Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 281
Capítulo 281
Balzac Ludbeth (1)
O vice-chefe havia morrido, e os chefes das outras tribos que conspiravam com ele tiveram todos os braços esquerdos arrancados em uma demonstração de camaradagem. Uma seção das muralhas da cidade também desabou, e alguns dos guerreiros que revestiam as muralhas próximas também foram apanhados no colapso e ficaram feridos.
Mesmo com tudo isso, nenhum dos guerreiros das tribos pensou em se rebelar contra Ivatar. Até mesmo os mais velhos da tribo, que provavelmente ficaram do lado do Vice-Chefe em sua ausência, cumprimentaram educadamente Ivatar e o resto do grupo.
Isso tudo porque Ivatar esmagou o Vice-Chefe em um duelo frontal antes de matá-lo, além de arrancar os braços dos outros chefes.
Embora este pudesse não ter sido o caso se fosse qualquer outro país do continente, as tribos desta floresta valorizavam a força acima de tudo. Assim, uma vez que Ivatar, que conquistou o direito de ser o sucessor do Chefe, mostrou a sua força matando o Vice-Chefe, que possuía um nível semelhante de legitimidade, era natural que não houvesse qualquer reação contra o seu governo.
“Ele é forte”, pensou Cyan enquanto reconsiderava Ivatar.
Embora, em primeiro lugar, Cyan nunca tivesse pensado em Ivatar apenas como um simples nativo, com apenas seu enorme tamanho a seu favor. Cyan possuía uma visão habilidosa o suficiente para avaliar a habilidade de um oponente. Então reconheceu que Ivatar possuía habilidade suficiente para que, mesmo quando comparado aos Cavaleiros Lionheart, seria capaz de se classificar como um dos Capitães, não, não apenas um Capitão comum, mas um dos mais fortes entre eles.
No entanto, agora que Cyan viu uma verdadeira demonstração das habilidades de Ivatar, sentiu que precisava avaliá-lo ainda mais alto do que já o tinha.
Mesmo entre todos os cavaleiros do continente que Cyan viu durante a Marcha dos Cavaleiros, quantos deles seriam capazes de dizer que eram mais fortes que Ivatar? Mesmo os chefes tribais que conspiravam com o vice-chefe da tribo Zoran teriam sido capazes de ganhar um lugar como comandante da ordem de cavaleiros de um país se se mudassem para o continente…
“A constituição dele pode ser comparada com a de uma muralha de pedra, mas na verdade tem a mesma idade que Eugene e eu”, lembrou Cyan.
Quando também levou em consideração a idade de Ivatar, Cyan se sentiu ainda mais uma decepção em comparação.
No entanto, a realidade era inevitável. Afinal, Eugene era um monstro avaliado como o indivíduo mais talentoso em toda a história do clã Lionheart, e esse Ivatar Jahav também era alguém que poderia ser considerado um dos guerreiros tribais mais fortes, não apenas dentro dos limites do Tribo Zoran, mas em toda aquela vasta floresta.
— Mais uma vez, você está ficando deprimido. — Eugene disse com um suspiro ao ver a expressão de Cyan endurecer de forma anormal.
Com esse comentário, Cyan se virou para Eugene enquanto sentia uma onda de raiva:
— O que eu fiz?
Eugene respondeu calmamente:
— É óbvio. Depois de ver as habilidades do Ivatar, você deve ter pensado, por que sou tão fraco, certo?
“Minha expressão é realmente tão fácil de ler?” Cyan pensou enquanto contorcia sua expressão e tocava seu próprio rosto.
Eugene continuou:
— Você sabe quantas pessoas existem no mundo inteiro? Se você alinhasse todos entre os humanos com talento para lutar, então aqueles que estariam perto do topo da lista, bem… Provavelmente seriam os famosos cavaleiros com os quais você já está familiarizado. Do clã Lionheart, provavelmente seríamos o Patriarca, a Senhora Carmen e eu?
Cyan esperou silenciosamente que ele chegasse ao seu ponto.
— Ivatar tem o mesmo nível de talento e habilidade. Para colocar isso clinicamente, embora você e Ciel possam chegar perto do topo, chegar lá será difícil para vocês. — Eugene afirmou sem rodeios.
— Não me diga? — Cyan bufou.
Eugene tossiu:
— Ah, claro, embora esta seja apenas a realidade pura e simples da situação, a realidade nem sempre funciona da maneira que parece que deveria. O que quero dizer é que eu… Entre os grandes heróis que admiro e venero—
— Ahem… — Assim que Eugene estava prestes a terminar de falar, Mer, que estava ao lado deles, pigarreou alto e se virou para olhar para Eugene com os olhos semicerrados.
Eugene hesitou antes de continuar:
— Estou falando de Sir Hamel. Você sabe, ele parecia surpreendentemente comum no começo, certo? Comparado com os feitos heroicos que realizou no final, claro. Ele pode ter conquistado um nome impressionante como mercenário, mas na verdade, Sir Hamel naquela época estava longe de ser um grande herói—
— Eu já conheço essa história. Sir Hamel, que não era tão forte, rapidamente se tornou mais forte depois de se tornar membro do grupo do Grande Vermouth. — Disse Cyan com uma bufada. — No entanto, Sir Hamel só conseguiu ficar mais forte porque Sir Vermouth estava ao seu lado. Sir Vermouth guiou Sir Hamel e—
Dessa vez foi Eugene quem interrompeu:
— Quem diabos disse isso? Não foi assim. Sir Hamel nunca recebeu qualquer orientação de Sir Vermouth. Sir Hamel ficou mais forte, porque trabalhou duro sozinho.
Ramira, que estava com Mer, também se virou para encarar Eugene com os olhos semicerrados. Da mesma forma, Eugene optou por ignorar o olhar dela.
— É também… Hum… Graças ao fato dele ter passado por tantas batalhas. O talento inato de Sir Hamel, ah, no começo, era como… Hum… Como uma flor que ainda não havia desabrochado. Depois de experimentar muitos campos de batalha, a flor floresceu totalmente nas repetidas batalhas.
Eugene não estava apenas falando aleatoriamente. Mesmo na estimada opinião de Eugene, era assim que o seu eu passado tinha sido. Ele já poderia ter se tornado um grande nome como mercenário… Mas não havia comparação entre os campos de batalha no continente e os campos de batalha dentro do Domínio Demoníaco.
No entanto, se tivesse ido para Helmuth sem conhecer Vermouth e se tornar membro de seu grupo…
“Eu provavelmente estaria morto dentro de alguns anos”, Eugene admitiu silenciosamente para si mesmo.
Quanto a saber se ele recebeu alguma orientação de Vermouth… Tinha que admitir que houve algumas vezes. Porém, na opinião de Hamel, ao invés da orientação, foi mais o fato de haver um monstro como Vermouth parado bem ao lado dele que estimulava seu crescimento.
Ele não queria perder para Vermouth. Sempre quis se tornar mais forte que ele. O tempo todo, era por isso que Hamel estava mais obcecado.
— Acho que entendi o que você está tentando dizer, mas como você me vê? — Cyan perguntou, seu rosto ainda franzido.
No entanto, vendo como seus ombros caídos se endireitaram em algum momento durante a conversa, ficou claro que o incentivo de Eugene o ajudou.
— Posso ter percebido o quão fortes você e Ivatar são, mas isso não significa que meu espírito morreu. — Cyan insistiu com orgulho. — Já experimentei esse tipo de frustração nos campos de neve. Não teve nenhum efeito sobre mim.
Por causa de seu orgulho, Cyan não suportava agradecer honestamente a Eugene por seu incentivo. E como acabara de admitir, Cyan já havia sentido o quão fraco ele realmente era nos campos de neve. Também sabia que continuar obcecado com esse fato não ajudaria em nada seu crescimento.
Eugene e Ivatar eram fortes. Cyan era mais fraco. No entanto, o que isso importava? Cyan não achava que seu futuro também seria mais fraco que eles.
— Sério, mesmo que seu irmão esteja fazendo o possível para encorajá-lo, que atitude é essa? — Eugene disse, sentindo uma sensação desnecessária de constrangimento ao chutar Cyan na perna.
Já era por volta do pôr do sol quando Ivatar finalmente retornou do planejamento da batalha.
Quando abriu a porta da sala e entrou, a aparência dele havia mudado completamente em relação à anterior. Ele agora usava um capacete feito com o crânio inteiro de algum animal e também usava um conjunto ornamentado de colares e pulseiras.
Lovellian foi o primeiro a cumprimentá-lo:
— Parece que você se tornou oficialmente o Chefe. Parabéns.
Com um sorriso irônico, Ivatar baixou a cabeça ao entrar na sala.
Entre todas as mudanças em sua aparência, a que mais chamou a atenção foi a grande tatuagem recém-aplicada em seu peito. Mesmo que não tenha passado tanto tempo desde que foi tatuada, a pele de Ivatar parecia perfeitamente saudável em vez de vermelha e inchada, mas ainda havia um forte cheiro de sangue.
Mas o odor sangrento não vinha da tatuagem.
Olhando para as mãos grandes de Ivatar, Eugene perguntou:
— Você veio aqui depois de matar alguém?
— Vim aqui depois de matar alguns velhos patéticos. — Admitiu Ivatar.
Eugene bufou:
— E pensar que você começaria com um expurgo logo após se tornar o Chefe.
Ivatar balançou a cabeça:
— Mesmo que eu não me tornasse o Chefe, ainda teria que matar aqueles idiotas.
Foi exatamente como Eugene havia adivinhado antes.
Os jovens guerreiros estavam ansiosos pela batalha. No entanto, o falecido Vice-Chefe, os chefes das tribos aliadas e até mesmo alguns dos anciãos da Tribo Zoran já haviam desistido de vencer esta guerra.
Embora também pudessem ter sido guerreiros que correram bravamente pela floresta e ansiavam pela batalha, agora que envelheceram e conseguiram mais do que podiam segurar, em vez de arriscar a morte no campo de batalha, prefeririam morrer em uma velhice confortável.
— Foi algo que eles decidiram enquanto eu estava fora. — Explicou Ivatar. — Eles concordaram em liderar suas forças em derrotas repetidas, sacrificando sangue e almas suficientes até que a tribo Kochilla estivesse satisfeita. Depois disso, se renderiam e se tornariam parte da Tribo Kochilla.
Naturalmente, Ivatar não concordou com nada disso. Sendo um homem jovem e beligerante, Ivatar queria vencer esta guerra. A maioria dos guerreiros tribais sentia o mesmo.
— Disseram-me que aconteceram mais algumas batalhas enquanto eu estava fora. Quatro tribos já foram destruídas, e os Kochillas pisotearam todo o caminho até a floresta ao norte da Tribo Zoran. — Ivatar relatou enquanto desdobrava a grande pele de animal que segurava em uma das mãos e a pendurava na parede.
Eugene estava se perguntando o que Ivatar estava segurando, mas acabou sendo um mapa da floresta. Ivatar estreitou os olhos enquanto olhava para o mapa.
— Se minhas memórias ainda estiverem corretas, então a localização da Árvore do Mundo e do território élfico deveria ser por aqui. — Ivatar disse enquanto enfiava um enorme furador no mapa.
Poderia ser chamada de Árvore do Mundo, mas isso não significava que a árvore em si estivesse localizada exatamente no centro da Floresta Tropical. Em vez disso, estava localizada bem a oeste do centro aproximado.
Claro, não era como se a Árvore do Mundo estivesse realmente naquele local. Mais precisamente, a Árvore do Mundo existia dentro de uma dimensão separada que se sobrepunha a esse local.
— Então, deste ponto em diante, este é o território da Tribo Kochila. — Ivatar explicou enquanto enfiava outro furador em um lugar que ficava longe da Árvore do Mundo.
Eugene se sentiu um pouco aliviado com isso. Embora fosse impossível abrir a barreira colocada sobre o local, a menos que tivesse as folhas da Árvore do Mundo com você, Eugene ainda sentia a necessidade de ser cauteloso.
— Estes são os lugares que foram conquistados. — Ivatar voltou a falar enquanto vários outros furadores eram cravados no mapa.
Eugene, que assistiu em silêncio até que Ivatar terminasse de furar todos os locais, acenou com a cabeça e disse:
— Esta não é apenas uma simples guerra de conquista.
Se os Kochillas quisessem apenas expandir seu território, poderiam ter engolido primeiro as terras das tribos que os cercavam. Na verdade, vários furadores foram inseridos ao redor do território principal da tribo Kochilla, mas muitos outros furadores também foram inseridos longe de seus territórios tribais.
— Também concordo com essa opinião. — Disse Ivatar, balançando a cabeça.
Lovellain e, surpreendentemente, Melkith tinham expressões sérias enquanto examinavam o mapa juntos. Os dois Arquimagos tinham certeza de que esta guerra era simplesmente um precursor para a conjuração de um enorme feitiço de magia negra.
— Permita-me apresentar uma certa suposição. — Lovellian finalmente falou. — Como mago, você precisa ser capaz de distinguir entre feitiços que pode controlar e feitiços que não pode. No entanto, todos os magos eventualmente sonharão em realizar feitos mágicos maiores que eles, não, que nenhum indivíduo seria realmente capaz de controlar. Nesses casos, o conjurador precisa procurar outros meios para suprir suas próprias deficiências.
— Esses meios não se limitam necessariamente a fornecer sacrifícios ou fazer contratos com seres de alto escalão. — Melkith assumiu a explicação. — Existe uma coisa conhecida como Veias Terrestres. O termo refere-se ao fluxo circulante de mana dentro da própria terra. Onde quer que a mana nas Veias Terrestres seja particularmente abundante, esses lugares passam a ser conhecidos como linhas lei, mas tais linhas lei são extremamente raras…
Lovellian continuou a falar:
— Acredito que a maior parte das terras que os Kochillas conquistaram estão localizadas sobre ramos das Veias Terrestres. O mago negro por trás de tudo isso deve estar planejando usar alguns truques para que possam aproveitar a mana que flui pelas Veias da Terra.
— Aquele filho da puta do Balzac. — Eugene cuspiu.
Lovellian piscou surpreso com esse xingamento repentino antes de hesitantemente dar sua opinião. — Eu pessoalmente acredito que Balzac não é o responsável por isso—
— Não podemos ter certeza disso ainda. Então, por enquanto, vamos supor que Balzac seja quem está por trás de tudo. — Propôs Eugene.
— Hum… — Lovellian não suportava xingar Balzac sem qualquer justificativa, como Eugene acabara de fazer. Com uma tosse, Lovellian mudou de assunto. — Claro… Isso tudo é apenas especulação por enquanto. Na minha opinião, gostaria de sair daqui imediatamente e verificar com meus próprios olhos o que está acontecendo nesses locais.
— Terminamos nossos preparativos para a marcha que temos pela frente. — Relatou Ivatar. — Quando eu der a ordem, todos os guerreiros reunidos marcharão sobre a tribo Kochilla.
— Essa é a solução rápida e fácil. Ao mesmo tempo que os afastamos das terras que capturaram, passo a passo, tudo acabará quando atacarmos o coração da tribo Kochilla. — Disse Eugene com otimismo.
— Quanto à magia negra, talvez seja possível purificá-la por conta própria quando terminarmos. — Concordou Lovellian.
Enquanto a conversa acontecia ao seu redor, Cyan cerrou os punhos nervosamente ao sentir a realidade da guerra surgindo sobre ele.
Mer realmente não tinha interesse nessa conversa que não tinha nada a ver com ela, então estava absorta brincando de pedra-papel-tesoura com Ramira em um canto da sala.
Alguém de repente bateu na porta.
— Um momento, por favor. — Disse Ivatar, pedindo perdão a todos, enquanto se virava em direção à porta.
Depois de sair da sala por alguns momentos, Ivatar voltou com uma expressão confusa.
Ivatar então declarou:
— Balzac Ludbeth se entregou.
— O que você acabou de dizer? — Eugene exigiu.
Ivatar repetiu:
— Balzac Ludbeth se entregou.
Todos assumiram a mesma expressão confusa que Ivatar já exibia.
Mesmo depois de ouvir a notícia diretamente, eles ainda não conseguiam acreditar. No entanto, uma vez que o viram com seus próprios olhos, não tiveram escolha senão aceitar a verdade.
Aquele era um dos Três Magos do Encarceramento, o Mestre da Torre Negra de Aroth, um mago negro cujas intenções eram desconhecidas e cujo próprio comportamento era suspeito, bem como o principal suspeito por ser o mago negro por trás de tudo aquilo.
Mesmo assim, depois de ter sido amarrado, Balzac Ludbeth foi conduzido para a sala por alguns guerreiros. Até mesmo o manto que Balzac usava inicialmente ao se render foi retirado e todas as suas armas também foram confiscadas.
Uma espada longa com lâmina preta, quatro adagas, um artefato de bolsa encantado com magia espacial e seu cajado mágico. Até os óculos que Balzac sempre usava foram tirados dele, e seus sapatos também foram arrancados, deixando-o descalço. Ambas as mãos foram amarradas para que não pudessem se mover, e sua boca também foi amordaçada para impedi-lo de conjurar qualquer encantamento.
Era uma aparência bastante patética.
Ao ser conduzido para dentro da sala, a primeira ação de Balzac foi inclinar a cabeça para todos.
Graças à mordaça entre seus lábios, ele não conseguiu dizer nada para cumprimentá-los.
Ainda perturbado com a surpresa, Eugene apontou para Balzac e perguntou:
— Que diabos você está fazendo?
Incapaz de responder, Balzac só conseguiu sorrir ironicamente.
Depois de enviar os guerreiros que trouxeram Balzac de volta para fora da sala, Ivatar se virou para olhar para Eugene e perguntou hesitante:
— Precisamos torturá-lo…?
Balzac balançou a cabeça com isso.
A testa de Eugene franziu e ele levantou um dedo. Uma forte rajada de vento arrancou a mordaça entre os lábios de Balzac.
— Faz muito tempo que não nos vemos. — Disse Balzac em saudação assim que sua boca se libertou.
A testa de Eugene franziu mais uma vez. Por um momento, ele considerou se deveria cortar as amarras que prendiam a mão de Balzac ou se deveria apenas mirar na garganta dele.
— Por que você veio aqui? — Lovellian perguntou depois de se recuperar da surpresa.
E pensar que Balzac se entregaria repentinamente. Como ele era alguém cujas verdadeiras intenções eram difíceis de discernir, até mesmo essa ação poderia ser parte de um esquema que levaria a outra coisa. Melkith já havia feito preparativos para invocar um de seus Reis Espíritos, e Kristina também agarrou o cabo de seu mangual.
— Quem manipula a tribo Kochilla é Edmond Codreth. — Confessou Balzac.
Isso não respondeu por que ele estava aqui. Mesmo que Lovellian estivesse preparado para conjurar um feitiço que iria incinerar o corpo de Balzac assim que dissesse algo que não fosse uma resposta à sua pergunta, no final, ele não conseguiu conjurar o feitiço que havia preparado e ficou boquiaberto.
— Edmond despachou suas forças de elite para ocupar as Veias Terrestres de Samar, e o objetivo desta guerra é interferir no fluxo de mana abaixo. — Balzac continuou a revelar.
— Espere… — Lovellian tentou fazer uma pausa para pensar.
Balzac continuou apressadamente:
— Edmond já fez bastante progresso em direção ao seu objetivo. Assim que o feitiço for concluído, Edmond se tornará um Rei Demônio.
Esta notícia deixou todos sem palavras. Kristina também se levantou inconscientemente e os olhos de Eugene escureceram friamente.
Um Rei Demônio.
Eles tinham suas suspeitas. Porém, no fundo, pensavam que isso era impossível. Eward era apenas um caso especial. Os Remanescentes dos Reis Demônios que permaneceram dentro da Lança Demoníaca e do Martelo da Aniquilação só foram capazes de preparar tal ritual concentrando suas atenções em sussurrar no ouvido de Eward e corrompê-lo.
Naquele dia, os Remanescentes dos Reis Demônios que apareceram no Castelo dos Leões Negros foram completamente aniquilados. Mesmo que o feitiço tenha sido vazado pelo agora falecido Hector, ainda seria impossível se tornar um Rei Demônio conjurando esse feitiço, a menos que ainda houvesse alguns Remanescentes dos Reis Demônios restantes.
Eugene expressou suas dúvidas:
— Isso deveria ser impossível.
— Seria impossível para alguém como eu. — Corrigiu Balzac. — Seria impossível até para Amelia Merwin. No entanto, sendo Edmond, então é muito possível. Porque ele possui o Vladmir e está aproveitando as inúmeras vantagens que preparou dentro desta floresta.
Lovellian se recompôs:
— Por enquanto, Mestre da Torre Negra, por favor responda à pergunta. Por que você veio aqui? Por que se entregou?
— Em relação à minha rendição, é exatamente como você pode ver. Eu me entreguei para cooperar com Sir Eugene e o resto de vocês. — Balzac parou de falar por alguns momentos para examinar as expressões de todos. — Isso pode ofender a todos, mas eu estava pessoalmente de olho em vocês enquanto se aproximavam da capital da Tribo Zoran. Isso se deveu ao fato de eu estar de olho nos Zorianos por causa da guerra deles com os Kochillas.
Balzac tinha familiares designados para realizar tarefas de vigilância escondidos por toda a Tribo Zoran. Ele também testemunhou a comoção que ocorreu anteriormente nas muralhas da cidade.
— Cooperação? — Eugene repetiu enquanto olhava para o rosto de Balzac com os olhos semicerrados. — Acho que não posso confiar nessa oferta. Afinal, como posso saber se tudo o que você disse é verdade?
— Se for esse o caso, que tal apenas me ouvir por enquanto? Então pode verificar a verdade por si mesmo quando eu terminar de contar tudo. Sendo o Mestre da Torre Vermelha e a Mestra da Torre Branca, eles deveriam ser capazes de dizer se estou dizendo a verdade apenas examinando as Veias Terrestres que foram ocupadas pela Tribo Kochilla. — Balzac contra-ofereceu.
Eugene franziu a testa:
— Que motivo você teria para trair Edmond?
— Hah… Sir Eugene, essa acusação está errada. — Balzac balançou a cabeça com um suspiro. — Edmond e eu não temos um relacionamento próximo o suficiente para que haja qualquer traição. Afinal, nunca apoiei tanto os objetivos dele desde o início. Em primeiro lugar, Edmond nem sabe que vim para esta floresta.
Balzac parou de falar por alguns momentos enquanto estava perdido em pensamentos.
E finalmente continuou:
— No entanto, ele já deveria ter descoberto. Depois de chegar a esta floresta, tenho me movido com muito cuidado, mas provavelmente expus minha presença quando me rendi à Tribo Zoran.
— Você está dizendo que os Kochillas têm olhos dentro da tribo? — Ivatar rosnou.
Sem mostrar nenhum sinal de recuar quando o corpo maciço de Ivatar pisou ao seu lado e olhou para ele, Balzac respondeu calmamente:
— Seria estranho se não houvesse nenhum. Por favor, não se preocupe muito. Depois que essa conversa terminar, poderei revelar todos os olhos que Edmond colocou em sua capital.
— Se é um problema para você ter sido visto por aqueles olhos, deveria ter nos abordado secretamente. Então, por que escolheu se entregar publicamente? — Eugene questionou.
— Achei que se tentasse me aproximar de você secretamente, haveria uma grande probabilidade de ser morto por um golpe cego da espada de Sir Eugene. — Confessou Balzac honestamente. — Além disso, acredito que seria muito melhor eu me render e cooperar com você, Sir Eugene, do que permanecer disfarçado.
— Melhor para quem exatamente? — Eugene exigiu.
— Claro, para todos nós. Assim que ele souber que você está aqui, Sir Eugene, e descobrir que também me juntei a você… Até mesmo Edmond, que é conhecido por sempre ser calmo e sereno, começará a ficar nervoso. Especialmente porque aquele cara… Ah… Apesar de como estou descrevendo ele, nós realmente não somos tão próximos. É só que eu realmente não tenho mais nada a dizer, então eu estava apenas falando como normalmente faço. — Balzac rapidamente se desculpou.
— Já chega, então por que Edmond ficaria nervoso por causa disso? — Eugene solicitou.
— É porque nós dois assinamos um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento. — Disse Balzac em tom sério. — Edmond terá certeza de que estou tramando alguma coisa. Ele tem que ser cauteloso sobre a possibilidade de que o feitiço que trabalhou tanto para preparar possa ser usurpado por mim, então tentará completar o ritual com pressa, mesmo que seus preparativos ainda não estejam à altura.
Eugene franziu a testa:
— Você diz isso como se fosse um mal-entendido da parte de Edmond, mas essa pode ser apenas sua verdadeira intenção.
— Se esse fosse realmente o caso, então por que eu viria aqui? — Balzac apontou.
Eugene sentiu que Balzac estava dizendo a verdade. Se ele realmente pretendesse usurpar o controle da magia negra de Edmond, não haveria razão para ele vir ali. Em vez disso, faria mais sentido ficar escondido o tempo todo, só se revelando no momento em que Eugene entrasse em confronto com Edmond, roubando para si o controle do feitiço.
— Posso jurar pelo meu próprio ser e pela minha alma. — A voz de Balzac ressoou com os tons pesados de um juramento mágico. — Não tenho intenção de me tornar um Rei Demônio. Prefiro permanecer como a existência conhecida como Balzac Ludbeth, um ser humano. Anseio viver como humano e morrer como humano.
Eugene ficou em silêncio.
— Quanto ao motivo pelo qual vim aqui, é para impedir que Edmond se torne um Rei Demônio. — Balzac disse com um sorriso ao encarar Eugene. — E para isso pretendo ajudar o Herói, Sir Eugene.
Estas não pareciam as palavras que um mago negro deveria dizer.