Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 419
Capítulo 419
Aquilo (4)
O deserto era imensamente vasto e expansivo, alcançando até onde a vista podia alcançar. Não havia nada além de areia densa, não importava para que direção se olhasse, e o sol escaldante perfurava com seu olhar de cima para baixo.
Essa região em particular era conhecida por ser um dos desertos mais severos dentro do território de Nahama. Não havia vilarejos ou oásis próximos. Era, como resultado, um lugar intocado por turistas.
Mais precisamente, foi criado assim de propósito. Se a natureza não fornecesse um oásis, um poderia ser criado, mas havia razões convincentes para não o fazer.
Um deserto desprovido de vida era uma visão bastante árida. No entanto, era atraente para os magos negros.
Nessas profundezas áridas, eles podiam realizar suas ações clandestinas sem o risco de rumores ou vigilância. Além disso, no deserto, o desaparecimento misterioso de algumas almas não levantaria suspeitas. Como tal, este local era uma terra primordial para as atividades dos magos negros.
— Não posso acreditar que estou dizendo isso, mas os magos negros de Aroth eram refinados e sãos em comparação. — Murmurou Melkith El-Hayah enquanto retirava a areia de suas vestes. — Não é mesmo? Havia desaparecimentos e mortes ocasionais em Aroth, mas a Torre Negra em si sempre foi bastante inocente quando se tratava desses assuntos, não era? — Ela continuou.
Magos de todos os cantos do continente se reuniam no reino mágico de Aroth. Enquanto a experimentação mágica em humanos era heresia e proibida, a maioria dos magos prontamente quebraria tabus quando consumidos por sua curiosidade.
Essa disposição inevitavelmente lançava uma sombra sobre Aroth. A busca pelo conhecimento proibido não se limitava apenas aos magos negros. Enquanto alguns magos apenas mexiam com cadáveres ou vagabundos, os mais depravados chegavam a prejudicar cidadãos inocentes ou turistas.
No entanto, aqueles afiliados às Torres Mágicas não podiam ultrapassar tais limites devido à estrita supervisão imposta a eles pelas torres.
— Mas aqui, neste deserto, não há nada para regular os magos. Não são apenas os magos negros que são o problema. Nos últimos meses, cerca de um terço dos que enterrei nas areias eram apenas magos comuns. — Disse Melkith.
Melkith tinha ouvido falar das masmorras dos magos negros de Nahama. Essas masmorras agiam como torres mágicas em miniatura, hospedando uma facção de magos que rejeitava até mesmo as afiliações às guildas. No entanto, ela nunca imaginou que a situação fosse tão grave.
Talvez fosse uma questão inevitável.
Magos, especialmente os de patente mais alta, estavam absorvidos em sua magia. Esses magos negros eram mais como magos do que qualquer outra pessoa, essencialmente. E tais figuras estavam mais preocupadas com o avanço de sua magia e seus estudos futuros do que com qualquer outra coisa. Eles não se importavam menos com como os magos em outras nações viviam suas vidas.
— De qualquer forma, falando nisso, estou vagando tão longe de casa e… Ah, você saberia de onde eu sou? Não, claro que não saberia! Eu nunca disse. Ta–da! Eu sou do Reino de Allos, ao norte. É uma daquelas pequenas nações dentro da Aliança Anti-Demônio. Tenho certeza de que não há ninguém tão renomado e habilidoso quanto eu na história do Reino de Allos.
Melkith tagarelava incansavelmente.
— De qualquer forma, aqui estou eu, a grande Melkith El-Hayah, vagando por este deserto remoto sozinha, muito, muito longe de casa. Estou enfrentando o calor escaldante durante o dia e o frio congelante à noite, confrontando magos malignos com suas ações vis… e por que você não está dizendo nada?
[Estou ouvindo, mesmo que eu não responda.] Quem respondeu foi um espírito do vento que flutuava ao redor de Melkith.
Eugene Lionheart ainda estava em Lehainjar com Moron. Ele estava recebendo relatórios de Melkith sobre esse assunto através do espírito do vento.
— Mesmo? Você não está mentindo, está? Eugene, tenho sentido o peso da solidão ultimamente. Talvez eu esteja aprendendo a essência da solidão neste vasto deserto… — Continuou Melkith.
[Não diga algo tão desagradável,] veio a resposta.
— Desagradável?! É tão desagradável para você que eu confesse minha solidão? — Disse Melkith.
[Que solidão você está falando? Você se dá muito bem se divertindo sozinha, Senhora Melkith. Mesmo quando está sozinha, você tem muitas pessoas com quem conversar,] explicou Eugene.
— Que absurdo é esse? Tenho muitas pessoas para conversar mesmo quando estou sozinha? — Retrucou Melkith.
[Você tem os espíritos, não tem?] desafiou Eugene.
— Ei! Você acha que os espíritos são humanos? Espíritos são espíritos. — Retrucou Melkith.
[Essa afirmação parece… um tanto preconceituosa contra os espíritos. Você está sugerindo que os espíritos não são dignos de serem parceiros de conversa, Senhora Melkith? Tal crença pode causar atrito com Tempest…] comentou Eugene.
— Não-não-não-não! Não é isso que eu quis dizer! Na minha visão, os espíritos são entidades superiores, mais evoluídas do que meros humanos! Está além de m-mim iniciar uma conversa com eles. Eu tenho que esperar os espíritos se manifestarem primeiro! — Melkith tentou corrigir suas palavras às pressas.
— Então, por favor, deixe Tempest saber como me sinto, está bem? É realmente estranho quanto mais penso sobre isso… Tenho certeza de que deve haver uma ligação de comunicação entre Tempest e eu, mas não importa quantas vezes eu chame, não há resposta do lado de Tempest. Você acha que nossa conexão foi cortada? — Questionou Melkith, confusa.
[Bem… Não, esse não é o caso. Tempest simplesmente prefere… hum… ficar mais… reservado? Silencioso? Tempest prefere um companheiro taciturno,] respondeu Eugene.
— Isso seria eu. — Respondeu imediatamente Melkith.
[Senhora Melkith, Tempest diz que é exaustivo responder quando você chama sem descanso,] explicou Eugene.
— Hmm… diálogos regulares não aprimorariam nosso relacionamento? — Perguntou Melkith.
[Tempest acredita que você deve primeiro se concentrar em desenvolver sua aptidão como companheira espiritual,] respondeu Eugene.
— Por que Tempest se comunica apenas com você, apesar de poder conversar comigo? — Indagou Melkith.
[Tempest diz que está preocupado que uma comunicação direta possa sobrecarregá-la, Senhora Melkith. Desmaiar de sobrecarga neste deserto seria desastroso,] respondeu Eugene.
— Ah, então ele está preocupado comigo! — Melkith gritou de alegria enquanto pulava de excitação no lugar. — Bem, se for esse o caso, tudo bem. Você ainda está com Sir Moron, não está?
[Uma vez que este relatório for concluído, eu voltarei para duelar com Sir Moron,] respondeu Eugene.
— Você está tentando me dizer para resolver isso rapidamente? Que audácia, considerando que estou suportando este deserto miserável por causa de alguém. — Resmungou Melkith.
[Foi um acordo, lembra?] A resposta de Eugene foi afiada como uma lâmina, e deixou Melkith sem palavras por um momento. No entanto, esta audaciosa maga dos espíritos não hesitou em retrucar.
— Sim~. Exatamente~. Um acordo~. Que esplêndido! Estou realmente invejosa~. — Melkith falou arrastado, tornando seu sarcasmo bastante óbvio.
[Você não tem nenhum senso de decoro?] Eugene perguntou.
— Nããão~. Nenhum mesmo! Preocupar-se com essas coisas é simplesmente cansativo~. — Respondeu Melkith.
[Bem…] Eugene suspirou profundamente.
Após um breve momento, o espírito do vento passou por uma transformação repentina. Melkith o encarou com alarme.
Embora o espírito do vento mantivesse sua aparência juvenil, a aura que girava ao seu redor, proveniente dos ventos, era esmagadoramente majestosa.
[Eu imploro a você,] o espírito do vento emitiu uma voz severa.
— Kyaaaaah! — Melkith soltou uma exclamação alegre e pulou com felicidade no lugar.
Aquela voz! Era a voz de Tempest, o Rei Espírito do Vento. Era uma voz que ela não ouvia há meses, apesar de chamá-lo diariamente. Ouvir seu encorajamento fez com que todas as queixas que Melkith abrigava desaparecessem instantaneamente.
— Se Tempest pede isso, quem sou eu para negar! — Declarou Melkith feliz.
Ela não ouviu mais nenhuma resposta. Tempest, tendo atendido ao pedido de Eugene e encorajado Melkith apesar de não querer, fechou-se para o mundo novamente. Eugene foi duelar com Moron, como fazia todos os dias, e Kristina e Anise seguiram os dois para cuidar de seus ferimentos.
E Sienna? Ela estava ocupada com seus dias em Aroth.
Melkith, por outro lado, vagava pelo deserto.
Durante o dia, ele queimava, e à noite congelava. O deserto era um lugar miserável onde todos só viam areia sem fim.
Mas Melkith não sentia nenhum desconforto. Para um arquimago, a única dificuldade ambiental era a concentração de mana. A menos que estivesse em um ambiente extremamente especial, mana existia em todos os lugares. Um Arquimago poderia conjurar água até mesmo em uma terra desprovida de uma única gota.
Além disso, Melkith não era apenas uma Arquimaga qualquer, mas também uma mestra da magia dos espíritos. Tendo feito contrato com o Rei Espírito da Terra, areias movediças não representavam ameaça para ela. Sua única preocupação seria com sustento… mas Melkith El-Hayah era uma maravilha. Ela podia comer crustáceos que habitavam sob as areias sem mudar de expressão. Isso era um testemunho de seu apetite impressionante e sua capacidade de se adaptar ao ambiente.
[Por aqui,] uma voz chamou.
— Quantos são? — Perguntou Melkith.
[Pouco mais de cinquenta,] veio a resposta.
— O Mestre da masmorra? — Indagou Melkith.
[Por minha estimativa, Sétimo Círculo. A média de seus magos é de Quinto Círculo,] respondeu a voz.
— Uma masmorra de alto nível. Um mago negro do Sétimo Círculo… Considerando suas habilidades e poder latentes, é seguro dizer que eles quase se equiparam a um Arquimago. — Disse Melkith pensativa.
[Faremos enterros?] Foi Yhanos, o Rei Espírito da Terra, quem perguntou. Embora ela tivesse falado com Eugene sobre a solidão no deserto, ela nunca realmente estivera sozinha em sua busca. Os espíritos eram seus amigos e parceiros de conversa.
— Se fossem apenas magos de nível intermediário, talvez. Mas com um quase-Arquimago entre eles, não será possível enterrá-los facilmente. Provavelmente vão explodir e causar um tumulto. — Disse Melkith com um estalar de língua.
Uma masmorra de magos estaria armada com defesas formidáveis contra ataques externos. Adicione um Arquimago à mistura, e eles poderiam resistir até mesmo aos ataques de sepultamento de Yhanos.
Mesmo que ninguém atravessasse este deserto, lançar feitiços acima do solo atrairia muita atenção. Era bastante provável que o Sultão tivesse recebido relatórios de suas ações considerando o que ela havia feito, mas não houve resposta até agora. Os famosos assassinos de Nahama não tinham aparecido para assassiná-la, nem ela tinha enfrentado ataques dos manipuladores de areia de Nahama.
Ainda assim, era prudente agir com cautela. De forma um tanto surpreendente, Melkith estava bem ciente desse fato.
[Há armadilhas mágicas logo à frente,] alertou Yhanos.
— Eu percebi. — Respondeu Melkith. Ela havia conseguido discerni-las com sucesso mesmo antes do aviso de Yhanos.
No momento em que ela colocasse os pés no domínio, o deserto se transformaria em um perigoso pântano de areia movediça e ameaçaria arrastar Melkith para a masmorra abaixo. Mas mesmo sabendo disso, Melkith não vacilou em seus passos. Seu destino era a masmorra subterrânea, e sua missão era erradicar os magos negros dentro dele ou aqueles que buscavam se tornar tais magos.
Inicialmente, ela ponderou se realmente precisava matá-los. Não bastaria apenas desmantelar as masmorras?
Mas Melkith não hesitou em enterrar todos os magos negros ao testemunhar o estado real das masmorras. De todas as masmorras que ela havia dizimado, que ultrapassavam a marca de dez, apenas três conseguiram escapar da completa aniquilação. Os magos das masmorras restantes provaram ser merecedores de seu destino.
— Eu entendo. — Murmurou Melkith enquanto puxava o capuz de sua capa sobre a cabeça. — Pesquisas podem ser cativantes, até emocionantes. Mas eles não deveriam aderir a princípios básicos ao realizar experimentos em outros humanos? E há uma miríade de tipos de experimentos mágicos envolvendo humanos. Por que todos os magos das masmorras do deserto agem dessa forma?
[Contratante,] Levin, o Rei Espírito do Relâmpago, falou, [Você já desejou conduzir um experimento ou pesquisa envolvendo humanos?]
— Já. — Respondeu Melkith sem hesitação. — Um corpo que não excreta, não importa o que se coma.
[?] Levin não estava certo do que fazer com isso.
— Um corpo que não engorda, não importa o que se coma. — Continuou Melkith apaixonadamente.
[Contratante, o que você está—] Levin começou.
Apenas para ser interrompido por Melkith enquanto ela explicava mais.
— Como seria conveniente! Não apenas para os magos. E se todos pudessem ter corpos assim? Isso não seria basicamente uma utopia? Agora, isso é o que eu chamaria de pesquisa adequada para tornar o mundo um lugar melhor.
[Bem…. Você nunca ponderou sobre… pesquisa para se tornar imortal ou algo similar?] Perguntou Levin cautelosamente.
— Imortalidade? Não. — Melkith zombou. — A morte é parte do ciclo da natureza. As pessoas devem partir quando chegar a sua hora, e os outros precisam deixá-las partir.
Enquanto falava, ela começou a tecer vários feitiços. Estava se preparando para invadir a masmorra desarmada. Ela sabia que não precisava se preocupar com seu corpo explodindo, já que assumia que as areias eram uma armadilha projetada para capturar cobaias. No entanto… nunca se podia ser muito cuidadoso.
Continuando seu solilóquio enquanto lançava seus escudos, ela opinou:
— Se todos se tornassem imortais, o mundo seria inundado de humanos, sem espaço nem mesmo para caminhar. Além disso, nem sempre é melhor viver mais. Às vezes, ser capaz de abraçar a morte quando se deseja é uma bênção…
— Concordo. — Veio uma resposta repentina.
— Kyaaaah! — A voz fez com que Melkith desse um pulo e lançasse reflexivamente um feitiço.
Fwoosh!
As Chamas de Ifrit engolfaram a área atrás dela.
— Te assustar foi minha culpa, embora não intencional. Mas aquela retaliação não foi um pouco excessiva? Atacar com o Rei Espírito do Fogo, nada menos. A maioria teria sido reduzida a cinzas depois de ser atingida por um fogo assim. — Uma figura podia ser vista enquanto sua voz flutuava.
— O-O-O que está acontecendo?! — Melkith gritou.
— Será sábio causar tal tumulto nesta situação? — Perguntou a figura.
— Como eu não poderia?! — Retrucou Melkith.
Ela estava tão assustada que cada fio de cabelo estava arrepiado. Melkith observou o homem com um olhar cauteloso enquanto dava passos para trás rapidamente.
Era Balzac Ludbeth, o Mestre da Torre Negra.
Um ano atrás, Balzac tinha partido primeiro após a guerra tribal na vasta Floresta Samar. No entanto, ele desapareceu sem nunca chegar a Aroth. Como não era um mago comum, mas um mestre de torre que tinha desaparecido de repente, tanto Aroth quanto a Guilda dos Magos empregaram vários métodos para rastreá-lo. No entanto, todos os esforços se mostraram infrutíferos.
Apenas rumores giravam em torno do desaparecimento de Balzac. Alguns sussurravam que a Sábia Sienna de Aroth havia assassinado o Mestre da Torre Negra. Outros afirmavam que ele fora destruído na luta pelo poder dentro de Helmuth.
A verdade, porém, era um mistério para todos. Melkith não se preocupava particularmente com esse assunto também.
Embora Balzac Ludbeth fosse um companheiro mestre de torre, ele não era exatamente um amigo próximo. Eles raramente estiveram diretamente envolvidos um com o outro, e embora se conhecessem há décadas, seu primeiro empreendimento conjunto tinha sido a guerra na Floresta Samar.
Melkith acreditava que ele não teria encontrado um fim trivial.
Afinal, o Mestre da Torre Negra era uma figura suspeita tanto no nome quanto na aparência. Era difícil imaginar tal indivíduo perecendo sem cerimônia.
E ele não havia declarado que sua ambição como mago era se tornar uma lenda?
Sua ambição era se tornar o maior mago do mundo e gravar seu nome nos anais da história mágica por séculos, assim como a Sábia Sienna. Nenhum mago com a estatura e a habilidade de Balzac Ludbeth, que sonhava seriamente em se tornar uma lenda, morreria uma morte sem sentido.
— Por que você está aqui? — Melkith finalmente perguntou.
— Eu poderia fazer a mesma pergunta, Mestra da Torre Branca. Por que você está aqui? — Balzac respondeu enquanto olhava para Melkith com uma expressão calma. Então, com um leve sorriso, Balzac balançou a cabeça. — Eu posso adivinhar sem ouvir diretamente de você. Deve ser por causa do pedido de Sir Eugene.
— …… — Melkith não respondeu.
— Eu não sei exatamente que tipo de acordo ocorreu entre vocês dois, mas… Mestra da Torre Branca, não consigo pensar em nenhuma razão pela qual você desafiaria pessoalmente as masmorras dos magos negros ou declararia guerra a todo o reino de Nahama. Mas eu não poderia dizer o mesmo sobre Sir Eugene. — Deduziu Balzac.
— De jeito nenhum. Eugene não tem nada a ver com isso. Estou fazendo isso por conta própria. — Respondeu Melkith.
— Você estava tão profundamente endividada com Sir Eugene que assumiu a responsabilidade? — Questionou Balzac.
— É presunçoso e desrespeitoso fazer suposições, Mestre da Torre Negra. Em vez de fazer afirmações infundadas, por que você não responde à minha pergunta? O que está fazendo aqui? — Melkith perguntou novamente.
— O que eu estou fazendo? Responder isso especificamente seria desafiador… mas, recentemente, eu tenho te ajudado. — Respondeu Balzac.
— O quê? — Melkith ficou perplexa com a resposta inesperada.
— Mestra da Torre Branca, eu lidei discretamente com os corpos que você deixou para trás, limpei as coisas que você não conseguiu nas masmorras, silenciei os magos negros que você poupou, assim como os reféns que você libertou de volta para a cidade. Eu até lidei com os assassinos enviados para capturar você. — Ele continuou.
— O quê? — Melkith ficou genuinamente chocada.
— Nos últimos meses, você limpou mais de dez masmorras. Você realmente achou que o Sultão não reagiria? — Perguntou Balzac.
— Isso não é o que estou perguntando. — Retrucou Melkith.
Uma faísca de raiva brilhou nos olhos de Melkith. Um Arquimago era uma existência Apex que sempre buscava algo maior. Sua aura avassaladora pesava sobre Balzac.
— Os magos negros que poupei, os reféns que devolvi à cidade… você interferiu? — Ela perguntou.
Melkith estava furiosa com essa revelação. Aqueles que ela havia julgado desnecessário matar, aqueles que ela havia poupado, e os reféns sortudos o suficiente para escapar com suas vidas. Se Balzac tivesse agido contra eles por conta própria — Melkith não conteria sua ira.
— Eu pareço tão perverso para você? — Balzac usava uma expressão de genuína consternação enquanto questionava.
— Você disse que os silenciou. — Respondeu Melkith.
— Eu apenas silenciei suas línguas, Mestra da Torre Branca. Eu não os prejudiquei como você suspeita. — Respondeu Balzac.
— É mesmo? — Melkith disse. Ela rapidamente se acalmou momentos antes de deixar sua raiva explodir. Sem mais uma palavra, ela virou-se e começou a se dirigir para a entrada da masmorra que se assemelhava a um poço traiçoeiro de formiga-leão.
Balzac pausou por um momento enquanto observava Melkith se afastar. Então, ele a seguiu. — Você não vai perguntar mais? — Ele perguntou.
— Dado o seu caráter, mesmo que eu perguntasse, você não responderia. Por que eu me incomodaria então? — Disse Melkith.
— Hmm. — A resposta de Balzac foi evasiva.
— Eu estava preocupada, já que gritei e usei minha magia, mas… Hmm, parece que você não me surpreendeu sem pensar. — Comentou Melkith.
— A magia de Balzac estava entrelaçada com a armadilha. Graças a isso, os magos negros da masmorra não perceberam Melkith acima deles.
— Mas aqui está minha pergunta. Todo esse tempo, você esteve lidando com assuntos nos bastidores. Por que aparecer agora? Não é um pouco tarde demais para conselhos cautelosos? — Perguntou Melkith.
— Eu pretendia te aconselhar a não se intrometer nesta masmorra. — Respondeu Balzac.
— Por quê? — Perguntou Melkith.
— O mestre da masmorra aqui é um mago negro chamado Arask. Habilidade e caráter à parte… o demônio com o qual ele está contratado é bastante violento. — Respondeu Balzac.
— Quem é? — Perguntou Melkith.
— Harpeuron. Com o título de conde e classificado em quinquagésimo sétimo lugar em Helmuth. Ele é um demônio ganancioso. Mestra da Torre Branca, se você atacar e matar o mestre da masmorra — Harpeuron ficará enfurecido.
— Melhor ainda. — Melkith sorriu largamente ao responder. — O que eu preciso é precisamente de uma reação tão feroz. —
— Você quer dizer o que Sir Eugene deseja. — Disse Balzac após uma pausa.
— Hã? Não, o que eu preciso. Por que você continua mencionando Eugene, que nem está aqui? Você é tão estranho. — Disse Melkith enquanto acenava displicentemente com a mão.
De repente, a armadilha de formiga-leão sob eles foi ativada. A areia começou a girar em direção ao seu centro. Melkith permitiu-se ser puxada pela areia enquanto se virava para olhar para Balzac.
— Então, o que você vai fazer? — Ela perguntou.
— Eu prefiro não os confrontar diretamente. — Ele respondeu.
— Você vai esperar aqui então? — Desafiou Melkith.
Com um suspiro profundo, Balzac entrou na armadilha de formiga-leão. Melkith sorriu e levantou as mãos bem alto como se estivesse esperando por essa resposta.
— Vamos lá! — Ela disse.
Com os braços ainda levantados, Melkith mergulhou sob as areias do deserto.