Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 374
Capítulo 374
O Rei Demônio da Fúria (8)
Tinha acontecido bem na frente dele. Os olhos atordoados de Eugene se abriram de repente. Seu corpo, que tinha sido empurrado para trás, inclinou-se para frente mais uma vez.
Uma massa de escuridão havia aparecido do nada, transformando-se em um pico afiado que se cravou no olho esquerdo de Ciel.
— Ciel. — Eugene chamou inconscientemente o nome de Ciel. Então, rapidamente estendeu a mão.
Fsssssh!
O pico cravado em seu olho dissolveu-se em cinzas e desapareceu.
Eugene rapidamente puxou Ciel para examiná-la. Felizmente, o ferimento era superficial.
O ataque surpresa foi feito usando o poder do Olho Demoníaco de Iris. Ela deve ter mirado na cabeça de Eugene. No entanto, o ataque acabou sendo muito mais superficial do que a Rainha Demônio tinha pretendido.
O ataque surpresa não teve tanto poder por trás, então foi transformado em um pico que concentrava todo o seu poder em um ponto. Sua intenção deve ter sido destruir não apenas o globo ocular, mas também o cérebro; felizmente, isso também não ocorreu como a Rainha Demônio tinha planejado.
Ele não sabia o motivo para isso. O que poderia ter causado o ataque superficial da Rainha Demônio era um mistério. Mas Eugene não estava curioso sobre a resposta para essa pergunta. Em vez disso, Eugene examinou apressadamente a ferida de Ciel.
Desde que se conheceram pela primeira vez, Ciel sempre teve os característicos olhos dourados do clã Lionheart. Mas agora, um desses olhos não podia mais ser visto.
Eugene começou a tremer. Procurando em seu manto, ele tirou diferentes tipos de poções. A água benta que havia recebido de Kristina e Anise e um elixir precioso até mesmo pelos padrões do clã Lionheart.
Sem saber o que dizer, Eugene permaneceu em silêncio. Mastigando com força seu lábio inferior, Eugene esvaziou completamente a água benta e o elixir em sua órbita ocular esquerda, agora vazia. Enquanto fazia isso, também verificou o pulso de Ciel.
Ela estava viva. Embora fraco, o pulso de Ciel ainda estava batendo. Isso aliviou Eugene.
Apesar de querer, Eugene não perguntou: ‘Por que não foi comigo?’
Não havia necessidade de fazer essa pergunta; estava claro por que Ciel fez o que fez. Agora, Eugene não estava em um estado adequado para responder adequadamente a tal ataque. Isso ainda era verdade mesmo agora. A Espada do Luar, fora de controle, consumiu muito da mana de Eugene.
Enquanto ficava selvagem, ela até conseguiu afetar Mer e Ramira, que estavam escondidas dentro de seu manto.
Eugene normalmente conseguia usar sua mana com tal consumo imprudente por causa do excepcional controle de mana que herdara de sua vida anterior, não apenas por suas vastas reservas. Suas grandes reservas não eram apenas devido às peculiaridades de como ele desenvolveu a Fórmula da Chama Branca. Ele também tinha que agradecer a Mer por isso, já que ela o ajudava a usar sua mana de maneira mais eficiente, e ele também podia extrair a mana dos Corações de Dragão de Akasha e Ramira.
Tanto Mer quanto Ramira tinham perdido a consciência durante o surto da Espada do Luar. Então, enquanto girava a Espada do Luar em um estado quase de morte, Eugene não apenas consumiu toda a sua mana, mas também sofreu danos em suas Estrelas.
Permanecendo em silêncio, Eugene abraçou Ciel com força. Embora não houvesse muita utilidade em dizer qualquer coisa a ela, já que ela estava inconsciente, Eugene ainda sussurrou baixinho no ouvido de Ciel:
— Obrigado.
Sua voz estava cheia de sinceridade. Carregando Ciel em seus braços, Eugene se levantou. Virando a cabeça para olhar através de Ciel, ele viu Dezra parada em choque.
— S-Senhorita Ciel. — Dezra gaguejou, coberta de sangue.
O sangue não era dela. Ele espirrou durante suas batalhas anteriores. Sem nem mesmo limpar o sangue de suas bochechas, Dezra começou a soluçar. Eugene caminhou silenciosamente até Dezra.
— S-Senhorita Ciel, ela está bem, certo? — Dezra implorou.
Mas Eugene não pôde responder à pergunta vacilante dela.
O olho esquerdo de Ciel… estava perdido. Felizmente, ela não morreu, e além de perder o olho, não tinha mais nenhum ferimento.
No entanto, eles ainda não podiam relaxar. Embora Eugene tivesse usado água benta e um elixir para fazer os primeiros socorros, ela ainda precisava do milagre de um sacerdote de alto nível para curar completamente a ferida de qualquer mancha demoníaca.
Por sorte, havia uma Santa neste campo de batalha. Como tal, tudo ficaria bem.
Embora a magia sagrada de Kristina ainda não estivesse no mesmo nível que a de Anise, se não agora… então algum dia, eles definitivamente seriam capazes de regenerar seu olho, isso mesmo, algum dia.
Grk.
Eugene rangeu ferozmente os dentes.
Os ombros de Dezra tremiam enquanto ela assumia o comando de Ciel.
V-Você… está bem? — Dezra perguntou em um tom temeroso.
Embora ela já tivesse visto Eugene ficar com raiva várias vezes antes, a expressão que ele estava mostrando agora era…
Não, isso realmente era uma expressão de raiva? Dezra não conseguia entender completamente que tipo de emoções Eugene devia estar sentindo, mas sentia que não era apenas uma simples mistura de intenção assassina e raiva.
— Não, eu não estou bem. — Eugene admitiu.
Não era raiva, ódio ou intenção assassina. O que Eugene estava sentindo no momento era um auto-ódio extremo e pesado.
Como diabos as coisas haviam chegado a esse ponto? Embora ele estivesse preparado para a luta que naturalmente viria ao enfrentar a Rainha Demônio, as coisas terminaram assim não porque a Rainha Demônio era forte demais para ele.
— Eu sou um tolo. — Murmurou Eugene.
Era porque ele não tinha conseguido controlar adequadamente a Espada do Luar. Sua mente quase tinha sido varrida pelo surto da Espada do Luar, e embora ele mal tivesse conseguido manter seus sentidos, ainda não tinha sido capaz de controlar adequadamente seu corpo.
— Um maldito tolo. — Eugene xingou.
Quanto mais pensava sobre isso, mais auto-ódio ele sentia. Enquanto moía os dentes, Eugene encarou a Espada do Luar, onde ela tinha caído no chão.
Ele já sabia o quão perigosa era a Espada do Luar desde muito tempo atrás. No entanto… nunca pensou que seu perigo se manifestaria assim. Depois de finalmente respirar fundo, Eugene pegou a Espada do Luar.
Ao contrário de antes, a Espada do Luar não emitia luz enquanto ele a segurava na mão. Embora, se despejasse um pouco de sua mana, provavelmente começaria a emitir luz.
No entanto, Eugene tinha a sensação de que… não deveria tentar fazer isso. Em seu estado atual, se ele se envolvesse novamente no surto da Espada do Luar, parecia que algo irreversível poderia acontecer. Então, Eugene apenas rangeu os dentes com força e enfiou a Espada do Luar dentro de seu manto.
— Vá para a retaguarda. — Eugene ordenou enquanto começava a andar para frente.
Seus Núcleos pulsavam, mas a Fórmula da Chama Branca ainda se ajustava, e as Sete Estrelas começavam a se mover de acordo com a vontade de Eugene.
Vroooom!
Embora o esgotamento de suas principais reservas de mana fosse enorme, Akasha ainda tinha mana da qual ele poderia extrair.
[Ugh….]
Ramira e Mer também estavam recobrando os sentidos. Não era necessário que Eugene dissesse algo para explicar a situação a elas. Ambas podiam sentir o que Eugene estava sentindo. Ao adicionar sua mana à dele, o fluxo de sua Fórmula da Chama Branca tornou-se ainda mais intenso.
Na frente, a batalha ainda continuava. Dentro de uma nuvem pulsante de pode negro, a luz de explosões de poder divino e magia explodia uma após a outra.
A Espada Sagrada, que tinha sido sufocada pela Espada do Luar, voltou a brilhar.
A mão esquerda de Eugene se moveu em direção ao peito.
Chamas negras irromperam no ar.
* * *
Foi uma boa coisa ela ter vindo para o mar.
Scalia sinceramente sentiu assim. Ela não conseguiria correr solta na Ilha Shedor como estava agora.
Tarde da noite, quando não conseguia controlar seus impulsos, ela fora obrigada a vestir uma roupa ao contrário e sair sorrateiramente pelas ruas. Mesmo que já tivesse cedido para satisfazer seus desejos assassinos, não poderia simplesmente matar qualquer um. Felizmente, Scalia ainda tinha alguma forma de restrição em sua loucura.
Isso se devia à influência remanescente de sua natureza inata e das morais que lhe foram ensinadas. Ela não poderia simplesmente matar inocentes. Tinha que matar aqueles que tinham cometido um crime.
Claro, ela ainda não poderia matar qualquer pecador. Mesmo ao se entregar a seus impulsos e hobbies, ela ainda conseguia diferenciar o certo do errado, então selecionava cuidadosamente seus vilões antes de condená-los à morte.
No entanto, não havia necessidade de fazer tais distinções em um mar como este. Ela poderia simplesmente matar quem estivesse atacando-a. E, felizmente para ela, não eram apenas monstros que estavam atacando Scalia.
Posicionada na retaguarda, a luz do poder divino concentrado na frente era fraca, e o céu que tinha sido capturado dentro do domínio demoníaco de Iris estava sombrio e escuro, então sua batalha contra as criaturas horrendas que antes eram humanas o suficiente para deixar os de coração fraco insanos. Os loucos nascidos disso brandiam suas espadas contra qualquer um por perto, sem distinguir entre amigo e inimigo, ou pulavam no mar e para a morte deles.
Então, mesmo que todas as criaturas agora tivessem arrancado seus corações e morrido, a batalha continuava mesmo assim. Porque havia muitas pessoas que enlouqueceram ao ver a Rainha Demônio da Fúria ou pela propagação de seu pode negro.
“Ah, que bom”, Scalia pensou consigo mesma.
Apontar a espada para a família real era um pecado sério por si só. Portanto, não havia problema em ela matar aqueles que o fizeram. Scalia tirava grande prazer desse fato.
Girando sua espada, vendo alguém sangrar, a morte que se seguia a esse derramamento de sangue, e seguir em frente para matar outra pessoa, tudo isso a enchia de alegria.
De repente, Scalia teve uma realização. Ela deveria matar seu irmão no meio dessa confusão.
Desde jovem, ela nunca teve um bom relacionamento com seu irmão mais velho, Jafar Animus. Como a maioria de seus meio-irmãos, o Príncipe Jafar desprezava Scalia, cuja mãe era apenas uma concubina de baixo escalão.
Isso não parou quando ambos cresceram. Mesmo depois de Scalia ter se tornado adulta, o Príncipe Jafar ainda falava mal dela em festas nobres e outros eventos.
Embora Jafar mesmo nunca tivesse matado ninguém com uma espada em sua vida, isso ainda era verdade mesmo agora. O Príncipe Jafar era tão covarde que se escondeu no navio de evacuação desde o início da batalha.
“Vamos encontrá-lo e matá-lo”, Scalia decidiu. “Afinal, eu queria matá-lo há muito tempo.”
O campo de batalha atual estava cheio de confusão. Contanto que não houvesse testemunhas, ela deveria ser capaz de enterrar silenciosamente a morte de Jafar.
Mas testemunhas, hm, testemunhas… Sem interromper seus passos, Scalia se concentrou no que estava atrás dela. Mantendo sua distância, Dior ainda estava seguindo-a. Scalia clicou a língua.
“Como isso é irritante”, pensou em decepção.
Era um fato que Dior era seu ajudante. No entanto, Dior não era realmente leal o suficiente para se dedicar à proteção de Scalia, mesmo neste campo de batalha agitado. Até certo ponto, a razão pela qual Dior estava seguindo Scalia era apenas para ficar de olho nela.
“Maldito carrancudo”, Scalia xingou. “Não consigo dizer quais são suas verdadeiras intenções apenas continuando a observar sem relatar nada ao Sir Ortus….”
Deveria matar Dior também? Tendo tido essa ideia, Scalia estava clara sobre o que deveria fazer. Não havia necessidade dela sequer ponderar mais sobre a questão. Antes de seguir para o navio de evacuação, ela precisava matar Dior e jogá-lo no mar. Ela poderia continuar indo para o navio de evacuação depois disso.
No momento em que chegou a essa decisão, o corpo de Scalia congelou subitamente. Sua cabeça se ergueu para olhar o céu distante.
Dior se aproximou de Scalia para questioná-la com uma expressão suspeita.
— Vossa Alteza?
Ele estava se perguntando para onde ela estava indo, girando sua espada e rindo como uma louca, mas agora… ele não conseguia entender por que ela estava apenas parada lá sem reação.
— Há algum problema? — Dior perguntou enquanto se aproximava lentamente de Scalia.
No entanto, Scalia não respondeu aos chamados dele e continuou encarando o céu distante.
Dior inclinou a cabeça para olhar para o local no céu para o qual Scalia estava olhando. Contra a escuridão espessa, ele viu algo como… correntes envolvendo Eugene Lionheart.
— Correntes…? — Dior murmurou.
— Fique quieto. — Scalia sibilou.
Seus olhos se voltaram para Dior. Por um momento, Dior perdeu a consciência. Ele ficou lá com uma expressão vazia nos olhos antes de girar subitamente.
— Vossa Alteza, para onde diabos você está indo? — Dior questionou enquanto saía, perseguindo uma ilusão diferente da realidade.
Depois de enviar o humano problemático embora, Scalia ‘não’ Noir Giabella voltou a olhar para o céu.
Em Lehainjar, a consciência de Noir havia descido para possuir o corpo de Scalia. O íncubo que ela usou como catalisador naquela época morreu diante dos olhos de Eugene e Kristina, mas Demônios da Noite poderiam ser encontrados quase em qualquer lugar deste mundo.
Scalia tinha uma mente instável e sofria de pesadelos. Ao notar como Scalia estava reprimindo seus impulsos internos, Noir a empurrou para que Scalia começasse a agir em seus impulsos durante suas crises de sonambulismo e desenvolvesse esses impulsos em um hobby sádico.
Foi assim que Noir cultivou lentamente uma conexão entre elas. A princesa de Shimuin… Noir pensou que seria uma ótima identidade para brincar, e também poderia ser usada para vigiar as ações da fugitiva Iris.
Noir pensou consigo mesma enquanto olhava com os olhos estreitos para o céu, “Não pretendia intervir, mas…”
Embora fosse surpreendente que uma elfa negra como ela se tornasse uma Rainha Demônio, isso não significava que Noir tinha a intenção de se envolver nesta batalha para subjugar Iris ‘não’ a Rainha Demônio da Fúria. Em primeiro lugar, seu corpo real não estava ali no mar, mas de volta ao Parque Giabella, em Helmuth. Assim como da última vez, ela usara um dos Demônios da Noite, que a serviam como catalisador, para descer na forma de sua consciência.
Pensar que ela encontraria uma Rainha Demônio da Fúria recém-nascida ali. Noir estava indubitavelmente interessada em aprender mais, mas essa não era uma situação em que ela poderia intervir diretamente, nem tinha a força para fazer isso. Se a Rainha Demônio da Fúria conseguisse vencer esta batalha, então… certamente acabariam se enfrentando um dia, mas Noir havia decidido que esse não era o momento para tal confronto.
Além disso, Noir confiava em Hamel. Se fosse seu querido Hamel, ele deveria ser capaz de matar a Rainha Demônio da Fúria. Caso contrário, ele não estaria qualificado para desafiar Noir, muito menos o Rei Demônio do Encarceramento.
“Falando no Rei Demônio do Encarceramento… o que diabos ele deve estar pensando?” Noir se perguntou.
Ela examinou atentamente o desenrolar da batalha.
Se o Rei Demônio do Encarceramento não tivesse intervindo, a Rainha Demônio da Fúria já teria sido derrotada. Será que ele não queria que a Rainha Demônio da Fúria morresse?
Noir decidiu, “Não… não é isso. Rei Demônio do Encarceramento, será que você quer testar o querido Hamel? É isso? Essa batalha toda é um grande teste para o Hamel?”
Mesmo que ela pensasse dessa maneira, ainda não podia ter certeza de que era isso que o Rei Demônio do Encarceramento pretendia.
Embora ela realmente não achasse que fosse possível, mas se o Rei Demônio do Encarceramento pretendesse unir forças com a Rainha Demônio da Fúria para matar Hamel… Pode ser que não haja muito que ela possa fazer com este corpo, mas Noir ainda pretendia fazer o melhor que podia para ajudar Hamel a escapar. Porque ela sentia que seria muito injusto o Rei Demônio do Encarceramento, que já havia declarado que esperaria em Babel por Hamel, intervir diretamente nesta batalha dessa maneira.
No entanto, não parecia que haveria necessidade disso. Nesse caso, o que ela deveria fazer? Já que ela já havia descido para possuir Scalia, ela pelo menos deveria cumprimentá-lo depois que a batalha acabasse antes de retornar?
É claro que ela não sabia qual seria o resultado desta batalha. Talvez, apenas talvez, o Rainha Demônio realmente vença. Nesse caso, então… tudo bem, apenas por causa dessa possibilidade, ela ficaria por perto.
“Se o querido Hamel realmente morrer, pelo menos poderei derramar algumas lágrimas por ele,” Noir decidiu.
Embora seja lamentável se Hamel for derrotado e morto nesta batalha contra a Rainha Demônio da Fúria, se for o caso, então não há nada a fazer. Afinal, não seria apenas o destino dele se ele morresse por ser fraco?
No entanto, se ele vencer…
Enquanto imaginava esse cenário, Noir sorriu brilhantemente. Que tipo de parabéns ela deveria ir dizer a ele naquele momento?
— Oh, meu Deus. — Noir suspirou, suas reflexões foram interrompidas.
Ela assistiu ao poder do Olho Demoníaco de Iris perfurar o olho esquerdo de Ciel.
Ciel Lionheart, a jovem senhorita da família Lionheart que Noir conhecera no campo de neve. Isso não significaria que ela era uma membra preciosa da família de Hamel? Noir estreitou os olhos pensativamente enquanto se aproximava.
“Ela está viva. O ataque do Olho Demoníaco foi muito superficial. Ela tem sorte. Se a ajuda tivesse sido atrasada mesmo que ligeiramente, toda a sua cabeça poderia ter desaparecido”, Noir julgou.
A sobrevivência de Ciel devia-se à intervenção tardia de Sienna e Anise, que ainda estavam lutando na frente. O poder do Olho Demoníaco de Iris costumava se manifestar sem aviso prévio. Noir também foi atingida por esse ataque sombrio mais de uma vez.
Noir murmurou pensativamente, “A vida dela pode ter sido salva, mas… que infeliz, parece que ela perdeu o olho esquerdo?”
Os primeiros socorros já haviam sido administrados com água benta e um elixir. Eugene podia ser o mestre da Espada Sagrada, mas ele não conseguia usar magia sagrada. Como tal, esse era todo o tratamento que podia ser feito por enquanto. Como eles não podiam enviar a Santa para a retaguarda enquanto ela estava no meio da batalha contra a Rainha Demônio, Eugene deve querer derrotar a Rainha Demônio o mais rápido possível.
— Venha aqui. — Noir instruiu, mudando habilmente para uma expressão adequada enquanto se aproximava de Dezra.
A princesa Scalia tinha uma garrafa da Panaceia da família real escondida no bolso. A Panaceia havia sido deixada pelo dragão marinho que havia protegido Shimuin até alguns cem anos atrás, e em termos de seu poder de cura, era superior a qualquer água benta ou elixir. Ainda era impossível regenerar uma parte do corpo que faltava como um milagre de uma Santa, mas…
“Se ele ouvir que eu fui tão longe por ele, será que conseguirei receber alguns agradecimentos do Hamel?” Noir engoliu uma risada ao imaginar isso.
Pode não ter muito efeito, mas não era uma ótima maneira de mostrar seu cuidado por ele? Pode ser uma cura rara, da qual restavam apenas algumas garrafas na posse da família real, mas não era como se pertencesse verdadeiramente a Noir, então ela não sentia relutância em usá-la.
— Temos em posse a Panaceia da família real. Pode ser que já seja tarde demais, mas… pelo bem do clã Lionheart, usaremos a Panaceia nela. — Noir disse enquanto tirava Ciel dos braços de Dezra.
A Panaceia retirada de dentro de seu Exid estava na forma de um medicamento em pó armazenado em uma bolsa do tamanho de uma unha. Dando uma olhada rápida, Noir descobriu que o medicamento havia sido feito misturando vários ingredientes com o chifre de um dragão azul.
Com uma expressão solene condizente com a de uma princesa, Noir olhou para baixo para o olho esquerdo de Ciel, ou melhor, sua cavidade ocular afundada. Daqui para frente, Ciel seria forçada a usar um olho protético ou um tapa-olho.
“Coitada”, Noir pensou com simpatia.
Um pó azul claro foi polvilhado sobre Ciel.
* * *
Não havia gritos. Porque não havia nenhuma abertura para fazê-lo. Como ela não podia soltar um rugido, Carmen depositou todas as emoções que flutuavam em seu peito em seus punhos.
Carmen havia ensinado Ciel nos últimos anos. Ela havia ensinado a Ciel tudo o que podia sobre combate. No entanto, Carmen nunca a ensinara sobre o desespero de perder um dos olhos.
— Você…! — Carmen rosnou a palavra enquanto algumas de suas emoções escapavam.
Ela não podia se dar ao luxo de derramar lágrimas de raiva ou tristeza também. Porque no momento em que essas lágrimas aparecessem, sua visão ficaria turva.
Carmen torceu as costas. Mana explodiu do Coração de Dragão embutido no peito de seu Exid.
— Você! — Carmen rugiu enquanto girava e lançava seu punho para Iris.
As chamas que cobriam seu corpo fluíram para seu punho e explodiram bem na frente dos olhos da Rainha Demônio.
Rooooar!
Chamas misturadas com o pode negro de Iris. A Rainha Demônio recuou após a cadeia de explosões resultante.
Carmen soltou outro grito.
— Ortus!
Normalmente, Carmen sempre acrescentaria um ‘sir’ ao chamar Ortus, mas ela não podia prestar atenção nesse tipo de coisa agora.
Ortus também não se sentiu ofendido pela maneira abrupta como ela o chamou.
Ele havia se juntado à luta contra a Rainha Demônio há apenas alguns minutos. Desde que a batalha na retaguarda terminou, ele se apressou para se juntar a eles, mas… ele honestamente estava achando difícil seguir o fluxo da batalha.
— Sim…! — Ortus respondeu, tremendo involuntariamente de surpresa enquanto brandia sua espada.
Algo estava chegando, mas não parecia ser algo feito pela Rainha Demônio. De trás deles, algo se aproximava rapidamente. Mas de trás…? Não, não estava mais atrás deles.
Estava bem na frente deles.
Booom!
Como um cometa, veio voando enquanto arrastava uma longa cauda. Antes mesmo que alguém o registrasse, o cometa chegou ao centro da batalha e lançou a Rainha Demônio, que estava parada ali, voando.
— Sua vadia do caralho. — O leão rosnou de dentro de sua juba completamente negra.