não podiam ser evitados.
Eugene—não, Hamel conhecia Sienna extremamente bem. Não como a Arquimaga, a Sábia Sienna, mas como Sienna Merdein, a pessoa que um dia foi sua companheira. Ele estava muito ciente de quão desajeitada, rude e desbocada ela poderia ser, bem como quão boa ela era em dar nos nervos de outras pessoas devido ao seu ego inflado.
“Embora eu ache que ela mereça ter esse ego.”
Eugene virou a cabeça para trás para olhar a Bruxaria.
Para ser honesto, se ele confiasse no auto estudo, não parecia que seria capaz de entender a Bruxaria, mesmo que lutasse pelo resto de sua vida.
— Os movimentos dos Círculos eram realmente fascinantes. — Murmurou Eugene para si mesmo.
Ao ouvir os murmúrios de Eugene, os olhos de Mer se iluminaram:
— Hoh?
Olhando para Eugene profundamente pensativo, Mer sorriu.
— De fato. Ele deve ter bons olhos para ver que a Bruxaria não pode ser comparada a toda a magia que aprendeu até agora. E parece que a compreensão dele também é muito boa. — Mer calmamente analisou Eugene.
— Aquele Círculo, o que diabos era aquilo? — Eugene perguntou enquanto esfregava o sangue seco que restava de seu sangramento nasal.
A coisa mais surpreendente e incompreensível na Bruxaria — aquele Círculo — era a própria essência da fórmula mágica ensinada pela Bruxaria.
Eugene sabia o que era um Círculo. Fazia trezentos anos desde que Sienna estabeleceu a Fórmula Mágica do Círculo. Ao longo dessas últimas centenas de anos, os magos de Aroth passaram esse tempo explorando as capacidades do Círculo, melhorando suas funções e desenvolvendo novas versões. Nesta era atual, não era apenas em Aroth, mas a maioria dos magos do mundo começaram a praticar magia através dos Círculos.
Em outras palavras, os Círculos se popularizaram porque eram fáceis de entender e aprender. Até mesmo os livros introdutórios sobre magia que Eugene havia lido eram capazes de descrever Círculos de uma maneira detalhada que também era fácil de entender. Embora ele tivesse lido mais de uma dúzia de tais livros na Torre Mágica Vermelha, a descrição dos Círculos dada nesses muitos textos mágicos era muito semelhante.
— E o que exatamente você viu? — Mer perguntou com um sorriso malicioso.
Parecia que ela realmente queria ouvir mais sobre a avaliação de Eugene ou, mais precisamente, seu espanto com as realizações de Sienna.
“Então Sienna já deve ter sido assim mesmo quando jovem.” Percebeu Eugene.
Mer disse que ela havia sido criada usando a personalidade infantil de Sienna como base. A Sienna, que Eugene conhecia, também gostava de ouvir as impressões chocadas de outras pessoas como uma forma de afofar seu próprio ego.
— Aquele Círculo… Não parava de se multiplicar. — Disse Eugene enquanto esfregava a cabeça dolorida: — Mas os Círculos que eu conheço… Eles só sobem até o Nono Círculo.
O Nono Círculo.
Naqueles dias, não havia magos que tivessem conseguido alcançar o Nono Círculo. Mesmo os Mestres das Torres, que eram vistos como a vanguarda da magia, estavam limitados ao Oitavo Círculo, e mesmo os magos negros de Helmuth, que haviam assinado um contrato pessoal com um Rei Demônio, não podiam atravessar a muralha para o Nono Círculo.
O Nono Círculo era o passo final da fórmula mágica dos Círculos. Embora Eugene tivesse visto esta linha escrita nos muitos livros de magia que ele havia lido, apenas a Sábia Sienna realmente conseguiu alcançar o Nono Círculo depois que a fórmula mágica dos Círculos foi estabelecida.
— A Bruxaria é o último grimório que a Senhorita Sienna já fez. — Mer declarou, colocando as mãos firmemente nos quadris enquanto olhava para Eugene: — Quando ela criou a fórmula mágica dos Círculos, já estava no Nono Círculo. No entanto, a Senhorita Sienna continuou a se concentrar em pesquisar e treinar sua magia. E assim… Ela ultrapassou os limites que se impôs.
Eugene supôs:
— Se for depois do Nono Círculo, isso significa que há um Décimo Círculo?
— Você é idiota, Sir Eugene? — Mer rudemente perguntou.
Ele estava apenas fazendo um palpite baseado em aritmética simples, mas foi forçado a ouvir alguém chamá-lo de idiota. Eugene fez uma expressão ofendida, silenciosamente pedindo que ela prestasse atenção em suas palavras, mas a expressão de Mer não mudou do olhar de pena que ela estava dando a ele.
— Sir Eugene também deveria ter testemunhado o conteúdo da Bruxaria em primeira mão. Você não desmaiou antes que a manifestação chegasse aos dez Círculos, certo? — Mer perguntou em dúvida.
— Eu vi o que aconteceu depois disso. — Admitiu Eugene: — A partir do momento que os dez Círculos se separaram… Suas manas começaram a se entrelaçar, formando um único e enorme Círculo. Então, dentro desse Círculo, inúmeros círculos foram se multiplicando, dividindo e entrelaçando….
— Aquilo ali era a verdade central da Bruxaria. — Então, como se estivesse esperando por isso, Mer ergueu o dedo como um conferencista pedindo atenção: — Chama-se Eternal Hole. O objetivo final da fórmula mágica dos Círculos que apenas a Senhorita Sienna conseguiu alcançar. Desde que a Bruxaria foi lançada, vários magos tentaram recriar o Buraco Etenro, mas nenhum conseguiu romper a parede para o Nono Círculo.
— …
Eugene ouviu pacientemente.
— Sem desperdiçar um único ponto de sua mana, você precisa conter toda ela dentro de uma série gigante de Círculos, depois separá-los e recombiná-los para formar um novo. Pode-se dizer que isso forma o modelo mais eficiente e amplificador de um Círculo. E não é tão complicado quanto um Círculo convencional.
— Está dizendo que não é complicado? Algo parecido?
— Embora seja difícil criar um Eternal Hole, na verdade é muito simples e fácil lançar magia através dele. Eu não te disse isso antes?
Um sistema otimizado de aplicação de mana para Círculos que amplifica o poder mágico criado por um Círculo, simplificando qualquer técnica, aumentando sua eficiência, além de dispensar a necessidade de um encantamento. Permitir várias conjurações do mesmo feitiço através de um único e imprimir feitiços em sua mente subconsciente para guardá-los para uso posterior.
— Se você pode criar um Eternal Hole, pode fazer tudo isso tão naturalmente quanto respirar. — Mer assegurou a Eugene enquanto também trazia um exemplo: — Uma bola de fogo conjurada através de um Buraco Negro é mais forte do que um feitiço Fogo do Inferno conjurado no Nono Círculo. Ao mesmo tempo, não requer um consumo tão cruel de mana quanto um Fogo do Inferno, e sua técnica de conjuração ainda não é mais complicada do que antes.
— Se eu posso criar um Eternal Hole, posso até mesmo conjurar feitiços do Nono Círculo sem encantamentos? — Eugene perguntou curioso.
— Claro que sim, mas não vai precisar disso. Já que pode reproduzir o poder de um feitiço como Fogo do Inferno com apenas uma Bola de Fogo, por que precisaria usar o Fogo do Inferno? Seria mais fácil continuar lançando as Bolas de Fogo. Ah, claro, se precisar de ainda mais poder do que isso, pode ser melhor conjurar o Fogo do Inferno, mas a partir do momento em que a Senhorita Sienna criou o Eternal Hole… Ela nunca sentiu a necessidade de usar o Fogo do Inferno.
Até então, ela não estava mais tentando conquistar os Castelos dos Reis Demônios, nem estava lutando contra os Reis Demônios e outros demônios de alto escalão. Após ‘O Juramento’, o mundo estava em paz, então Sienna não estava mais vivendo uma vida tão cheia de ação quanto quando estavam vagando por Helmuth.
— Você já deve ter percebido isso, certo? — Mer perguntou enquanto acenava com o dedo erguido para a esquerda e para a direita: — Não haveria como a Senhorita Sienna ser assassinada por magos negros. Ao criar o Eternal Hole, pode-se dizer que ela se tornou invencível. Embora não tenha confirmado isso pessoalmente, provavelmente poderia ter matado um Rei Demônio sozinha.
— Talvez. — Disse Eugene, incapaz de negar essas palavras.
Sienna, com quem ele vagava junto por Helmuth, já era uma maga incrivelmente poderosa, mas parecia que havia se tornado ainda mais forte após o fim da guerra contra os Reis Demônios.
A compreensão básica de Eugene não conseguia compreender completamente a grandeza da Bruxaria. No entanto, poderia dizer que Sienna, que havia feito a Bruxaria, era muito mais forte do que seu eu anterior que Eugene se lembrava de seus dias de batalha.
“Sienna não estava apenas desperdiçando seu tempo com frivolidades.”
Os outros provavelmente tinham feito o mesmo, exceto um.
Na história do clã Lionheart, Vermouth foi o único a ter alcançado a Décima Estrela da Fórmula da Chama Branca. Ele já era inigualavelmente forte mesmo quando estavam em Helmuth, mas Eugene não tinha certeza do que aconteceu com Vermouth para torná-lo tão obcecado em ter filhos… Vermouth, pelas memórias de Eugene, não era uma pessoa tão ociosa.
—Se você apenas tentasse um pouco mais… Poderia ser muito melhor do que é agora.
Essas foram as palavras que ele ouviu de Vermouth há muito tempo. Essas palavras foram as que deixaram as cicatrizes mais profundas em seu coração durante toda a sua vida anterior. Vermouth, aquele filho da puta, embora já fosse um gênio, também havia se esforçado bastante.
No entanto, em comparação com a quantidade de esforço que ele colocou, os resultados que alcançou foram simplesmente excessivos.
“Anise e Moron também deveriam ter ficado um pouco mais fortes.”
Embora não pudesse confirmar suas conquistas com seus próprios olhos, como fez com Sienna, Eugene estava confiante nesse fato. Seus companheiros de sua vida anterior eram apenas esse tipo de pessoa. Todos eles eram tão talentosos que podiam ser chamados de gênios, não importa em que época tivessem nascido, e todos tinham objetivos e convicções claros.
E todos juraram juntos eliminar os Reis Demônios deste mundo.
— Mas é isso que me deixa ainda mais preocupado. — Murmurou Eugene para si mesmo em voz baixa enquanto se levantava. “Siena Merdein. Se você era tão forte assim, então… Sienna, que eu conhecia, definitivamente teria encontrado uma maneira de desafiar os Reis Demônios mais uma vez.”
O Rei Demônio do Encarceramento e o Rei Demônio da Destruição – esses dois Reis Demônios eram tão poderosos que os Reis Demônios de níveis inferiores não podiam ser comparados a eles.
Mas mesmo que fossem derrotados por causa disso, os companheiros com os quais Eugene estava familiarizado não eram do tipo que caíam em desespero. Pelo contrário, depois de aumentar a força e recuperar sua confiança, mesmo que a vitória não fosse certa, eles definitivamente eram do tipo que mais uma vez arriscariam suas vidas por suas convicções antes de morrer.
Então, para esses caras não terem ido desafiar os Reis Demônios mais uma vez até o final.
E para Sienna e Anise terem se escondido na mesma época.
E para eles não terem interações com o clã Lionheart antes do funeral de Vermouth.
“Vermouth”, Eugene soltou um longo suspiro enquanto balançava a cabeça. “O que diabos você estava planejando?”
* * *
Embora Acryon, como Biblioteca Real, tivesse um Diretor de Biblioteca nominal, não havia hora de fechamento, pois a maior parte da operação da biblioteca era deixada para os familiares.
Em outras palavras, desde que você desistisse do tempo gasto comendo e dormindo, poderia ficar em Acryon pelo tempo que quisesse.
“Já que é assim, seria bom se eles tivessem um local separado, como uma sala de descanso”, desejou Eugene.
A biblioteca da Torre Mágica Vermelha era muito mais conveniente a esse respeito. Tinha tanto o refeitório quanto os quartos preparados nas proximidades. Mas, infelizmente, não havia espaço para essas coisas em Acryon. Ele não sabia se era porque não queriam que o cheiro de comida se espalhasse pelo ar ou se queriam manter uma honra digna de seu título de Biblioteca Real, mas era estritamente proibido comer e beber dentro de Acryon.
Felizmente, havia alas de pesquisa separadas anexadas aos corredores em cada andar, onde você poderia estudar e testar magia. Desse modo, não deveria estar tudo bem para ele comer e dormir lá? Embora Eugene tenha perguntado a Mer sobre esse fato—
— Mesmo que eu não possa comer e seja impossível beber qualquer coisa, você realmente vai fazer algo assim na minha frente? — Mer protestou: — Não tem como evitar. Se estiver com fome, é só sair para comer. — Mer havia apenas oferecido uma negação tão mesquinha.
— Você está mesmo dizendo que tais atos são proibidos por um motivo frívolo como esse? — Eugene perguntou incrédulo.
— Claro que não. Definitivamente, existem razões por trás dessas restrições. Como Sir Eugene não é um mago puro, ele pode não estar ciente disso, mas magos comuns… Não, mesmo magos que podem ser chamados de arquimagos são basicamente viciados em magia. — Mer respondeu, balançando a cabeça vigorosamente: — Se não traçarmos uma linha clara como essa, os magos que entrarem neste lugar podem ficar tão absortos em magia que até arriscam encurtar sua vida útil para ficar aqui por mais tempo. Não é por isso que essas histórias são famosas? Histórias sobre magos que se tornaram lichs para continuar pesquisando magia após suas mortes. E sobre magos que morreram por excesso de trabalho enquanto estavam imersos em pesquisas dentro de suas masmorras…
— Achei que essas histórias tinham um elemento de exagero misturado a elas. — Disse Eugene em dúvida.
— Se não houvesse precedente, não teríamos motivos para criar tal regra, não? — Mer baixou a voz. Com a intenção de criar uma atmosfera sombria, ela sussurrou baixinho: — Acryon tem uma longa história que remonta a cerca de oitocentos anos. Há muito, muito tempo… Um certo mago conseguiu obter o passe de entrada de Acryon, que ele desejou por toda a sua vida. Ele realmente amava a magia e era fascinado pelas verdades encontradas nas pesquisas de seus grandes e respeitados sêniores. E assim… Ele se entregou à magia enquanto se esquecia de comer, beber e dormir, até que finalmente…
— E daí, ele sai à noite como um fantasma? — Eugene perguntou, seu tom cético.
— Ele pode aparecer. — Mer insistiu: — Embora eu nunca o tenha visto pessoalmente.
— Uau, tão assustador.
Diante da reação seca de Eugene, Mer fez beicinho.
— Volto amanhã. — Disse Eugene ao se virar para sair.
Mer inclinou a cabeça com curiosidade.
— Por que você vai voltar aqui? Os textos mágicos nesta sala devem ser muito difíceis para você, não é Sir Eugene?
— Se são difíceis, só preciso continuar aprendendo. — Declarou Eugene confiante.
— Não vou te ensinar nada. — Mer avisou.
— Tudo bem, porque além de você, há alguém que pode me ensinar.
— Se é esse o caso, tudo bem, mas se fizer muito barulho, ainda vou te expulsar.
Mer disse isso com um tom de dar um ultimato. Eugene sorriu e concordou com a cabeça.
— Farei o possível para ficar quieto. — Prometeu ele.
Honestamente falando, Eugene estava passando por algum conflito interno. Ele queria continuar conhecendo-a e até mesmo se tornar amigo de Mer, que se parecia muito com Sienna. No entanto, não achava certo transferir esse tipo de afeto para ela.
Não seria correto, e também não seria justo com Mer.
Afinal, Mer era uma familiar. Ela não era a própria Sienna. A existência de Mer também estava fazendo com que Eugene se tornasse excessivamente consciente de sua vida passada. Então ele não queria chegar mais perto de Mer do que o absolutamente necessário.
No entanto, as coisas não estavam indo como ele havia planejado. Apenas tomando aquele dia como exemplo, houve várias vezes em que Eugene viu vislumbres de Sienna no comportamento de Mer.
“Mas não posso simplesmente agir como se também não a conhecesse.”
Se ele realmente queria manter distância, a melhor e mais simples coisa a fazer era não ir mais ao Salão de Sienna. Mas Eugene não queria ir tão longe. Porque além da existência de Mer, ele também queria se deliciar com a Bruxaria e os outros textos mágicos armazenados lá dentro.
Antes de descer para o primeiro andar, seguindo o conselho de Mer, Eugene deu uma olhada nos andares inferiores.
Embora também houvesse familiares nesses andares, eles não tinham uma personalidade ou uma inteligência artificial os guiando, então só podiam responder a algumas perguntas simples e manter seus corredores designados.
Não havia familiares tão humanos quanto Mer.
“Embora a dificuldade seja a mesma.”
Seguindo a orientação mecânica dos familiares, Eugene olhou para os livros de magia em exibição. Mesmo que não fosse tanto quanto a Bruxaria, que era impossível para Eugene entender atualmente, a dificuldade desses livros era a mesma dos outros textos mágicos que havia visto no Salão de Sienna.
Quando ele chegou ao primeiro andar de Acryon, uma voz chamou Eugene:
— Você com certeza demorou para descer.
Era Melkith, que ainda não havia voltado para seus próprios assuntos e estava apenas esperando por ele.
— Então, como foi? — Outra voz perguntou.
Lovellian também estava lá. Até agora, ele tinha uma carranca no rosto, mas desde o momento em que viu Eugene, estava se aproximando com um sorriso brilhante enquanto fazia essa pergunta.
— Para falar a verdade, não tenho certeza do que vi. — Respondeu Eugene enquanto balançava a cabeça: — Com base na teoria mágica que aprendi até agora, acho que levarei vários anos apenas para entender adequadamente um único desses livros mágicos.
— Claro, é o caso. Porque os livros mágicos armazenados aqui são a destilação das centenas de anos de magia de Aroth. — Melkith respondeu com um sorriso. Enquanto olhava para Winith, que estava pendurada na cintura de Eugene, ela continuou falando: — Garoto, não importa o quão inteligente você seja, há um limite para a quantidade de magia que pode aprender sem um professor adequado.
Lovellian interveio do lado.
— Mestra da Torre Branca.
— Ah, como eu disse, você não precisa se preocupar. — Melkith o assegurou: — Não tenho intenção de tomar aquele garoto como meu discípulo. Eu só… Quero fazer um acordo simples com ele.
— Pela Winith? — Eugene perguntou embora a resposta fosse óbvia.
A esta pergunta, como se estivesse esperando por isso, Melkith imediatamente assentiu vigorosamente.
— Contanto que você me empreste um pouco a Winith, vou explicar dez volumes de textos mágicos para você de uma maneira fácil de entender. Não parece um bom negócio? — Melkith o convenceu.
— Parece bom, mas… — Eugene desviou o olhar de Melkith e encontrou os olhos de Lovellian: — Sir Lovellian, posso perguntar se tem alguma intenção de me fazer seu discípulo?
Com essas palavras, os rostos dos dois Mestres de Torre sofreram mudanças drásticas. O rosto de Lovellian se iluminou com um sorriso, enquanto o rosto de Melkith se contorceu em uma careta.
— Se é isso que deseja, Eugene, não tenho como recusar, certo? — Lovellian o recebeu alegremente.
— Mas você não está muito ocupado? — Melkith objetou.
Lovellian insistiu:
— Se for por Eugene, não importa quanto tempo dure, posso arranjar tempo para ele.
Melkith virou-se para Eugene.
— E quanto a você, garoto, não importa o quão desesperado esteja, não deveria abaixar a cabeça tão facilmente. Além disso, você não é um Lionheart? Está tudo bem entrar em um relacionamento mestre-discípulo por sua própria vontade?
— Mais alguma objeção? — Eugene apenas suspirou.
— Também tem eu. — Acrescentou Melkith rapidamente: — Já que estou aqui, você não precisa entrar em uma relação mestre-discípulo tão descuidadamente. Pode acabar encontrando alguns aborrecimentos inúteis mais tarde. O que fará se o Mestre da Torre Vermelha fizer algo ruim com você depois que já o tiver como seu professor?
— Não diga essas bobagens. — Lovellian bufou.
Eugene expressou sua fé no homem.
— O Mestre da Torre Vermelha, Lovellian, que eu conheço não é esse tipo de pessoa.
Melkith estreitou os olhos em frustração.
— Seu pirralho irritante, você só tem dezessete anos. Realmente acha que conhece o Mestre da Torre Vermelha melhor do que eu?
— Por que continua falando essas bobagens tão ridículas? — Lovellian perguntou com os olhos semicerrados.
Incapaz de encontrar outra resposta, Melkith mordeu os lábios por um momento antes de finalmente soltar um suspiro profundo.
— Tudo bem então. Se você se tornar discípulo do Mestre da Torre Vermelha, não precisará que eu explique esses textos mágicos em troca de me emprestar Winith. Embora admitir isso realmente machuque minha autoestima, as habilidades mágicas do Mestre da Torre Vermelha são melhores que as minhas, certo? — Melkith confessou com relutância.
— Não precisamos necessariamente trocar por orientação sobre esses livros de magia. — Disse Eugene com um encolher de ombros divertido: — Você não tem mais nada que valha a pena negociar? Os itens também podem funcionar.
A mandíbula de Melkith caiu em choque com essa declaração ousada. Depois de olhar para Eugene por alguns momentos, ela caiu na gargalhada enquanto balançava a cabeça.
— Esse garoto realmente sabe como fazer um acordo. — Comentou Melkith sarcasticamente.
— Se não quiser, por mim tudo bem. — Respondeu Eugene casualmente.
— Quem disse que eu não quero? — Melkith respondeu imediatamente enquanto esfregava o queixo: — Deixe-me pensar um pouco.