Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 252
Capítulo 252
Alcarte (4)
— …
Eugene esperou em silêncio.
Isso podia parecer óbvio, mas Kristina realmente se parecia com Anise. Desde a primeira vez que Eugene viu seu rosto, ele já havia sentido uma forte semelhança, mas depois que Anise despertou, talvez por causa de sua influência, até a aura de Kristina começou a se parecer com a de Anise no passado.
Especialmente quando ela estava sentada em uma cadeira como esta, com as pernas cruzadas, a cabeça inclinada para o lado, os olhos semicerrados, o sorriso forçado pingando de emoções mal contidas, uma onda de irritação e raiva que ela lutava para conter. Exceto pela verruga em forma de lágrima no canto de um olho, Kristina era tão parecida com Anise que era o suficiente para deixá-lo arrepiado.
Eugene permaneceu em silêncio.
Poderia até ser Anise, pelo que ele sabia, aquela que estava de posse do corpo que estava sentado na frente dele assim. Até agora, Eugene nunca havia confundido Kristina com Anise, mas agora, ele honestamente não conseguia diferenciá-las… Era uma história diferente quando ela realmente dizia algo, mas até agora, fosse Anise ou Kristina sentada na frente dele, elas apenas continuaram olhando para Eugene com aquele mesmo sorriso forçado.
— …
Eugene só poderia manter o curso.
Na verdade, fosse Kristina ou Anise quem estivesse na frente dele, Eugene não tinha intenção de mudar seu comportamento. Atualmente, Eugene estava ajoelhado na frente delas sem sentir nenhuma vergonha por fazê-lo. Não era apenas Eugene. Bem ao lado dele, Mer também estava ajoelhada, os cantos da boca caídos o máximo que podiam.
O silêncio prolongado finalmente terminou quando Kristina abriu a boca e perguntou:
— Por que você fez isso?
Eles estavam atualmente em um quarto familiar de um hotel no centro da cidade. Tentaram conseguir quartos separados, mas Anise insistiu no quarto familiar, argumentando que em um lugar perigoso como Helmuth, seria difícil para eles lidar com qualquer situação inesperada se estivessem em quartos separados.
Felizmente para eles, este quarto familiar só tinha uma sala de estar compartilhada e quartos separados. No fundo, Anise não estava muito satisfeita com esse fato, mas para evitar que Kristina superaquecesse, ela teve que concordar em se contentar com algo assim.
Isso tudo aconteceu no dia anterior. Até agora, não, até a noite anterior, não houve nenhum problema.
Mas então Eugene e Mer partiram para as Colinas Kazard, não, para Mina Kazard, deixando Kristina sozinha no quarto. Foi tudo com o propósito de potencialmente coletar mais fragmentos da Espada do Luar.
— Isso é… Hmmm… — Enquanto Eugene tentava descobrir o que dizer, se lembrou da conversa que acabaram de ter antes do silêncio começar.
—Bem-vindo de volta, Sir Eugene….
—Ahem….
—Hamel, por que você não está me olhando diretamente nos olhos?
—Coff…
—Você parece limpo demais para uma viagem a uma mina. Sua pele, seu cabelo e até o casaco que você veste parecem limpos e frescos. Seus sapatos nem estão manchados de sujeira, muito menos de pó de carvão… Seu corpo até cheira como se tivesse acabado de sair do banho.
—Isso é… Meu odor corporal geralmente é assim…
—Por que você não me olha bem nos olhos e tenta dizer isso de novo? Eu já deveria ter avisado sobre isso várias vezes. Se mentir, não há como ir para o céu. Essa é apenas outra maneira de dizer que posso e irei pessoalmente mandá-lo direto para o inferno.
—Isso é… Hum…
—Mer Merdein, o mesmo vale para você. Por que não está me olhando diretamente nos olhos? Posso detectar um leve cheiro doce vindo de seus lábios. Ah, e por favor, não dê desculpas tolas, Mer Merdein. Hamel a subornou para manter a boca fechada, enchendo-a de doces?
—Eu… Por favor, deixe-me explicar.
—Quantas pessoas você matou?
Nesse ponto, Eugene tinha apenas humildemente se ajoelhado.
Ele realmente não achava que havia algo humilhante em fazer isso. Mesmo em sua vida anterior, Anise era a pessoa mais incômoda para lidar quando ficava com raiva, e ainda era o caso agora. Mesmo alguém como Sienna apenas fazia beicinho lamentável e caía de joelhos quando Anise ficava com raiva.
Hesitante, Eugene tentou se defender.
— Eu já disse isso antes, mas realmente não pude evitar…
Quando tentou se explicar antes, Anise não se preocupou em ouvir a história deles até o final e apenas os arrastou para dentro. Então, Kristina continuou olhando para Eugene com aquele sorriso forçado.
Até agora, Eugene pensava que Kristina era mais gentil que Anise. Na verdade, quando os dois foram juntos para a floresta Samar, Eugene conseguiu usar esse fato para provocar Kristina várias vezes.
Até onde podia ver agora, no entanto… O que havia antes era apenas antes e o que era agora era agora. A Kristina na frente dele não parecia de forma alguma mais gentil do que Anise já tinha sido…
Eugene começou a recontar sua história.
— Então conseguimos ver através do feitiço na entrada e conseguimos entrar no túnel, certo? Até aquele ponto, nós realmente não enfrentamos nenhum problema.
Eugene conseguiu superar o feitiço que cobria a entrada com Akasha. Como o poder sombrio do povo demônio era destrutivo em sua essência, era impossível usá-lo para criar vários fenômenos diferentes, como a magia comum poderia. Portanto, a magia negra tinha que seguir a mesma estrutura da magia comum, mas em vez disso usava uma mistura de mana e poder das trevas para alimentar seus feitiços.
Em outras palavras, a magia negra também era apenas um tipo diferente de magia no final. Tinha várias limitações em comparação com a magia comum e era um pouco mais complicada, mas dependendo da habilidade do conjurador, não era impossível interferir nos feitiços de um mago negro.
E em termos de habilidades? Como alguém que criou uma Assinatura, que poderia ser considerada um símbolo de todos os Arquimagos, não havia como as habilidades de Eugene não serem o bastante.
— Ahem. — Mer, que estava ajoelhada ao lado dele, pigarreou para chamar a atenção para si mesma.
— Recebi bastante ajuda de Mer. — Admitiu Eugene.
Eugene reconheceu claramente esses fatos. No entanto, ainda sentia que o fato de Mer ter confiança suficiente nele para ajudá-la, o fato de ser capaz de lidar com Akasha livremente e o fato de ser capaz de interferir com sucesso no feitiço de barreira sob todas essas condições ainda deveria ser considerado como parte de seu próprio conjunto de habilidades.
— Às vezes, você pode ser realmente nojento, Sir Eugene. — Reclamou Mer.
— Cale a boca. — Eugene rosnou em resposta.
— Por que vocês dois começaram a discutir entre si? Não é disso que deveria estar falando agora, Sir Eugene. — Disse Kristina, com os olhos brilhando perigosamente.
Mer, que sutilmente moveu as pernas para ficar ajoelhada de lado, ficou surpresa com esse olhar e rapidamente endireitou sua postura.
— Bem… Depois disso, ocorreu um problema. — Continuou Eugene.
Eles passaram pelo feitiço de barreira na entrada da mina. Esse tipo de feitiço nunca estaria lá assim, por si só; era inevitável que uma série de feitiços fossem conjurados na frente deles, mas pela experiência em sua vida anterior, Eugene estava acostumado a romper masmorras alinhadas com tais feitiços, mesmo quando não havia aprendido nenhuma magia.
Ele manipulou sua própria mana para suprimir todos os seus sinais de vida até o limite e, além disso, adicionou um feitiço. Tendo assim alcançado um estado que não era diferente da total invisibilidade, Eugene entrou no túnel.
Este não era um lugar onde tesouros raros foram escondidos, nem era a masmorra de um mago negro. Era um segredo aberto que a Mina Kazard era uma arena frequentada por demônios de baixo nível.
— Se for esse o caso, eles poderiam ter mudado o nome do lugar para Arena Kazard. Você não concorda, Kristina? Mas, na verdade, eles tinham seus próprios motivos para não fazer isso. — Revelou Eugene com orgulho.
— Qual foi a razão? — Kristina perguntou, indo direto ao ponto.
Eugene tremeu como se tivesse sido pego por um terremoto enquanto gaguejava.
— Ah-ah… Bem, isso é…
Eles estavam apenas tentando enfatizar aos visitantes que este era um local secreto e sombrio?
Esse foi o primeiro pensamento de Eugene ao entrar na mina e dar uma olhada. Carroças de minério amassadas estavam espalhadas aqui e ali, algumas até sem as rodas. Os trilhos estavam enferrujados e tortos, porque não receberam nenhuma manutenção.
No entanto, enquanto Eugene se arrastava lentamente pelo túnel, percebeu que muitas coisas pareciam ter sido alteradas propositalmente. Ele inicialmente pensou que era uma mina apenas no nome, mas o interior do poço da mina estava surpreendentemente bem conservado e em boas condições. Em algum ponto no meio, não havia mais barreiras de magia negra, então, a partir daquele momento, Eugene foi capaz de se concentrar em descobrir se havia algum fragmento da Espada do Luar e qual era o verdadeiro propósito desta mina.
— Então você foi pego pelo povo demônio durante tudo isso? — Kristina questionou.
Eugene se ofendeu com isso.
— Ei, quem você pensa que eu sou? Mesmo na minha vida anterior, quando não aprendi nenhuma magia, eu era um mestre em infiltração e reconhecimento—
Kristina o cortou.
— Ouvi dizer que sempre que você precisava fazer alguma infiltração ou reconhecimento, sempre ia junto com a Senhorita Sienna. Então, no seu passado, você provavelmente nunca precisou usar nenhuma magia, estou errado?
— Aargh! — Eugene inconscientemente gemeu de dor e apertou o peito.
A declaração irrefutável de fato de Kristina se transformou em uma adaga e apunhalou o peito de Eugene.
— Eu… Eu não fui… Pego! — Eugene engasgou com a dor.
Ele não estava mentindo. Enquanto estava furtivo, não foi descoberto por nenhum dos demônios.
— Então o que aconteceu? — Kristina perguntou, franzindo a testa.
No túnel subterrâneo da Mina Kazard, nas profundezas da escuridão, Eugene sacou a Espada do Luar. A lâmina cinza brilhava mesmo no escuro, mas aquela espada sinistra e misteriosa não era brilhante o suficiente para iluminar completamente a escuridão.
O punho da Espada do Luar foi capaz de ressoar com seus fragmentos. Isso foi algo que Eugene pôde confirmar quando pôs as mãos no cabo pela primeira vez. Se houvesse mais fragmentos da Espada do Luar deixados em algum lugar dentro desta mina, ele sabia que seria capaz de encontrá-los usando o punho.
Embora Eugene tenha se perguntado se seria mais confiável tentar encontrá-los usando o Feitiço Dracônico de Akasha, decidiu que o risco era muito grande. Se lembrou da primeira vez que usou o Feitiço Dracônico que havia sido gravado em Akasha, quando tentou encontrar a localização de Vermouth através da Espada do Luar.
Foi um fracasso. Ele havia sofrido um golpe em sua psique devido à tensão insuportável daquele sentimento sinistro. Se o Rei Demônio do Encarceramento não o tivesse afastado no meio de sua visão, a mente de Eugene poderia ter sido corroída pelo sinistro abismo dentro da Espada do Luar e desmoronado completamente.
Mesmo pensar nisso era uma experiência de merda, então Eugene não se arrependeu de claramente apresentar essa opção.
Enquanto estava no meio do túnel, apenas com base na expectativa de alguma ressonância da Espada do Luar, a luz da espada de repente tremeu. Sem que Eugene sequer quisesse isso, a luz que formava a lâmina da espada começou a apontar em uma determinada direção, e a vibração do punho o ajudou a determinar a localização.
— O Coliseu ficava bem no fundo do poço da mina. — Relatou Eugene. — Era exatamente como os rumores descreviam. Uma arena onde demônios de baixo escalão lutavam.
Graças a ele escolher deliberadamente um dia em que não havia lutas, a arena estava silenciosa. Os únicos ali eram um gerente e o povo demônio da guarda que estava patrulhando.
— A Espada do Luar estava apontando para baixo da arena. — Eugene elaborou.
Não havia caminhos ou portas aparentes na direção para a qual apontava. Eugene checou novamente usando magia. Ele imediatamente encontrou uma porta que levava a um porão que havia sido escondido usando magia e várias engenhocas.
Eugene enfatizou a importância de sua descoberta.
— Não era extremamente suspeito, mesmo sozinho? Mas também não entrei cegamente. Procurei no subsolo usando um feitiço primeiro. Havia mais demônios enxameando abaixo do que todos os demônios pelos quais eu havia passado enquanto descia o túnel.
Contanto que ele enviasse as penas da Proeminência à frente dele, Eugene seria capaz de entender claramente a situação lá embaixo, mas como um feitiço de alto nível, suas flutuações de mana eram muito fortes. Como tal, ele não tinha escolha a não ser usar um feitiço de detecção comum, que apenas lhe dava resultados incompletos, mas era menos provável de ser descoberto.
Eugene não pôde deixar de considerar a situação seriamente. Não importava o quanto pensasse sobre isso, se quisesse abrir esta porta escondida e descer ainda mais, precisaria desistir de sua discrição.
Mas isso era realmente um grande negócio? Tanto o cabo quanto a luz da Espada do Luar ainda apontavam para baixo.
Eugene continuou sua história.
— Então eu desci mais. Só estou dizendo isso com antecedência, embora eu possa ter usado um método de força bruta para abrir a porta e descer mais fundo, não matei ninguém imediatamente após a invasão. Para começar, tentei seguir a ressonância do cabo em alta velocidade, para não ter tempo de esbarrar em ninguém.
O destino final de sua busca era o andar mais baixo desta área subterrânea. Ao contrário dos andares superiores, este andar tinha a aparência de uma mina de verdade. Havia carrinhos contendo montes de terra e vários minérios, e os trilhos também estavam em boas condições.
— Embora não pegassem nada para vender, ainda estavam cavando em busca de algo no subsolo. Então é por isso que devem ter continuado a chamá-la de mina. — Eugene finalmente declarou.
— O que exatamente eles estavam minerando? — Kristina perguntou.
O rosto de Eugene se contorceu em uma carranca quando respondeu. — Minério das Trevas Silenciosas.
Kristina não sabia por que ele estava fazendo tal expressão, mas Anise imediatamente entendeu o motivo.
[Como esperado de alguém que costumava servir o Rei Demônio da Carnificina] comentou Anise.
“Irmã, o que você quer dizer com isso?” Perguntou Kristina.
[O Minério das Trevas Silenciosas é apenas um minério de cor esbranquiçada. Não é extraído em nenhum lugar do continente e não tem valor mágico. O único lugar onde esse minério é extraído é no território do Rei Demônio da Carnificina em Helmuth.] Anise explicou.
— Este é um assunto de trezentos anos atrás. Os seguidores do Rei Demônio da Carnificina costumavam enfiar as almas e o poder negro de seus subordinados, ou qualquer outro povo demônio, no Minério das Trevas Silenciosas. Eles poderiam fazer uso do poder armazenado sempre que fosse necessário. — Eugene a informou.
O Olho Demoníaco da Glória Divina possuído pela Lâmina do Encarceramento, Gavid Lindman, foi concedido a ele pelo Rei Demônio do Encarceramento. O Olho Demoníaco das Trevas que a Princesa Rakshasa Iris tem foi um poder concedido a ela pelo Rei Demônio da Fúria.
Não eram apenas Olhos Demoníacos também. Cada um dos Reis Demônios tinha seus próprios poderes e habilidades diferentes que poderiam conceder a seus seguidores.
Eugene continuou.
— Para colocar em termos simples, eles moíam o povo demônio de baixo nível e infundiam sua força e essência no Minério das Trevas Silenciosas.
[No entanto, não foi uma autoridade concedida pelo Rei Demônio da Carnificina? Todo o Minério das Trevas Silenciosas usado pelos seguidores do Rei Demônio da Carnificina foi presenteado diretamente a eles pelo Rei Demônio.] Anise murmurou, com Kristina retransmitindo essas palavras para Eugene.
Eugene zombou.
— Não tem como aquele maldito do Rhode ter alcançado o mesmo nível de um Rei Demônio. Ele estava apenas espreitando no subsolo, acumulando muito Minério das Trevas Silenciosas e fazendo todo tipo de bobagem. Parece que ele estava secretamente arrastando os demônios de classe baixa que foram derrotados na área para sua mina secreta abaixo, para que pudessem desenterrar mais Minério das Trevas Silenciosas para ele; aqueles que se mostraram rebeldes foram triturados e cortados em pedaços enquanto ele tentava de alguma forma imitar a habilidade de seu falecido mestre.
— Isso é apenas sua especulação? — Kristina perguntou enquanto estreitava os olhos em suspeita.
Incapaz de responder, Eugene desviou o olhar.
Kristina se levantou de seu assento. Ela se aproximou e parou exatamente onde Eugene estava olhando. Com esse movimento, Eugene rapidamente virou a cabeça para o lado. Os passos de Kristina acompanhavam o movimento de sua cabeça. Eugene tentou virar a cabeça mais uma vez, apenas para Kristina agarrar as bochechas de Eugene com as duas mãos.
— Sir Eugene, por favor, olhe nos meus olhos quando estiver falando comigo. — Pediu Kristina.
Relutantemente, Eugene confessou:
— Bem, depois de arrancar as duas pernas, ele começou a chorar e falou tudo…
— Você realmente arrancou as pernas dele? — Kristina pressionou.
— Calma, parece que você me vê como uma espécie de louco que vai atacar alguém só porque me olhou nos olhos, mas você deveria me ouvir antes de chegar a algum tipo de mal-entendido. Eu realmente não ia fazer nada. — Protestou Eugene.
Isso não era apenas uma desculpa, era a verdade. Ele havia descoberto enormes pilhas de Minério das Trevas Silenciosas e uma instalação que não parecia ter nada a ver com mineração. Alguns dos equipamentos lá o lembravam da Fonte de Luz, e isso realmente fez Eugene se sentir muito desconfortável.
Mesmo assim, Eugene não ficou furioso. Se eram dezenas ou mesmo centenas de demônios sendo triturados e cortados em pedaços, não importava para Eugene. Ele pretendia se concentrar em seu único propósito de recuperar os fragmentos da Espada do Luar.
No entanto, o que mais deveria fazer se esbarrasse neles?
No fundo da mina subterrânea, o solo escavado e diversos minérios foram empilhados em grandes montes dentro de uma enorme cavidade subterrânea, cujo centro estava cheio de círculos mágicos brutos que foram sobrepostos para parecer complexos.
Eugene se perguntou o que Rhode Lonick tinha feito nos últimos trezentos anos. Agora que estava vendo isso… Rhode decidiu tardiamente aprender um pouco de magia? Mas, se fosse esse o caso, os resultados seriam terríveis demais. Estava em um nível em que Rhode não parecia ter nenhum talento para magia, nem persistência para treinar diligentemente.
Na verdade, a força do Rhode que Eugene finalmente encontrou naquela caverna subterrânea não era muito diferente do que tinha sido trezentos anos atrás. Em vez de ter melhorado, sua força até parecia ter murchado desde a última vez que vira Rhode no campo de batalha.
Eugene relembrou:
— Quando o encontrei no subsolo, ele estava espremendo o sangue do cadáver de um demônio de baixo nível…
Kristina hesitou.
— Quando você diz espremendo, o que quer dizer exatamente…?
Em vez de responder, Eugene levantou as duas mãos e as torceu no ar como se estivesse torcendo um pano. Os lábios de Kristina se contraíram em descrença, mas Rhode realmente estava torcendo demônios de baixo nível como trapos e derramando seu sangue em uma pilha de Minério das Trevas Silenciosas.
Os fragmentos da Espada do Luar foram enterrados em uma fenda cheia de lodo e outros minerais.
Não se sabia muito sobre a Espada do Luar de Vermouth. Não havia nada sobre isso em nenhum dos registros históricos, o que não era nada estranho — afinal, era uma arma que não havia sido usada fora das batalhas mais importantes, então a maioria dos oponentes que viram a Espada do Luar estavam mortos. Era natural que Rhode, que havia fugido do campo de batalha com medo por sua vida, não tivesse ideia disso, especialmente porque Vermouth só adquiriu a Espada do Luar depois de derrotar o Rei Demônio da Carnificina.
Eugene revelou sua presença e tentou recuperar rapidamente os fragmentos da Espada do Luar. Rhode, que estava no meio de espremer mais alguns demônios, foi naturalmente capaz de notar Eugene passando correndo por ele.
Naturalmente, ele ficou chocado. Como um humano poderia acabar aleatoriamente naquele lugar?
Em Helmuth, não era contra a lei um povo demônio matar outro povo demônio. Mas dito isso, tudo o que Rhode estava fazendo ali não era motivo de orgulho.
Após uma conversa breve e casual, Rhode naturalmente tentou matar Eugene para silenciá-lo. As leis de Helmuth eram misericordiosas com os humanos, mas isso não significava que abrigavam e protegiam unilateralmente a humanidade. E daí se um turista desapareceu? Rhode estava confiante em ser capaz de lidar com as consequências de um incidente dessa escala.
— Aquele desgraçado foi quem tentou me matar primeiro. — Explodiu Eugene. — Então o que eu deveria fazer, apenas ficar parado? Se realmente olhar para isso, este é um caso de legítima defesa. Então, se todos nós pudéssemos apenas fingir que nada aconteceu e seguir em frente com isso, poderia ser…
Kristina o interrompeu.
— Por favor, não diga essas bobagens.
Mal-humorado, Eugene retomou seu argumento.
— Enfim, foi Rhode quem tentou me matar primeiro. Eu não queria morrer, então resisti.
As mãos de Rhode estavam se estendendo para agarrá-lo, então Eugene cuidou delas primeiro cortando as mãos nos pulsos. Rhode recuou em pânico. Seus pulsos decepados começaram a se regenerar, apenas para Eugene cortá-los novamente um pouco mais abaixo da linha de regeneração. Repetindo esse processo, ele cortou os braços de Rhode em centenas de fatias.
Em uma batalha contra o povo demônio que era habilidoso em regenerar seus corpos, a maneira mais eficaz e eficiente de atacar era despedaçar suas mentes. A dor contínua que incluía pequenas mudanças a cada repetição mostrava o melhor efeito quando se tratava de quebrar o ânimo.
Foi por isso que Eugene continuou cortando. Rhode tentou fugir, mas Eugene se recusou a deixá-lo. Depois de cortar um braço logo após o ponto de regeneração, Eugene fez o mesmo com o outro braço antes de alternar mais uma vez.
Mesmo a capacidade de regeneração de um povo demônio não era ilimitada. Uma vez que suas mentes fossem abaladas pela dor contínua, isso retardaria sua regeneração. Além disso, o processo de regeneração consumia mana naturalmente. Então, uma vez que toda a sua mana fosse consumida, não era mais possível para eles se regenerarem. Em outras palavras, cortando pedaços suficientes de seus braços, Eugene poderia tornar Rhode incapaz de se regenerar por mais tempo.
Eugene então arrancou as pernas do Rhode caído. Não havia realmente nenhuma necessidade, já que Rhode não estava em estado de escapar, mas Eugene simplesmente as arrancou de qualquer maneira. Rhode também deve ter percebido que Eugene havia arrancado suas pernas sem nenhum motivo específico, pois a partir de então respondeu ansiosamente a todas as perguntas de Eugene.
— Eu perguntei a ele por que estava fazendo aquilo, e ele disse que era para se vingar de Noir Giabella. — Retransmitiu Eugene.
— Hã? — Kristina grunhiu interrogativamente.
Por que o nome da Rainha dos Demônios da Noite apareceu aqui? Tanto Kristina quanto Anise ficaram um tanto confusas.
Naquele momento, Eugene também sentiu a mesma sensação de perplexidade. Pensando que era algum absurdo inventado, Eugene deu tapas em Rhode algumas vezes para garantir. Então, enquanto derramava lágrimas de tristeza, Rhode explicou o motivo pelo qual estava procurando vingança contra ela.
Depois que a guerra terminou, trezentos anos atrás, três dos Reis Demônios podiam ter morrido, mas alguns de sua comitiva ainda sobreviveram. No entanto, a maioria sofreu um declínio. Muitos dos seguidores remanescentes dos falecidos Reis Demônios se entregaram ao prazer nos longos anos seguintes, eventualmente caindo na decrepitude e desmoronando, para nunca mais se levantarem.
Isso tudo devido à Rainha dos Demônios da Noite, Noir Giabella. Rhode perdeu cem anos em vão depois de ser pego nos sonhos dos demônios noturnos de alto nível que vieram até ele e lhe ofereceram conforto. A maior parte do poder que ele uma vez se gabou, quando estava no auge, foi perdido durante aquele período em que a realidade e seus sonhos pareciam ter se misturado.
No mínimo, Rhode acabou com um dos melhores resultados. Entre os outros servos dos Reis Demônios caídos, muitos foram forçados a jurar lealdade a Noir Giabella e tiveram suas almas tomadas como garantia.
Depois de drenar a maior parte de sua força e força vital, os demônios da noite jogaram Rhode fora. Ele levou décadas para completar sua reabilitação depois de se tornar um aleijado, e bem mais de cem anos apenas para recuperar algumas forças. No entanto, não importava o quanto trabalhasse, parecia que seria impossível tentar derrotar a Rainha dos Demônios da Noite pela força, então Rhode tentou reproduzir uma das autoridades do falecido Rei Demônio a quem ele havia uma vez servido.
Claro, isso também foi um fracasso. Não havia como Rhode, que não era tão impressionante em primeiro lugar, ser capaz de reproduzir uma das habilidades do Rei Demônio da Carnificina.
Eugene continuou.
— Deixando Rhode de lado por um momento, fui recuperar os fragmentos, mas… Hum… Enquanto reabsorvia os fragmentos, algo inesperado ocorreu…
— Algo inesperado? — Kristina repetiu com curiosidade.
— A caverna começou a desmoronar. — Admitiu Eugene.
Com relação a isso, Eugene sentiu que era completamente injusto colocar a culpa nele. Não tinha intenção de demolir a mina. Ele havia planejado apenas matar Rhode e escapar casualmente.
Infelizmente, como os fragmentos estavam se recombinando, seu poder momentaneamente saiu do controle. Depois que começou, Eugene não pôde fazer nada sobre o colapso, então nem se preocupou em tentar impedi-lo. Em vez disso, decidiu que seria melhor apenas enterrar tudo de forma limpa.
Eugene aniquilou Rhode com um golpe da Espada do Luar. Então, antes que o túnel pudesse desmoronar completamente, conseguiu escapar para fora. Todo o seu corpo estava coberto de sujeira, então Eugene lavou a poeira com magia.
Mer então fez um barulho sobre o que eles deveriam fazer, dados os eventos que haviam acabado de acontecer. Ela também se lembrou convenientemente de uma sobremesa de alta classe sendo vendida no café no primeiro andar do hotel que estava de olho. Assim, depois de alimentar Mer com alguns doces para selar sua boca, eles voltaram para o quarto de hotel.
E agora estavam ali, ajoelhados na frente de Kristina e Anise.
[Está tudo bem, já que ele conseguiu recuperar os fragmentos da Espada do Luar.] Anise eventualmente concedeu.
Cristina hesitou. “Mas… Irmã…”
[Pode ter sido perigoso e imprudente, mas comparado com a recuperação dos fragmentos da Espada do Luar, valeu a pena.] Anise decidiu após algumas considerações sérias.
Se a recuperação de Eugene tivesse falhado, ela também teria concordado de bom grado em erguer o mangual como punição. No entanto, desde que sua recuperação foi bem-sucedida, Anise não tinha mais nenhum desejo de repreender Eugene, então devolveu o controle total de seu corpo para Kristina.
— Ahem. — Kristina também classificou cuidadosamente seus sentimentos.
A princípio, ela ficou tão furiosa quanto Anise. Este era o Domínio Demoníaco de Helmuth. Podia ser um império com níveis incríveis de civilização, mas ainda era território inimigo tanto para Eugene quanto para Kristina. Como tal, precisavam ser cautelosos com cada ação que tomavam, então o comportamento de Eugene foi muito imprudente.
— Eu te imploro… — Kristina disse depois de um longo suspiro enquanto permitia que Eugene se levantasse. — Por favor, não me preocupe tanto.
Mesmo ela realmente não sabia o porquê, mas do nada, Kristina puxou Eugene para um abraço.
Eugene enrijeceu com essa ação repentina. Ele estava prestes a contar a ela quantos fragmentos da Espada do Luar ele conseguiu recuperar, mas o movimento repentino de Kristina o deixou sem palavras.
[Oh, meu Deus…!] Anise também soltou um grito.
Esse grito finalmente serviu para tirar a mente de Kristina de seu estado congelado.
Isso… Isso definitivamente era apenas sua pura preocupação. Como uma mãe abraçando seu filho quando estavam prestes a sair — não, não assim… Como a preocupação de uma mulher por seu amante que estava prestes a ir para o campo de batalha…
[Que falta de escrúpulos!] Anise a repreendeu.
Kristina gaguejou: “N-Não fui eu. I-I-Irmã, foi você não foi, foi você quem fez meu corpo…”
[Perdão?! Se eu realmente tivesse tomado o controle do seu corpo, teria beijado o idiota em vez de apenas terminar com um abraço.] Anise a corrigiu.
Kristina guinchou, “Eeeek…”
As palavras que ecoavam na cabeça de Kristina eram tão atrevidas que ela rapidamente soltou Eugene. Mer, que estava olhando para Kristina com olhos desdenhosos, recusou-se a ficar de joelhos por mais tempo. Ela mudou para sentar de pernas cruzadas em um acesso de raiva e olhou para Eugene e Kristina.
— Parem de brincar, quando exatamente vamos para o Castelo do Dragão Demoníaco? — Mer exigiu.
No entanto, não houve resposta. Eugene apenas fechou a mandíbula que estava aberta, e Kristina se virou, dando um tapa em seu próprio rosto vermelho fumegante.
— Eu perguntei, quando vamos para o Castelo do Dragão Demoníaco?! — Mer gritou alto.