Capítulo 6
Sherlock Holmes
Capítulo 1
As Aventuras de Sherlock Holmes
A Aventura da Coroa de Berilos
grito, caiu desmaiada. Mandei a empregada chamar a polícia e coloquei a investigação imediatamente nas mãos dos oficiais. Quando o inspetor e um policial entraram em casa, Arthur, que estava em pé, sério e com os braços cruzados, perguntou se era minha intenção acusá-lo de roubo. Respondi que não era mais assunto pessoal, pois havia se tornado público, já que a coroa era um bem nacional. Decidi que a lei haveria de cuidar de tudo.
“Pelo menos’, ele pediu, ‘não deixe que me prendam ime- diatamente. Seria para o seu bem, assim como para o meu, se eu pudesse deixar a casa por cinco minutos.’
“Para que você possa fugir ou esconder o que roubou?’, retruquei. Então, ficando consciente da terrível posição em que me encontrava, implorei que ele se lembrasse de que não so- mente a minha honra como também a honra de alguém muito superior a mim estava em jogo, e que ameaçava causar um es- cândalo que tumultuaria a nação. Tudo poderia ser evitado se ele me dissesse o que fizera com as três pedras que faltavam.
“Você também tem que encarar o fato’, supliquei, ‘de que foi pego em flagrante e nenhuma confissão tornaria a sua culpa mais odiosa. Se fizer essa reparação que está ao seu alcance e nos disser onde estão os berilos, tudo será esquecido e perdoado.’
“Guarde o seu perdão para quem o pedir’, ele respondeu, virando as costas com desdém. Percebi que ele estava endu- recido demais para que minhas palavras o influenciassem. Só havia uma coisa a fazer. Chamei o inspetor e mandei prendê-lo. Imediatamente fizeram uma busca, não só nele como em seu quarto e em todos os lugares da casa onde poderia ter escondido as pedras. Mas não encontraram vestígios delas, nem o rapaz
mL
ferimentos
AS AVENTURAS DE SHERLOCK HOLMES
abriu a boca, apesar de todas as nossas súplicas e ameaças. Hoje de manhã, ele foi levado a uma cela, e eu, depois de passar por todas as formalidades policiais, vim para cá correndo para
implorar que você use toda a sua perícia para esclarecer
O as-
sunto. A polícia confessou abertamente que, no momento, não Já ofereci uma recompensa de mil libras. Meu Deus, o que eu pode fazer nada. Faça todas as despesas que forem necessárias.
you fazer! Perdi a minha honra, as minhas pedras e o meu tudo numa noite só. Não sei o que fazer!”
Ele segurou a cabeça com as mãos, balançando
filho,
o corpo de
um lado para o outro, murmurando baixinho como uma crian-
ça cujo sofrimento tivesse se tornado insuportável.
Sherlock Holmes ficou sentado em silêncio por alguns mi- nutos, com a testa franzida e o olhar fixo na lareira.
– O senhor recebe muitas visitas? – ele perguntou.
– Nenhuma, a não ser o meu sócio e sua família e oca- sionalmente os amigos de Arthur. Sir George Burnwell foi lá
várias vezes ultimamente. Ninguém mais, acho.
Você sai muito socialmente?
– O Arthur sai. Mary e eu ficamos em casa. Nenhum de
nós dois gosta muito de sair.
Isso não é comum numa garota.
Ela é muito sossegada. Além disso, não é tão garota assim. Já tem 24 anos.
O que aconteceu, pelo que disse, parece que também a
abalou muito.
– Profundamente! Está ainda pior do que eu.
– Nenhum dos dois tem a menor dúvida de que o seu filho é o culpado?