Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 277
Capítulo 277
Ivatar Jahav (3)
O Mestre da Torre Negra de Aroth, Balzac Ludbeth, esse nome trouxe à tona uma memória de óculos de aro preto, cabelo curto com uma repartição elegante, rosto magro e olhos penetrantes. Depois de tê-lo encontrado tantas vezes, Eugene conseguia facilmente se lembrar do rosto de Balzac Ludbeth.
Embora tivessem trocado várias conversas, Eugene ainda não tinha uma compreensão clara de que tipo de pessoa era Balzac.
O próprio Eugene sabia o motivo disso.
De fato, trezentos anos se passaram desde a morte de Hamel. Embora fosse natural que o mundo tivesse mudado, ainda parecia que houve mudanças demais.
No entanto, Eugene ainda era o mesmo Hamel de sempre. No entanto, desde o momento em que nasceu, ele sabia que era Hamel e, embora tivesse vivido até agora como Eugene, não conseguia se livrar completamente dos resquícios da época em que viveu como Hamel.
Embora a Helmuth que visitou pessoalmente tenha se tornado bastante confortável, não, um império muito confortável para os humanos viverem; para Eugene, Helmuth ainda era e sempre seria o mesmo Domínio Demoníaco infernal. Da mesma forma, o Rei Demônio do Encarceramento podia atualmente ser visto como um sábio que promulgou políticas sábias para o benefício do continente e de todos os humanos, mas para Eugene, o Rei Demônio do Encarceramento ainda era o mesmo terrível Rei Demônio que golpeava os humanos como insetos; e o mesmo acontecia com os demônios.
Depois havia os magos negros. Nesta era atual, a magia negra era reconhecida apenas como mais uma escola de magia, e os magos negros eram agora uma classe respeitada de bruxos. No entanto, para Eugene, eles ainda eram apenas peões do Rei Demônio e de seus demônios, malditos traidores que traíram seus semelhantes.
Os tempos realmente mudaram completamente. Eugene também tentou, até certo ponto, comprometer-se com todas essas mudanças. No entanto, ainda só conseguia ver Balzac através das lentes coloridas de sua identidade como mago negro.
No final das contas, ele não sabia que tipo de pessoa Balzac era por causa de seu próprio preconceito contra os magos negros. Até agora, Balzac nunca havia demonstrado qualquer má vontade para com Eugene. Em vez disso, sempre tentava ajudá-lo. Balzac alertou Eugene sobre quaisquer perigos e até deu conselhos a Eugene sobre a criação de sua Assinatura que nem sequer ofereceu aos seus próprios discípulos.
No entanto, mesmo com tudo isso, Eugene ainda não conseguia aceitar que houvesse intenções inocentes por trás da ajuda de Balzac. Tinha que haver uma razão por trás de todas as ações dele. Tendo sido tão gentil, Balzac não estava inevitavelmente planejando algum tipo de traição?
— Eu sabia que aquele desgraçado faria algo assim. — Eugene rosnou.
Como esperado, todos os magos negros eram filhos da puta em quem você não podia demonstrar nenhuma confiança.
Depois de encarar Eugene, que imediatamente explodiu de raiva, Mer apertou a barriga e riu:
— Como esperado do discípulo de tal mestre, você também mostra o mesmo ódio extremo pelos magos negros!
Eugene fez uma careta:
— Desde o início, suspeitei de Balzac Ludbeth. Afinal, ele obviamente continuou tentando se aproximar de mim fingindo ser amigável; ele continuou me contando coisas e me ajudando. Fiquei curioso para saber o motivo pelo qual ele fez isso e agora sei.
— O que você está dizendo? — Melkith perguntou.
— Aquele desgraçado foi gentil comigo, porque queria que eu pegasse leve com ele quando eventualmente fosse forçado a espancá-lo. — Acusou Eugene.
Esta resposta firme deixou Melkith pasma.
Por alguns momentos, Melkith olhou para Eugene, seus olhos piscando em descrença, então tossiu e acenou com a cabeça enquanto dizia:
— Ahem, bem, pode ser esse o caso. No entanto, devo salientar que ainda não é certo que Balzac seja o líder por trás de tudo isto.
Eugene argumentou de volta:
— Os magos negros capazes de lançar magia negra em tal escala não são raros? E você já disse que Balzac está desaparecido de Aroth, certo?
— Hum… Embora tenha sido definitivamente um caso repentino, ele solicitou uma licença oficial da Torre Mágica Negra. — Melkith corrigiu enquanto tentava ignorar as dores agudas de sua consciência.
Originalmente, os Mestres de Torres eram o tipo de pessoas que não deixaria levianamente a Torre Mágica que governavam. Embora não fosse muito inconveniente se tivessem que fazê-lo, ainda era esperado que avisassem a Torre Mágica e a corte real sempre que precisassem ir a um lugar fora de Aroth.
No entanto, Melkith nunca fez isso. Ela sentiu que era um saco preencher um pedido de licença, e estava apenas indo para algum lugar que queria, então por que se preocupar em fazer um relatório?
O mesmo aconteceu hoje também. Melkith tinha acabado de chegar à propriedade Lionheart sem dar qualquer palavra à Torre Branca ou à corte real de Aroth.
No entanto, comparado a Melkith agindo de acordo com seus próprios caprichos, ainda transmitia uma sensação muito diferente quando Balzac decidiu partir por conta própria. Durante as décadas desde que ascendeu ao cargo de Mestre da Torre Negra, Balzac foi alguém que nunca achou bom deixar Aroth.
— O que ele escreveu em seu pedido de licença? — Eugene perguntou.
Melkith levou um momento para lembrar:
— Hm… Acho que ele disse que queria tirar uma licença para fazer uma viagem curta. Não parece que especificou seu destino.
— Como a Senhorita Melkith deve saber, desde o início desconfio de Balzac Ludbeth. Ele sempre fingia ser uma pessoa muito gentil, então não pude provar nada, mesmo ele sendo um mago negro. Balzac sempre pareceu uma existência fora do lugar quando comparado a outros magos negros. Ele até disse que assinou um contrato com o Rei Demônio por interesses práticos. — Revelou Eugene.
Desde tempos passados, a maioria das pessoas que exibiam um sorriso amigável e diziam coisas que pareciam boas e pareciam fazer sentido eram golpistas.
Ivatar, que estava ouvindo em silêncio, falou lentamente:
— Não ouvi muito sobre esse cara chamado Balzac, mas sei que entre as várias formas de apoio que Helmuth enviou à tribo Kochilla, incluía magos e bestas demoníacas. Os magos de Helmuth serviram como xamãs da tribo Kochilla e treinaram a geração mais jovem de xamãs da tribo. As bestas demoníacas também prestaram outros serviços à tribo Kochilla.
— Isso significa que haverá outros magos negros além de Balzac. — Eugene supôs.
Melkith ergueu uma sobrancelha:
— Parece que você está absolutamente convencido de que Balzac é o líder por trás de tudo isso?
Eugene balançou a cabeça:
— De jeito nenhum. Não posso ter certeza de nada ainda. É que desde o início desconfio daquele desgraçado, então não posso deixar de pensar que é muito provável.
Na verdade, Eugene suspeitava mais do envolvimento de Amelia Merwin em tudo isso. No entanto, por que ela deixaria o deserto, um campo de batalha onde possuiria uma vantagem esmagadora? Com apenas uma palavra dela, poderia mobilizar todo o exército de Nahama e também reunir todos os magos cujas masmorras estavam localizadas em seu deserto.
“Mesmo assim, se for possível, preferiria que Amelia Merwin fosse a responsável por tudo isso”, admitiu Eugene para si mesmo.
Se Amelia tivesse deixado o deserto e estivesse tramando algo na Floresta Samar, isso seria de grande benefício para Eugene. Ele não estava feliz com o resultado do primeiro encontro deles no deserto e estava esperando pela chance de confrontar Amelia Merwin desde então. Se eles se encontrassem na Floresta Samar, Eugene definitivamente rasgaria Amelia membro por membro e depois cortaria sua garganta.
“Ou então… Pode ser apenas Edmond Codreth, mas há muito pouca informação quando se trata dele”, Eugene pensou com pesar.
Edmond Codreth era o mestre de Vladmir e o atual Cajado do Encarceramento.
Pode até não ser um dos Três Magos, mas sim um mago negro completamente diferente… Por exemplo, o mago negro ou o povo demônio que instigou a rebelião de Hector.
O que Eugene sabia com certeza era que o Rei Demônio do Encarceramento não poderia ser a força instigadora por trás de tudo isso. Como Melkith havia dito, não havia como uma existência no nível do Rei Demônio do Encarceramento estar envolvida em algo tão mesquinho como isso.
Se fosse o Rei Demônio do Encarceramento, não haveria necessidade de algo como um sacrifício quando se tratasse de lançar magia negra. Se ele realmente precisasse de um sacrifício, então poderia simplesmente começar outra guerra.
Então, o que estava acontecendo atualmente na Floresta Samar era algo que poderia ser confinado apenas à Floresta. Algo como uma luta entre as tribos nativas. Tais lutas sempre foram comuns ao longo da história da Floresta Samar, e não era algo em que o resto dos reinos do continente se envolvesse.
— Eu irei com você. — Eugene disse com um aceno de cabeça assim que terminou de organizar seus pensamentos. — Acontece que também tenho negócios em Samar.
Os ouvidos de Melkith se aguçaram:
— Negócios? Que tipo de negócios?
— É segredo. — Respondeu Eugene.
— Eu quero ir com você também. — Melkith choramingou enquanto se agarrava aos braços de Eugene.
Seu comportamento não tinha a dignidade que a Mestra da Torre Branca deveria ter.
— Eu vou com você. — Melkith disse com firmeza. — Parece que vai ser divertido! Também estou curiosa sobre o que está acontecendo na floresta e, mais importante, há algo que simplesmente não consigo perdoar.
— O quê? — Eugene perguntou.
Melkith gritou apaixonadamente:
— A Floresta Samar é como um local sagrado para todos os Invocadores de Espíritos! Então, como algum mago negro ousa realizar sua conspiração maligna na Floresta? Eu, a maior Invocadora de Espíritos desta época, Melkith El-Hayah, estou de olho neles!
— Como esperado da Princesa dos Espíritos da Torre Mágica Branca. — Eugene disse sarcasticamente.
— Kyaah! — Melkith soltou um grito de medo e jogou o braço de Eugene para longe.
Diante de uma visão tão caótica, foi difícil para Ivatar continuar mantendo a compostura. Dito isto, ele também não conseguiu fazer uma expressão de desgosto.
Ivatar foi ali sem ter certeza de que conseguiria ajuda de Eugene, mas as coisas não estavam funcionando excepcionalmente bem para ele? E pensar que não apenas conseguiria a ajuda de Eugene, mas acabaria recebendo ajuda de Melkith El-Hayah.
— Obrigado. — Disse Ivatar, levantando-se da cadeira e inclinando a cabeça para Eugene. — Quando tudo isso acabar, prepararei uma recompensa que certamente irá satisfazê-lo. E além disso, também nunca esquecerei a sua ajuda.
— E quanto a mim? — Melkith, que estava tapando os ouvidos para tentar se livrar do apelido embaraçoso de sua infância, levantou a cabeça. — Eu vou te ajudar também, sabe?
— Também prepararei uma recompensa para você, Mestra da Torre Branca. — Prometeu Ivatar.
Melkith assentiu com orgulho.
— Hmm, como deveria. Além disso, Eugene! Você não tem nada a me dizer?
— O quê? — Eugene exigiu secamente.
— Você deveria trazer uma lembraninha de Lehain para mim! — Melkith disse com uma expressão direta raramente vista.
Depois de olhar para o rosto taciturno de Melkith por alguns momentos, Eugene abriu seu manto e tirou uma pedra grande.
— Eu ia te dar de qualquer maneira, mas com certeza você tem uma personalidade impaciente. — Eugene resmungou.
Era uma Pedra de Fogo, uma pedra infundida com chamas que raramente poderia ser encontrada em Lehain. Só isso já seria suficiente para torná-lo um material de alto valor, mas a Pedra de Fogo que Eugene retirou era do grau mais alto que não era fácil de comprar, mesmo que tivesse dinheiro para isso.
— Kyaah! — Os olhos de Melkith se arregalaram enquanto ela olhava para as cores vermelhas brilhantes da Pedra de Fogo.
Esfregando a Pedra de Fogo que tirou das mãos de Eugene em sua bochecha, ela sorriu feliz.
— Está quente! Como se tivesse acabado de ser tirada do fogo—! — Enquanto gritava isso, Melkith puxou a gola e enfiou a Firestone no decote.
O rosto de Eugene se contorceu com essa visão enquanto Tempest gritava dentro de sua cabeça: [Hamel, pergunte àquela lunática por que ela está fazendo isso.]
Eugene obedeceu:
— Por que diabos você fez isso?
— Você realmente não sabe? É para aumentar minha sensibilidade em relação ao catalisador. Transferindo seu calor para minha pele e aumentando minha temperatura corporal—
[Que superstições ridículas! A menos que Ifrit não esteja em seu juízo perfeito, não há como ele assinar um contrato com alguém que ainda acredita em tais contos populares,] Tempest explodiu.
Enquanto ignorava Tempest, que continuava rugindo de indignação dentro de sua cabeça, Eugene saltou da cadeira.
— Não há necessidade de partir imediatamente para a Floresta, certo? Vamos partir daqui a alguns dias. — Propôs Eugene.
— Sim, preciso de algum tempo para me preparar também. — Melkith disse enquanto também se levantava.
Enquanto sorria brilhantemente para o calor que vinha de seus seios, ela colocou os dois braços em volta do peito.
— Por que você não manda uma mensagem para Lovellian também? — Melkith chamou Eugene quando estavam saindo da sala. — Seu mestre odeia magos negros ainda mais do que você. Ele deveria voar imediatamente, especialmente porque você também está envolvido nesse problema.
Eugene a informou:
— Eu estava planejando contatá-lo mesmo que você não me lembrasse.
Lovellian também estava ciente de que Sienna estava atualmente selada devido à maldição de Raizakia. Embora Eugene não esperasse que ele fosse de muita ajuda para matar Raizakia, Lovellian deveria ser capaz de fornecer muita ajuda quando se tratasse de resolver o problema na Floresta Samar.
— Pois bem, vou assinar um contrato com o Ifrit! — Melkith disse alegremente.
Eugene gentilmente a lembrou:
— Você não pode ter certeza de que conseguirá assinar um contrato com ele, certo?
— Se for eu, então posso fazer isso. Por alguma razão, tenho essa sensação. — Disse Melkith antes de pular pela janela do corredor com um sorriso confiante.
Eugene realmente não sabia por que ela sentiu necessidade de pular da janela.
* * *
Cyan estava no campo de treinamento.
E pensar que ele nem sequer pensou em mostrar o rosto, mesmo que seu irmão tivesse acabado de voltar de uma viagem… Eugene pensou em dar um soco em Cyan de raiva, mas depois de vê-lo focado em brandir sua espada enquanto suava profusamente, Eugene mudou de ideia.
“Ele melhorou muito.”
Houve uma tremenda melhoria nas habilidades de Cyan desde a última vez que Eugene o viu. Os movimentos de seu corpo também eram impecáveis e seu controle de mana era particularmente impressionante. Ele dominou completamente tudo o que Eugene lhe ensinou alguns anos atrás.
“No final, é tudo graças ao meu bom ensino.”
Eugene sentiu uma sensação de orgulho em seu peito. Ele sentiu que entendia por que as pessoas decidiam criar discípulos à medida que envelheciam.
Sentindo um olhar flagrante pousado sobre ele, Cyan parou sua espada e exigiu:
— Por que continua me encarando?
Enquanto respirava fundo, Cyan se virou para encarar Eugene.
Vendo a aparência arrogante de Cyan, Eugene mudou de ideia mais uma vez. Eugene foi até Cyan e acertou um chute baixo na coxa de Cyan.
Cyan soltou um grito:
— Aaargh!
Eugene praguejou:
— Seu maldito, como ousa não cumprimentar seu irmão quando ele retorna!
— Não é como se tivesse sido apenas uma ou duas vezes que você saiu da mansão sozinho! — Cyan argumentou.
— Não importa qual seja o caso, se viu que voltei, deveria pelo menos dizer que está feliz em me ver de volta! — Eugene deu um sermão.
Cyan sentiu que estava prestes a enlouquecer de frustração. Afinal, como Eugene ainda conseguia agir com tanto orgulho quando deixou para trás uma carta tão embaraçosa sobre como iria encontrar sua própria essência? Cyan pensou que Eugene ficaria com vergonha de olhá-lo nos olhos, então agiu por consideração e apenas cumprimentou Eugene como normalmente faria, mas agora…
— Entregue o escudo de Geddon. — Exigiu Eugene.
Cyan gritou:
— O quê?
Eugene repetiu:
— Eu disse, entregue o escudo. De qualquer forma, você nem o está usando atualmente.
— O que diabos está dizendo depois de voltar para casa de repente?! — Cyan exigiu.
Bam!
Eugene chutou Cyan na coxa mais uma vez. Cyan soltou um único grito ao cair antes de rolar no chão.
Eugene rosnou:
— Se eu disser para entregar, então entregue!
Cyan o xingou:
— Seu maluco, você deveria pelo menos me dar um motivo antes de me pedir para entregá-lo!
— Preciso usá-lo para uma coisa. — Explicou Eugene secamente.
— É por isso que estou perguntando: aonde você vai usar?! — Cyan gritou.
Eugene não queria deixar todos preocupados dizendo algo desnecessário, então pretendia avançar de forma imprudente e roubar o escudo. No entanto, visto que não era apenas um item comum, a resistência de Cyan foi tão forte quanto o esperado.
No final, Eugene deu a Cyan uma explicação aproximada de por que precisava do escudo. Sem dizer nada sobre Raizakia, Eugene disse que precisava dele para resolver um problema que surgiu na Floresta Samar.
— Você está louco? — Perguntou um Cyan estupefato. — Por que você se envolveria numa briga entre os nativos que vivem naquela floresta?
Eugene encolheu os ombros:
— Um mago negro está tramando alguma coisa, e eu sou o herói, afinal.
Depois de ouvir esta resposta, Cyan ficou sem palavras.
Vendo a expressão de Cyan desmoronar, Eugene continuou falando:
— Além disso, não é como se isso não tivesse absolutamente nada a ver conosco.
Cyan franziu a testa.
— O que você quer dizer?
Eugene explicou sobre a magia negra que Eward lançou no Castelo dos Leões Negros e como a alma de Hector foi recuperada por alguém. Enquanto ouvia a história, o rosto de Cyan enrijeceu gradualmente.
— Então o que você está dizendo é que o mago negro com quem Hector assinou o contrato pode estar reproduzindo a mesma magia negra que Eward usou? — Cyan confirmou assim que Eugene terminou.
— É apenas uma suspeita. Nada está certo ainda. — Alertou Eugene.
Ele realmente pensou que isso era impossível. Eward foi capaz de fazer algo assim, porque os Remanescentes dos Reis Demônios estavam agindo juntos com ele.
— Mesmo que seja apenas uma especulação, isso significa que ainda há uma possibilidade. — Cyan murmurou. — Hector era de uma linhagem colateral dos Lionhearts, e Eward… Era da linhagem principal.
Foi por isso que Eugene não quis dizer nada. Ele estalou a língua e balançou a cabeça.
— É por isso que eu disse que não é como se não estivéssemos completamente alheios ao envolvimento. Vou dar uma olhada, para que você não precise pensar mais no assunto. — Eugene assegurou-lhe.
— Precisamos relatar isso ao Patriarca. — Insistiu Cyan.
Eugene recusou imediatamente:
— Se fizer isso, as coisas ficarão grandes demais, seu maldito. Com a personalidade do Patriarca, ele definitivamente sentirá um senso de responsabilidade e mobilizará todo o poder do clã Lionheart.
Cyan bufou:
— E daí se ele fizer isso? Não é natural que o faça?
— Ainda é incerto e é algo que decidi sozinho. — Argumentou Eugene. — No momento, ainda é apenas um problema pessoal meu, então não quero chegar ao ponto de mobilizar o poder do clã.
Eugene pensou que adicionar todo o poder do clã aos seus esforços poderia ser um pouco demais.
Por enquanto, ele já havia conseguido a ajuda de dois Arquimagos do Oitavo Círculo, e depois havia o próprio Eugene. Havia também um exército das tribos de Samar liderado pela tribo Zoran. Como a guerra era algo que os membros da tribo enfrentariam de qualquer maneira, Eugene estava determinado a atingir o líder e destruir completamente qualquer chance da magia negra ser lançada com sucesso.
No entanto, se as ordens de cavaleiro do clã Lionheart também fossem enviadas, Eugene não seria mais capaz de fazê-lo. Ao lidar com magia negra lançada em um alcance tão amplo, as ordens de cavaleiros não seriam capazes de evitar sofrer alguns danos. Eugene não queria que o clã Lionheart derramasse seu sangue nesta guerra.
— Você está sendo atencioso com os sentimentos do Patriarca? — Cyan, que ficou em silêncio por alguns momentos, falou de repente.
As palavras de Cyan atingiram o alvo.
Eugene admitiu a verdade:
— Quando aquele desgraçado do Eward enlouqueceu e morreu, o Patriarca sofreu muito.
Não havia como evitar, Eward ainda era o filho mais velho de Gilead.
Eward podia ter manchado o nome do clã ao conspirar para fazer algo que um descendente da linhagem principal nunca deveria fazer e até mesmo tentou derrubar o clã Lionheart. No entanto, não importava o que Eward pensasse de seu pai, Gilead o amava.
A morte de seu filho causou muita tristeza a Gilead. Ele se culpou pelo que Eward fez, alegando que não conseguiu criar o filho adequadamente.
A magia negra lançada em Samar podia ou não ter algo a ver com Eward. No entanto, Eugene não queria forçar Gilead a enfrentar mais uma vez a morte do próprio filho, informando-o de algo sobre o qual ele nem tinha certeza.
— Vou te emprestar o Escudo de Geddon. — Disse Cyan após soltar um longo suspiro. — Mas em troca, deixe-me ir com você também.
Eugene praguejou:
— O que você acabou de dizer, seu desgraçado?
— Eu disse que vou com você. — Insistiu Cyan. — Como acho que você pode estar mentindo, também quero verificar e ver com meus próprios olhos o que está acontecendo em Samar… Se estiver certo, então não é o único envolvido neste assunto.
Cyan também estava na floresta do Castelo dos Leões Negros naquela época. Depois de ser emboscado por Hector, ele foi derrotado e capturado por Eward.
— Eu sou o próximo Patriarca do clã Lionheart. Se este é um problema que o atual Patriarca não pode resolver, então irei verificar em seu lugar. — Declarou Cyan.
Eugene o avisou:
— Pode ser perigoso.
Cyan bufou:
— E daí se for? Você não quer me levar com você porque acha que vou te segurar como da última vez? Faça o que quiser, porque se não me levar com você, posso simplesmente ir dar uma olhada sozinho.
Cyan estava falando bobagens sem qualquer aparência de lógica, apenas teimosia unilateral. Eugene sentiu como se seu próprio coração estivesse sendo picado.
— Isso mesmo, deve ter sido assim. — Eugene murmurou enquanto sua expressão se transformava em uma carranca.
E pensar que Eugene acabaria realmente simpatizando com os sentimentos que seus camaradas devem ter sentido naquela época, trezentos anos atrás…
Ele honestamente não queria levar Cyan com ele. No entanto, pensou que as palavras dele também continham alguma verdade, mas, ao mesmo tempo, Eugene também sentiu que não queria levar Cyan para um campo de batalha tão perigoso.
—Mas isso é apenas meu desejo egoísta.
De volta aos campos de neve, quando Cyan e Ciel receberam ordem de recuar primeiro depois de serem atacados por Noir Giabella, Anise disse isso a Eugene, que sentia simpatia pelos gêmeos que sofriam de um sentimento de vergonha.
—Os tempos não fluem como desejamos. Os humanos que vivem estes tempos são fracos e leves, por isso não têm escolha senão deixar-se levar por este enorme fluxo. Isso vale especialmente para os gêmeos, que são descendentes do Vermouth. Enquanto ainda ostentarem o nome Lionheart, eles não terão escolha a não ser permanecer na vanguarda da convulsão desta época.
—Quando essa hora chegar, eles caminharão para a luz do fogo? Ou talvez… Eventualmente decidirão abandonar tudo e fugir? Hamel, isso não é algo que você possa decidir por eles. O destino de um homem é algo que ele deve decidir por si só.
—Se você realmente se importa com seus irmãos, não os trate como crianças. Respeite suas decisões.
Não havia necessidade real de Cyan insistir em segui-los. Ele poderia simplesmente ter deixado isso para Eugene. No entanto, Cyan se atreveu a dizer algo assim, porque sentiu um claro senso de responsabilidade.
— Tudo bem, entendi. — Eugene suspirou, sem vontade de quebrar o espírito de Cyan.
Dentro da teimosia e atitude agressiva de Cyan, Eugene viu sua própria aparência de trezentos anos atrás.
— Isso é bom. — Cyan disse rindo enquanto começava a se levantar. — Se você não estivesse disposto a me levar com você, eu teria relatado esse assunto ao Patriarca.
— Esse filho da puta. — Eugene praguejou e acertou outro chute baixo na coxa de Cyan assim que este se levantou.
Hamel de trezentos anos atrás não era tão mesquinho.
Ou pelo menos era o que Eugene pensava sinceramente.