Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 106
Capítulo 106: Sienna (3)
Isso também era um sonho?
Eugene apenas olhou para Sienna com um olhar vazio.
Sua figura trouxe tantas memórias. Esta era a Sienna que Eugene, não, Hamel lembrava de trezentos anos atrás. Ela se parecia com o retrato deixado em sua mansão em Aroth, com a estátua na Praça Merdein e com a Sienna que ele viu na cena do passado que a Espada Sagrada lhe mostrou
Eram todas ela: Sienna Merdein. De suas ondas de cabelo roxo a seus grandes olhos verdes, tudo era exatamente como a Sienna de que Hamel se lembrava.
— Até quando você vai continuar chorando? — Sienna perguntou com uma risadinha enquanto se levantava de seu assento no chão. — Nunca imaginei que pudesse ser tão chorão, Hamel. Eu nunca tive a chance de ver você chorar no passado.
— …
Eugene ainda estava sem palavras.
— Bem, trezentos anos se passaram desde então… Mas não, não foram trezentos anos para você, foi? Você provavelmente nem foi capaz de sentir todo aquele tempo passando. Embora eu não saiba como foi, já que nunca reencarnei. Bem, isso não é tão importante assim. Na verdade, estou muito feliz por poder ver esse novo lado seu. — Sienna confessou com um sorriso e um encolher de ombros. — Enfim. Você vai continuar chorando assim? Quando você me mostrou o dedo do meio, não estava chorando como está agora—
— O que há com você? — Eugene cuspiu enquanto propositalmente torceu o rosto em uma carranca.
Por que essas malditas lágrimas brotavam por conta própria? Esses estúpidos canais lacrimais, ele não tinha intenção de chorar, mas por que eles continuavam vazando lágrimas?
Encobrindo seu constrangimento, Eugene xingou.
— Porra, o que diabos está acontecendo com você? O que você pensou que estava fazendo? Hein? Em que tipo de trama estou agora? O que estou fazendo aqui, e o que você está fazendo aqui, e o que diabos aconteceu com você, não, o que diabos aconteceu com todo mundo?!
Suas palavras não estavam saindo corretamente. O interior de sua cabeça e suas emoções estavam todos confusos. Mesmo assim, Eugene marchou em direção a Sienna.
— O que diabos está acontecendo com a Anise? — Exigiu Eugene. — Como diabos Anise se tornou um anjo, e o que há com ela ter oito asas? E o Moron. E o quanto ao Moron? O que aquele maldito está tramando?
Sienna suspirou.
— Hamel.
— E o Vermouth. Aquele desgraçado… O que ele está fazendo? O que exatamente aconteceu no meu túmulo? Depois, tem eu… — Eugene fez uma pausa para respirar. — Por que eu reencarnei e depois fui deixado no escuro? Seus filhos da puta, por que pelo menos um de vocês não poderia me dar uma explicação adequada?
— Hamel. — Repetiu Sienna.
Eugene não reagiu nem ao ouvir seu nome ser chamado. Suas lágrimas pararam, mas seu coração estava tão frustrado que de alguma forma sentiu que seria melhor para ele apenas abaixar a cabeça e começar a chorar. Suas emoções intensificadas ainda não haviam diminuído totalmente e o interior de sua cabeça ainda estava girando.
Respirando fundo, Eugene olhou atentamente para a figura à sua frente. Sienna estava bem na frente de seu nariz. No entanto, ele não conseguia sentir nenhuma sensação de presença vindo dela. Ela estava claramente parada bem na frente dele, mas de alguma forma parecia que ela não existia.
Assim como quando a tinha visto em Aroth…
A Sienna à sua frente parecia nada mais que um fantasma.
— Que diabos está acontecendo? — Eugene forçou essa pergunta mais uma vez com uma voz rouca.
Ele estendeu a mão para Sienna com a mão trêmula. Ele não tinha certeza se seria capaz de tocá-la. Afinal, ele não tinha conseguido em Aroth. Naquela época, ele não conseguiu dizer nada a Sienna. Tudo o que pôde fazer foi mostrar o dedo do meio, para que ela o reconhecesse.
A verdade é que, em vez de enganá-la, ele queria fazer outra coisa. Ele queria agarrar Sienna, que estava vagando como um fantasma, pelos ombros, segurá-la na frente dele e puxá-la para um abraço.
Se fosse capaz de fazer isso, Sienna, essa garota irritante e selvagem com certeza teria chutado sua canela e dito: “Você está louco?”
Não, quando ele levasse em consideração a personalidade atrevida de Sienna, em vez de chutá-lo na canela, ela provavelmente teria dado um soco em suas orelhas.
Ele estaria bem com qualquer coisa. Não importava o que acontecesse, ele só queria tocar Sienna. Mas não foi capaz de fazer isso em Aroth. Sienna não conseguia ouvi-lo, não importava quantas vezes a chamasse, e quando tentou estender a mão para agarrá-la, ele nem conseguiu tocá-la.
Mas agora…
— Hamel.
Ele poderia tocá-la. As pontas dos dedos esticados tocaram a bochecha de Sienna. Ele não conseguia sentir o menor calor vindo dela. No entanto, Eugene podia sentir a textura macia de sua pele. Dessa pele sem nenhum traço de calor, ele ainda podia sentir a existência de Sienna.
— Estou aqui. — Disse Sienna com um leve sorriso.
Seu sorriso lembrava o sorriso benevolente que ele viu em seu retrato. Um sorriso que não combinava muito com Sienna. No entanto, esse era inequivocamente o sorriso de Sienna.
— Porra… — A cabeça de Eugene caiu enquanto ele cuspia o xingamento. — Esse tipo de sorriso realmente não combina com você.
— Seu filho da puta. — Seu insulto foi imediatamente devolvido com um dela. Sienna agarrou um tufo do cabelo de Eugene e puxou, mas Eugene não conseguia sentir nenhum poder vindo de seu aperto. — Isso vale para você também, Hamel. O que diabos é essa sua careta? Se você não tivesse me mostrado o dedo do meio para me mostrar quem você era, eu nunca seria capaz de reconhecê-lo como Hamel, mesmo que tivesse todo o tempo do mundo.
— Eu não sabia que ia nascer assim, nem tive nenhuma escolha. — Reclamou Eugene.
— Hmph. Mesmo que você diga isso, deve estar bastante satisfeito com sua aparência atual, certo? — Sienna acusou. — Hamel, desde os velhos tempos, você sempre se preocupou secretamente com esse tipo de coisa.
— Quando? — Eugene tentou negar.
— Olhe para você, fingindo não saber do que estou falando. Não se lembra de como era quando nós cinco começamos a festejar juntos? —Sienna relembrou: — Você disse que era a primeira vez que participava de uma festa, então comprou algumas roupas chiques que faziam você parecer um idiota e até cortou o cabelo.
— Por que você está trazendo à tona algo que aconteceu há tanto tempo…? — Eugene murmurou envergonhado.
— Bem, não importa o quanto você decorasse o rosto da sua vida anterior, ele ainda parecia áspero e feroz, mas agora… Bem… Está tudo bem, eu acho. Mesmo se você sair por aí parecendo um mendigo, ainda parecerá muito melhor do que em sua vida anterior, — Depois de dizer isso, Sienna levantou as duas mãos.
Ela estendeu a mão e agarrou as bochechas de Eugene. Enquanto esfregava as bochechas dele, ela riu para si mesma.
— Embora não seja o rosto de que me lembro, você realmente é o Hamel. Esse fato é… Inconfundível. Hamel… — A voz de Sienna vacilou. — Você finalmente… Voltou. Realmente voltou para mim.
— …
Eugene ficou em silêncio.
— Realmente é uma sensação estranha. Seu rosto e seu corpo podem ser diferentes, mas como sei que você é o Hamel, parece que estou conhecendo uma forma diferente sua.
Os dedos de Sienna se moveram para frente e para trás no meio do rosto de Eugene. Ele estava se perguntando o que ela estava fazendo, mas Eugene de repente percebeu que Sienna estava desenhando cicatrizes imaginárias em seu rosto sem marcas. Em sua vida anterior, o rosto de Hamel estava coberto por essas cicatrizes. Eugene soltou um bufo e puxou a cabeça para trás.
— O que há com esse comportamento rude? — Exigiu Eugene.
Sienna fez beicinho.
— O que quer dizer? Como estou sendo rude?
— Claro que você está sendo rude. Por que está tentando desenhar cicatrizes no meu rosto limpo?
— Só estou, bem, desenhando essas cicatrizes, só quero ver o quanto seu rosto é diferente do anterior.
Ainda fazendo beicinho, Sienna cutucou Eugene na bochecha com o dedo.
— Suas bochechas estão mais macias do que em sua vida anterior. — Observou Sienna.
Eugene se defendeu:
— Isso é só porque ainda não perdi toda a minha gordura de bebê.
— Gordura de bebê… Gordura de bebê? — Sienna repetiu incrédula antes de cair na gargalhada. — Ahahaha! Que fofo, Hamel. Quantos anos tem o seu novo corpo? Hmm, você definitivamente parece que ainda é muito jovem.
Ignorando sua diversão, Eugene respondeu:
— Dezenove anos.
— Uau! Sério? Só isso mesmo? Você ainda tem apenas dezenove anos? Hmmm, quando nos conhecemos, Hamel, você tinha vinte e dois anos, não tinha? Naquela época, você definitivamente parecia alguns anos mais velho do que sua idade real…
Eugene também relembrou aquele momento. Durante aquele tempo, ele havia feito um grande nome para si mesmo como mercenário. Enquanto esperava em um porto, tentando encontrar uma maneira de entrar em Helmuth, Vermouth e seu grupo vieram visitá-lo.
—Ele não é apenas um mercenário desprezível que você encontra em qualquer lugar? Então, que motivo você poderia ter para precisar levar este em particular conosco?
Sienna havia desprezado Hamel enquanto estalava a língua para ele em desaprovação. Ela já havia se tornado conhecida como arquimaga, então não demonstrou muito interesse por Hamel, que era apenas um mercenário humilde.
O mesmo aconteceu com Hamel também. Por que ele deveria prestar atenção a alguém que reclamou tão rudemente dele durante o primeiro encontro? As primeiras impressões de ambos não foram nada agradáveis.
Vermouth praticamente arrastou Hamel para se tornar um membro do grupo. Depois disso, Sienna continuou a ignorar Hamel por um bom tempo, e Hamel também evitou Sienna. Em vez disso, foi Anise quem cuidou de Hamel enquanto constantemente o importunava, e quanto a Moron, bem… Ele tratou Hamel com carinho desde o início.
— Eu me lembro. — Reconheceu Eugene.
Rindo, Sienna retirou as mãos que estavam esfregando suas bochechas e disse:
— Todos nós embarcamos juntos e deixamos o porto. Era um grande navio mercante, mas a rota marítima que levava a Helmuth estava cheia de monstros e bestas demoníacas, e às vezes até mesmo magos negros enlouquecidos em navios fantasmas tripulados por mortos-vivos apareciam.
— Hm. — Eugene murmurou enquanto também era pego em suas memórias compartilhadas.
— Naquela época, éramos todos tão jovens e… — Sienna hesitou. — Imaturos. Embora Vermouth já fosse um monstro naquele momento. Você, eu, Anise e Moron, nenhum de nós era tão polido quanto ele. Eu estava muito confiante em minhas habilidades, então agi como quis, mas então…
— Você quase morreu. — Eugene concluiu seu pensamento.
Ele se lembrou daquele momento. Foi durante um ataque de uma frota de mortos-vivos de navios fantasmas. Enquanto Vermouth e Anise lidavam com os mortos-vivos, Moron, Hamel e Sienna cuidavam dos monstros e bestas demoníacas que saltavam do mar.
Sienna, que estava perdida em seu próprio senso de importância, estava voando pelo céu e lançando uma tempestade de feitiços. Ela estava sendo muito descuidada ao fazer isso. Os magos negros que estavam escondidos no fundo do mar a interceptaram e seu ataque repentino conseguiu interromper a mana de Sienna.
Foi Hamel quem resgatou Sienna de cair nos mares turbulentos abaixo. Daquele momento em diante, Sienna parou de ignorar Hamel.
—Obrigada.
Enquanto o sangue escorria de ambas as narinas, Sienna agradeceu.
—Tudo bem, só tampe seu sangramento nasal.
—Está bem.
—Além disso, não aja tão cheia de si. Só porque sabe voar um pouco no céu, estava correndo aqui e ali, agindo como se pudesse fazer tudo sozinha. Nesse tipo de campo de batalha, onde há muitos inimigos, quem se destaca costuma ser o primeiro a cair. Entendeu?
—Embora eu seja grata por sua ajuda, você realmente é meio desgraçado.
— Sienna. — Disse Eugene, enquanto se livrava da memória que se repetia dentro de sua cabeça.
Afinal, Sienna estava bem na frente dele.
— O que exatamente aconteceu? — Eugene perguntou com firmeza enquanto olhava nos olhos dela. Isso era o que ele estava tentando perguntar a ela desde o início. — Estou pedindo para você me contar o que aconteceu no castelo do Rei Demônio do Encarceramento? Que tipo de promessa o Vermouth fez?
— …
Sienna hesitou.
— Diga alguma coisa. — Exigiu Eugene.
— Hamel. — Sienna disse com um sorriso fraco, colocando as mãos nos ombros de Eugene. — Você acredita em milagres?
— Por que está trazendo isso à tona de repente?
— O fato de você estar aqui agora, de ter me encontrado aqui e estar falando comigo. Tudo isso são milagres.
Crack.
O espaço em que eles estavam tremeu. Assustado, Eugene rapidamente recuou. A enorme árvore do mundo de repente se sobrepôs à pequena árvore que estava atrás de Sienna. Por um momento, sua aparência na ‘realidade’ também se sobrepôs à visão de Sienna sorrindo fracamente.
— Você está morta? — Eugene perguntou gravemente.
— Não. — Sienna negou com um sorriso e um aceno de cabeça.
Crack.
Mas por trás de seu rosto sorridente, Eugene ainda era capaz de ver como ela estava na realidade. Seu rosto pálido e sem sangue, com os olhos fechados pacificamente. O buraco em seu peito e as videiras emaranhadas ao redor e dentro dela.
— Hamel. — Sienna falou. — Não culpe Vermouth por isso.
— O quê? — Eugene perguntou.
— Vermouth… Ele carrega mais fardos do que nós, não, mais do que qualquer pessoa no mundo. Se ele não tivesse feito tal promessa com aquele maldito—
— Foi o Vermouth que te deixou nesse estado?
— Hamel.
— Eu perguntei se foi ele? Eu… Também não sou um idiota. Sienna, estive no meu túmulo. O que vi lá—
— Eu já sei disso. Porque deixei a folha da árvore do mundo em um lugar onde só poderia entrar alguém com sua alma. — Sienna o interrompeu enquanto olhava para Eugene com um sorriso irônico. — O que aconteceu ali foi apenas um desentendimento entre nós.
— O quê? — Eugene perguntou em descrença.
— Esse colar. Você ainda está usando. — Sienna comentou enquanto apontava para o peito de Eugene com um sorriso malicioso. — Realmente passou por muita coisa. Hamel, você sabia? Seu corpo e alma foram originalmente condenados a serem aniquilados ou se tornarem brinquedos do Rei Demônio do Encarceramento. No entanto… Eles foram devolvidos.
— …
Eugene silenciosamente processou isso.
— Não conheço toda a extensão do Juramento que Vermouth fez naquela época. Porém… Graças à promessa que ele fez, todos nós que estávamos lá, eu, Anise e Moron, fomos poupados; e os termos também incluíam o retorno de seu corpo e alma. — Revelou Sienna.
Eugene pensou que poderia ser o caso. Ele foi morto pelo feitiço de ninguém menos que Belial, aquele que era conhecido como Cajado do Encarceramento. Se tivesse sorte, sua alma teria se dissipado em nada. O pior resultado absoluto seria que Belial tivesse oferecido com sucesso a alma de Hamel a seu mestre, o Rei Demônio do Encarceramento.
No entanto, a alma de Hamel não havia simplesmente desaparecido. Seu corpo também não se desintegrou e o cadáver restante foi enterrado dentro do caixão no túmulo de Hamel.
Sienna finalmente revelou algo.
— Coloquei sua alma dentro desse colar.
—Sienna. Aquele colar…
—O caixão… Não… Vou levar comigo.
—Isso vai contra o acordo.
—Já não concordamos em relação a isso?
Eugene relembrou a cena do passado que a Espada Sagrada havia mostrado a ele.
Sienna continuou:
— O que exatamente acontece quando alguém morre? Anise disse que eles vão para o céu, mas eu… Não posso colocar minha fé nos deuses como Anise poderia. Eu sou uma maga, Hamel. Não posso confiar em nada que não possa ver por mim mesma e não compreenda… Não, no final das contas, isso é apenas uma desculpa.
Com um risinho de auto-escárnio, Sienna sentou-se no lugar.
— Eu só não queria deixar você morrer antes de mim, Hamel. Então, apenas… Funcionou dessa maneira. Você estava satisfeito com sua morte? Se realmente estivesse, então é um filho da puta. O que lhe dá o direito de ir e se matar por auto-satisfação? Nem eu, Anise, Moron… Nem Vermouth, nenhum de nós queria que você morresse. Não podíamos simplesmente aceitar sua morte e não queríamos deixar sua alma ir para seu lugar de descanso final antes de nós.
Todos concordaram com esse plano.
— Foi por isso que capturei sua alma, para que você não partisse sem nós. Para que algum dia, de alguma forma, pudéssemos nos encontrar novamente. No mundo que você, que todos queriam ver. Depois que conseguíssemos matar todos os Reis Demônios, naquela época… Naquela época nós os destruiríamos. — Sienna terminou em lágrimas.
Sienna era exatamente como Eugene se lembrava dela. Ela sempre foi teimosa e determinada a conseguir o que queria. Mesmo que fosse contra o bom senso, ela sempre priorizava a opção que só ela mesma poderia entender e aceitar. Diante dessa teimosia, o raciocínio não importava. Em primeiro lugar, os magos sempre foram um bando de pessoas mentalmente doentes, e Sienna não era exceção.
— E Vermouth? — Eugene perguntou.
Sienna ergueu a cabeça para olhar para Eugene e disse:
— Parecia que os planos dele eram um pouco diferentes dos nossos. Não sei por que Vermouth fez isso ou o que ele realmente estava planejando. Não é como se eu fosse ele e até o final, nunca o entendi.
— Sienna. — Incitou Eugene.
— Eu sempre… Sempre guardei comigo o colar que prendia sua alma. Mas em seu túmulo, ele tirou de mim.
Essas palavras fizeram os cabelos de Eugene se arrepiarem.
— Aquele desgraçado nem me disse nada. No seu túmulo, ele matou meu familiar para que eu fosse alertada. Então, assim que cheguei de acordo com seu plano, ele me atacou. — Sienna murmurou enquanto esfregava o peito. — Mas aquele era Vermouth mesmo? A verdade é que não posso ter certeza disso. Vermouth, pensei que ele já tivesse morrido. Ele deveria estar… Morto. No entanto, apareceu parecendo perfeitamente bem, nem disse nada, me atacou, desapareceu depois de roubar o colar de mim e então…
— Sienna. — Eugene tentou confortá-la.
Sienna balançou a cabeça e continuou:
— Mas Hamel, você não deve culpá-lo.
Eugene cerrou os dentes com essas palavras. Ele simplesmente não conseguia entendê-la. Ela estava pedindo para ele não culpar Vermouth?
— Não diga essas bobagens. — Resmungou ele.
— O fato de você estar aqui significa que ele deve ter devolvido sua alma à vida. — Sienna apontou.
— Aquele filho da puta, ele nem deu nenhuma explicação. — Reclamou Eugene. — E até tentou matar você—!
— Isso vale para mim também. — Sienna disse com um sorriso enquanto levantava o punho e olhava para ele. — Assim como aquele desgraçado estava tentando me matar, eu também tentei matar aquele desgraçado. Hamel… Tenho certeza de que você está se sentindo traído agora, mas eu também me senti traída naquela época. Tanto quanto você, não, talvez até mais do que você.
— …
Eugene manteve seu silêncio por um momento.
— É por isso que não consigo acreditar. Aquele que me chamou lá e tentou me matar era mesmo ele? Será que aquele com quem lutei lá, e tentei tanto matar, seria realmente o Vermouth? — Sienna se perguntou.
Eugene gritou:
— Não tem como não ser…!
— Não é como se você estivesse lá, imbecil. — Sienna o interrompeu, erguendo o dedo médio do punho erguido.
Eugene inconscientemente sorriu com essa visão.
— Fui eu quem quase morreu, então por que está gritando e agindo com mais raiva do que eu? Fui eu que lutei pessoalmente com ele lá e tive um buraco no peito. Fui eu quem foi instantaneamente destruída e forçada a deixar a alma com seu colar para trás! Então, por que diabos está fazendo tanto barulho enquanto estou tentando falar! — Sienna gritou com ele.
— Hah. — Eugene bufou.
Sienna continuou seu discurso:
— Você deve saber ouvir quando alguém está tentando falar. Por que sua personalidade ainda é tão ruim depois de morrer e de alguma forma voltar à vida? Se você morreu depois de se recusar a ouvir o que os outros estavam dizendo, como um idiota, então não deveria pelo menos ter aprendido a ouvir silenciosamente as outras pessoas?!
— Tem razão, Sienna. — Admitiu Eugene com facilidade.
— Por nós finalmente nos reencontrarmos depois de tanto tempo, e eu ter ficado um pouco mais velha que você desde que morreu, eu estava tentando me conter e ser um pouco mais gentil, mas você–! Quer seja na vida passada ou no presente, você realmente é um filho da puta estúpido. — Sienna cuspiu esse xingamento enquanto se levantava. Então ela rapidamente marchou e agarrou Eugene pelo colarinho. — Ei! Hamel, ouça com atenção. Embora a pessoa que tentou me matar se parecesse com o Vermouth, não acho que fosse realmente ele. Você entende?
— Você realmente acha que o que está dizendo atualmente faz algum sentido? — Eugene perguntou com ceticismo.
— Ah, sério! Se eu disser que não parecia com ele, então deveria apenas acreditar que não era ele até que se prove o contrário…! Enfim, eu realmente não sei o que havia na promessa que ele fez. Vermouth deve estar por trás da sua reencarnação, então, bem… Acho que funcionou melhor. Achei que só poderíamos nos reunir com você no céu, mas parece que podemos nos reunir enquanto ambos ainda estamos vivos.
Mesmo enquanto dizia isso, Sienna começou a sacudir Eugene pelo colarinho.
— Enfim, você, qual é o seu nome?
— Hamel. — Eugene respondeu simplesmente.
— Não esse! O nome que você ganhou depois de reencarnar. — Insistiu Sienna.
— Eugene. — Ele disse relutantemente.
Sienna hesitou.
— A cor do seu cabelo e olhos… E sua mana. Tem uma ideia que fica surgindo na minha cabeça, mas fico meio receoso de confirmar se é verdade ou não.
— O que quer que você esteja pensando, provavelmente está correto. — Eugene finalmente admitiu.
— Mesmo? Você… Realmente reencarnou como descendente de Vermouth?
— Sim.
— Então isso significa que seu nome é Eugene Lionheart, não é?
— Exato.
— Vermouth pode ter desenvolvido demência? — Sienna murmurou para si mesma quando finalmente soltou o colarinho de Eugene. — Por que ele reencarnaria você como seu próprio descendente…? Hum… Hummm. De fato, quando aquele maldito teve mais de dez esposas e começou a ter muitos filhos, eu esperava que ele estivesse apenas tentando compensar todo o sofrimento que passamos em Helmuth vivendo bem, mas… Aumentando o número de seus descendentes para se preparar para sua reencarnação…?
— Não podemos ter certeza disso, mas realmente foi um soco no estômago reencarnar como descendente de Vermouth. — Confessou Eugene.
— Pode parecer meio foda, mas acho que tem mais pontos positivos do que negativos. — Avaliou Sienna. — Em primeiro lugar, sua aparência está muito melhor do que na sua vida anterior, e seu corpo também deve estar muito melhor do que o que você tinha como Hamel, certo?
— Esse pode ser o caso. — Eugene reconheceu relutantemente.
— Você ainda tem suas memórias… E um corpo que é esmagadoramente superior ao que você tinha em sua vida anterior… Ele planejou para você matar os Reis Demônios restantes? — Sienna levantou a hipótese.
— Se era isso que ele queria, então poderia simplesmente ter se reencarnado. — Protestou Eugene. — Não, mesmo sem reencarnar—
— Será que você realmente é o Hamel e não o Moron? — Sienna cuspiu enquanto olhava para Eugene. Mesmo em tal situação, Eugene não pôde deixar de franzir a testa ferozmente com essas palavras.
— Peça desculpas.
— Hmm. Desculpa. Minhas palavras foram um pouco duras.
— Tenha cuidado com suas palavras. — Eugene a advertiu rispidamente.
— Hehe. Vendo o quão rude você é, definitivamente é Hamel. Isso é inconfundível. De qualquer forma, deve haver uma boa razão para Vermouth não ter reencarnado ou tentado matar os Reis Demônios com as próprias mãos. — Ao dizer isso, Sienna deu alguns passos para trás e coçou o queixo enquanto olhava para ele pensativa. — Além disso, acho que você é a pessoa certa para o trabalho.
Eugene piscou.
— O quê?
— Estou falando de você. Mesmo com o corpo de um inseto, você já era muito forte. Agora que reencarnou com as memórias de sua vida passada, e em um corpo extremamente superior ao que tinha antes… Então é como eu disse. Acho que você pode se tornar ainda mais forte do que Vermouth. — Afirmou Sienna com confiança.
Eugene zombou.
— Não diga algo tão ridículo.
— É você quem não deve falar nada ridículo, seu imbecil. — Sienna retrucou com raiva. — Embora eu entenda como você se sente, considerando que sempre foi espancado por Vermouth enquanto lutava com ele todos os dias, se realmente pensar sobre isso, significa apenas que você era o que estava mais próximo da força dele entre todos nós. Vermouth era certamente especial, mas você era tão especial quanto ele. Ele pode ter falhado, mas Hamel, se for você… Então pode realmente conseguir.
Os lábios de Eugene se contraíram levemente ao ouvir essas palavras.
Sienna não perdeu essa reação. Ela riu e deu um tapa no ombro de Eugene.
— Olha esse sorriso. Você está realmente feliz por eu ter te elogiado?
— Ahem. — Eugene tossiu de vergonha.
— Em todo caso, voltando ao que eu estava dizendo. Hamel, não fique muito zangado com Vermouth. Porque eu realmente não o culpo também.
— Não é só porque você não quer aceitar a realidade?
— Cale-se. Eu sou uma maga. Mesmo que eu veja algo com meus próprios olhos, se não puder realmente entender e aceitar, não acreditarei nisso.
— Parece que essas palavras mudaram um pouco desde antes?
— Falando francamente, Hamel, do que você tem que culpar o Vermouth? Ele é quem te trouxe de volta à vida. Em um corpo muito melhor do que o que você tinha em sua vida anterior! Você está com raiva porque ele não lhe deu uma explicação? E daí se ele não o fez? Você deveria apenas ser grato por ter vivido mais uma vez depois de morrer. Do que tem que culpá-lo? — Sienna fez essas perguntas e depois apontou para o próprio peito. — Estou lhe dizendo que nem eu o culpo por abrir um buraco no meu peito. Entende? Eu acredito nele. Então você também deve ter fé. Nós… Nós dois devemos ao Vermouth.
— Eu não sei do que diabos você está falando. — Eugene resmungou.
— Mesmo que você tenha voltado dos mortos, realmente continua tão infantil como sempre foi. — Disse Sienna com um sorriso.
Mudando de assunto, Eugene perguntou:
— Então, o que aconteceu com Anise e Moron?
— Não sei. Como exatamente Anise se tornou um anjo? Você não é o único que está surpreso com isso, então não me pergunte. Quanto a Moron? Depois que aquele idiota fundou seu reino… — Os olhos de Sienna de repente se arregalaram de surpresa. — Ah! Você já sabia? Moron, aquele idiota, ele realmente se tornou um rei de verdade!
— Você realmente acha que eu não teria ouvido falar sobre isso?
— Haha, quem diria que ele realmente se tornaria um rei de verdade? Você deveria ter estado lá para ver a cerimônia de fundação do Reino Ruhr… Já ouviu falar que Moron, aquele tolo, só veio para a festa de capa e cueca?
— Por que diabos?
— Eu dei a ele a cueca de presente e disse que ela apareceria como uma roupa formal que só era visível para quem era virtuoso e corajoso. Mas aquele maldito realmente saiu vestindo apenas aquela cueca. Seus vassalos ficaram horrorizados, mas ele disse a eles que não podiam ver suas roupas, porque não eram virtuosos e corajosos o suficiente… — Sienna não conseguiu terminar de falar quando caiu na gargalhada e foi forçada a segurar o estômago.
Uma vez que ela se acalmou, continuou:
— De qualquer forma, preciso agradecer à Anise.
— …
Eugene manteve seu silêncio.
— O fato de atualmente poder falar com você assim, é tudo graças a Anise por fazer esse milagre acontecer. — Sienna disse agradecida.
— Antes de vir para cá, tive uma visão do passado. — Mencionou Eugene.
— Ah, você viu Raizakia. — O rosto de Sienna se contorceu em uma carranca enquanto ela cuspia o nome do dragão. — Em retrospectiva, a responsabilidade de por que estou neste estado é mais daquele filho da víbora do que do Vermouth. Ele realmente descobriu como vir me encontrar enquanto eu estava à beira da morte, então até quebrou a barreira e invadiu o domínio élfico!
— Então o que exatamente aconteceu? — Eugene perguntou.
— Você não viu? Aquele cara disparou seu sopro em nós e eu o bloqueei. Como não estava em boas condições, não consegui bloqueá-lo completamente. Você se lembra como é o sopro do Raizakia, não é? É basicamente um amontoado de poder demoníaco. Não, o próprio Raizakia é um enorme amontoado de poder demoníaco. Ele é como um rato de esgoto infestado de germes. — Disse Sienna enquanto seu corpo estremecia de desgosto e ela cerrava os punhos. — Os elfos de lá foram todos infectados por ele. Eu também não consegui impedir que seu poder demoníaco vazasse em minhas feridas. Foi assim que me contaminei com sua maldição. Pouco antes de morrer, consegui fazer uma conexão com a Árvore do Mundo, então selei meu corpo e todos os elfos comigo dentro da Árvore do Mundo.
Sienna sentou-se no chão com os ombros caídos.
Depois de se recompor, ela continuou:
— Embora eu sinta pena dos elfos que foram pegos do lado de fora, naquela época não havia outras opções. Porque eu estava em uma situação desesperadora onde tive que me apressar para evitar que eu e centenas de elfos morressem. Selei todo o território e alterei as memórias dos elfos para que ninguém pudesse entrar novamente… Ah, consegui fazer isso graças à antiga magia que foi transmitida pela Árvore do Mundo. Esta árvore está realmente conectada à alma de cada elfo.
— E aí?
— O que quer dizer, e aí? Você também viu, não viu? Os elfos e eu fomos selados dentro da Árvore do Mundo—
— Isso não. Quero dizer, como faço para você abrir os olhos de novo? — Eugene perguntou enquanto se sentava de frente para Sienna.
Por alguns momentos, Sienna não continuou a falar, apenas olhou para Eugene que estava sentado tão perto dela.
— Hamel, cometi dois erros. — Sienna finalmente confessou depois de soltar um bufo curto e cruzar os braços. — O primeiro é que tentei matar Raizakia, mas falhei. Se eu tivesse sido capaz de matá-lo, teria sido capaz de limpar sua maldição de minhas feridas.
— E o outro? — Eugene perguntou.
— Já que era muito difícil expulsá-lo, o bani para a dimensão externa. — A testa de Sienna franziu ao dizer isso. — Ou bem, eu tentei. Se tivesse conseguido bani-lo corretamente, essa maldição não teria durado tanto. Vendo que ainda está em mim sem piorar… Parece que ele provavelmente foi pego em algum tipo de fenda dimensional. Aquele cara é incrível. Isso não significa que ele ainda está vivo depois de ficar preso em uma fenda dimensional por mais de cem anos?
— Nesse caso. — Disse Eugene com um sorriso. — Se matarmos Raizakia, que está preso em uma fenda dimensional, você também vai melhorar?
— Provavelmente. — Sienna confirmou hesitante.
— Como vamos encontrá-lo? — Eugene perguntou ansiosamente.
— É impossível para você agora. — Sienna negou o pedido.
— Eu sei. — Admitiu Eugene. — Mas me diga mesmo assim. Porque irei atrás dele e o matarei assim que for possível.
Sem dizer nada de imediato, Sienna apenas olhou para Hamel antes de suspirar.
— Você realmente é Hamel.
— O que está dizendo de repente? — Exigiu Eugene.
— Não, não é nada. — Disse Sienna com uma risada suave.