Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 392
Capítulo 392
Triunfo (6)
O que mais Eugene ganharia ao pedir isso nesta assembleia?
Dinheiro? Ele já tinha mais do que suficiente. Frequentemente, as coisas mais preciosas e necessárias não podiam ser compradas, não importa quanto ouro alguém possuísse. Portanto, a ideia de precisar de mais riqueza nem passou pela mente dele.
O mesmo se aplicava a tesouros. Sem mais Corações de Dragão disponíveis no mercado, os Exids, os tesouros nacionais de Shimuin, eram inatingíveis. Mesmo assim, ele não os havia pegado emprestados para uso pessoal; ele achava o apoio de Ramira mais benéfico.
“Alguém encontrará um uso para eles se os conseguirmos”, pensou Eugene.
Ele conseguia pensar em várias pessoas no clã Lionheart que poderiam fazer um uso melhor dos Exids. Graças ao Exid que Ortus lhes emprestou, Carmen foi poderosa o suficiente para enfrentar de igual para igual a Rainha Demônio da Fúria. Gilead e Gion também se beneficiariam deles, ou talvez Cyan e Ciel, cuja mana ainda não atingira o ápice, ao contrário da geração mais antiga.
Materialmente, Eugene não carecia de nada. Ele já possuía um arsenal de armas e recebia amplo suporte em mana.
Ele já contava com três tipos de ajuda para mana: a amplificação do Akasha, a aceleração computacional da Mer e o suporte na forma de Coração de Dragão e Dracônico da Ramira. Com a capacidade adicional da Proeminência, ele poderia lutar com todo o seu poder por dias a fio, contanto que sua mente aguentasse.
Assim, ele buscava algo além de posses materiais.
— Hmm… — Grunhiu o Imperador Straut II, incapaz de encontrar palavras para falar.
Um pedido do Herói… para colocar seu pedido acima dos decretos reais era semelhante a pedir autoridade ultralegal.
“É excessivo”, o imperador não pôde deixar de pensar.
Mesmo o imperador de um império não estava acima de suas leis, a menos, é claro, que fosse um déspota. A menos que fosse um tirano, ainda precisava manter e seguir as leis de sua nação. No entanto, se necessário, ele poderia contornar barreiras legais e procedimentais invocando seu decreto imperial.
“Mesmo que ele seja o Herói… Conceder tais privilégios a um indivíduo seria…”
É claro que era um eufemismo rotular Eugene Lionheart como um simples indivíduo. Mas mesmo assim, conceder tal privilégio era simplesmente demais, não era?
— Eugene… Suponha que você peça apoio ao se preparar para enfrentar um Rei Demônio ou um inimigo de calibre semelhante. Nesse caso, priorizarei seu pedido acima de tudo. — Declarou o Imperador Straut II.
Eugene não o esbofetearia ou bateria nele na frente de todos ali, certo?
O imperador continuou observando a expressão de Eugene se desfazer em tempo real.
— Claro… Mesmo que não esteja relacionado à mobilização de nossas forças, se o seu pedido for razoável e necessário… estou disposto a concedê-lo. Mas pular diretamente para ter que pedir—
— Yuras não tem objeções. — Interrompeu o Papa Aeuryus antes que o imperador pudesse terminar. — Ó, Herói da Luz. Você é a encarnação da luz divina nesta terra, um representante da Luz. Se deres o comando, este humilde servo obedecerá com prazer, sem objeções. — Declarou solenemente.
O velho teria perdido completamente a sanidade? Ele estava realmente fazendo tal proclamação, não em particular, mas em uma reunião cheia de tantas pessoas? O Imperador Straut II encarou o papa com incredulidade.
“Isso deveria te colocar em apuros, jovem maldito”, o papa pensou enquanto lançava um sorriso benevolente ao imperador.
Sua fé na Luz e no Herói era genuína. Se Eugene desejasse, o papa teria oferecido sinceramente toda Yuras. No entanto, em vez de implicar apenas Yuras, seria ainda melhor se o Império Kiehl e outras nações de força semelhante fossem feitas para dançar conforme a música de Eugene.
— Se necessário, Ruhr também prometerá seu apoio. — Declarou Aman após um momento de contemplação.
Não parecia haver motivo para ele não prometer. Aman aceitou o pedido de Eugene com uma graça quase casual. Embora a autoridade que Eugene buscava fosse além da de um monarca, ele ousaria usar mal para limpar seus pecados depois de cometer crimes em Yuras? Ele levantaria um exército para uma rebelião?
— Não há motivo para não conceder o pedido de um amigo. — Disse Ivatar com um riso.
Observando os eventos se desenrolarem, Daindolf também deu um aceno de concordância. — Aroth fará o mesmo.
A expressão do Imperador Straut II se contorceu em evidente desprazer.
Yuras era um império de loucos que mantinham sua fé acima de sua lei. Ruhr havia provado o poder de seu Rei Corajoso fundador, e não importava o quão valoroso Eugene pudesse ser, ele não ousaria desafiar o Corajoso Moron, não é?
“Então, e quanto a vocês dois!” Pensou o imperador. Frustração era evidente em seus olhos.
Aroth era seriamente audaciosa. Aroth era uma monarquia simbólica onde o verdadeiro governo estava no parlamento.
Então, que semblante de decreto real poderia vir de lá, além de escolher as flores do jardim de Abram?
E depois havia aquele nativo da Grande Floresta. Que leis poderiam existir naquela floresta remota? O líder de uma mera tribo presumiria ter a mesma autoridade de um imperador?
— Shimuin também se comprometerá. — Disse Oseris, sua postura antes trêmula agora transformada. Sua declaração seguinte foi entregue com um sorriso sarcástico semelhante ao que o imperador havia usado momentos antes. — Por que você simplesmente não cumpre também?
O Imperador Straut II lançou-lhe um olhar severo.
— Você acredita que o Herói, Sir Eugene, abusaria da autoridade real? — Perguntou Oseris.
Considerando a situação, Oseris tinha o mesmo pensamento do papa. Agora que as coisas haviam chegado tão longe, ele não estava disposto a afundar sozinho. Embora sob circunstâncias normais ele devesse estar mais preocupado com as reações do imperador, neste cenário, prometer cooperação com o Herói era tão bom quanto formar uma aliança entre nações.
— Se o pedido for razoável… e não desafiar a moralidade… — O Imperador Straut II começou.
Apenas para ser rapidamente interrompido por Eugene, muito para o desânimo do imperador.
— Eu serei o juiz disso.
Molequinho, por que você está agindo tão rígido quando vai se curvar de qualquer maneira?
“É assim que você quebra, maldito.” Eugene deu um sorriso mental.
Ele fez um leve gesto em direção ao seu manto, após o qual Mer e Ramira surgiram de suas dobras, cada uma segurando uma caixa. A visão era quase surreal.
Duas donzelas haviam surgido de uma simples peça de roupa.
Embora a maioria reconhecesse Mer por sua semelhança com Sienna, Ramira atraía olhares perplexos, dados os chifres de cervo coroando sua cabeça e uma gema embutida na testa.
— Por favor, abram-nos. — Instruiu Eugene.
As caixas foram colocadas diante dos monarcas. O papa, sendo o primeiro a abrir a dele, arfou de espanto. — O que é isso…?
Dentro da caixa havia três bandeiras, cada uma adornada com o emblema de um leão negro.
— Não seria mais conveniente para ambos? — Eugene começou, seu olhar se fixando nos governantes reunidos. — Seria um pecado eu constantemente pedir favores, especialmente daqueles absorvidos nos assuntos de sua nação. Usar essas bandeiras como símbolo de nossa promessa seria mais eficiente.
De fato, ele buscava contornar a própria noção de pedir.
O imperador abriu a caixa à sua frente, ainda usando uma expressão de completa incredulidade. Dentro havia seis bandeiras. Era verdadeiramente uma demanda audaciosa ter essas designadas como selos imperiais…
Suspirando profundamente, o imperador pegou uma das bandeiras.
— Muito bem.
Eugene sentiu uma pontada de satisfação. Ele havia encomendado essas bandeiras a Gondor, prevendo que poderiam ser úteis em uma reunião com os governantes do continente. Ele estava feliz por ter se preparado com antecedência.
“Agora, as coisas serão muito mais fáceis aonde quer que eu vá”, Eugene refletiu.
Com um simples aceno dessas bandeiras, ele poderia apagar qualquer registro de uso dos portais de teletransporte em Kiehl. Ele poderia até mesmo usar a inteligência do império em vez das guildas de informação ou chamar espiões escondidos em outras nações, se necessário.
“Existem limitações para obter informações sobre Helmuth usando apenas guildas”, Eugene pensou.
Tais guildas eram movidas pelo lucro, e como tal, priorizavam o valor das informações sobre qualquer tipo de lealdade ou ética. Como tal, as informações que negociavam eram geralmente de alta qualidade, mas as guildas não estavam inclinadas a obter informações ao custo de suas vidas.
No entanto, as agências de inteligência nacionais operavam com lealdade, orgulho nacional e crenças. A inteligência que Eugene desejava só poderia ser obtida de espiões que ousassem enfrentar a própria morte.
— Que tal uma redução de impostos? — Eugene arriscou, pegando sua parte das bandeiras e lançando um olhar de soslaio ao imperador. — O clã Lionheart já paga uma quantia considerável em impostos, afinal.
Um ruído de trituração ecoou entre os dentes cerrados do imperador. Gilead limpou a garganta de forma constrangida. — Pagar impostos é um dever que todo cidadão do império deveria seguir naturalmente.
— Bem, pagar menos seria melhor… não pagar nada seria o melhor. — Disse Eugene.
Krrr…
A paciência do imperador diminuiu, e ele quase retrucou.
“Você pediria o trono em seguida?” Mas ele engoliu sua exasperação e a vontade de fazer um comentário sarcástico. Ele temia que sua pergunta fosse realmente posta em prática.
— Vou discutir isso. — Disse o Imperador Straut II, fazendo o melhor para evitar dar uma resposta direta.
Eugene não insistiu no assunto.
* * *
Quando a conferência terminou e emergiram nos jardins do palácio, Eugene descobriu que os amplos terrenos haviam sido lindamente transformados.
Uma grande e ornamentada fonte jorrava água que reluzia como luz dourada. Enquanto admirava o brilho da fonte, seu olhar pousou involuntariamente no papa.
— Não é. — Gaguejou o papa com um susto.
Em resposta, Eugene murmurou com os olhos fixos nas águas da cascata.
— Fonte da Luz.
O papa decidiu ficar em silêncio.
— Oh… O que diabos? — Eugene xingou.
O pano de fundo da bela fonte destacava o majestoso Leão de Platina. Os chefs do palácio se moviam freneticamente, enchendo as mesas com iguarias. A cada passo de Melkith, a grama e a terra do jardim se transformavam em mármore suave.
— Ela vai devolvê-lo ao seu estado original depois. — Daindolf confortou Oseris, que tremia.
Não era apenas Melkith que tinha entrado para remodelar o jardim. Lovellian e Hiridus também teciam incansavelmente sua magia para ajudar na transformação dos jardins do palácio.
As paredes do jardim se elevaram e formaram um teto que se estendia até os céus. Através da magia dos magos, esse teto se transformou em vidro translúcido, sobre o qual pintaram uma variedade de estrelas coloridas. Velas mágicas que mudavam de cor gradualmente adornavam a área, criando uma atmosfera serena. O chão de mármore foi então coberto com carpetes felpudos.
À medida que o jardim se metamorfoseava em um salão de baile, os principais membros da força expedicionária mudaram para trajes condizentes com um grande banquete. Eugene não foi poupado. Ele inicialmente resistiu, afirmando que seu uniforme atual era adequado, mas tanto Kristina quanto Anise não quiseram ouvir falar disso.
— Você sempre veste o mesmo uniforme. Uma ocasião como essa pede algo diferente. — Disse Sienna.
Ela havia esperado que esta noite pudesse proporcionar uma oportunidade de aprofundar seu relacionamento com Eugene. O vestido que ela escolheu era tão sedutor que parecia ligeiramente demais, mesmo para seus padrões. Isso a fez pausar. Ele revelava mais do que escondia, e suas costas estavam essencialmente completamente nuas…
Sienna teve vontade de trocar de vestido.
Mas ela se conteve. A ideia de exibir tal vestimenta, especialmente as costas expostas, era profundamente constrangedora para a Sábia Sienna. Além disso, ela desejava mostrar tal vestido apenas a Eugene e a mais ninguém.
Ciel, por outro lado, nem teve a chance de escolher seu próprio vestido. Durante os preparativos para o banquete, sua mãe, Ancilla, segurava as lágrimas enquanto acariciava a área ao redor dos olhos de Ciel. Embora Ciel tentasse tranquilizar sua mãe de que tudo estava bem, ela teve que suportar preocupações semelhantes de Gilead, Gion e Cyan quando apareceram.
Quando a conversa de consolo chegava ao fim, Cyan foi abordado por Aman.
— Eu deveria ter trazido Ayla. — Aman repreendeu.
— Ah… Sim… Hahaha… — Cyan gaguejou constrangido.
— Ayla fala muito de você. Vocês dois se correspondem por cartas? — Perguntou Aman.
— Sim… De fato. Sua Alteza sempre deseja uma resposta… — Disse Cyan.
— Você não precisa chamá-la de ‘Sua Alteza’ toda vez. Chame-a confortavelmente. Como você a chama em suas cartas pessoais? — Perguntou Aman.
— O quê…? Uh… Eu costumo chamá-la de princesa… — Respondeu Cyan.
— Não há necessidade disso. Sabe, ela não sente que esse título é algo especial devido ao seu uso frequente. Deixe-me te contar algo especial sobre ela. Ayla… — Aman se inclinou e sussurrou. — Ela adora ser chamada de ‘pequena corça’.
Silêncio se seguiu a essa revelação.
— Ela gosta de ser chamada de ‘coelhinha’ também. — Aman continuou.
Cyan engoliu em seco.
Ele havia conhecido a Princesa Ayla de Ruhr anteriormente. De fato… com seus grandes olhos inocentes, os apelidos ‘pequena corça’ ou ‘coelhinha’ se adequavam perfeitamente à adorável e bela Ayla. Era difícil acreditar que essa delicada garota era descendente do formidável Rei das Bestas.
Havia apenas um problema. Ela era grande.
Na tenra idade de onze anos, ela era grande, inadequada para sua idade. Mesmo naquela época, a diferença de altura entre ela e Cyan era mínima. Do que Cyan se lembrava… a Ayla de onze anos era comparável ou mais alta do que a Ciel de dezessete anos.
“Quando ela crescer ainda mais….”
Com esse pensamento, Cyan enxugou o suor frio da testa e lançou um olhar furtivo para seu possível sogro, Aman.
Para Cyan, Aman parecia tão grande quanto um gigante, e era fácil imaginar uma Princesa Ayla igualmente imponente olhando para ele de uma altura imensa.
— Quando você preferiria que o casamento fosse? — Aman perguntou subitamente.
— Perdão… o quê? — Perguntou Cyan, completamente surpreso.
— Eu disse. Minha filha parece ter desenvolvido um forte apreço por você. Você não sente o mesmo por Ayla? — Questionou Aman.
— Bem… Dada a idade da princesa… — Cyan respondeu apressadamente.
— Então o que você acha de morarem juntos primeiro e adiarem a cerimônia? — Perguntou Aman.
— O quê…? — Cyan perguntou, chocado.
— Ah, não se preocupe. Não tenho a intenção de pedir para você se mudar para Ruhr. Seria absurdo trazer você, o herdeiro da família Lionheart, para Ruhr como meu genro. O que acha de eu enviar Ayla para a propriedade Lionheart? — Perguntou Aman.
O rosto de Cyan ficou visivelmente pálido.
— Isso… Isso não cabe a mim decidir. Devemos respeitar os desejos da Princesa Ayla… — ele respondeu, pensando apressadamente em desculpas para rejeitar a proposta.
— Hahaha! Meu genro, você me leva por um pai sem coração que ignoraria os desejos de sua filha querida? Estou dizendo isso porque só ouço ‘Cyan isso’, ‘Cyan aquilo’. Ela não consegue parar de falar sobre você! — Exclamou Aman em voz alta.
O que diabos a Princesa Ayla viu em mim? Cyan se perguntou. Ele genuinamente não conseguia entender a razão dessa paixão. Até o final dos preparativos para o banquete, Cyan teve que suportar as infindáveis exibições de orgulho de Aman sobre a Princesa Ayla.
Enquanto Sienna discretamente trocava para um vestido mais refinado, ela sentia uma mistura de arrependimento e alívio ao ver o vestido de Melkith, com cortes profundos, revelando não apenas as costas, mas também descendo pelo peito.
Ciel usava um vestido branco imaculado condizente com seu apelido — Rosa Branca — enquanto Eugene era coagido a usar um terno abafado pelas Santas. Ironicamente, essas mesmas Santas não haviam trocado suas vestes de sacerdotisas.
— Por que vocês não mudaram de roupa? — Eugene questionou.
— Hamel, você já me viu usar algo diferente mesmo trezentos anos atrás durante um baile? — Retrucou Anise.
Eugene não conseguiu superar a desculpa aparentemente bem-preparada.
O salão de baile estava pronto, as roupas haviam sido trocadas, e o clima estava animado. No entanto, as festividades ainda não podiam começar.
— Surpresa!
Como se estivessem esperando o momento oportuno, um convidado indesejado irrompeu na cena.