Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 275
Capítulo 275
Ivatar Jahav (1)
Aconteceu exatamente como Noir havia prometido.
Eugene não foi investigado por seu envolvimento na queda do Castelo do Dragão Demoníaco ou na erradicação de Karabloom, nem houve qualquer investigação sobre a identidade de Ramira, alguém sem qualquer relação aparente com o resto do grupo. Eles puderam fazer o checkout do hotel e partir para Pandemonium sem nenhum problema.
Eles precisavam ir para Pandemonium para usar o portal de teletransporte internacional localizado na capital para deixar Helmuth. Como entraram em Helmuth pela primeira vez pela fronteira na Paróquia de Alcarte, esta seria a primeira vez que Eugene veria Pandemonium nesta vida.
Eugene comparou a Pandemonium, que viu pela última vez trezentos anos atrás, com a Pandemonium atual que estava agora.
— Realmente mudou muito. — Observou Eugene.
Mesmo dentro daquela selva de concreto, o prédio de noventa e nove andares se destacava. Um imponente Castelo do Rei Demônio que parecia poder até tocar o céu, esta era Babel. Eugene estalou a língua ao comparar a Babel atual com a Babel de sua vida anterior.
Antigamente havia uma planície vermelha em frente ao castelo, que de certa forma servia como pátio frontal de Babel. Os horrores da névoa negra que uma vez envolveu esta terra finalmente terminaram somente depois que o solo foi coberto com cadáveres de humanos, demônios e bestas demoníacas.
Agora, incontáveis arranha-céus foram erguidos ali, e no centro de tudo isso havia um parque memorial dedicado em memória de todos aqueles que morreram durante a guerra.
“Para onde foram as Montanhas Centopeia?” Eugene se perguntou.
Trezentos anos atrás, as Montanhas Centopeia cercavam as fronteiras daquele feudo, mas agora aquelas montanhas nojentas, horríveis e capazes de rastejar não estavam em lugar nenhum. Eles realmente limparam toda a cordilheira enquanto construíam a cidade?
“Ou talvez simplesmente as tenham guardado em algum lugar”, especulou Eugene.
As notórias Montanhas Centopeia de sua vida anterior estavam mais próximas de gigantescas feras demoníacas do que de qualquer terreno normal. Essas centopeias gigantes ainda podiam estar enterradas sob aquelas estradas bem pavimentadas.
Enquanto seus pensamentos continuavam nessa direção, Eugene soltou um suspiro confuso diante de sua própria perplexidade. As mudanças que testemunhou em Helmuth eram notáveis, mas as mudanças que ocorreram ali em Pandemonium eram particularmente surpreendentes. Por que o Castelo do Rei Demônio se transformou em um arranha-céu de noventa e nove andares, e o que eram aquelas coisas flutuando no céu… Aquelas centenas de pequenos peixes?
— Eles estão nos observando… — Mer relatou com uma expressão preocupada enquanto agarrava o colarinho de Eugene.
Eram os Peixes Aéreos, o sistema de segurança perfeito e orgulhoso de Pandemonium que havia sido introduzido no folheto turístico que lhes foi fornecido antes de entrarem em Helmuth.
— Olhe todos aqueles peixes ali em cima, Sir Eugene. Dizem que ficam de olho nesta vasta cidade vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, cobrindo cada centímetro quadrado de terreno. Tudo o que veem é então enviado para o escritório de controle em Babel, o Castelo do Rei Demônio. — Mer lembrou do folheto.
— Hehehe, parece que você está bem informada, Mer. Como acabou de dizer, esses Peixes Aéreos são o sistema de segurança perfeito do qual Pandemonium tanto se orgulha. Se algo ilegal for descoberto dentro da cidade, o Departamento de Controle de Babel enviará imediatamente suas forças de segurança. — Ramira, cuja cabeça estava coberta por um capuz enorme, riu erguendo orgulhosamente o queixo.
Embora sua testa geralmente fosse coroada por seus sinuosos chifres dourados, atualmente eles não estavam em exibição. Isso porque Eugene disse a ela para escondê-los devido ao fato de serem muito chamativos.
Naturalmente, Ramira protestou contra esta ordem. Porque para ela, como filha de um Duque, o Dragão Negro, e como ela mesma um dragão, a joia vermelha e os chifres em sua testa faziam parte de sua identidade como dragão.
Porém, depois de ser informada de que se ela não se livrasse de seus chifres imediatamente, ele cortaria sua joia vermelha com sua espada, Ramira concordou em deixar de lado sua dignidade de dragão, pelo menos por um tempo.
— No entanto, Mer e Sir Eugene, esta Senhorita insiste que vocês tenham mais tato no tratamento desta Senhorita. Caso esta Senhorita seja sujeita a violência e assédio injustos, certamente levantarei um grito estridente que todos em Pandemonium ouvirão… — A voz de Ramira diminuiu gradualmente enquanto ela continuava falando.
Isso aconteceu porque os olhos de Eugene se arregalaram e ele estava olhando para Ramira. Embora sua joia vermelha ainda não tivesse sido atingida, seu olhar selvagem por si só foi suficiente para encher Ramira de medo.
— Claro… Claro… Claro que não vou gritar. — Ramira gaguejou: — N-Não tem como eu fazer uma coisa dessas.
Criiick.
— Por que você tem que continuar assustando ela? — Kristina reclamou olhando para Eugene enquanto colocava as mãos confortavelmente nas de Ramira.
Ao ver isso, Ramira ficou profundamente comovida e olhou para Kristina. Embora Ramira nunca tivesse conhecido a mãe, ela se perguntava se seria assim ter uma mãe.
— É ela quem está dizendo bobagens. — Protestou Eugene.
— Mesmo que seja esse o caso, ainda não é certo você recorrer à violência. — Kristina repreendeu. — As crianças são sensíveis e é preciso ter cuidado especial ao discipliná-las.
Eugene zombou:
— Você está chamando ela de criança…? A idade dela deve ser cerca de quatro vezes maior que a sua e a minha juntas…
— Como sua personalidade não se desenvolveu adequadamente e ela ainda pensa de maneira infantil, isso significa que ela é uma criança. — Insistiu Kristina.
Kristina não negou que Ramira estava falando bobagens. Ela também admitiu de forma indireta que, mesmo para um dragão, Ramira agia de uma maneira infantil que não correspondia à sua idade.
No entanto, Ramira não foi capaz de entender o significado das palavras de Kristina. Em vez disso, ela gentilmente devolveu o aperto de Kristina em suas mãos e puxou-as para perto do peito com uma risadinha.
— Eu meio que quero chamar ela de mãe. — Ramira murmurou para si mesma.
Kristina respondeu distraidamente:
— Hein?
O rosto de Ramira ficou vermelho enquanto gaguejava:
— N-Não… Eu… Eu não disse nada…
Na verdade, tudo isso se deveu à orientação consciente da parte de Anise.
Embora ela não achasse possível para o Dragão Negro Raizakia ter qualquer amor paternal por sua filha, mesmo assim, a Duquesa Dragão ainda tinha algum valor como refém. Porque, deixando de lado qualquer afeto paternal, Anise tinha certeza de que Raizakia sentia uma possessividade por Ramira, embora por causa de seu valor como sacrifício primeiro e depois como filha.
Além disso, Anise também decidiu que poderia usar Ramira como contraforça para Mer. Foi uma jogada inteligente da parte daquela garota Sienna deixar para trás uma familiar que se assemelhava muito ao seu eu de infância.
Deveria ter sido por causa de sua obsessão e desejo pelo final feliz sobre o qual conversaram durante a jornada, e a própria Sienna não poderia imaginar que sua familiar acabaria se aproximando de Eugene, mas…
De qualquer forma, Mer ainda não acabou acompanhando Eugene? Aquela familiar astuta e atrevida que tanto se parecia com sua dona, Mer conseguiu estabelecer seu caráter agindo como uma criança nascida de Hamel e Sienna.
Mesmo agora, Mer estava presa ao lado de Eugene como se essa posição pertencesse naturalmente a ela, então o que aconteceria quando Sienna algum dia ressuscitasse? Quão destrutivas seriam as ações de duas pessoas agindo como mãe e filha?
Kristina hesitou, “não importa o que aconteça, irmã, fingir ser mãe e filha com uma Duquesa Dragão que não tem nenhuma relação conosco é um pouco—”
Anise gritou com ela, [Kristina! Não há necessidade de chegar ao ponto de fingir ser mãe e filha. Você só precisa fingir que está brincando de casinha o suficiente para que possamos lutar contra Sienna e Mer. Você já deve saber que Hamel tem um coração mole, então não há como ele se livrar dessa Duquesa Dragão com uma história tão trágica.]
“Esse pode ser o caso, mas…”
Kristina e Anise tinham perspectivas ligeiramente diferentes quando se tratava da Duquesa Dragão.
Embora Anise a visse como uma refém valiosa e uma força contrária a Mer, Kristina sentia apenas pena da situação em que a Duquesa Dragão se encontrava.
Anise continuou a persuadi-la: [Isso não é mais uma razão pela qual você deveria cuidar dela? Na verdade, se possível, quero que você tenha um filho com Hamel antes que Sienna retorn—]
— Hã? — Kristina gritou.
Ela ficou tão surpresa e envergonhada que inconscientemente falou em voz alta.
[Por que você está tão surpresa?] Anise perguntou. [Kristina, você não quer isso secretamente também?]
“Quando eu disse isso?!” Kristina protestou.
[Uma das coisas fofas sobre você é que ainda pode entrar em pânico e tentar mentir para mim, mesmo que compartilhemos a mesma consciência. Ou talvez, Kristina, que tal você desempenhar o papel de Mer?] Anise propôs.
“P-P-Por favor, não diga algo tão ridículo…!”
[Sim, pensei que você responderia assim. Já que não quer chamar Hamel de seu pai… Hmm… Acho que não seria tão ruim se eu mesma tentasse… Kristina, acabei de ter uma ótima ideia. E se eu fingir ser você e agir como uma criança com Hamel… Então farei barulhos de beijo e—]
— Aaargh! — Kristina soltou um grito, incapaz de continuar ouvindo Anise, com o rosto vermelho de constrangimento e vergonha.
Que perversidade inacreditável para alguém que já foi chamada de Santa!
— Lá vai ela de novo. — Eugene suspirou.
Ele tinha visto essa visão tantas vezes que não o surpreendia mais. Eugene ponderou o que diabos Anise estava dizendo dentro de sua cabeça para causar tal ataque em Kristina, mas conteve a vontade de perguntar, pois não se sentia confiante de que estava pronto para enfrentar a verdade.
— S-Se você gritar assim, seremos pegos…! — Mer entrou em pânico e agarrou os braços de Eugene, mas Eugene apenas estalou a língua e balançou a cabeça.
— Não seremos pegos. — Eugene a tranquilizou.
Isso era graças à moeda preta do cassino que ele recebeu de Noir. Por ter vindo de uma fonte tão suspeita, Eugene fez muitas pesquisas sobre a moeda.
Não havia magia infundida nela. Em vez disso, foi incorporada ao imenso poder sombrio de Noir e fundida com sua autoridade. Apenas segurar a moeda era suficiente para influenciar qualquer capacidade externa de perceber seu grupo.
“O Olho Demoníaco da Fantasia”, Eugene pensou silenciosamente.
Embora não pudesse causar uma mudança tão drástica na percepção como quando a própria Noir abria seu Olho Demoníaco, a moeda ainda poderia facilmente enganar as rigorosas verificações de antecedentes de Helmuth.
Mesmo agora, ainda estava funcionando.
Os peixes aéreos de Pandemonium foram projetados para examinar continuamente as identidades de cada alvo que observassem.
A queda do Castelo do Dragão Demoníaco e a erradicação de Karabloom estavam sendo relatadas neste exato momento nas notícias transmitidas pelos outdoors e hologramas de Pandemonium.
No entanto, embora a Duquesa Dragão, a única sobrevivente do Castelo, estivesse bem na frente deles, nenhum dos Peixes Aéreos havia sido atraído por ela. Em outras palavras, a moeda preta que Noir lhe deu era capaz de enganar a detecção do Peixe Aéreo.
“O poder de seu Olho Demoníaco é muito forte”, observou Eugene. “Se vou lutar contra Noir, então preciso preparar algumas contramedidas para seu Olho Demoníaco…”
No momento, ele não tinha nenhuma solução disponível. Outro dia, quando Noir veio procurá-los no hotel, Eugene não conseguiu resistir quando o poder de seu Olho Demoníaco da Fantasia foi liberado bem na frente de seu nariz.
[Lalala~ Lalala~]
[Feliz, feliz, feliz Giabella~]
[Todos os dias~ Giabella~]
[Bem-vindos ao Parque Giabella~]
[Sonhos se tornam realidade~~]
Eugene ficou mudo ao ver as Idols Povo Demônio dançarem nas telas de holograma.
Esse grupo eram as Dream Girls, que acabavam de estrear na Agência de Entretenimento Giabella. Na frente de seu grupo feminino de cinco membros, que parecia incorporar o conceito de vivacidade, Noir Giabella estava promovendo seu Parque Giabella vestindo uma fantasia idêntica à das Idols…
— A-Aquela… Aquela vadia sem vergonha… Como ela pôde usar uma roupa tão escandalosa… — Como sacerdotisa, Kristina gaguejou violentamente ao experimentar uma sensação de choque cultural agudo.
Eugene também estava sentindo um choque semelhante. Depois de olhar para a coreografia perfeita exibida na tela holográfica, no final, ele simplesmente virou a cabeça e saiu.
— Vamos…
Graças à moeda, ele não precisava se preocupar em ser pego por uma fiscalização, mas mesmo assim não podia se dar ao luxo de baixar completamente a guarda.
Esta era a capital, Pandemonium. Como o local onde o Castelo do Rei Demônio do Encarceramento estava localizado, era também ali que seu leal capanga, Gavid Lindman, normalmente podia ser encontrado. Especialmente porque Gavid era o Grão-Duque e Chefe da Segurança lá em Helmuth.
Se eles se escondessem desnecessariamente em Pandemonium e fossem pegos por Gavid ou sua Névoa Negra, então isso poderia se tornar um pé no saco. Porque por mais forte que fosse a autoridade de Noir Giabella, ainda não seria suficiente para enganar os olhos de Gavid.
— Você está planejando voltar para a Propriedade Lionheart, certo? — Kristina perguntou.
— Não vai demorar muito. Só vou passar lá rapidinho para pegar algo emprestado. — Explicou Eugene.
Eles foram para o Castelo do Dragão Demoníaco com tanta pressa, porque precisavam investigar a identidade do filhote de Raizakia. Felizmente, as coisas funcionaram bem, e até conseguiram sequestrar a Duquesa Dragão, e também confirmaram que Raizakia ainda estava conectado às terras dentro da Floresta Samar.
Embora tivesse considerado apenas ir para a Floresta Samar assim, Eugene decidiu fazer mais alguns preparativos para ter certeza de derrotar Raizakia.
— Voltarei sozinho, então você deve ficar de olho nessa pirralha, Kristina. — Instruiu Eugene.
Kristina assentiu:
— Sim, entendido.
Eles já haviam discutido isso de antemão. Em termos de puro poder de combate, Kristina ainda podia não ser tão forte, mas Anise poderia adicionar sua própria força à de Kristina. Além disso, como já haviam recebido uma Promessa Dracônica de Ramira, era impossível ela escapar.
“Bem, em primeiro lugar, não acho que esse filhote com uma idade mental tão baixa sequer pense em fugir”, pensou Eugene enquanto se dirigia para o portão de teletransporte.
Ramira, que segurava a bainha do manto de Kristina enquanto caminhavam, fez beicinho.
— Esta senhorita também quer ver como é a propriedade Lionheart. — Exigiu Ramira. — Pelo que esta senhorita ouviu, os Lionhearts são o clã marcial mais forte do continente, e sua propriedade é magnífica. Também ouvi dizer que há muitos elfos raramente vistos morando lá.
— Você está muito bem-informada. — Observou Eugene.
— Esta senhorita leu muitas informações enquanto descansava em minha mansão. — Ramira declarou com orgulho.
Com isso, ela quis dizer que normalmente assistia TV o dia todo. Ramira estava agindo presunçosamente enquanto estufava o peito, mas Eugene nem se preocupou em expô-la.
— Os Lionhearts vão odiar você. — Eugene afirmou sem rodeios. — Não há lugar para você lá.
Ramira protestou:
— Do que você está falando? O que esta Senhorita fez para que os Lionhearts me odiassem tanto?
— Não é natural quando você considera quem é seu pai? — Eugene apontou.
— Uh… Hum… E-Essa Senhorita pode ser filha do Dragão Negro, mas não acho que qualquer antipatia por meu pai deva realmente refletir em mim… — Ramira disse com uma voz chorosa.
No entanto, por mais lamentável que ela implorasse, Eugene não tinha intenção de levar Ramira para casa com ele naquele momento.
A razão para isso era simples. Porque Eugene estava tentando ser diplomático.
Embora nunca tenha sido sua intenção fazê-lo, sempre que Eugene saía da casa principal e viajava para algum lugar, sempre acabava trazendo convidados com ele na volta.
Havia Laman de Nahama, mais de cem elfos de Samar e Kristina do Império Sagrado. E se ele trouxesse a Duquesa Dragão para casa com ele desta vez? O leque de Ancilla poderia acabar voando de suas mãos de raiva.
“Embora talvez ela realmente fique satisfeita…”, Eugene considerou esperançoso.
Agora que era a principal Senhora da casa Lionheart, Ancilla havia perdido muitos de seus espinhos venenosos. Isso significava que sua personalidade se tornara muito mais flexível. A julgar pela sua atitude em relação a Mer, ela parecia gostar particularmente de crianças. Como tal, também poderia achar Ramira muito fofa. Mas para Eugene, isso tornaria as coisas ainda mais estressantes.
Embora Eugene não tivesse chegado ao ponto de pensar em Ramira como uma refém, isso não significava que ele iria tratá-la com qualquer tipo de carinho. Ele ainda não tinha uma resposta sobre o que fazer com ela depois que matassem Raizakia, mas de acordo com o bom senso, não havia como ela se sentir confortável com os assassinos de seu pai.
— Mer, como você ousa agir de forma tão desagradável com esta Senhorita. Se continuar assim, esta Senhorita será forçada a discipliná-la informando o Dragão Negro. — Ramira ameaçou.
Mer zombou:
— Do que você está falando? Sir Eugene vai matar seu pai.
— Não há como o Duque Dragão Negro ser morto por humanos. Se você decidir se submeter a esta Senhorita agora, mesmo que aquele humano morra, esta Senhorita pode poupar sua vida aceitando-a como minha serva pessoal. — Ramira generosamente ofereceu.
A conversa entre as duas estava fazendo com que Eugene cerrasse o punho em irritação…
* * *
O propósito de Eugene ao visitar a Propriedade Lionheart era pegar emprestado o Escudo de Geddon, que estava atualmente em posse de Cyan. Quando partiu para Helmuth, Cyan ainda não havia retornado de Ruhr, então não conseguiu pegar o escudo emprestado naquela época.
O Escudo de Geddon era capaz de redirecionar todos os ataques que bloqueasse para um espaço vazio. Isso significava que, enquanto a mana do usuário se mantivesse, ele poderia bloquear qualquer ataque.
Embora sua habilidade fosse absurdamente poderosa, o consumo de mana era igualmente significativo. Sempre que o escudo era usado na defesa, quanto mais forte o ataque bloqueado, exponencialmente maior a quantidade de mana necessária. Tanto é verdade que mesmo alguém como Vermouth não era capaz de usar o Escudo de Geddon repetidamente.
“Embora seus oponentes fossem os Reis Demônios”, admitiu Eugene.
Raizakia, que estava preso em uma fenda dimensional, não poderia estar em sua condição normal. No entanto, Eugene ainda não achava que era definitivo que Raizakia seria mais fraco do que era no auge.
Como tal, ele precisava se preparar o mais minuciosamente possível. Se usasse o Escudo de Geddon, seria capaz de bloquear o ataque de sopro de Raizakia algumas vezes.
“A fenda dimensional também não será um campo de batalha vantajoso para mim.”
Em um lugar como aquele, não havia mana ou espíritos primordiais. Seria um ambiente semelhante ao outro lado de Lehainjar, onde Eugene lutou contra Moron.
“Isso significa que não poderei usar a Proeminência em todo o seu potencial.”
Seria impossível para Eugene usá-la no lugar da Ignição como fez no Castelo do Dragão Demoníaco.
“Qualquer Salto Espacial usando as penas… Também pode ser impossível.”
Mesmo que as penas ainda pudessem ser usadas como um substituto para as coordenadas espaciais, era improvável que um Salto Espacial funcionasse corretamente dentro de uma fenda dimensional.
E se ele cometesse um erro e acidentalmente saltasse de uma fenda para outra?
[Se isso acontecer, mesmo que seja você, Sir Eugene, certamente morrerá se não conseguir ajuda. Ou talvez fique preso em uma fenda em algum lugar como Raizakia…] Mer interrompeu.
“Hmph,” Eugene bufou mentalmente.
Era muito cedo para fazer qualquer avaliação precisa, mas havia uma grande possibilidade de tal perigo.
Eugene avaliou a situação gravemente: “Se a Proeminência for selada, a batalha será extremamente difícil. Não importa quanta mana eu possa ter, é impossível igualar um dragão em termos de poder de fogo.”
[Esse dragão está preso lá há centenas de anos.] ressaltou Mer.
“Mas Raizakia é um Dragão Ancião”, argumentou Eugene. “Seu Coração de Dragão deveria ser capaz de emitir um fluxo quase infinito de mana, e se ele conseguisse suportar aquelas centenas de anos preso entrando em hibernação, então seu consumo de mana não seria muito grande.”
Se Eugene não conseguisse usar a Proeminência ao máximo, ele ainda poderia tentar um desafio frontal, liberando todo o seu poder de fogo. Ainda assim, Eugene sentiu que, nas condições atuais, um confronto frontal deveria ser evitado, se possível. Se ele pudesse superar quaisquer ataques inevitáveis com o Escudo de Geddon, então poderia usar outras armas, como a Espada do Luar para—
Uma voz interrompeu seus pensamentos:
— Sir Eugene?
Enquanto estava no meio de sua contemplação, Eugene chegou à propriedade Lionheart. Eugene levantou a cabeça em resposta ao grito de espanto que veio à sua frente. Os Cavaleiros Leão Branco, que estavam de guarda no portão da frente, aproximaram-se dele com expressões de surpresa.
— Você voltou da sua jornada para encontrar sua própria essência? — Um dos cavaleiros perguntou.
Outro acrescentou:
— Se você tivesse nos enviado uma mensagem com antecedência, poderíamos ter aberto o portal da propriedade para você… Não, mais importante, por que chegou a pé? Sem andar de carruagem ou mesmo a cavalo…
Depois de deixar Pandemonium com segurança, o grupo chegou à capital Kiehl. Deixando Ramira aos cuidados de Kristina por um curto período, Eugene foi a pé para a Propriedade Lionheart. Isso aconteceu, porque Eugene podia viajar muito mais rápido a pé do que andando de carruagem.
Embora pudesse ser mais eficiente, viajar assim ainda carecia de dignidade nobre. Claro, Eugene realmente não se importava com algo assim.
Então casualmente inventou a desculpa: eu precisava de algum tempo para pensar.
Ele pensou que era apenas uma resposta simples, mas as expressões dos cavaleiros ficaram estranhas por algum motivo.
— É… Mesmo…? — Eles responderam lentamente.
Isso era um sinal de puberdade atrasada? Ou talvez Eugene realmente se parecesse com Carmen Lionheart.
Depois de lembrar os apelidos de Eugene, Flash Trovejante e Leão de Sangue, os cavaleiros se sentiram ainda mais convencidos de suas suspeitas.
— Você não imagina com que fervor o Patriarca e a Senhora da Casa o procuraram, Sir Eugene… — Disseram os cavaleiros, mudando de assunto. — É uma bênção que tenha retornado em segurança.
Eugene inclinou a cabeça curioso com essas palavras.
— Os dois estavam me procurando? Eles não leram a carta que deixei para eles? — Eugene perguntou.
Os cavaleiros hesitaram:
— Ah… Eles leram. No entanto, um convidado veio procurá-lo há alguns dias, Sir Eugene.
— Um convidado? — Eugene repetiu.
Outro convidado veio procurá-lo? Quando tentou pensar em quem poderia ser, ninguém lhe veio imediatamente à mente.
Eugene decidiu perguntar sem rodeios:
— Quem diabos veio me procurar?
— Ele diz que é o próximo chefe da tribo Zoran da floresta Samar. — Responderam os cavaleiros. — Ele deu seu nome como Ivatar Jahav. Veio nos procurar sozinho há quatro dias, dizendo que Sir Eugene havia lhe deixado um convite.
Eugene lembrou quem era. Dois anos atrás, quando trouxe os elfos da Floresta Samar, ele recebeu proteção dos guerreiros da Tribo Zoran, liderados por Ivatar.
—Não quero nenhuma compensação material de você. Mas se algum dia eu for procurá-lo na Propriedade Lionheart, quero que você me receba como seu convidado.
—Eu posso pelo menos fazer isso.
Depois que se separaram, eles não trocaram nenhum contato nos últimos dois anos.
— Eu disse a ele para pelo menos me enviar uma carta antes de vir. — Eugene resmungou.
Os cavaleiros o informaram:
— Várias cartas chegaram para você, Sir Eugene, antes que o próprio Ivatar Jahav chegasse aqui.
— Vendo como ele veio me procurar imediatamente, sem nem esperar resposta, deve haver algo urgente. — Eugene murmurou enquanto franzia a testa.
“O que poderia ser?” Ele se perguntou silenciosamente.
Não parecia uma simples coincidência que Ivatar viesse procurá-lo no momento em que ele se preparava para partir para a Floresta Samar.