Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 133
Capítulo 133: Os preparativos para a caça (2)
Havia um ditado sobre como uma pedra que acumula musgo será derrubada de seu lugar por uma pedra rolante, mas isso nunca se aplicou a Ciel Lionheart, de vinte anos. Afinal, ela era uma nobre dama da prestigiosa Família Lionheart. Quando tinha treze anos, Eugene foi adotado, mas não expulsou ninguém. E, claro, a própria Ciel não era o tipo de pedra a ser deslocada assim.
Ela nasceu para ser amada pelos membros da casa principal. Cyan se sentiu ameaçado por Eugene, mas para a jovem Ciel, seu irmão parecia ridículo. Ela era fofa e adorável desde que nasceu e sabia como usar com eficiência as armas com as quais nasceu. Seu irmão estúpido e lento não tinha esse tipo de habilidade, então costumava ser duramente repreendido por sua mãe. Enquanto isso, Ciel não era repreendida. Ela sabia que tipo de ação resultaria em uma repreensão e, quando precisava fazer algo que o justificasse, sabia como evitar levar bronca. Isso não mudou mesmo depois que cresceu; além disso, ela também começou a trabalhar duro em áreas que não trabalhava quando era criança.
Ciel não tinha intenção de se tornar uma flor bonita e fofa. O clã Lionheart era um clã guerreiro de prestígio e, para ser reconhecido por eles, um sorriso fofo e adorável não era suficiente; ela precisava de habilidades adequadas para se tornar uma verdadeira Lionheart. Assim, pegou uma espada e começou a brandi-la. Vendo que fazia tudo sozinha, seus pais a amavam mesmo quando ela não estava nem um pouco bonita, enquanto os cavaleiros da família principal arranjavam tempo para ajudá-la a treinar.
“Eu não estava errada.” Ciel cerrou os dentes.
Desde pequena, ela era perspicaz. Estava ciente de como sua mãe desejava secretamente uma filha linda e adorável. Também sabia que sua mãe queria passar o tempo como uma mãe e filha nobres comuns, segurando xícaras de chá em vez de espadas e usando vestidos bonitos em vez de trajes cerimoniais ou de artes marciais.
Ela sabia disso, mas não o fez. Não que ela estivesse ignorando o desejo de sua mãe, mas ela sabia que tal desejo era impulsivo e passageiro. Ancilla, a mãe que ela conhecia, queria uma leoa forte e bonita que pudesse viver de acordo com o nome dos Lionheart, não uma flor.
“Eu não estava errada… Mas isso é injusto,”
Os punhos de Ciel tremiam de raiva enquanto olhava para frente.
Ela podia ver uma menina de dez anos sentada no colo de Ancilla. Quando tinha a idade daquela garota, também costumava sentar no colo da mãe, mas depois que passou pela Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea, parou de fazer isso. Concluir a cerimônia significava que ela era reconhecida como uma Lionheart. A partir desse momento, teve que desistir da infância e se tornar uma jovem leoa.
Foi Ancilla quem lhe ensinou isso.
“Aí é onde eu sento…!”
Até alguns anos atrás, realmente tinha sido. O protocolo adequado a impedia de sentar lá, mas ela sabia que poderia fazê-lo sempre que desejasse. Na família Lionheart, o colo de Ancilla era apenas para Ciel.
Pelo menos era o que Ciel pensava. Mas agora, uma garota havia tomado seu lugar. A maneira como Ancilla olhava para Mer deixou Ciel mais chocada. Seus olhos estavam cheios de amor e alegria, como se estivessem olhando para sua filha.
“Eu consigo… Entender. Mamãe deve ter se sentido sozinha.”
Mas ainda assim, como ela poderia olhar para a garota assim quando sua própria filha estava bem ali?!
Pela primeira vez em muito tempo, Ciel sentiu ciúmes. Ela imediatamente quis empurrar a garota para longe e sentar no colo de Ancilla.
— Ela não é fofa? — Não havia como Ancilla sentir a raiva latente de Ciel, mas falou com um timing impecável.
— Ela me lembra você quando era pequena, Ciel.
— Eu não era mais bonita? — Ciel perguntou enquanto olhava para a garota, sorrindo. Seu jeito de falar era bastante provocativo.
— Hoje é a primeira vez que te encontro, mas ouvi tantas histórias sobre você da Senhora Ancilla, Senhorita Ciel. — Mer respondeu enquanto mordiscava um biscoito. — Ela me disse que tem uma filha muito linda que se parece com ela…
— Nossa, Mer… Não diga isso a ela, você está me fazendo corar.
— Mas é a verdade. A Senhorita Ciel é muito linda! — Mer sorriu, largando o biscoito que estava mastigando.
Para Ciel, o sorriso de Mer parecia um soco forte em seu peito. Ela inconscientemente respirou fundo e dobrou o queixo.
“Consigo ver porque a mãe é fascinada por ela…” Ciel pensou amargamente.
À medida que envelhecia a cada ano, uma coisa da qual ela tinha que desistir era sua inocência como criança. A garota diante de Ciel tinha a inocência que ela havia desistido há muito tempo. Mais importante, ela não era uma Lionheart, não tinha a ambição de se tornar uma leoa em vez de uma flor. Foi por isso que ela conseguiu despertar o amor maternal de Ancilla de maneira tão inocente.
Assim como Ancilla desejava, Mer usava roupas bonitas e comia doces sem se importar como isso afetaria seu corpo. Essas foram todas as coisas que Ciel se absteve de desfrutar.
“O que eu estou fazendo? Estou com ciúmes de uma criança.” Ela tomou um gole de chá, acalmando-se tardiamente.
“Hã?” Ciel percebeu algo um momento depois.
—Eu não era mais bonita?
Alguns minutos atrás, Ciel a havia provocado, mas Mer não havia respondido à sua provocação. Ela havia dito que Ciel era ‘linda’, não ‘fofa’. Ser fofa era diferente de ser linda, elas não podiam competir. A palavra ‘linda’ não combinava com uma menina de dez anos.
“Impossível.”
Depois de chegar à conclusão de que ela estava pensando demais, Ciel largou a xícara de chá, mantendo o sorriso. Mer, que estava sentada em frente a ela, pegou um novo biscoito e o colocou na boca de Ancilla.
“Isso não é possível.”
Não, ela não estava errada. Foi apenas por um momento, mas os olhos de Ciel e Mer se encontraram. Quando Ciel viu Mer sorrindo para ela, percebeu que Mer era tão astuta quanto ela.
Ciel Lionheart tinha vinte anos, então ela não era mais uma garota. Foi por isso que perdeu para uma garotinha, não, não era nem uma competição.
— Hum. — Ela não queria admitir sua derrota. Portanto, saltou de seu assento e sentou-se ao lado de Ancilla. Naturalmente entrelaçando seus braços com os de Ancilla, Ciel encostou-se no ombro de Ancilla.
— Senti sua falta, mãe. — Disse ela com olhos de cachorrinho.
— Oh, meu Deus…
— Senhora Ancilla, experimenta isso também. É tão delicioso! — Mer ofereceu.
— Uau… Nossa… — Ancilla exclamou, tremendo de empolgação avassaladora.
Ela sentiu que ser mãe era a coisa mais gratificante.
— Você é muito boa. — Ciel disse com uma expressão impressionada no rosto.
Depois que o chá acabou, ela saiu da sala com Mer.
— Eu não esperava que você encantasse minha mãe tão bem em apenas alguns dias.
— Não encantei ninguém. — Mer sorriu, olhando para Ciel. — É que a Senhora Ancilla me adora.
Mer passou centenas de anos em Acryon. Os únicos visitantes que ela recebia eram magos velhos e chatos, e eles apenas a tratavam como uma familiar bem feita, não como uma garotinha fofa, embora ela parecesse uma. Portanto, nunca teve a chance de se considerar fofa.
No entanto, ela teve todas as chances do mundo depois de deixar Acryon. O exterior estava cheio de maravilhas que ela ainda não havia encontrado.
— Então você foi feita há centenas de anos, embora pareça uma criança.
— Mas minha mente não é tão velha assim. Minha personalidade é fixada como a personalidade infantil da Senhorita Sienna.
— O que isso tem a ver? Sua mente envelhece depois de centenas de anos, mesmo que tenha sido construída dessa forma.
— Eu não envelheci voluntariamente. Além disso, a idade mental de alguém não é decidida por sua experiência e idade física em primeiro lugar? Eu existo há centenas de anos, mas não tive tanta experiência quanto você. E, claro, meu corpo também não envelheceu.
— Eu também não tive tantas experiências, sabe? — Ciel disse com um bufo.
— Por que vocês estão brigando? — Eugene as interrompeu ao entrar no corredor.
Ele havia acabado de sair da sala depois de terminar sua discussão com Carmen. Ele inclinou a cabeça em confusão enquanto observava Ciel e Mer em guarda uma contra a outra no meio do corredor.
— Sir Eugene! — Mer chamou o nome de Eugene. Como se estivesse esperando que ele viesse, ela correu para Eugene, sorrindo. Enquanto Ciel observava Mer pulando e se agarrando a Eugene, ela sentiu ciúmes de uma maneira complicada.
— Briga? Que briga? Que motivo eu tenho para brigar com uma criança?
Ela caminhou e parou na frente de Eugene. Depois de olhar para Mer com desdém, ela naturalmente ficou ao lado de Eugene.
Em um lugar igual a Eugene, ela encontrou seus olhos e furtivamente uniu seus braços com Eugene.
— Você vai para o Castelo dos Leões Negros, certo?
— O que há com você?
— Seu braço ficou mais musculoso? Você ainda está fazendo esse auto-cultivo pesado e sem cérebro? — Ela olhou para Eugene, não, para Mer enquanto sorria com os olhos. E mais uma vez, percebeu isso.
Mer não tinha ciúmes de Ciel de forma alguma. Mer era uma garotinha. Ao contrário de Ciel, ela não estava consciente de Eugene.
“Uh…” Ela se sentiu tão envergonhada depois de perceber isso. Entrelaçar os braços com Eugene não era nada para se envergonhar, mas ela se sentia como se estivesse sendo manipulada por aquela garotinha.
— Eh, hum. — Ciel limpou a garganta. Depois de soltar o braço de Eugene, deu um passo para trás.
— Não há necessidade de você omitir, não é? Considerando seu temperamento, você não teria recusado… A propósito, a viagem com a Bispa Auxiliar, Kristina, foi divertida? — Ela casualmente perguntou.
— Daria para dizer isso sim.
— Sério? Foi divertido passear por um sertão acidentado, só vocês dois? Só. Vocês. Dois? Por favor, diga, como foi divertido? — Ciel apertou os olhos enquanto olhava para Eugene. — A Floresta Samar não tem nem vila, muito menos cidade, certo? Apenas árvores e sujeira por toda parte. Como você dormiu? Claro, você deve ter acampado do lado de fora. De jeito nenhum… Você usou a mesma barraca que ela?
— Pare de brincar. — Eugene empurrou levemente a testa de Ciel enquanto ela retrucava. — Além disso, por que você está se intrometendo, Ciel?
— Eu sou sua irmã, então tenho o dever de saber sobre a rebeldia sem causa do meu irmão. — O canto da boca de Ciel se contraiu. Por outro lado, o rosto de Eugene se enrugou.
— Por acaso você não se tornou um rebeldizinho sem causa, não é?
— Me… Desculpe. Eu estava errado, então não diga mais isso. Eugene gaguejou.
— Por quê? Foi você quem fez essa piada horrível.
— É por isso que estou pedindo desculpas. — Resmungou Eugene e se virou.
Ciel seguiu Eugene enquanto ele se afastava apressadamente como se estivesse fugindo.
— Aonde está indo? Você está indo para o portão de dobra?
— A caçada não começará em quinze dias? Por que eu já iria?
— Então você vai, hein?
— Sim.
O chefe do Conselho poderia tentar assassinar Eugene. Se ele considerava esse risco, era melhor ir e se enfiar na casa principal. No entanto, nunca descobriria a verdade se fizesse isso.
“Além disso, tem o Genos”, pensou Eugene.
Os Cavaleiros Leão Negro também estavam participando da caçada. O Conselho dos Anciãos não era confiável, mas Genos era confiável.
— Já que você está aqui agora, relaxe e passe alguns dias com a Senhora Ancilla. Ouvi dizer que saiu imediatamente depois de terminar seus negócios da última vez.
Enquanto reclamava, Eugene olhou para a espada de forma estranha pendurada na cintura de Ciel. A espada era a arma de Vermouth, Espada da Chuva fantasma, Javel. Eugene a queria secretamente, mas não conseguiria colocar as mãos nela.
— Ela não é legal? — Ciel perguntou, já que podia sentir Eugene olhando para Javel. Radiante, bateu no cabo da espada.
— Ainda não consigo lidar direito com ela, mas já me acostumei bastante.
— Essa espada é difícil de manusear em primeiro lugar.
— Como você sabe disso?
— Eham… Dá para perceber pelo olhar. A forma por si só parece um pé no saco.
Javel era tecnicamente uma espada, mas na verdade era mais como um chicote. Quando Ciel balançava a espada, se partia em centenas de pedaços que pulverizaram seus oponentes com uma onda esmagadora de morte.
— Como está o Cyan?
— Ele está bem, embora pareça cansado.
Cyan não havia retornado do Castelo dos Leões Negros.
— Ele está sendo treinado pelos capitães todos os dias. Ainda hoje, estava sendo pressionado por Sir Genos. Oh, ele me disse para entregar uma mensagem. — Lembrou Ciel.
— O que ele disse?
— Disse que vai te matar se você não participar da caçada.
— Ele não poderia me matar mesmo que tentasse.
— Acho que é só forma dizer.
Ciel riu e se aproximou de Eugene. Mer, que estava agarrada ao braço dele, se contorceu e subiu no manto de Eugene.
“O que ela está fazendo?”
Ela fez uma careta, incapaz de entender o que Mer estava fazendo. Um momento depois, Mer desapareceu completamente dentro do manto. Ciel levantou o manto de Eugene em estado de choque.
— Onde ela… — Ela parou.
— Estou aqui. — Respondeu Mer, apenas colocando a cabeça para fora do manto. — Gostaria de entrar, Senhorita Ciel?
— Ela não pode entrar aí. — Comentou Eugene.
— É muito confortável aqui. — Mer sorriu descaradamente.
Ciel franziu a testa e colocou o manto sobre a cabeça de Mer.
— Você ouviu falar que Eward vai caçar também, certo? — O rosto de Ciel ficou sério.
— Vejo que de alguma forma ele conseguiu permissão. — Eugene sorriu amargamente. — Ele nem chegou a ter uma cerimônia de maioridade.
— O Patriarca se esforçou muito para persuadir as pessoas. — Ela respondeu com um suspiro. — Eward está preso na casa dos pais da Senhora Theonis há três anos. O Patriarca acha que Eward fez auto-reflexão suficiente… E não poderia deixar seu primeiro filho assim.
— É engraçado, porque ele está sendo tão óbvio.
— Sim, também acho. Cyan também pensa o mesmo.
O próximo Patriarca seria Cyan. Eward poderia concluir sua introspecção e retornar ao clã Lionheart; no entanto, o sucessor do Patriarca nunca mudaria. O direito de sucessão de Eward foi perdido.
— Muitos descendentes colaterais também participam da caça. Os Anciãos querem deixar claro quem é o próximo Patriarca. Algo como ‘embora ele tenha feito algo tão louco que seus direitos de se tornar um patriarca foram perdidos, Eward tem mais legitimidade como herdeiro’. Parece que ele tem praticado magia mesmo depois de ter sido mandado embora para pensar em seus problemas. Mas… você sabe como ele é melhor do que qualquer outra pessoa, certo?
— Ele pode se esforçar o quanto quiser por três anos, mas não vai conseguir derrotar Cyan. — Eugene respondeu sem hesitar.
— Claro que não. Você é um filho adotivo e sua habilidade é bem conhecida… Mas não Eward. Ele é o primeiro filho e sua habilidade é desconhecida. É por isso que Cyan precisa provar a eles que Eward era um candidato extremamente pior do que Cyan.
— Eward foi quem disse que vai participar da caçada.
— Você não acha seriamente que Eward realmente queria fazer isso, acha? Ele é tão tímido. A Senhora Theonis deve tê-lo forçado.
Eugene também concordou com Ciel.
Sete anos atrás, ele conheceu Eward pela primeira vez. O Eward de quinze anos era… Fraco. Ele era um garoto que se apaixonou profundamente pela magia. Seus olhos costumavam brilhar enquanto observava Lovellian usar magia.
Três anos atrás, Eugene tinha visto como Eward era patético na Rua Bolero de Aroth.
Ele tinha dezenove anos na época, dois anos mais velho que Eugene.
— Embora eu ache que três anos bastam para mudar uma pessoa… — Eugene balançou a cabeça, gargalhando. — Eward não é alguém que vai mudar, e seu entorno não o ajuda nem um pouco.
— A Senhora Theonis é excessivamente zelosa. — Ciel disse amargamente.
— Sim, para Eward realmente mudar, ele tem que sair de trás da saia dela. Mas ele não podia, podia? Além de tudo isso, Eward estava sendo controlado por Theonis na casa de seus pais por três anos.
O olhar feroz dela veio à mente de Ciel e a fez estremecer.
— Horrível.
Se Ancilla não tivesse testemunhado o que aconteceu com Eward, ela poderia ter se tornado o mesmo tipo de mãe que Theonis.
— Mas para onde você vai? — Ciel perguntou ao ver Eugene se afastando.
— Floresta.
— Por quê?
— É hora de treinar. — Eugene respondeu casualmente.
A boca de Ciel se abriu: — Você não vai sair comigo para fazermos alguma coisa divertida?
— Podemos nos divertir enquanto treinamos.
Balançando a cabeça em descrença, ela seguiu Eugene.
* * *
— Você não precisa se preocupar muito.
— Eu decidi por conta própria. Sim eu sei. Eles não vão gostar de mim.
Ele entendeu que era natural para uma mãe amar seu filho. O filho era patético, mas a mãe ainda o amava.
— Isso me dá mais motivos para me provar.
Radiante, Eward colocou os talheres na mesa.
Sua mãe, Theonis, estava sorrindo com ternura enquanto estava sentada em frente a ele. Eward gostou do sorriso terno de sua mãe. Em algum momento de sua infância, sua mãe parou de sorrir assim.
Ela sempre o olhava com um olhar insatisfeito. Em vez de sorrir, o canto de sua boca se contorcia de raiva. Ela não sussurrava nenhum elogio ou palavras de amor para o filho; em vez disso, continuava falando sobre um futuro que seu filho nunca quis e repreendendo-o por não estar à altura.
Tudo aconteceu, porque Eward foi incompetente e fez algo errado. Depois de perceber isso, tudo se tornou simples. Se ele mudasse por vontade própria, poderia facilmente mudar a maneira como sua mãe olhava para ele.
— Você vai se sair bem na caçada.
Ouvindo sua mãe, Eward assentiu.
— Você é meu filho. Meu adorável filho, Eward, você é o primeiro filho da família Lionheart.
— Sim, sou seu filho, mãe.
— Você não pode se tornar um Patriarca, mas ainda é meu filho.
— Sim, você está certa. Isso é um presente desde o início. Sinto muito, mãe. Se eu não tivesse cometido nenhum erro, teria me tornado Patriarca, assim como você queria que eu fosse.
— Eward, por favor, não chame isso de erro. É tudo minha culpa que você acabou fazendo algo assim. Se eu tivesse te amado mais e tentado te entender mais…
— Estou bem. — Eward balançou a cabeça, sorrindo. — Suas broncas fizeram de mim quem sou hoje.
— Ah… Muito obrigada… Por colocar dessa forma…
— Você não me tratou assim porque me odiava. Cada ação sua foi por amor a mim, muito amor.
— Você vai se sair bem.
— Sim, eu vou.
— Você é uma ótima criança, Eward.
Eward podia sentir o amor de sua mãe em suas palavras. Mantendo o sorriso brilhante no rosto, ele se levantou. A luz do sol quente e bonita do lado de fora da janela aquecia a mesa. Ele sorriu para os pássaros cantando lá fora.
Hoje foi um bom dia.
— Vou indo agora. — Disse Eward enquanto puxava a cortina. Embora gostasse da luz do sol, sua mãe não. — Não me veja partir.
— Tem certeza de que não precisa que eu vá com você?
— Sim. Por favor, fique aqui e torça por mim.
— Meu amor estará com você.
Quando saiu depois de deixar a mesa de jantar, ele pôde ver os servos parados no corredor.
— Não é hoje, mestre Eward?
— Você se sairá bem, mestre Eward.
Passando pelos servos animados, ele saiu da mansão sozinho. Seu avô, o conde Bossar, estava do lado de fora.
— Ah, Eward. Você está indo agora? — Perguntou o conde Bossar.
— Vovô… O senhor não precisava se despedir de mim.
— Haha! Como não?! Meu lindo neto está finalmente voltando para o mundo!
Embora Eward parecesse envergonhado, ele se aproximou do Conde Bossar e o abraçou.
— Obrigado, avô.
— E daí que você não vai se tornar Patriarca dos Lionhearts? O que importa é o que você quer fazer, Eward. Eu respeito completamente sua decisão.
— Muito… muito obrigado.
Depois de deixar os braços de seu avô, Eward parou na frente do portão fechado. Ele o olhou por um momento e se virou.
Embora tivesse dito a ela para não se despedir dele, sua mãe estava ao lado de seu avô, sorrindo para Eward. Dezenas de servos que trabalhavam na mansão pararam o que estavam fazendo e saíram para torcer por Eward.
— Até mais. — Disse Eward enquanto enxugava as lágrimas, sentindo-se comovido.