Prólogo: Nas terras sombrias de Bravion, onde a luz do sol raramente tocava o solo e as sombras dominavam o horizonte, um novo ciclo de trevas estava prestes a começar. A Casa Raven, antiga e poderosa, governava sobre a terra com um misto de mistério e medo, sua influência estendendo-se por todo o condado. Seus estandartes, adornados com o corvo negro de asas abertas, eram um presságio para os que viviam sob seu domínio — a lembrança constante de que a escuridão não poderia ser evitada. Mas nem mesmo os poderosos Raven podiam prever o que estava por vir. Em uma noite fria e sem estrelas, nas profundezas do Castelo de Ébano, um segredo nasceu. Um garoto, cujos olhos refletiam as sombras do passado, chegou ao mundo sem fanfarras ou celebrações. Seu nome era Cauã, um bastardo, fruto de um sangue impuro que nunca deveria ter existido. Seus cabelos prateados, incomuns até mesmo para os nobres de Bravion, brilhavam como a lua escondida pelas nuvens, e seu nascimento era uma profecia não pronunciada, um enigma envolto em silêncio. Para a Casa Raven, Cauã era um erro. Para sua mãe, uma nobre cujo nome jamais seria falado novamente, ele era uma vergonha. E para o mundo, ele seria a ruína ou a salvação — dependendo de quem contasse a história. Cauã foi criado longe dos salões nobres, escondido em Stanston, um pequeno vilarejo onde os ecos das grandes casas mal alcançavam. Ali, sob o olhar vigilante de Paulo Broenni, um homem que o acolheu como filho, Cauã cresceu sem saber a verdadeira extensão de sua herança. Mas os sussurros sempre estiveram lá, nas sombras da floresta, nos ventos que cortavam as montanhas, nas poções que os velhos alquimistas preparavam. E então, conforme ele crescia, os ecos do passado começaram a chamar. Os corvos, que por tanto tempo observaram silenciosamente, começaram a se mover. Segredos enterrados nas pedras do castelo começaram a se revelar. Algo antigo, algo esquecido, se remexia nas profundezas da Casa Raven.