Reencarnação Maldita - (Novel) - Capítulo 104
Capítulo 104: Siena (1)
Alguns dias depois de terem ido para o oeste, seguindo as instruções de Signard.
Depois de deixar a aldeia dos elfos errantes, eles não encontraram nada particularmente problemático. Encontraram alguns monstros e descobriram vestígios de tribos próximas, mas não encontraram nenhum dos nativos.
— Haah… — Eugene soltou um suspiro.
Ele sentiu o ‘movimento’ vindo da folha da árvore do mundo que havia guardado no bolso do peito. Não era apenas uma ilusão. A maioria dos sentidos de Eugene estava focada nesta folha seca durante os últimos dias de viagem, e Eugene não era tolo o suficiente para cometer tal erro, não importava o quão ansiosamente estivesse esperando por uma resposta.
Eugene imediatamente tirou a folha do bolso. Acalmou o vento que soprava na direção deles e então olhou para a folha enquanto a segurava na palma da mão.
A folha começou a se mover mais uma vez. Tendo vindo para o lado dele em algum momento, o rosto de Kristina se iluminou ao ver aquilo.
A folha na palma da mão de Eugene se moveu lentamente. Enquanto constantemente mudava ligeiramente, a folha avançava em uma determinada direção.
— É como uma bússola. — Murmurou Eugene ao guardá-la no bolso.
— Por que está colocando de volta? — Kristina perguntou.
— É incômodo ficar segurando na mão enquanto viajamos. De qualquer forma, mesmo que eu a guarde no bolso, ainda posso sentir para onde ele está tentando ir. — Explicou Eugene.
Essa direção era… Um pouco afastada do oeste. Parecia que a memória de Signard não estava errada, então, não ter conseguido encontrar o território élfico mesmo assim, só poderia haver outro motivo que o impediu de fazê-lo. Enquanto sentia seu coração bater forte de emoção, Eugene apressou seus passos.
À medida que avançavam na direção que ela indicava, a reação da folha se tornava mais forte. A princípio, apenas se contorcia ligeiramente para mostrar que estavam indo na direção certa, mas agora estava praticamente oscilando, como se estivesse tentando sair de seu bolso.
Quanto mais forte ficava a reação da folha, mais rápidos os passos de Eugene também ficavam. Sem perder de vista os movimentos de Eugene, Kristina continuou o seguindo.
— Sir Eugene…! — Gritou Kristina.
— Eu sei. — Cuspiu Eugene, com a voz ligeiramente trêmula.
Mesmo enquanto se concentrava em avançar, Eugene não perdeu as ‘mudanças’ que estavam ocorrendo ao redor deles. O vento havia começado a aumentar e parecia diferente de uma brisa comum.
Não era só o vento. O chão e as árvores também pareciam diferentes da floresta pela qual aqueles dois haviam caminhado nos últimos dois meses.
No entanto, Eugene não sabia dizer exatamente o que havia de diferente nisso. Ele então tirou Winith de seu manto.
[Isso é surpreendente…]
A voz de Tempest soou dentro da cabeça de Eugene. Sem precisar de nenhuma explicação, Tempest imediatamente compreendeu a situação.
[Um espírito primitivo… Não, isso poderia ser o espírito da Árvore do Mundo?]
“O que isso significa?” Perguntou Eugene.
[Você sabe o que é um espírito primitivo?]
“Claro que sei. É a classe mais baixa de um espírito sem vontade própria.”
Tempest soltou uma risada baixa diante dessa resposta.
[A classe mais baixa de espírito que você diz… Tudo bem, acho que também pode ver dessa forma.]
“Não é esse o caso?”
[Espíritos primitivos são a pura essência dos espíritos. Mais fraco que o espírito inferior do vento, o Sílfide, um espírito primitivo não consegue nem resistir à brisa que um sílfide pode levantar, mas… Espíritos primitivos não se perdem mesmo quando são pegos pela brisa de um Sílfide.]
“…” Eugene escutou em silêncio.
[Seja eu, o Rei dos Espíritos, ou um Sílfide, um espírito inferior, todos nós também éramos espíritos primitivos em um ponto.]
Depois de ponderar por alguns momentos, Eugene perguntou: “É um estado semelhante à mana?”
[Isso mesmo. Os espíritos primitivos são semelhantes à mana. Você pode até vê-los como… Outro aspecto da mana. Assim como a mana existe em todos os lugares, o mesmo acontece com os espíritos primitivos. Todo vento, terra, fogo e água são compostos de mana e dos espíritos primitivos.]
“Mas por que sua resposta soou tão vaga quando disse que já foi um espírito primitivo?” Eugene apontou.
[Hamel, você tem alguma lembrança de quando era um feto?]
“Tenho lembranças do momento em que nasci.”
[No entanto, não se lembra do tempo em que estava no ventre de sua mãe. Mesmo o fato de suas memórias começarem desde o momento em que nasceu, é porque reencarnou com as memórias e a personalidade de sua vida anterior. Pessoas comuns, não importa quão boa seja sua memória, não seriam capazes de se lembrar do momento em que nasceram.]
“Bem, claro que é o caso. Mas o que tudo isso tem a ver com o espírito da Árvore do Mundo?”
Tendo assinado um contrato com Tempest, Eugene pensou que depois de vir para Samar, talvez pudesse conseguir que Tempest o ajudasse a encontrar os elfos e seu domínio élfico. Tempest era o Rei Espírito do Vento, com comando sobre os espíritos do vento, e como os elfos tinham uma afinidade inata com os espíritos, toda a sua raça era capaz de assinar contratos com espíritos sem ter que aprender nenhuma técnica específica de invocação.
No entanto, as coisas se provaram não serem tão fáceis. Para um espírito, os contratos eram absolutos. Não importava quanta autoridade Tempest tivesse como o Rei Espírito do Vento, era impossível para ele colocar os espíritos do vento sob seu comando para dizerem qualquer informação sobre seus contratantes.
[Assim como eu estava dizendo.]
A voz de Tempest estava cheia de uma excitação indisfarçável.
[Se um espírito que mora no vento é chamado de espírito do vento, então o espírito que mora na Árvore do Mundo deve ser o espírito da Árvore do Mundo. É diferente de um espírito de árvore.]
“A Árvore do Mundo não é basicamente apenas uma velha árvore encantada?”
[Você está falando sério?!]
“Nah, eu só queria tentar dizer isso. Até eu sei que a Árvore do Mundo é especial.”
Uma árvore cujas mudas jovens foram capazes de criar uma barreira e bloquear o avanço da Doença Demoníaca não poderia ser considerada apenas uma árvore antiga que existe há muito tempo. Em primeiro lugar, as árvores encantadas eram extremamente raras e eram usadas como poderosos reagentes mágicos.
[Elfos sempre colocaram sua fé na Árvore do Mundo. Eles acreditam que seus ancestrais falecidos e aqueles que perderam… Todas as almas élficas são guiadas para a Árvore do Mundo após sua morte, e também acreditam que a árvore sempre protegerá sua raça.]
“Mas não é como se todos os elfos acreditassem nisso. Afinal, também existem elfos que servem ao deus da luz.”
[Isso não é algo inevitável? A fé é uma escolha que cada um faz por si mesmo. Em qualquer caso, a Árvore do Mundo é uma existência espiritual e poderosa que recebeu a maior parte da fé de uma raça inteira.]
A floresta, não, o próprio espaço começou a tremer. O chão começou a se mover lentamente e as árvores pareciam recuar.
[Embora eu seja o Rei Espírito do Vento, não posso controlar os ventos neste lugar. Eu não seria o único. Não importa qual Rei Espírito seja, eles não seriam capazes de interferir com os espíritos que residem aqui.]
A folha no bolso de Eugene estava vibrando. Ao puxá-la para fora, viu que estava emitindo um raio de luz brilhante. Então, começou a flutuar no ar por conta própria. Eugene não segurou a folha.
Whomp!
O espaço à frente deles se distorceu e um caminho se abriu. Quando a folha voou para a passagem, Eugene estendeu a mão para Kristina. Kristina hesitou por um momento e então pegou a mão de Eugene.
— Será perigoso…? — Kristina perguntou hesitante.
— Não tem o que fazer. — Murmurou Eugene enquanto puxava Kristina para mais perto de si. Então, chutou o chão e saltou para o buraco no espaço.
Depois que os dois passaram pela abertura, o buraco se fechou mais uma vez. A floresta que se rastejou para abrir um caminho voltou à sua aparência original.
Pouco depois disso…
Boom!
Saltando de algum local distante, um homem caiu no chão. Depois de sacudir a poeira de sua aterrissagem, se virou para olhar os arredores. Mesmo as árvores que se arrastaram para fora do caminho para abrir um caminho já haviam voltado ao normal, e o solo que derrubaram também havia se achatado.
O caminho havia fechado.
— Eu perdi. — Murmurou o homem com o capuz levantado enquanto farejava o ar.
O cheiro… Tinha sumido. Mesmo tendo desaparecido definitivamente neste local, nenhuma pista foi deixada para trás sobre seu paradeiro, como se tudo tivesse sido uma ilusão.
— Bosta. — O homem cuspiu um xingamento, com uma carranca torcendo seus lábios.
Ele só queria segui-los pacificamente até seu destino, mas pensar que as coisas realmente acabariam assim… Isso tudo porque aquele pirralho era muito sensível. Ele havia chegado um pouco atrasado, porque teve que se certificar de manter uma boa distância e segui-los por sua trilha de cheiro.
O homem pensou consigo mesmo: “Eles ainda podem estar… Em algum lugar próximo?”
Não tinha como saber. Mesmo que devessem estar ali agora… Seu rastro de cheiro foi apagado deste local. Seus cheiros pareciam estar flutuando em um local completamente diferente… Não, seus cheiros estavam realmente sendo espalhados por todo o pedaço de floresta ao redor. Foi porque as árvores se desviaram para criar um caminho, e isso criou uma rajada de vento?
“É como um labirinto”, observou o homem ao sentir a miríade de diferentes rastros de cheiro.
Ele decidiu desistir de perseguir seus cheiros.
Bem, então, o que deveria fazer agora? Deveria apenas esperar ali sem pensar, quando não tinha ideia de quando poderiam voltar? E não era como se houvesse alguma garantia de que voltariam no mesmo lugar, não é? Já que era esse o caso, poderia acabar esperando ali por um longo tempo, apenas para não conseguir nada. O homem ficou enojado com a ideia de tal possibilidade.
Nesse caso, não seria melhor esperar em um lugar para o qual eles certamente retornarão?
* * *
— Uau… — Kristina engasgou.
Ela era realmente alguém que sabia como fazer um som tão inocente?
Eugene virou a cabeça ao ouvir esta clara exclamação vindo de seu lado. A expressão de admiração no rosto de Kristina era tão pura que poderia facilmente ser considerada a expressão mais bonita que ele já viu nela. Era sem nada de sua arrogância ou pretensão. Kristina estava apenas admirando sinceramente a visão à sua frente.
Não tinha como evitar. Eugene colocou a folha da Árvore do Mundo de volta no bolso e olhou para frente. Também sentiu a mesma admiração pela visão à sua frente.
— É como um guarda-chuva. — Eugene murmurou em voz baixa.
Pode soar como uma metáfora pobre, mas aquela visão na frente deles realmente parecia um guarda-chuva. Os incontáveis galhos e folhas verdejantes da enorme árvore diante deles, a Árvore do Mundo, pareciam um guarda-chuva que cobria o céu.
— Em vez de um guarda-chuva… Parece mais um teto enorme. — Argumentou Kristina.
— Bem, isso pode ser verdade. Mas no final, ambos cobrem as coisas, certo? — Eugene respondeu enquanto olhava para o céu.
Não, ele não podia ver o céu, não importava o quão alto olhasse. Tudo o que podia ser visto, não importava para onde se voltasse, eram galhos e folhas.
Estavam atualmente no topo de um penhasco e abaixo deles se espalhava uma cidade. Uma cidade que existia há centenas de anos. Olhando assim, quase parecia uma ruína antiga.
“Não, se é tão velho, são realmente ruínas antigas.” Enquanto Eugene se corrigia, ele olhou para trás.
Não conseguia ver o caminho que os ligava a este local. Raízes de árvores, trepadeiras e solo estavam todos entrelaçados uns com os outros, bloqueando o caminho que os levou até ali.
— O que devemos fazer quando quisermos voltar? — Kristina perguntou preocupada.
— Bem, quem sabe. — Respondeu Eugene enquanto começava a caminhar para a frente. — Por enquanto… Podemos dizer isso. Este lugar pode ser lindo, mas não é um lugar onde qualquer coisa possa sobreviver.
— Sim, parece que sim. — Kristina também concordou com um aceno de cabeça. — Tudo neste lugar parece estar conectado à Árvore do Mundo. No entanto, isso é tudo. Ao contrário do que vimos… A mana aqui é quase inexistente.
Este era um problema estranho. Com uma estatura magnífica, à primeira vista a Árvore do Mundo parecia cheia de mana, assim como a área da Floresta dos Lionheart ao redor da Linha Lei. No entanto, quase não havia mana a ser detectada. Mesmo todas aquelas folhas verdes, do lado de fora, podem parecer cheias de vitalidade, mas por algum motivo parecia que se transformariam em pó se tentasse tocá-las.
“O que está acontecendo aqui?” Eugene pensou consigo mesmo.
Ele se lembrou do túmulo de Vermouth, o espaço que havia sido preenchido com flores artificiais desabrochando. As árvores e a grama ali não eram falsas, mas embora pudessem ser reais, eram sem vida.
[Toda a mana estava concentrada na barreira?]
“E os espíritos?”
[Hm… Que estranho…] Tempest murmurou. [Os espíritos estão em silêncio. Eles estão lá, mas não estão se manifestando.]
Eugene deu de ombros e saltou do penhasco, com Kristina abrindo suas asas de luz e seguindo atrás dele.
Depois que os dois pousaram no fundo do penhasco, caminharam até a cidade. Os prédios eram antigos, com raízes crescendo do chão e envolvendo os prédios.
— Parece que não tem ninguém aqui. — Eugene murmurou.
Eugene esperava que os elfos estivessem ali esperando por eles. No entanto, não havia elfos em nenhum lugar da cidade. Embora o lugar fosse lindo, ninguém poderia estar morando ali. A mana era muito fraca e não havia nada para as pessoas realmente viverem.
Ao passarem pela cidade, viram algumas árvores secas.
Essas árvores estavam enroladas e conectadas às raízes da Árvore do Mundo, mas não eram árvores encantadas. Em vez disso, havia vários tipos diferentes de árvores frutíferas. Eugene aproximou-se de uma das árvores e colocou a mão sobre ela.
“Está morta.”
Ele podia sentir que a árvore cairia com apenas um leve toque de sua mão.
Não eram apenas as árvores. O solo também havia secado. Nenhum dos poços localizados em toda a cidade continha água.
Eugene avaliou a cidade. “Será impossível para qualquer um dos elfos errantes se mudar para cá.”
Se o solo fosse revitalizado e as sementes plantadas, eles seriam capazes de tornar este lugar habitável?
[Isso é impossível. A terra aqui está morta. Já faz um bom tempo que isso aconteceu. Sem fornecer uma grande quantidade de mana, é impossível reviver este lugar.]
“Uma enorme quantidade de mana… Quanto seria exatamente?”
[Comparando com a Linha Lei na propriedade do clã Lionheart… Você precisaria de várias vezes a quantidade da mana de lá.]
“E se tivéssemos um Coração de Dragão?”
[Você poderia realmente estar pensando em roubar o cajado da Sienna?]
Akasha era um cajado mágico feito de um galho da árvore do mundo e um coração de dragão.
“Se for necessário”, admitiu Eugene.
[Mesmo um Coração de Dragão não será suficiente. Além disso… Sinto que isso pode exigir mais do que apenas mana. Hamel, posso sentir um desconforto desconhecido vindo de todo este espaço.]
“O que você quer dizer com isso?”
[Esse sentimento… É como se… Isso me lembra a aura sinistra de um Rei Demônio.]
“Não diga algo tão ridículo. Este é o território dos elfos. Essa é a Árvore do Mundo bem na nossa frente”, Eugene respondeu agressivamente enquanto avançava.
— Para onde os elfos podem ter ido? — Kristina falou.
— Talvez todos eles tenham decidido entrar em hibernação juntos — Eugene supôs. — Ou talvez apenas tenham se mudado para um lugar diferente?
— Você está tirando sarro de mim?
— Não, estou falando sério. Este não é um lugar adequado para alguém morar. Também não há elfos morando aqui. Você realmente acha que todos os elfos que viviam aqui foram mortos? A cidade está em um estado muito bom para que isso seja verdade.
Embora ninguém estivesse ali, a cidade não estava realmente em ruínas.
Atravessaram a cidade e se aproximaram da Árvore do Mundo. Já parecia grande quando a observavam à distância, mas conforme se aproximavam, começaram a perceber o quão grande a Árvore do Mundo realmente era. A árvore era pelo menos tão grande quanto uma montanha.
E abaixo, havia um enorme lago ao pé da Árvore do Mundo.
Embora toda a água dos poços tivesse secado, a água deste lago permaneceu como estava. Eugene olhou calmamente para a superfície do lago.
Nas profundezas, ele podia ver as raízes da Árvore do Mundo. Essas raízes se espalhavam por toda a cidade, a terra e até mesmo este lago, conectando tudo de volta à Árvore do Mundo. Eugene se agachou e colocou a mão na superfície do lago.
— Realmente, haah… — Eugene disse com um suspiro.
A mana aqui não era tão fraca quanto em qualquer outro lugar.
Toda a mana que normalmente estaria espalhada por todo o espaço estava sendo concentrada na Árvore do Mundo. Suas raízes se espalhavam como vasos sanguíneos, com a mana sendo o sangue fluindo de volta para a Árvore do Mundo. Eugene focou sua concentração e tentou sentir para onde exatamente toda a mana estava fluindo.
Então encontrou.
Eugene se levantou. Então, sem dizer uma palavra, deu um passo à frente no lago. A superfície do lago apoiou o pé de Eugene sem sequer uma ondulação.
— Sir Eugene. — Kristina o chamou.
Eugene disse a ela:
— Espere aqui.
Sua ordem pode ter sido abrupta, mas Kristina não o questionou. Ela deu um leve aceno de cabeça e permaneceu na margem enquanto Eugene atravessava o grande lago.
Antes que muito tempo tivesse passado, Eugene chegou bem ao pé da Árvore do Mundo. A localização exata… Bem, não importava onde ele estava exatamente. Eugene tirou a folha do bolso e a aproximou da Árvore do Mundo.
A casca da Árvore do Mundo partiu-se em duas, abrindo caminho. Eugene tentou acalmar seus nervos ao pisar na árvore.
Eugene caminhou silenciosamente pela longa passagem que havia lá dentro. Aquele era o interior da Árvore do Mundo. A mana do lado de fora certamente era escassa, mas havia mais mana dentro da própria árvore do que em qualquer outro lugar em que Eugene já esteve.
[Eles estão em silêncio…]
— Você está falando dos espíritos?
[Isso mesmo. Os espíritos primitivos… Não, os espíritos da Árvore do Mundo. Eles podem não ter formado um ego, mas estão observando você.]
— E aí, eles se sentem acolhidos?
[Algo parecido.]
Eugene sorriu enquanto olhava ao redor.
Finalmente encontrou alguns elfos.
Estavam envoltos em trepadeiras com expressões relaxadas em seus rostos, e foram enterrados nas paredes daquela ampla passagem.
Não parecia… Que estavam mortos. Apenas pareciam ter caído em um sono profundo. Podia ouvir a respiração fraca deles, e seus batimentos cardíacos ressoavam um com o outro.
Tum. Dum.
O som unificado de seus batimentos cardíacos fazia esta passagem parecer um berço gigante.
— Gaah. — Eugene engasgou.
Depois de passar pelos elfos que haviam caído em um longo sono, os passos de Eugene pararam.
— Encontrei você.
Que tipo de expressão ele deveria estar fazendo?
Não conseguia descobrir isso sozinho. Deveria estar sorrindo por estar feliz? Ou então… Assim como ela, ele deveria estar se afundando em lágrimas?
— Sienna Merdein. — Eugene chamou o nome dela.
Como todos os outros elfos, ela foi colocada em um sono profundo.
Só que… Ela tinha um buraco enorme no peito. A coisa que a mantinha viva era a Árvore do Mundo, cujas vinhas envolviam metade de seu corpo.
Eugene estendeu a mão trêmula para tocar Sienna. Mas no final, não conseguiu. Temia que Sienna se despedaçasse se a tocasse descuidadamente. Como todas as árvores mortas e caídas que tinha visto no caminho antes de chegar ali.
“O peito dela foi perfurado.”
As videiras da Árvore do Mundo se entrelaçaram para preencher o buraco. Com isso, Sienna foi conectada à Árvore do Mundo.
“Mas ela não morreu.”
Sienna respirava fracamente e seu coração também batia.
Eugene tentou sorrir.
— Ei. — Disse ele com a voz trêmula.
Os resultados de sua tentativa não foram tão bons. Eugene sentou-se fracamente no chão enquanto olhava para Sienna.
— Sienna. — Chamou Eugene mais uma vez.
Não houve resposta.
Com a voz trêmula, ele perguntou:
— O que aconteceu com você…?
Então Eugene finalmente cedeu, deixando cair o rosto nas mãos enquanto chorava.