Elarion: A Dominação das Bestas (Novel) - Capítulo 33
“Hey, vocês já têm seus colchões, devolvam o do nosso irmão”, disse um dos meninos do dormitório.
“Cala a boca, seu lixo! Se não quiser apanhar e perder seu colchão também. Só pegamos um por enquanto, se o chefe Viserys ou os demais quiserem mais colchões, vamos pegar o restante e vocês devem ficar caladinhos. Se continuar nos enchendo o saco, vamos espancar vocês e expulsá-los do dormitório”, disse Hangar, um valentão que havia conseguido ficar entre os primeiros da turma intermediária. Como ele não era forte o suficiente, só fazia bullying com os mais fracos.
“Hahahahaha, eles não têm coragem nem de retrucar. Esses fracos são só um desperdício de recursos”, disse outro garoto do grupo que estava fazendo bullying.
Kaelion, que já estava de saco cheio com essa situação, entrou no meio da multidão empurrando os garotos. Ele então virou para o garoto que teve o seu colchão roubado: “Ei, pegue o meu colchão, pode dormir com ele.”
Furioso, Hangar se virou e gritou: “QUEM VOCÊ PENS…” mas assim que ele viu Kaelion, ficou mudo. Ele sabia que, se Kaelion quisesse bater nele, ele não conseguiria nem se defender. “Kaelion, sugiro que não se envolva nisso, você não quer ter problemas com o chefe Viserys”, Hangar ainda queria preservar um pouco de sua face.
“O meu colchão agora é dele, quero ver quem de vocês vai ter coragem de pegar para si”, Kaelion já não tinha mais paciência para essa situação.
Kaelion então foi para a sua cama, no fundo do quarto, e entregou seu colchão ao jovem que havia sido roubado. Kaelion tirou a armação da sua cama e colocou em outro canto do quarto. Para surpresa de todos, ele invocou Black, aquele enorme lobo com padrões de fogo que era apavorante. As crianças sentiram suas almas tremerem quando o lobo olhava para eles, e instintivamente todos se afastaram.
O sol da manhã iluminava o campo de treino da academia, anunciando o início de mais um dia intenso para Kaelion e seus colegas. Depois de passarem pelo exaustivo teste de controle mágico e pelo treinamento físico com armas, hoje haveria um dos momentos mais aguardados: o treino de controle de bestas e, posteriormente, os duelos entre os domadores.
As expectativas eram altas, pois este era o momento em que os alunos mostrariam sua verdadeira capacidade de se conectar e lutar ao lado de suas bestas. Para Kaelion, esse era um teste que ele ansiava há muito, pois lutar ao lado de Black, seu companheiro, era onde ele se sentia mais confiante.
O campo de treinamento estava preparado com várias arenas circulares, cada uma cercada por barreiras mágicas que garantiam a segurança dos alunos. Cada domador e sua besta teriam seu espaço dedicado para realizar os exercícios de controle e sincronização. O objetivo era claro: demonstrar o controle absoluto da besta, coordenar seus movimentos com precisão e treinar a conexão mágica que unia o domador à criatura.
Marcus, o instrutor, se posicionou no centro do campo e chamou a atenção de todos.
“Hoje, vamos focar no que é mais importante para um domador: a sincronia com sua besta. Vocês não são mestres de escravos, mas companheiros de batalha. Vocês precisam aprender a entender os instintos de suas bestas, e elas precisam sentir sua confiança e liderança. O vínculo entre vocês determinará o sucesso ou fracasso no campo de batalha.”
“Quanta besteira, essas bestas não passam de ferramentas, elas são minhas escravas e podem ser descartadas a qualquer tempo”, Viserys pensava. No entanto, ele não era o único a pensar assim, muitas outras crianças também tinham essa visão.
Os alunos começaram a conjurar suas bestas. Criaturas de todos os tipos surgiram nas arenas: leões com pelagens de fogo, águias de vento, serpentes gigantes e bestas das sombras. Kaelion, por sua vez, chamou Black, que emergiu das sombras ao seu lado, sua presença selvagem e ameaçadora trazendo um silêncio momentâneo ao redor. A conexão entre eles já estava estabelecida, mas o desafio de hoje era testar essa parceria em um nível mais elevado.
O primeiro exercício envolvia a execução de movimentos sincronizados entre o domador e a besta. Os instrutores montaram obstáculos no campo, e cada dupla deveria atravessá-los de forma coordenada, sem perder o ritmo ou a conexão mágica.
Kaelion e Black começaram a se mover. Kaelion tentava comandar o lobo com precisão, enviando sinais mentais e utilizando comandos verbais mínimos. Black avançava rapidamente, saltando entre os obstáculos com sua agilidade natural. No entanto, Kaelion logo percebeu que não era tão simples manter o controle absoluto. Em algumas partes, ele perdeu o ritmo, e Black hesitou por frações de segundo, o que prejudicava a fluidez de seus movimentos.
“Concentre-se, Kaelion”, disse Marcus, que observava atentamente. “Você precisa confiar mais nos instintos de Black. Não tente controlá-lo em tudo. Lidere, mas deixe-o ser o que é.”
Kaelion respirou fundo e tentou ajustar sua abordagem. Em vez de forçar que Black se movimentasse da forma que ele queria, ele permitiu que Black guiasse seus movimentos de maneira mais natural. Aos poucos, a sincronia entre os dois melhorou, e eles começaram a se mover como uma única entidade. Saltando obstáculos, desviando e girando em perfeita harmonia.
Outros alunos também enfrentavam suas próprias dificuldades. Viserys e seu imponente dragão menor, uma criatura com escamas azuladas e presas afiadas, impressionavam com a força bruta e o controle impecável, mas faltava a mesma conexão que Kaelion estava desenvolvendo com Black. Luna, por outro lado, parecia ter um vínculo quase inquebrável com sua serpente do eclipse, demonstrando um controle excepcional e fluidez nos movimentos.
Após a sessão de treino, era hora dos aguardados duelos de domadores. As crianças estavam excitadas, pois esse era o momento em que suas habilidades seriam verdadeiramente testadas. O formato era simples: dois domadores e suas bestas se enfrentariam em uma arena, e o vencedor seria aquele que conseguisse incapacitar a besta ou o domador do oponente, sem causar danos fatais.
Kaelion observava enquanto as primeiras batalhas se desenrolavam. Viserys e seu dragão dominaram sua luta com facilidade, derrotando um oponente com um golpe direto que derrubou a besta adversária no chão. Luna também brilhou, usando a agilidade de sua serpente do eclipse para envolver e neutralizar seu adversário rapidamente.
Quando chegou a vez de Kaelion, seu adversário era um jovem mago chamado Horace, cujo companheiro era um leopardo das sombras, uma criatura de velocidade impressionante. Kaelion e Black entraram na arena, prontos para o combate.
Assim que a luta começou, Horace lançou uma rajada de sombras para cegar Kaelion, enquanto o leopardo disparava na direção de Black. Kaelion rapidamente usou seu vínculo com Black para comandar uma evasão lateral. Black desviou com agilidade e revidou com suas garras flamejantes, forçando o leopardo a recuar.
A batalha prosseguiu de forma intensa, com ambos os domadores utilizando suas bestas ao máximo. No entanto, Kaelion logo percebeu que Horace estava se concentrando demais em magia ofensiva, negligenciando a defesa. Ele aproveitou uma brecha e ordenou que Black atacasse diretamente Horace.
Então Kaelion conjurou uma parede de sombra na frente de Horace. O jovem achou que a parede tinha como objetivo impedir sua visão, mas foi surpreendido quando Black saiu de dentro da parede, atacando-o diretamente e neutralizando Horace.
Com Horace neutralizado, Kaelion foi declarado vencedor.
A sessão de duelos continuou, com algumas vitórias inesperadas e derrotas humilhantes. No final, Kaelion se sentia exausto, mas satisfeito com seu progresso.
Ao fim do dia, Marcus reuniu os alunos para uma última reflexão. “Hoje vocês aprenderam mais sobre suas limitações e pontos fortes. Lembrem-se, a força de um domador não vem apenas de sua magia ou de sua besta, mas da conexão entre vocês. Continuem treinando e desenvolvendo essa ligação. Isso será a chave para o sucesso.”
Com isso, Kaelion deixou o campo de treinamento e voltou para o campo de teste. Ele estava determinado a fazer melhor todos os dias.