Crown Crow - Novel - Capítulo 01 Ébano
Nas terras sombrias e úmidas de Bravion, onde a neblina, como um manto cinzento, envolve as grandes árvores de Ébano, os sussurros da floresta se dissolvem na noite. Os sons da mata se misturam com o murmúrio suave da chuva, criando uma melodia hipnótica, pontuada pelos pequenos pingos que caem das folhas. Os ecos das criaturas noturnas acompanham essa sinfonia natural, e tudo naquela noite parece um mau presságio, como se a própria escuridão anunciasse a chegada de algo inquietante.
Para quem se aventurasse pela floresta, os grandes muros do Castelo Raven surgiriam à distância, imponentes e silenciosos. Dentro desse castelo, veio ao mundo Cantu Crow, o bastardo da Casa Raven. Seus cabelos brancos e a pele pálida como a selenita refletiam a luz da lua que entrava pela janela da torre. Mesmo sendo um recém-nascido, ele não chorou; parecia sentir que sua chegada era indesejada. Sua mãe, que o teve em um parto solitário, rezava aos deuses para que o nascimento passasse despercebido. Ela desejava que ninguém soubesse do ocorrido e temia enfrentar as consequências. Sua única esperança era que o bastardo pudesse crescer como um filho secundário na rígida família Raven. No entanto, seus cabelos brancos denunciavam a presença de um amaldiçoado, um sinal de que sua existência estava marcada por uma aura de desgraça.
Após o parto, a concubina, cuja força parecia ter sido drenada pelo nascimento, lentamente recuperou-se. A escuridão do quarto onde dera à luz parecia pesar sobre seus ombros, mas a determinação em seus olhos revelava uma firme resolução. Com um esforço visível, ela desceu as escadas que levavam ao grande salão do castelo. Cada degrau parecia um obstáculo, mas a urgência e o medo de perder a criança davam-lhe um impulso inusitado. A cada passo e a cada degrau descido, ela suplicava para que o bebê permanecesse silencioso.
No grande salão, a atmosfera era fria e austera, iluminada apenas pela luz tremulante das tochas que dançavam nas paredes de pedra. No centro do salão, o mercador Simão da família Broenni esperava com uma expressão grave. Homem de meia-idade, com um olhar astuto e roupas simples, mas de respeitável postura, ele era conhecido por seus vínculos discretos com as famílias nobres e seu papel como intermediário em assuntos delicados. Ele havia sido escolhido para essa tarefa crucial.
A concubina, respirando com dificuldade, entregou Cantu a Simão com um gesto de desespero e esperança. Ela sabia que seu filho estava em perigo, não apenas pelas antigas tradições que determinavam a eliminação dos bastardos de cabelos brancos, mas também pelo olhar implacável da Casa Raven. Sua única chance de garantir a sobrevivência de Cantu era enviá-lo para longe, onde ele pudesse crescer fora do alcance das cruéis tradições familiares.
A Casa Raven se destacava entre as outras casas nobres de Bravion não apenas pela sua grandeza e linhagem, mas também pelas lendas e conquistas dos fundadores da casa. Susurra-se que, após uma grande tragédia, Kael Raven, o patriarca de olhos e cabelos escuros como a noite, foi guiado para a região mais remota e sombria de Bravion, entre o grande monte Morg e a floresta de Fausto, por um corvo negro de plumagem reluzente que apareceu em uma tempestade. Esse corvo o conduziu a um local oculto onde ele ergueu seu domínio. Desde então, oito dinastias depois, o corvo branco chegava aos braços de Simão.
Simão pegou a criança com cuidado e, ao verificar a cor dos cabelos do bebê, a expressão em seu rosto se fez ainda mais grave. Ele sabia que sua missão era crucial e que o tempo estava se esgotando. Sem uma palavra, fez um sinal para seus homens, que aguardavam com um carrinho coberto e preparado para a fuga. A concubina lançou um último olhar de dor e desespero para o filho antes de se afastar com um gemido silencioso.
Enquanto o mercador se preparava para partir, o eco dos passos apressados e os murmúrios de seus homens preenchiam o grande salão, criando uma sensação palpável de urgência. A criança, envolta em mantas escuras, estava prestes a ser retirada da segurança ilusória do castelo e lançada em um futuro incerto, longe dos perigos das tradições cruéis que ameaçavam sua vida.
Com um último olhar para o grande salão que logo ficaria vazio e silencioso, Simão se dirigiu para a saída, levando Cantu para longe dos muros que o haviam testemunhado nascer e da vida que ele estava destinado a nunca conhecer. O destino do bastardo da Casa Raven estava prestes a se desenrolar nas sombras do desconhecido, e o caminho que ele trilharia seria tão misterioso e perigoso quanto a própria noite que o envolvia.
As manhãs em Stanston sempre começavam com o som distante das marteladas nas forjas, o tilintar do metal reverberando pelas ruas de terra batida. Cantu costumava acordar cedo, antes que o vilarejo ganhasse vida. Ele gostava da quietude, da forma como o sol, nascendo por entre as árvores, coloria o horizonte de laranja e dourado.
Quinze anos se passaram desde que Simão, o mercador que o adotara e criara, o resgatou das garras da Casa Raven. No entanto, a ameaça daquela família ainda pairava sobre ele como uma sombra que jamais o deixava. O nome Cantu Crow havia sido enterrado junto com seu passado. Agora, ele era conhecido como Cauã Broenni, o bastardo que apareceu de repente na vila e foi legitimado pelos Broenni. Sua chegada causara grande agitação em Stanston; os habitantes locais, curiosos e desconfiados, o observaram com atenção. No entanto, com o passar do tempo, ele foi aceito pela comunidade, e sua presença acabou sendo bem-vinda entre eles.
Stanston era uma vila modesta, com pouco mais que uma praça central e algumas casas de madeira. Suas pessoas, embora simples, sustentavam suas vidas com a extração e venda de metais, o que fazia do vilarejo um ponto de referência para ferreiros. A vila era cercada pela vasta floresta, que se estendia ao sul, em direção aos sombrios domínios de Ébano. Apesar da distância, Stanston ainda respondia ao condado da família Raven, cujos estandartes negros, adornados com o corvo bordado, marcavam as estradas que levavam ao castelo. Simão sabia que os olhos da Casa Raven se espalhavam por todos os cantos, mesmo ali, tão longe do centro de poder. Embora o temor de ser reconhecido tenha se dissipado com o passar dos anos, uma inquietação persistente ainda o assombrava. O medo de que, algum dia, o legado de seu sangue viesse a romper a frágil paz que havia construído.
Cauã estava jogando água sobre o forno, o calor ondulando no ar à sua volta, quando um som seco de batidas na porta o fez parar imediatamente. O vapor subia em espirais no ambiente abafado da oficina, onde o brilho alaranjado do fogo refletia nas paredes de pedra e madeira. O cheiro de metal quente e carvão enchia o ar, tornando o ambiente denso e pesado. Ele limpou as mãos na velha toalha de linho, ainda atento à porta.
Quando a pesada porta de madeira se abriu, a figura de Simão surgiu no limiar. Seu manto estava coberto de poeira, e havia sinais claros de cansaço em seu rosto marcado pelo tempo. Simão acabara de retornar de uma longa viagem ao condado de Raven, onde fora negociar especiarias e mercadorias da vila. Seus olhos, sempre astutos, agora carregavam uma expressão sombria e distante, como se algo o estivesse incomodando mais do que o cansaço da estrada.
Cauã — Pai! Como foi a viagem? Sente-se aqui, acabei de esquentar a água. Podemos comer alguma coisa e descansar um pouco.
Cauã se aproximou, enxugando as mãos enquanto apontava para a mesa de madeira simples no centro da sala. Seus movimentos eram naturais, mas seus olhos não deixavam de examinar o semblante exausto de Simão. Havia algo além do cansaço da estrada. Algo o incomodava, e Simão sentiu a tensão no ar, a mesma que sempre se manifestava quando o garoto tinha algo em mente.
Simão se sentou pesadamente, mas seus olhos astutos logo captaram a inquietação nos gestos de Cauã. Ele sabia que o menino estava remoendo alguma coisa. Com um suspiro, Simão esticou a mão e puxou suavemente o capuz de linho que Cauã usava para esconder os fios prateados que, por mais que ele tentasse ocultar, continuavam sendo um lembrete de sua origem única e perigosa.
Simão — O que foi, garoto? — disse ele, um leve sorriso de canto de boca. — Agora que você completou 15 anos, já está com essa cara de quem quer me pedir algo. Vamos, desembucha logo.
Cauã respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem. Seus olhos brilharam com uma determinação que Simão nunca tinha visto antes.
Cauã — Quero que você me apresente à guilda de mercenários, pai. — disse de uma vez só, a voz firme, mas carregada de expectativa. — Eu… estou pronto para viver minhas próprias aventuras. Sei que existe um mundo além das fronteiras desta vila, e quero vê-lo com meus próprios olhos. Aprender a lutar, viajar, conhecer o que existe lá fora… é isso o que eu quero.
Simão recostou-se na cadeira, seu sorriso desaparecendo aos poucos enquanto as palavras de Cauã ecoavam na sala. Ele o observou em silêncio por alguns instantes, avaliando o garoto à sua frente, já não mais uma criança, mas também longe de ser o homem preparado para o que o mundo cruel lá fora exigia.
Simão — A guilda de mercenários, hein? — murmurou, um leve suspiro escapando. — Você acha que está pronto para isso? Sabe que o caminho que está pedindo não tem volta. Mercenários não vivem aventuras como nos contos, Cauã… Eles vivem de sangue, suor e contratos sujos. Não é algo que eu queria para você.
A porta se abriu novamente, e Paulo Broenni, com um sorriso amistoso no rosto, entrou carregando um prato fumegante. Ele colocou a refeição na frente de Simão com um gesto cuidadoso, o cheiro de carne assada e temperos encheu o ambiente.
Paulo — Enquanto você esteve fora, ele não parou de falar sobre isso — disse Paulo, rindo e dando um leve tapinha nas costas de Cauã. — O garoto não fala em outra coisa. Parece que decidiu de vez.
Simão levantou uma sobrancelha, agora ainda mais curioso, e olhou de soslaio para Cauã, que suspirou profundamente.
Simão soltou um suspiro pesado, enquanto suas mãos esfregavam o rosto cansado. Ele trocou um olhar rápido com Paulo, que deu de ombros, como quem já esperava por esse momento. Cauã já não era mais uma criança, mas isso não tornava seu pedido menos difícil.
No entanto, o pensamento de Simão começava o afastar da situação. Talvez, de alguma forma, Cauã se distanciar da segurança de Stanston e trilhar o caminho de aventureiro não fosse tão ruim. Era arriscado, claro, mas aquele tipo de vida poderia levar o garoto para longe… longe o suficiente para que a Casa Raven perdesse seu rastro. Longe das tradições cruéis que ainda o ameaçavam, mesmo após tantos anos. Talvez fosse o destino agindo a favor deles, afinal.
Ainda assim, Simão não podia ignorar o perigo. A vida de um mercenário era cheia de incertezas, e ele sabia que Cauã, por mais que tivesse crescido e se tornado forte, ainda não estava preparado para o que o aguardava lá fora. No entanto, o mercador também reconhecia a força de vontade no olhar do garoto. O sangue de Raven corria em suas veias, e essa determinação era parte dele. Talvez ele estivesse tentando proteger Cauã do impossível.
Simão — Talvez… talvez isso não seja de todo mal — pensou, embora o medo ainda pesasse em seu peito. Quanto mais longe ele for, mais difícil será para os Raven encontrá-lo.
Simão olhou para o garoto à sua frente, que esperava ansioso pela resposta. Havia um dilema: deixar que ele enfrentasse os perigos do mundo ou tentar segurá-lo em uma vida de relativa segurança, mas sempre à sombra de seu passado. A escolha de Cauã poderia custar caro, mas talvez fosse a única chance de se libertar, de uma vez por todas, da sombra dos Raven.
Simão — Está bem! — disse ele, finalmente, a relutância em sua voz se dissipando. — Você me acompanhará na próxima viagem. Preciso te apresentar a um amigo. Ele poderá te ensinar algumas coisas essenciais para sobreviver lá fora. A alegria irrompeu no rosto de Cauã como um raio de sol após uma tempestade. Seus olhos brilhavam intensamente, e um sorriso largo se espalhou em seus lábios.
Cauã — Obrigado, pai! — exclamou, mal conseguindo conter a empolgação.
Paulo, que estava à mesa observando a cena, sorriu com um aceno de aprovação. Ele sabia que essa era uma oportunidade única para o garoto, e sua expressão alegre refletia o alívio que todos sentiam.
Cauã não conseguia esconder a animação que transbordava de seu ser. A sensação de liberdade e novas possibilidades era eletrizante
Simão, percebendo a hora avançada, dirigiu-se a Cauã, sua voz carregada de paternalidade.
Simão — Agora, vá se preparar para deitar-se. É um grande dia amanhã, e você precisa descansar.
Cauã assentiu, mas a inquietação pululava dentro dele. A ideia de aventuras e o desconhecido o mantinham em estado de alerta, e ele sabia que a noite seria longa. Mesmo enquanto se movia para o quarto, o entusiasmo borbulhava em seu peito, tornando difícil a tarefa de se acalmar e deixar o dia para trás.
Enquanto isso, Simão e Paulo continuaram conversando na cozinha, trocando ideias sobre a viagem que estava por vir e sobre o que poderia aguardar o jovem nas estradas.
No seu quarto, Cauã acendeu uma pequena vela, a chama tremulando suavemente enquanto a luz suave dançava nas paredes de madeira. Ele se sentou na beira da cama, perdido em pensamentos sobre a aventura que o aguardava. O coração pulsava forte em seu peito, uma mistura de ansiedade e expectativa pelo que estava por vir.
Enquanto tentava se acalmar e deixar o dia para trás, um pequeno barulho na janela chamou sua atenção. Ele se virou, os sentidos aguçados, e viu uma silhueta escura recortada contra a luz da lua. Um corvo pousara delicadamente na janela, seu olhar brilhante e penetrante fixo em Cauã.
O pássaro parecia quase sobrenatural, suas penas negras reluzindo à luz da vela. Cauã sentiu um frio na espinha ao encarar aquele olhar que parecia carregado de mistério e sabedoria. O corvo ciscou, como se quisesse chamar a atenção do garoto, e por um breve momento, Cauã se perguntou se o animal era um sinal, um mensageiro das forças que moldavam seu destino.
Com um gesto hesitante, ele se aproximou da janela, o coração acelerado. O corvo continuou a observá-lo, e Cauã pôde sentir que havia algo mais profundo por trás daqueles olhos. Com um misto de curiosidade e apreensão, ele se perguntou se a presença do pássaro estava ligada à sua origem ou à nova jornada que estava prestes a iniciar.
O corvo, com um leve movimento de sua cabeça, pareceu convidá-lo a se aproximar, e Cauã sentiu um impulso quase irresistível. O animal ciscou novamente, dando um passo à frente na beira da janela, como se estivesse chamando-o para uma jornada. A inquietação no peito do garoto cresceu, e a curiosidade tomou conta de sua mente.
Ele hesitou por um momento, mas a determinação tomou conta dele. “E se for uma oportunidade única?” pensou. Com a vela na mão, Cauã se aproximou da janela, o brilho da chama lançando sombras que dançavam ao seu redor.
Sem pensar duas vezes, ele posicionou a vela sobre a mesa ao lado e, com um salto ágil, pulou pela janela. A brisa noturna acariciou seu rosto enquanto ele aterrissava suavemente no chão coberto de folhas secas. O corvo esperou, suas asas batendo levemente enquanto olhava para trás, como se estivesse certificando-se de que Cauã o seguiria.
Com um último olhar para a segurança de seu quarto, Cauã seguiu o corvo, que voou baixo, cortando a escuridão da floresta à sua frente. A cada passo, o coração do garoto pulsava com a adrenalina da aventura, e a sensação de estar fugindo do comum o envolvia como um manto. Ele estava prestes a descobrir o que o mundo fora de Stanston tinha a oferecer.
A lua iluminava o caminho, e o corvo, com suas penas negras brilhando sob a luz prateada, parecia ser o guia perfeito para essa jornada desconhecida.
Cauã seguiu o corvo, que flutuava na escuridão da floresta, como uma sombra viva. A cada passo que dava, a luz da lua se filtrava pelas copas densas das árvores, criando um jogo de sombras e luzes que dançava ao seu redor. O ar estava carregado com o perfume terroso da umidade, e o sussurro das folhas parecia formar um murmúrio quase inteligível, como se a própria floresta estivesse contando sussurrando segredos.
A vegetação ao redor era densa e vibrante, com raízes serpenteantes que pareciam querer prendê-lo enquanto avançava. Os sons da noite se tornaram mais intensos, com o eco de passos de criaturas ocultas e o canto distante de corujas, criando um pano de fundo inquietante. A cada movimento do corvo, Cauã sentia que estava sendo guiado por algo além de sua compreensão, como se estivesse sendo chamado para um lugar que sempre esteve ao seu alcance, mas nunca havia percebido.
Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, eles chegaram a uma clareira, onde uma grande pedra se erguia, imponente e enigmática, coberta de musgo e líquens. O corvo pousou na frente da rocha, olhando para Cauã com um brilho misterioso em seus olhos. Era como se o pássaro guardasse um segredo profundo, algo que clamava por ser descoberto.
Então, um som perturbador cortou a quietude da noite: o grito de um bebê recémnascido ecoou, ressoando na escuridão como um chamado angustiado. Cauã olhou para baixo e viu que a névoa, que não estava ali quando chegou, agora se ergueu em volta de seus pés, envolvendo-o como um véu etéreo e frio. A névoa parecia pulsar com uma vida própria, obscurecendo o caminho de volta e aprofundando o mistério que o cercava.
Ele levantou os olhos novamente para o corvo, que o encarava com uma intensidade quase hipnótica. Em um sussurro que atravessou a bruma, o corvo falou, sua voz ressoando com um poder ancestral: “Acorde.”
Cauã sentiu um jorro de energia, e, de repente, abriu os olhos, descobrindo-se em sua cama, a luz da manhã filtrando-se pelas frestas da janela. O sonho ainda ecoava em sua mente, mas a sensação de urgência e conexão com a floresta permanecia, deixando uma pergunta inquietante pairando no ar: havia sido apenas um sonho?
Cauã, ainda atordoado pelo sonho vívido, virou a cabeça em direção à janela. Um brilho escuro chamou sua atenção. Quando se aproximou, notou algo repousando na pechina: uma pena preta, brilhando como se tivesse sido polida.
Ele pegou a pena entre os dedos, a textura suave contrastando com a aspereza da madeira da mesa. A presença do objeto despertou um misto de confusão e fascínio. “Isso não pode ser apenas uma coincidência,” pensou, lembrando-se da visão do corvo e da sensação profunda que o envolvia.