Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 415
Capítulo 415
O Campo de Batalha (9)
Eugene havia pretendido acompanhar Sienna de volta a uma cidade com um portal de teletransporte antes de se despedir dela, mas Sienna havia firmemente recusado enquanto balançava a cabeça.
— Não sou uma criança, então qual é o sentido de você desperdiçar alguns dias apenas para me ver partir na cidade? — argumentou Sienna.
Eugene tentou persuadi-la.
— Não será deprimente atravessar o campo de neve sozinha?
— O que há de deprimente nisso? Não tenho planos de atravessá-lo lentamente, então não se preocupe comigo. Se eu voar sozinha, posso até voar mais rápido do que quando voamos de volta sobre o dorso do dragão, sabia? — Sienna disse com um resmungo enquanto virava o capuz de sua capa sobre a cabeça. — E não temos tanto tempo assim para nos preparar. Aceitarei suas boas intenções, então você deveria apenas ficar aqui e treinar duro com Moron. Também estarei trabalhando duro lá em Aroth.
— Você realmente precisa ir para Aroth? — Eugene perguntou, enquanto mordeu o lábio preocupado.
Satisfeita ao ouvir Eugene dizer algo assim, Sienna sorriu. Ela cutucou Eugene de lado com o Nevasca, que segurava em uma das mãos.
— Por quê? Você prefere que eu fique aqui com você? — Sienna provocou.
Eugene franziu a testa.
— Se você realmente não precisa ir, qual é o sentido de ir? Assim, eu não precisaria me preocupar com você.
— Eu preciso ir. — Sienna insistiu. — Enquanto estiver lá, magos habilidosos certamente se reunirão a mim, e além disso, só posso ver todos os feitiços e pesquisas que se acumularam em Aroth durante minha ausência indo para aquele país pessoalmente.
Eugene protestou.
— Não é perigoso nos separarmos assim se não houver necessidade extrema de fazê-lo? E se aquele maldito, o Rei Demônio do Encarceramento, ir atrás de você enquanto estiver sozinha?
Embora tenha dito isso, Eugene sabia que não havia absolutamente nenhuma chance de tal coisa acontecer. Mesmo quando Eugene era fraco e estava sozinho, o Rei Demônio do Encarceramento nunca havia ido atrás de Eugene, então não havia como o Encarcereamento usar táticas tão sinistras neste ponto.
Ele não sabia quais eram os verdadeiros objetivos do Rei Demônio do Encarceramento, mas… não parecia que ele realmente queria que o povo demônio governasse o mundo ou até mesmo desejava a exterminação de todos os seus inimigos…
Sienna também estava plenamente ciente dessa verdade, então apenas resmungou e disse.
— Não fale besteiras.
Cada vez que Frost cutucava Eugene de lado, verdadeiras geadas brancas se espalhavam do cajado.
Sienna pausou.
— Hm, mas ainda assim… não sei sobre o Rei Demônio, mas há uma chance de que um dos demônios possa vir atrás de mim. Não é como se o Rei Demônio do Encarceramento mantivesse um controle tão rígido sobre o povo demônio sob seu comando.
— Pelo contrário, ele praticamente lhes dá rédeas soltas. — Eugene reclamou.
— No entanto, não há como aquele maldito, Gavid Lindman, vir atrás de mim, certo? Nem aquela Rainha das Vadias. — Disse Sienna.
Sienna acrescentou calmamente sua própria torção ao título de Noir como a ‘Rainha dos Demônios da Noite’, e Eugene aceitou a mudança da mesma forma, com calma.
— Além desses dois, bem, não é como se não houvesse outros demônios de alta patente, mas… será que eles realmente são o suficiente para me preocupar? O povo demônio de hoje em dia é realmente tão forte? — Sienna perguntou pensativamente.
— Também não conheci muitos dos demônios de alta patente desta era, então realmente não sei ao certo. — Eugene admitiu com um encolher de ombros.
Jagon, a quem Eugene havia matado no Castelo do Dragão Demoníaco, era bastante forte. Mesmo agora, Eugene ainda sentia que era uma sorte ter tido a chance de matar Jagon naquela época.
— Os magos negros são uma ameaça muito maior em comparação ao passado. — Observou Eugene.
— Dito isso, a única maga negra restante com quem realmente precisamos nos preocupar é aquela vadia, Amelia Merwin. E se você levar isso em consideração, isso me dá ainda mais motivo para ir a Aroth em vez de ficar aqui. — Sienna argumentou de volta.
Amelia Merwin estava escondida em Ravesta, o local onde o Rei Demônio da Destruição estava adormecido. E atualmente, cumprindo o pedido de Eugene, Melkith estava atormentando os magos negros no Deserto de Nahama, desarraigando todas as suas masmorras.
Se as coisas continuassem assim, a base que Amelia havia construído no deserto seria completamente destruída. Se tornasse conhecido que Sienna estava hospedada em Aroth, isso poderia motivar Amelia a secretamente voltar para o deserto para resolver seus problemas lá.
— Então pare com todas as suas preocupações desnecessárias e apenas aguarde. — Exigiu Sienna.
— Aguardar o quê? — Eugene perguntou, apenas para Sienna sorrir brilhantemente e levantar o Nevasca no ar acima de sua cabeça.
Mantendo-o erguido no ar, Sienna balançou lentamente o Nevasca de um lado para o outro, enviando uma chuva de geada branca caindo sobre sua própria cabeça.
— Apenas espere por esta Sábia Senhorita Sienna, que já alcançou um nível que nenhum outro mago jamais foi capaz de tocar, para superar até mesmo a si mesma no final! — Declarou Sienna orgulhosamente.
Ao olhar para o sorriso triunfante no rosto de Sienna, Eugene acabou sorrindo inconscientemente também.
— Pelo menos tire alguns dias para descansar antes de ir. Você não está sendo muito precipitada, tomando uma decisão dessas e partindo no dia seguinte? — Anise disse ao emergir da caverna e caminhar até Sienna.
Anise começou a deslizar ambas as mãos dos ombros de Sienna ao longo de seus braços, abençoando o corpo de Sienna com sua energia divina. Sienna começou a se mover um pouco, se ajustando ao seu corpo agora levíssimo.
— Hoje é um bom dia para eu partir. — Sienna insistiu.
Numa cena rara, as tempestades de neve haviam cessado por um dia. Embora, na verdade, com a habilidade de Sienna na magia, ela pudesse facilmente atravessar até as tempestades de neve mais ferozes, mas já que ela havia decidido ir, não seria melhor para ela aproveitar a oportunidade de partir em um dia claro ao invés de enfrentar um clima inclemente.
— Bem então. — Disse Sienna enquanto uma brisa suave levantava seu corpo no ar.
Enquanto pressionava o chapéu com uma mão para evitar que voasse, Sienna olhou para baixo para seus amigos.
Ao trocar olhares com Moron, que estava parado na entrada da caverna, Sienna sorriu e disse
— Até breve, Moron.
Ao contrário de Eugene e Anise, Moron não tentou segurar Sienna, nem ficou particularmente chateado com sua partida depois de apenas um dia. Isso porque ele sabia que essa não seria uma separação permanente, de qualquer maneira, e também sentia que não deveriam tentar se apegar a ela depois que ela já havia tomado uma decisão.
Com um sorriso, Moron acenou com a mão para Sienna em despedida.
Sienna então se virou para Anise e advertiu.
— Não tente sair na frente.
Ela havia sorrido para Moron, mas o sorriso estava ausente de seu rosto quando encarou Anise. Sienna estreitou os olhos e olhou para Anise como se estivesse reforçando seu aviso.
No entanto, Anise sorriu de volta para ela e orgulhosamente ergueu o queixo para o ar.
— Eu não vou fazer nenhuma promessa.
— Ei, estou te dizendo para não fazer nada tão covarde. — Gritou Sienna.
Anise assentiu.
— Não sei o que ser covarde tem a ver com esse tipo de assunto, mas com certeza levarei seu aviso em consideração.
Embora fosse irritante, esse tipo de resposta realmente combinava com Anise.
Sienna piscou para longe as chamas gêmeas que haviam surgido em seus olhos antes de encarar a Santa mais uma vez.
— Kristina, e você?
Kristina apenas deu de ombros.
— Sinto muito.
O sorriso de Kristina era diferente do de Anise. Era o sorriso de alguém que realmente sentia muito, mas ao mesmo tempo estava indefeso para fazer qualquer coisa… No entanto, Sienna sentiu ainda mais medo ao se deparar com tal expressão. Seus ombros tremeram em hesitação por alguns momentos antes dela balançar vigorosamente a cabeça.
No final, Sienna apenas encarou Eugene e o advertiu em um tom forte.
— Tenha cuidado…!
Do que diabos… ela o estava advertindo para ter cuidado? Embora ele tivesse um palpite áspero sobre a resposta para isso, Eugene não perguntou diretamente, com medo de ouvir a verdade.
— Ah… sim. — Eugene concordou com um leve aceno de cabeça em vez de prosseguir com o assunto.
Embora não fosse uma resposta muito tranquilizadora, Sienna se virou sem mais demora.
Boom!
Com uma explosão alta de ar, Sienna se transformou em um raio de luz e voou pelo céu.
E assim, Sienna havia partido.
Mas será que ela realmente seria capaz de cumprir as palavras que deixou com eles e superar a si mesma? Eugene realmente não tinha muitas dúvidas ou preocupações quanto a isso.
Isso porque agora não era hora de Eugene se preocupar com os outros. Pelo menos, Sienna tinha a confiança de que poderia superar a si mesma, mas, por outro lado, longe de superar a si mesmo, Eugene ainda não havia despertado adequadamente todo o seu potencial. Mesmo depois de repassar em sua cabeça sua batalha com Moron várias vezes, ele simplesmente não conseguia recriar o sentimento que havia sentido naquele último momento em que havia cortado o machado de Moron.
“Ainda… tenho certeza de que foi absorvido em mim em algum lugar,” Eugene se tranquilizou.
Seu subconsciente ainda devia se lembrar dos movimentos de Agaroth.
O que Eugene precisava fazer era reorganizar os fragmentos de Agaroth que haviam se fundido com ele para poder usá-los de maneira mais sistemática e confiável. Então, ele precisava tornar aquelas memórias suas para poder usar suas habilidades a qualquer momento. Em vez de apenas poder usá-las quando balançava sua espada em transe, seu objetivo era poder balançar tal espada à vontade, mesmo quando sua mente estava clara.
Ele precisava entender aquele sentimento e, ao mesmo tempo, absorvê-lo e torná-lo parte dele.
Eugene refletiu, “Agaroth…”
O Deus da Guerra que havia se colocado no caminho do Rei Demônio da Destruição. A impressão que Eugene tinha de Agaroth era a de um tirano egocêntrico, mas a força que o havia permitido matar um Rei Demônio enquanto ainda era humano e ascender à divindade era indiscutivelmente real.
Eugene queria aquela força. Ele precisava tornar aquelas habilidades com a espada afiada suas. Ele também queria possuir os sentidos e a intuição que Agaroth havia desenvolvido passando e encontrando a vitória em inúmeras batalhas.
Quanto tempo havia passado desde que ele havia olhado para alguém com tanta inveja? Eugene riu do desejo ardente que queimava em seu coração.
Eugene começou a cavar no chão da caverna.
Ele não se curvou e começou a cavar no chão com as duas mãos nuas. Em vez disso, ele ficou meio curvado, como se estivesse tentando tirar o peso de um pé, e começou a esfregar o chão da caverna com o outro pé. Com apenas isso, ele foi capaz de escavar o chão duro como se fosse barro, e água termal começou a fluir lentamente ao longo do caminho que seu pé havia esculpido.
Moron tinha partido, dizendo que voltaria depois de matar o Nur, e Mer e Ramira tinham deixado a caverna, dizendo que queriam construir um boneco de neve. Graças a isso, agora só restavam Eugene, Kristina e Anise ali.
Após abrir um buraco na parede da caverna, eles tinham espalhado os itens que usavam enquanto acampavam na sala recém-criada. Eles até tinham conseguido montar uma espaçosa fonte termal dentro da sala. Como tinha a chance, Eugene decidiu criar mais alguns cômodos, e como não tinham certeza de quanto tempo ficariam ali, Eugene também queria ter um quarto para si mesmo.
Enquanto Eugene estava ocupado cavando as salas, Kristina estava de joelhos, rezando com os olhos fechados.
Para Kristina, oferecer uma oração enquanto acariciava as Estigmas na palma de sua mão esquerda tinha se tornado parte de sua rotina diária e um ritual importante.
Durante os momentos em que ela oferecia uma oração assim, todos os pensamentos distrativos deixavam a cabeça de Kristina. Tudo o que existia nesses momentos era sua fé na Luz e sua adoração a Eugene.
Ou pelo menos, era assim que as coisas deveriam ser.
“…”
Hoje, Kristina continuava tentando esvaziar a mente.
Mas sua cabeça se recusava a cooperar. Enquanto estava lá, sem ver nada, sem falar com ninguém e oferecendo suas preces, pensamentos que ela tentava ignorar apenas continuavam girando dentro de sua cabeça.
—Hamel.
As palavras que Moron tinha dito mais cedo naquela manhã.
—Sobre a Era Mítica que você recordou, não havia nenhum rastro de nós?
Moron parecia estar ansioso para ouvir um sim.
E não era só Moron. Sienna também tinha reagido de forma semelhante. Se algo como o destino tivesse ultrapassado suas vidas e até mesmo o tempo e o espaço para reunir os três, então eles deviam ter um destino verdadeiramente poderoso.
No entanto, Kristina não conseguia sentir empatia por sua empolgação. Ela também não tinha tais esperanças.
Isso porque, no caso de Kristina Rogeris, não havia como sua alma ter existido naquela Era Mítica.
Kristina estava bem ciente do motivo dessa verdade.
Seu corpo era um clone artificial da Fiel Anise. E a alma que havia sido colocada dentro desse corpo foi criada processando artificialmente a alma de um recém-nascido que havia sido abandonado na frente de um mosteiro há vinte anos.
Para melhorar o desempenho de sua Arma Sagrada, os restos da Anise foram incorporados ao corpo do clone. Muitas coisas foram adicionadas, subtraídas e misturadas para aumentar a compatibilidade entre o corpo e a alma.
Não havia como tal alma ter existido na Era Mítica. Como poderia a alma de um bebê recém-nascido abandonado — que tinha sido distorcida até quase nada do original restar — ter existido na Era Mítica? Poderia até mesmo ser verdadeiramente chamada de sua alma?
[A angústia que você está sentindo é bem engraçada,] Anise riu em meio aos pensamentos preocupados de Kristina. [Kristina, perdoe minha grosseria, mas os pensamentos com os quais você está tendo dificuldades agora são simplesmente sem sentido.]
“Irmã…?” Kristina questionou chocada.
[Por que você não me toma como exemplo?] Anise sussurrou. [Kristina, pelo menos sua alma nasceu como um bebê depois que o mundo ouviu seu choro. Minha alma nem mesmo teve isso. Minha alma foi tirada de um feto que nem mesmo tinha características humanas, muito menos a capacidade de chorar.]
O feto tinha sido transplantado para o útero de uma Encarnação artificial da Luz. Todo tipo de magia sagrada e comum da época foi usada para acelerar o crescimento de Anise no útero, pulando o tempo que um humano normalmente levaria para nascer.
[Então eu sou um caso semelhante ao seu. Falando francamente, eu sou ainda mais confusa do que você. Mas isso realmente importa, Kristina? Não importa o quão brilhante a era anterior tenha sido, ela já caiu. E agora esta é a nossa era,] Anise afirmou com confiança.
“Isso realmente não importa para você de jeito nenhum, Irmã?” Kristina perguntou após alguma hesitação. “O fato de nossas almas não poderem ter existido no passado distante, já que as almas atualmente residentes dentro de nós são completamente artificiais? Isso significa que somos as únicas que não fazem parte do destino que foi ligado ao Sir Eugene…”
[Destino?] Anise repetiu ceticamente.
“Não… é o caso?” Kristina respondeu hesitante. “Sir Eugene é o Herói. Além disso, no passado antigo, ele foi adorado como Agaroth, o Deus da Guerra. Nessas circunstâncias… a razão pela qual o Sir Vermouth escolheu reencarnar o Sir Eugene deve ser porque ele sabia sobre a vida passada do Sir Eugene.”
[Claro, isso teria que ser o caso,] concordou Anise.
“Também ouvi a história do Sir Eugene — sua história sobre Agaroth, o Deus da Guerra. Naquela história… quando o ouvi mencionar a Sábia e o Deus dos Gigantes, eu não pude deixar de tremer e soltar um suspiro,” Kristina admitiu.
Anise se solidarizou com ela, [Eu sei como você se sentiu naquele momento, Kristina. Certamente, a Sábia e o Deus dos Gigantes realmente me lembram a Sienna e o Moron.]
Kristina confessou, “Essa revelação me afligiu, entristeceu e assustou. Junto com o fato de que nossas almas podem nem mesmo ter existido durante essa era. Além disso… hm… talvez…”
Anise viu direto através dela, [Você está pensando na Santa do Deus da Guerra. Você está com medo de que de alguma forma sejamos a reencarnação da Bruxa do Crepúsculo?]
Ao contrário de Kristina, Anise foi capaz de enfrentar esse medo diretamente com um sorriso.
Quando Kristina hesitou, incapaz de responder imediatamente, Anise continuou falando com ela em um tom suave, [Em vez de se preocupar com isso, não seria bastante impressionante se fôssemos parte da Bruxa do Crepúsculo? Isso significaria que, mesmo depois de transcendermos o tempo e o espaço, ainda conseguimos permanecer ao lado da mesma pessoa.]
Kristina protestou, “Mas a Bruxa do Crepúsculo era má—”
[O que os crimes de nossa vida passada têm a ver conosco? Não é como se tivéssemos cometido esses mesmos pecados no presente. Além disso, Kristina, posso lhe dizer com certeza que não somos a reencarnação da Bruxa do Crepúsculo,] revelou Anise.
Kristina ficou surpresa, “Hã…?”
[Estou dizendo que nem você nem eu somos a reencarnação de ninguém. Sim, como você deve ter suspeitado, como criações artificiais, nossas almas não existiam no passado. Portanto, nunca poderíamos ter sido a Bruxa do Crepúsculo,] afirmou Anise firmemente, ainda falando no mesmo tom suave.
Enquanto ouvia essas palavras diretas, os lábios de Kristina se abriram inconscientemente. Ela desmoronou em choque, incapaz de manter sequer sua posição de joelhos, quanto mais continuar rezando.
[Por que você está tão surpresa?] Anise perguntou divertida. [Você também não suspeitou disso em certa medida?]
“Hm… ah…” Kristina ficou sem palavras.
Anise a ordenou, [Escute atentamente, Kristina. Não dê atenção a coisas que não importam, como se tivéssemos ou não vidas passadas. Aqui e agora, somos nós que estamos aqui. Isso é tudo que você precisa saber.]
Kristina entendeu o ponto que Anise estava tentando fazer, mas não conseguia superar seu choque tão facilmente.
Anise continuou, [Em nossas vidas passadas, não tínhamos nada a ver com Agaroth. Agaroth não sabia de nós. Mas por que diabos isso deveria importar? Aquele que conhecemos e seguimos por tanto tempo não é Agaroth. Kristina, vire a cabeça e olhe para o lado.]
Ela não sabia por que estava sendo instruída a olhar para o lado, mas Kristina ainda assim fez o que lhe foi dito e virou a cabeça.
[….]
Mas não havia nada lá. A figura de Eugene, que momentos antes estava ocupado nivelando o chão e cavando uma nova sala, não estava em lugar algum.
[Onde diabos esse maldito foi nesse curto período de tempo…?] Anise rosnou de frustração.
Anise tinha arranjado as coisas para que o olhar de Kristina repousasse no rosto de Eugene no momento certo, mas onde diabos ele tinha ido?
Sentindo a fria raiva vindo de Anise, Kristina se levantou lentamente e chamou.
— Sir Eugene? Você está aí?
Não houve resposta. Em vez disso, o som de ar se partindo pôde ser ouvido vindo de fora da caverna. Com um palpite sobre o que estava acontecendo, Kristina saiu da caverna.
Fora da caverna, Eugene estava balançando uma espada de madeira.
Era apenas uma espada de madeira, uma verdadeiramente comum. Ele nem estava usando uma gota de mana. As chamas da Fórmula da Chama Branca também estavam ausentes. Com apenas seu corpo nu e sua força física, Eugene estava balançando uma espada de madeira.
No entanto, Kristina e até mesmo Anise não conseguiam ficar calmas diante da visão de sua figura.
Mesmo que Eugene estivesse apenas balançando a espada, sem sequer imaginar alguém como seu oponente — e era apenas uma espada de madeira sem uma única borda afiada — cada balançada parecia fazer o mundo tremer. A vontade extremamente concentrada de Eugene estava criando uma ilusão que seguia o caminho de sua espada de madeira.
— Hah. — Eugene parou de balançar a espada e levantou a cabeça.
Embora o dia estivesse frio, e ele tivesse balançado a espada por um curto período de tempo… o suor já estava escorrendo na testa de Eugene.
Com um sorriso sem jeito, Eugene enxugou o suor de sua testa e explicou.
— Enquanto eu estava no meio do trabalho, tive um pensamento sobre a espada e senti vontade de balançá-la algumas vezes.
— … — Kristina ficou em silêncio.
— E você? Por que parou de rezar e veio para cá? Não é mais cedo do que o habitual para você? — Eugene perguntou.
Kristina ainda não conseguia dizer uma palavra.
Seus olhos, que estavam seguindo a trajetória da espada de madeira, agora estavam vagando pelo corpo de Eugene. Devido ao aumento do calor de seu corpo, uma fina camada de vapor se erguia da pele de Eugene. À medida que seu rosto ligeiramente suado se virava para ela com um sorriso, Kristina sentiu que não poderia ter imaginado uma visão mais romântica.
Naquele momento, todas as preocupações que a estavam atormentando até agora desapareceram.
No final, era exatamente como Anise havia dito. E daí se ela não tinha uma vida passada? E daí se ela não tinha nada a ver com Agaroth? E daí se não estivessem ligados pelo destino?
Por que diabos isso deveria importar? Kristina estava ali, agora, com o homem que a havia salvado e dito que sempre a veria como ela mesma, e atualmente, eram apenas os dois se encarando.
— … — Kristina silenciosamente juntou as mãos e ofereceu uma prece.
Eugene não entendia por que Kristina tinha começado a rezar repentinamente para ele.
Anise se perguntava o que fazer sobre Kristina, que não tinha conseguido se livrar de suas preocupações apesar de sua persuasão apaixonada, mas imediatamente perdeu todas as suas preocupações no momento em que viu Eugene encharcado de suor…
[Ahem…] Anise apenas pensou que era uma sorte não ter feito nenhuma promessa com Sienna.